Este documento descreve as tradições e histórias por trás de alguns dos Santos Populares Portugueses mais conhecidos: Santo António, São João e São Pedro. Detalha as origens e milagres atribuídos a cada santo, bem como as festividades e crenças populares associadas a eles em Portugal.
2. S. António de Lisboa
• Existem centenas de santos em todo o
mundo, mas apenas um nasceu em
Lisboa: Santo António, no fim do século
XII. O seu verdadeiro nome era Dom
Fernando Bolhão e era descendente de
uma família bastante abastada.
• Não obstante, aos 20 anos decidiu
esquecer a herança dos pais e dedicar-
se à religião. Nessa época pertencer ao
clero era uma grande honra.
• Porém fartou-se depressa das falsidades
que via à sua volta e tornou-se padre
franciscano, ou seja,uma figura dedicada
aos mais pobres, tendo mudado
inclusive de nome como sinal da sua
dedicação à Igreja, substituindo o nome
de pelo de Irmão António. Começou a
viajar por todo o mundo, onde se tornou
muito conhecido pela sua dedição a sua
vida toda aos outros, tal como
mandavam os franciscanos!
3. S. António de Lisboa
• Também ficou muito conhecido pelas aulas que dava nas Universidades
mais conhecidas da Europa.
• A Santo António se pode, igualmente, atribuir o nome de Santo António de
Pádua nome atribuído uma vez que o santo viveu alguns anos nesse lugar.
• Não se sabe a certeza do ano em que este faleceu contudo, o dia do
festejo desde santo, dia 13 de Junho atribui-se ao dia da sua morte.
• Contudo, causa estranheza a ideologia do dia de Santo António em Lisboa,
uma vez que, ao contrário do que se pensa, Santo António não era
namoradeiro nem brincalhão! Este santo popular é conhecido como o
"santo casamenteiro". Mas porquê? Não se lhe conhece nenhuma mulher e
nos seus milagres não consta que tenham a ver com casamentos.
• Somente se trata de uma mistura entre as festas pagãs e o Cristianismo
uma vez que sendo comemorado no início do Verão, numa época
relacionada com a fecundidade, quando nascem novos frutos, novos
cereais e as pessoas se casavam.
• Igualmente, Santo António é evocado como o santo que ressuscita os
mortos, que cura as doenças, que assegura e multiplica as provisões, que
ajuda os marinheiros, que vela pela felicidade do casamento, que encontra
as coisas perdidas e que fala com o Menino Jesus.
4. S. António de Lisboa
• Em Lisboa as celebrações a este santo
ocorrem desde o século XVI. Havia
danças, cortejos e procissões.
• Todos os bairros da cidade participavam
nas festas e tentavam ser os mais
vistosos nascendo, posteriormente, as
marchas populares e actividades variadas
que ainda hoje subsistem!
8. S. António de Lisboa
• No ano de 1950 surgem as "Noivas de Santo
António“. Tudo começou com o jornal "Diário
Popular" que ajudava os mais pobres a fazer
uma festa de casamento no dia do santo.
Juntamente, ofereciam o enxoval e os
equipamentos domésticos através de vários
comerciantes que ganhavam com a publicidade.
E assim nasceu mais uma tradição!
• Nas noites de Santo António acaba o silêncio na
cidade de Lisboa e onde for a festa deste santo:
há sardinhas assadas, música, manjericos, pão
quente, vinho e festa até de manhãzinha!
11. Tradições e crenças
• É uma tradição as crianças de Lisboa pedirem na rua
"um tostãozinho para o Santo António“, pois
antigamente faziam altares onde as pessoas podiam
deixar esmolas para o santo... Ou para as crianças!
• As raparigas para verem com quem vão casar: "À meia-
noite, a rapariga, num quarto às escuras, diante de um
espelho, chama por Santo António sete vezes e acende
uma vela... e logo verá reflectido o rosto do homem com
quem casará."
• Para saberem o nome do rapaz com quem vão casar, a
rapariga devia, “depois de se extinguirem as últimas
labaredas da fogueira, no borralho que fica, metem
1.000 escudos (5 euros). No outro dia vão buscar o
dinheiro e dão-no ao primeiro mendigo que aparece,
cujo nome é o nome do homem com quem casarão."
13. Milagres de Santo António
• Conta o milagre que Santo António
estava um dia a pregar numa
cidade costeira italiana. Como
ninguém o queria ouvir, foi até ao
mar e começou a pregar aos peixes
dizendo:
• "Ouvi a palavra de Deus vós,
peixes do mar e do rio, já que a não
querem escutar os infiéis, os
hereges".
• Então, uma grande quantidade de
peixes pôs a cabeça fora de água
para ouvir falar o Santo, para
espanto de todos os que viam
aquilo. Foi assim que muitos se
converteram ao Cristianismo!
15. Milagres de Santo António
• Reza a lenda que existia um Conde muito
conhecido que tinha um Castelo com um espaço
onde os frades podiam dormir e rezar. Um dia,
estava Santo António no seu quartinho quando
este se encheu de luz e o Menino Jesus lhe
apareceu.
• O Conde viu a luz e também o Santo a pegar na
criança, enquanto falava com ela. Na presença
deste milagre o Conde ficou maravilhado, mas
prometeu ao Santo António que só contava o
que se tinha passado depois do Santo morrer.
Daí nasceu a imagem de santo protector das
crianças!
17. S. João
• Apesar de Santo António ser o
mais conhecido, São João é o
que detém a maior festa. A
animação dura dia e noite e
todos estão prontos para a
"farra".
• Contudo, convém referir que se
comemora São João do Porto,
padroeiro desta cidade e não
São João Baptista como muitas
pessoas acreditam.
