1. Carta do Amor Molhado
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Arley Gomes de Lagos Ferreira
“Presta bastante atenção às minhas palavras e lembra-te delas no teu dia a dia: Cubro
dois terços da superfície da Terra! Estou em dois terços do teu corpo!
Estou em tua vida, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença.
Mesmo existindo em grandes quantidades na natureza, só útil em tuas necessidades
diárias, se potável.
Minhas reservas utilizáveis representam menos de 3% em todo o planeta. O resto é
salgada ou já está poluída!
Necessito de primoroso gerenciamento do poder público, pois sou um recurso escasso e
de interesse difuso.
Ainda não sabes quem sou?
Sou a água! A água potável e límpida que usas, abusas e sujas em todos os dias da tua
vida.
Agora que sabes algo a meu respeito, não permitas que me usem mais clandestinamente.
Existem leis que regulam meu uso e órgãos públicos responsáveis por mim. Se és
cidadão, procure conhecê-las!
Protejas meus leitos e minhas nascentes.
Não me poluas! Se o fizeres, não poderei matar mais a tua sede e nem servirei na
limpeza.
Servirei apenas para te transmitir doenças e agravar o quadro de degradação ambiental
já instalado.
Não toleres mais, então, o me desperdício. Lembra-te: sou um recurso escasso!
Tudo que puderes fazer para conservar as minhas reservas, faça-o. E se assim fizeres,
regozija-te! Pois assim estarás contribuindo para que as gerações futuras me tenham
comoo tu me tens agora, permitindo a continuidade da existência humana.
Com a mesma velocidade que fluo em tuas torneiras, leva esta mensagem aos que a
ignoram. Afinal, poucas pessoas têm a tua disposição e capacidade para ler e entender
este monólogo.
És suficientemente sensível e inteligente para entender que o Século XXI exigirá do
homem efetivas ações de preservação ambiental. Começa-as já, usando-me
racionalmente!
Espero, enfim, que me atendas, em meu nome e em nome dos teus descendentes,
agradeço.
Um abraço caudaloso,
Água Potável”
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Capitão adjunto da Seção de Defesa do Meio ambiente, da diretoria de Atividades Especializadas da
PMMG.