O documento descreve vários estilos literários ao longo da história, começando pelo Trovadorismo na Idade Média e incluindo o Classicismo, Barroco e Arcadismo. Cada estilo reflete valores culturais e sociais de sua época, abordando temas como amor, política e religião de maneiras características. A literatura produzida no Brasil colonial também evoluiu através desses estilos ao longo dos séculos.
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Estilos literários ao longo da história
1. Escola Estadual Presidente Tancredo Neves
Resumo de Literatura.
A literatura é a arte feita através das palavras. Há muitas
manifestações artísticas que podemos chamar de literatura: músicas,
teatro, romances, poemas, crônicas, contos, etc.
Os estilos literários variam conforme a época em que os textos literários
são criados. Eles refletem muito o modo de ver o mundo, a cultura, os
anseios e descobertas da sociedade em que foram/são produzidos.
Até o início do século XX tivemos alguns estilos literários muito
marcados no tempo e no espaço. A partir desse momento ocorrem muitas
mudanças na sociedade em todo o mundo e, como não poderia deixar de
ser, essas mudanças influenciaram e modificaram o modo de se produzir
literatura.
Durante o nosso curso veremos alguns estilos de época e as suas
principais características. Chamamos Estilo de Época algumas fases da
Literatura muito marcadas pelo contexto histórico. Os estilos nunca foram
totalmente substituídos por outros. Hoje, por exemplo, há uma produção
muito intensa de literatura, e muitas vezes algumas obras podem carregar
característica de estilos mais antigos e outras de mais recentes.
TROVADORISMO
O Trovadorismo foi o primeiro estilo literário em Língua Portuguesa. Surgiu
ainda na Idade Média (entre os sec. XII e XV) e, portanto, é repleto de
características daquela época. A sociedade Medieval era estamental, isto
é, a pessoas pertenciam a classes sociais que não se misturavam, quem
nascia nobre morria nobre, quem nascia servo morria servo. O Clero
exercia uma influência enorme no pensamento, que era, sobretudo,
teocêntrico (isto é, Deus acima de tudo, controlando tudo, razão de tudo).
A própria condição social era tida como uma vontade de Deus, logo não
se poderia questionar nem buscar explicações para isso.
Entretanto, nem mesmo uma realidade tão controladora como a
medieval pôde suprimir a criatividade e a capacidade do homem de se
abstrair da realidade.
A maior produção trovadoresca foi através da música, as
conhecidas cantigas. Seus temas normalmente tratavam de amores
impossíveis ou interrompidos, personagens como donzelas e Cavaleiros
eram na maior parte os protagonistas tanto de cantigas quanto de
histórias. Para facilitar os estudos as cantigas são assim classificadas.
Cantigas de Amigo: O Eu lírico é um homem que canta as saudades da
amada. Na maioria das vezes ou se trata de um cavaleiro que teve de
abdicar de seu amor em nome das Cruzadas ou de um plebeu apaixonado
por uma donzela da Corte. Em ambos os casos, viver esse amor era uma
impossibilidade. As donzelas são retratadas nas cantigas por sua beleza,
pureza, um sonho inalcançável.
Cantigas de Amor: O Eu Lírico é uma mulher que, assim como na
cantiga de amor, vive o drama de um amor impossível, os problemas que
impedem esse amor são, de modo geral, os mesmos que na cantiga de
amigo, isto é: sofre-se pela impossibilidade de um amor, e que muitas
vezes era vivido na clandestinidade.
Cantiga de Escárnio: Cantigas jocosas, isto é, zombadoras. Satirizava-se
pessoas e situações reais, mas sem identificar de quem de fato se falava.
Mas, obviamente tanto os personagens quanto as situações eram
reconhecidas pela corte.
Cantigas de Mal Dizer: Essas cantigas traziam sátiras diretas, muitas
vezes com ataques verbais e até mesmo o que chamamos de palavrões.
Elas se diferenciavam das de escárnio porque além de possuírem uma
linguagem mais agressiva também expunha publicamente os personagens
e situações quase sempre reais.
* É muito importante lembrar que, na Idade Média somente a nobreza
produzia e consumia qualquer tipo de arte e que somente os homens
poderiam se manifestar em público. Assim, mesmo quando estivermos
lendo uma Cantiga de Amor, por exemplo, devemos lembrar que quem a
produziu não foi uma mulher tampouco uma pessoa fora da nobreza.
**Por terem sido produzidas na Idade Média, a única explicação para as
impossibilidades amorosas e os destinos trágicos dos amantes eram os
desígnios de Deus, que a tudo via e controlava.
