Uma investigação do perfil financeiro da companhia de eletricidade da bahia coelba, de 1999 a 2003. uma abordagem do modelo fleuriet
1. IX CONPEX
IX SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
TÍTULO
Uma investigação do Perfil Financeiro da Companhia de Eletricidade da Bahia :
COELBA, de 1999 a 2003: Uma Abordagem do Modelo Fleuriet
AUTORA : Delza Rodrigues de Carvalho.
Professora Assistente do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade do
Sudoeste da Bahia, Campus de Vitória da Conquista.
RESUMO
Este estudo de caso, faz uma análise financeira da Companhia de Eletricidade do Estado da
Bahia, quanto à capacidade de saldar os compromissos de curto prazo - solvência e
segurança, através de dados extraídos dos Balanços Patrimoniais, publicados, dos
exercícios de 1999 a 2003. A base teórica é suportada nos pressupostos teóricos do Modelo
Fleuriet, para o entendimento da gestão financeira da empresa, de forma dinâmica, a partir
da administração dos seus ciclos operacionais e financeiros, bem como, as decisões
estratégicas de investimento e financiamento. O objetivo geral da pesquisa procura verificar,
se o capital de giro, a necessidade de capital de giro e o saldo de tesouraria, em conjunto,
são capazes de explicar a situação de solvência e segurança - da empresa analisada. O
trabalho utiliza elementos da Administração Financeira, da Ciência Econômica e da Ciência
Contábil, para a consolidação de informações relevantes, no que tange, à gestão financeira.
Nesse propósito, identificam-se as causas que levam a Coelba, a ter problemas de liquidez,
fruto da combinação de diversos fatores de caráter operacional e de decisões estratégicas
tomadas por seus administradores. E, concluindo, observa-se uma queda acentuada nos
índices que demonstram a solvência e segurança da empresa, responsável pela distribuição
de energia elétrica no Estado da Bahia, no período observado, decorrente da utilização dos
recursos financeiros de maneira não condizente com o proposto no modelo Fleuriet.
PALAVRAS-CHAVE
Capital de giro, Investimento, Liquidez, Necessidade de Capital de Giro, Saldo em
tesouraria.
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INTRODUÇÃO
Identificar a capacidade de pagar os compromissos de curto prazo pontualmente é o
principal problema da análise de liquidez de uma empresa. Tem-se concluído que o
tradicional índice de liquidez corrente, não é um indicador eficaz para avaliar a capacidade
de uma empresa pagar seus compromissos imediatos. Entende-se, portanto, que a situação
da liquidez de uma empresa é o efeito da combinação de diversos fatores de caráter
operacional e de decisões estratégicas tomadas pela sua administração. O objetivo geral da
pesquisa procura verificar, se o capital de giro, a necessidade de capital de giro e o saldo de
tesouraria, conjuntamente, são capazes de explicar a situação financeira da empresa. Face à
temática apresentada, faz-se o seguinte questionamento: Existe relacionamento entre o
Modelo Fleuriet e o enfoque tradicional da análise econômico financeira, que tem como
principal parâmetro, a solvência medida pelos indicadores de liquidez? Para auxiliar o
desenvolvimento da investigação, foi elaborada a seguinte hipótese: Existe relacionamento,
de ordem complementar, entre o Modelo Fleuriet e o enfoque tradicional da análise
financeira, que tem como principal parâmetro, a solvência medida pelos indicadores de
liquidez. Nesse propósito, o Modelo Dinâmico considera a situação financeira da empresa
em pleno funcionamento, e não no encerramento de suas atividades, como na análise
tradicional, embasada no Balanço Patrimonial e nas Demonstrações de Resultados,
conforme a legislação societária. Esse trabalho estrutura-se em 04 (quatro) capítulos. O
capitulo 1, aborda a Introdução que permite ao leitor conhecer o tema delimitado no tempo e
no espaço, objetivos gerais e específicos, seguidos da pergunta e hipótese, fundamentada
nos pressupostos teóricos do Modelo Fleuriet, em contraposição ao modelo tradicional de
análise. No capítulo 2, apresentam-se os conceitos e visão de alguns autores que tratam de
forma indireta sobre a problemática, bem como, a fundamentação teórica a ser utilizada e
procedimentos metodológicos para o desenvolvimento do estudo. No capitulo 3, são
apresentadas informações gerais sobre a empresa analisada e é feita uma abordagem
sobre a análise através dos modelos Dinâmico e Tradicional, utilizando-se os Balanços
Patrimoniais publicados nos exercícios de 1999 a 2003, dando ênfase à gestão da
empresa, no que se refere, à capacidade de saldar os compromissos de curto prazo. O
capitulo 4, descreve as considerações finais e aponta algumas sugestões no caso de futuras
pesquisas relacionadas ao assunto objeto de estudo. Por fim, são apresentadas as
referências bibliográficas que fundamentam a investigação cientifica.
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MATERIAL E MÉTODOS
A delimitação espacial restringe-se a Coelba, empresa responsável pela distribuição de
energia elétrica, no Estado da Bahia, cuja sede fica situada em Salvador – Ba, o que limita a
possibilidade de generalização. A partir da hipótese levantada, o estudo de caso foi limitado
aos instrumentos de pesquisa bibliográfica fundamentado nos pressupostos teóricos do
Modelo Fleuriet e do Modelo Tradicional. A coleta de dados foi feita através dos Balanços
Patrimoniais e Demonstrativos de Resultados - DREs da Coelba, nos exercícios de 1999 a
2003. A amostragem da pesquisa é composta das informações contábeis e sincrônicas da
empresa. As informações contábeis constituem-se nos valores de ativos e passivos dos
balanços auditados. No tocante, às informações sincrônicas, essas, abordam desde a sua
fundação, em 1959, como uma sociedade de economia mista, passando pelos processos de
expansão, na década de 80 e de privatização, em 1997. Aborda-se ainda, a estrutura e a
evolução do mercado consumidor da empresa e seus resultados, mais recentes, em termos
de desempenho operacional. Embora, existam outras perspectivas teóricas que abordam o
problema, os pressupostos teóricos do Modelo Dinâmico de Fleuriet, oferece uma
metodologia de análise dos níveis de liquidez e solvência, procedendo à combinação dos
elementos, que compõem a estrutura das contas associadas às atividades operacionais de
curto prazo, Capital de Giro (CDG), Necessidade de capital de giro (NCG) e Saldo em
Tesouraria (T). Considera-se um modelo de relativa simplicidade, porém, de grande utilidade
no auxílio da determinação da saúde financeira das empresas, a partir da administração dos
seus ciclos operacionais e financeiros, bem como, as decisões estratégicas de investimento
e financiamento. O procedimento para organização e análise dos dados foi realizado
mediante a combinação dos elementos, onde os grupos ativo e passivo circulantes da
estrutura dos demonstrativos contábeis tradicionais passam por uma reclassificação, cujas
rubricas são divididas em tático e operacional, e os grupos de realizável e exigível a longo
prazo, ativo permanente e patrimônio liquido são aglutinados nos grupos ativos e passivos,
identificados como estratégicas. Além disso, o estudo de caso foi complementado com a
contraposição ao modelo tradicional de análise financeira, do ponto de vista, do confronto
entre os ativos e passivos circulantes, que tem como principal parâmetro à solvência da
empresa. Após, a codificação dos dados, a apresentação dos resultados obtida, foi
demonstrados em tabelas e figuras, seguidos de considerações acerca da forma de
obtenção.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após, a reorganização dos balanços patrimoniais de 1999 a 2003 de acordo com o modelo
de análise dinâmica de Fleuriet foi possível realizar uma análise do comportamento de
variáveis, (CDGL, NCG e T), onde encontram-se resumidas na Tabela 1, a qual, diagnostica
a saúde financeira da empresa, no que tange, a capacidade em saldar compromissos -
solvência e segurança. Nesse quadro dos índices combinados, tem-se a clara situação de
liquidez da empresa analisada, a partir da administração dos seus ciclos operacionais e
financeiros. Na Tabela 2, apresenta-se um grau de sensibilidade sobre as mudanças na
situação financeira, permitindo uma classificação do desempenho operacional, de cada ano
estudado, demonstrando que a situação financeira manteve-se em muito ruim e péssima,
sendo que esta última estrutura, estendeu-se desde o exercício de 2000 até 2003. A
performance operacional, resultante da Estrutura e Situação Financeira do Tipo V (Muito
ruim), no exercício de 1999, é decorrente do Capital de Giro negativo, sinalizando que as
fontes de recursos excedentes de curto prazo, da Coelba estão financiando elementos de
longo prazo. Ainda, nesse exercício, a variável, identificada como - Necessidade de Capital