2. CLASSICISMO
Por diversos fatores que levaram à decadência dos valores medievais
surge o Renascimento (sec. XV e XVI), que é caracterizado entre muitas
coisas como a retomada da razão e dos valores humanos.
Consequentemente, se os valores e os pensamentos mudam a arte
produzida também muda. Surge nesse período o Classicismo ou
Quinhentismo. Essa literatura traz a empolgação das descobertas
científicas, dos prazeres carnais, da valorização material, do rompimento
com os dogmas da Igreja e a retomada de elementos da mitologia, quase
sempre grega ou romana. A preocupação com a métrica e os jogos de
palavras se tornam maiores. Se pensarmos na Língua Portuguesa, o
maior nome que temos nesse período literário é o de Luiz Vaz de Camões
que entre muitas obras escreveu Os Lusíadas (lusíadas ou lusitanos era o
nome dado aos portugueses) que conta sobre o descobrimento das
Américas.
BARROCO
Ainda no sec XVI surge o movimento da Contra-reforma, uma
tentativa da Igreja de retomar o domínio ou ao menos de resgatar muitos
de seus fieis que ou abandonaram a fé ou migraram-se para o que passou
a ser conhecido como Reforma ou Protestantismo. Essa turbulência de
valores religiosos misturada a toda profusão de valores humanistas gera
um grande conflito nas sociedades dessa época. Assim as manifestações
artísticas também refletem essa dubiedade. O Barroco é conhecido,
sobretudo, pelo contraste/oposição de ideias. Nas poesias, onde mais se
manifestou (literariamente dizendo) as oposições entre sagrado e profano,
bem e mal, castidade e sexualidade, espiritualidade e materialismo são
algumas das características marcantes.
Nesse período já começam a aparecer obras produzidas aqui no
Brasil, nomes como Padre Antonio Vieira (que escreveu inúmeros
sermões) e Gregório de Matos, que pelo teor muitas vezes ácido, era
também conhecido como Boca do Inferno se destacam. Na literatura
barroca ainda temos duas características: O Cultismo (jogo de palavras,
numa linguagem muito rebuscada) e o Conceptismo (jogo de ideias).
A literatura barroca é, talvez, uma das que mais dialoga com
outras artes. Vemos na pintura e na escultura uma ênfase de cores e
formas que sugerem movimento, na Arquitetura fachadas simples e
caiadas contrastam com uma profusão de detalhes e riquezas no interior,
como é possível ainda vermos nos dias atuais nas igrejas barrocas e
prédios públicos construídos naquela época.
ARCADISMO
Com o declínio do Barroco entre os sec XVI e XVII surge o
Neoclassicismo. Na Europa começam a ganhar força as ideias Iluministas
que vê na razão o melhor caminho para entender a existência, sobretudo
o bem estar em sociedade. Como em outras situações, os ideais e estilos
artísticos demoram, mas chegam ao Brasil e sofrem, devido a inúmeros
fatores e realidades distintas, adaptações. A arte literária aqui produzida é
conhecida como Arcadismo ou Setecentismo. Ela traz em sua temática
temas de liberdade e racionalidade. O Arcadismo também é conhecido
aqui como Fingimento Poético. Seus temas pregam a “descomplicação”
da vida, a pureza do amor a beleza da vida no campo. A linguagem é
menos rebuscada e tem um caráter quase popular. Na prática nenhum
dos poetas de fato deixou a vida na Corte ou nas cidades mais
desenvolvidas (na época) para viver no campo nem nele trabalhar. Nesse
período a literatura ganhou ares políticos... Alguns personagens
conhecidos historicamente pela Conjuração Mineira (mais comumente
chamada de Inconfidência Mineira) eram escritores e muitos dela se
utilizaram para divulgar seus ideais iluministas e de uma possível
Independência da Coroa de Portugal. Nomes que se destacam nesse
período são os de Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga,
Basílio da Gama e Santa Rita Durão.
*** Devemos lembrar que o Brasil até então era uma colônia portuguesa,
portanto a literatura aqui produzida nesse período não é de toda
considerada brasileira, tampouco popular. Os cidadãos, mesmo os que
aqui nasciam eram portugueses e, portanto, submetidos às leis de
Portugal. Daí terem sido os “conjuradores” condenados à morte ou à
prisão perpétua por terem intentado contra o domínio da Coroa.
Entretanto, uma ideia depois que acha lugar nas mentes não pode
ser e nem é apagada... Mas, isso é assunto para a próxima matéria...