de Giro - também é negativa, sendo o seu valor R$ (4.295), superior ao Capital de Giro R$
(213.950). Sendo negativa, a Necessidade de Capital de Giro, em vez de Investimento
Operacional em Giro, tem a conotação de um financiamento operacional em giro. Nos
exercícios subseqüentes, verifica-se uma melhora na performance da empresa, resultando
numa Estrutura e Situação Financeira do Tipo IV (Péssima). O Capital de Giro permanece
negativo, porém, como há Necessidades de Capital de Giro, pois esse é positivo, e,
constata-se que não se conta com recursos para o seu financiamento, então, o Passivo
Circulante Oneroso - PCO, passa a cobrir essa insuficiência. Ainda, nesse aspecto, sob
outro ponto de vista, as fontes de longo prazo, Exigível a Longo Prazo e Patrimônio Liquido,
são insuficientes para financiar investimentos de longo prazo, representado pelo Realizável a
Longo Prazo e Ativo Permanente. Cabe destacar, que em todos os anos analisados, o
Capital de Giro apresenta-se negativo. Essa condição, se mantida por longo período, e
dependendo da estrutura financeira da empresa analisada, poderá repercutir na insolvência
da mesma. Ainda, nesse contexto, em todos os exercícios, verifica-se um Saldo de
Tesouraria - T, negativo e crescente, conforme Tabela 1, o que significa dificuldades
financeiras iminentes. Isso fica evidente, quando se observa no exercício de 1999, a
Tesouraria (caixa) financiando os usos de longo prazo, o ANC, enquanto que nos exercícios
seguintes, além de financiar os usos de longo prazo, o ANC, financia também a Necessidade
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CONCLUSÕES
Os estudos desenvolvidos, a partir do Modelo Fleuriet, revelam decréscimo nos índices
combinados do CDG, NCG e Saldo em Tesouraria referentes a Coelba. A partir, dessa
análise de liquidez, constatou-se a existência de financiamento das atividades de longo
prazo, com recursos de curto prazo. Essa situação promove dificuldades operacionais para a
empresa refletindo na administração como um todo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, Delza Rodrigues de, SILVA, Marineuza Barbosa Lima e, CUNHA, Luis Reis Santos. Estrutura financeira e
administração de capital de giro das empresas de transportes urbanos de salvador. Salvador: UNIFACS, 1998.
Coelba - Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia. Estrutura do mercado. Disponível em
http://www.coelba.com.br/frame2.htm. Acesso em 04.04.2005 e 23/12/2000.
Coelba - Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia. Evolução do mercado. Disponível em
http://www.coelba.com.br/frame.htm. Acesso em 04.04.2005 e 23/12/2000.
Coelba - Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia. Balanço Patrimonial - Ano base: 1999. Disponível em
http://www.coelba.com.br/ARQUIVOS_EXTERNOS/ Bal 1999.pdf. Acesso em 04.04.2005.
Coelba - Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia. Balanço Patrimonial - Anos base: 2000 e 2001. Disponível em
http://www.coelba.com.br/ARQUIVOS_EXTERNOS/Bal 2001.pdf. Acesso em 04.04.2005.
Coelba - Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia. Balanço Patrimonial - Anos base: 2002 e 2003. Disponível em
http://www.coelba.com.br/ARQUIVOS_EXTERNOS/ Bal 2003.pdf. Acesso em 04.04.2005.
FLEURIET, Michel; KEHDY, Ricardo; BLANE, Georges. A dinâmica financeira das empresas brasileiras: um novo
método de análise, orçamento e planejamento financeiro. Belo Horizonte: Fundação Dom Cabral, 1978.
APÊNDICES
Tabela 1 - Análise Dinâmica Fleuriet : CDG, NCG e T da Coelba.
Ano / Índice CDG NCG T
1999 (213.950) (4.295) (209.655)
2000 (41.157) 255.835 (296.992)
2001 (297.228) 240.153 (533.352)
2002 (346.848) 383.870 (702.745)
2003 (1.086.449) 417.002 (1.479.269)
Fonte: Elaboração do autor
6. IX CONPEX
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Tabela 2 - Análise Combinada de CDG, NCG e T da Coelba.
Ano / Índice CDG NCG T
Situação
1999 - - - Muito ruim
2000 - + - Péssima
2001 - + - Péssima
2002 - + - Péssima
2003 - + - Péssima
Fonte: Adaptado de Fleuriet