18. S. João
• No século IX, existia no Norte do País um eremita (pessoa
que vive sozinha, longe de todos) chamado João. Enquanto
foi vivo deu muitos conselhos às pessoas que lhe iam pedir
ajuda.
• Quando morreu, descobriu-se que muita gente ia ao sítio
onde estava enterrado para chamar pelos seus poderes de
santo.
• No século XII, uma rainha portuguesa trouxe a cabeça de S.
João para o Porto para ser venerada pelas pessoas, sendo
que se acredita ser a cabeça que está na capela da Santa
Cabeça, da Igreja de Nossa Senhora da Consolação. Assim,
sendo que São João do Porto nunca foi aceite oficialmente
acabou começou-se a festejar o São João do Porto no dia 24
de Junho, a mesma data de São João Baptista! Por
coincidência, ambos os santos eram eremitas e "perderam a
cabeça"?
19. São João
• São João era primo de Jesus e
ganhou o nome de "baptista"
exactamente porque baptizava
as pessoas no rio Jordão,
derramando-lhes água sobre as
cabeças.
• São João Baptista também vivia
isolado de tudo e todos, como
um eremita e refugiava-se no
deserto, alimentando-se de mel
e gafanhotos. Sem ser dono de
nada, vestia apenas uma pele
de carneiro.
20. São João
• Grande crítico da política romana
era adorado pelo povo e odiado
pelo Rei Herodes, que o mandou
aprisionar e decapitar,
aproveitando um capricho da sua
filha, Salomé, que o amava (mas
como João Baptista a rejeitou... O
rei ficou com um opositor a
menos).
• O dia 24 de Junho, data do seu
nascimento, foi consagrado a
São João.
Rei Herodes
21. São João
• Na noite de São João, a
cidade do Porto muda
completamente! Nas ruas os
foliões passeiam o alho porro
(ou, hoje, os martelos de
plástico), compram manjerico e
comem sardinha assada.
• Tudo começa na Ribeira, mas
depois do Fogo de Artifício,
todos os anos à meia-noite em
ponto, a festa espalha-se pelos
quatro cantos da cidade e só
termina ao nascer do sol.
23. São João
• Para espantar o cansaço
vai-se parando nos
bailaricos de bairro e salta-
se a fogueira! Manda a
tradição que a festa
culmine com um banho de
mar na Foz!
• Também aqui a festa de
São João se mistura com
as festas do início do
Verão, daí as fogueiras e
todas as "loucuras" da noite
deste santo popular.
24. Tradições de S. João
• Popularmente, acredita-se que a noite de São João é considerada
muito boa para adivinhar o futuro. Desde casamentos ao ano
agrícola e ao clima, tudo se pode saber nesta altura!
• Por exemplo, em Beja põem-se, numa tábua, 12 montinhos de sal,
aos quais se dão os nomes dos meses. Passam depois a tábua
pelo fumo de uma fogueira e deixam-na ficar toda a noite ao relento
da manhã. Antes de o sol nascer, correm à tábua para examinarem
qual dos montinhos de sal está mais húmido, e é então que sabem
quais os meses em que choverá mais, segundo os nomes que lhes
deram e a humidade de cada um.
• Em Trás-os-Montes, acreditava-se que o costume de as raparigas
cortarem as pontas do cabelo e, antes do nascer do Sol, as
colocarem sobre uma silva mansa fazia com que as pontas não
voltassem a espigar.
25. Tradições de S. João
• Em Lisboa diz-se que se na noite de São João a rapariga põe a
mesa com dois pratos, talheres e comida e à meia-noite começa a
comer, no lugar vazio surge-lhe a figura do futuro noivo.
• No Algarve, segundo a tradição local, enquanto as raparigas
dançavam em redor de um mastro enfeitado com madressilva e
flores de São João, os rapazes saltavam a fogueira, o que os
tornava homens adultos e protegia as crianças das doenças.
• As mães passavam por cima das chamas (sem queimar, claro) as
crianças doentes ou fracas, e para todos era bom dizer quando
saltavam a fogueira:
"Fogo no sargaço,
saúde no meu braço.
Fogo no rosmaninho,
saúde no meu peitinho."
26. Tradições de S. João
• Desde a Idade Média que a noite de São João é
considerada mágica, acreditando-se que as
"mouras encantadas" deixavam a forma de
cobras, com que viviam todo o ano, e vêm à
tona da água com figura humana.
• Na madrugada de São João vão as mouras
estender os seus tesouros à orvalha do campo.
Esses tesouros ficam aí encantados sob a forma
de figos. Se alguém passa, os apanha e não os
come, transformam-se em verdadeiros tesouros.
• Se, porém, a pessoa que os apanha os come,
reduzem-se logo a carvão.
29. São Pedro
• São Pedro é um dos santos mais antigos da
religião católica tendo sido um dos Apóstolos de
Jesus Cristo. Contudo, o seu verdadeiro nome era
Simão, mas Jesus deu-lhe o nome de Pedro, que
vem da palavra pedra, porque seria ele a "pedra
sobre a qual se iria construir a igreja cristã".
• Pedro era pescador nos mares da Galileia, por
onde Jesus andava a pregar, e era irmão de
André, outro dos Apóstolos. Curiosamente,
conheceram-se através de São João Baptista.
Desde que conheceu Jesus Cristo que São Pedro
o começou a seguir.
• Conta-se que se aborrecia facilmente com as
pessoas e que essas discussões o deixavam
abatido e triste. Por outro lado, tinha muitas
dúvidas, mas era o primeiro a ter todas as
iniciativas.
• Talvez pela sua bondade e boa vontade, Jesus
Cristo lhe desse a missão de chefe da Igreja,
tendo sido o primeiro Papa!
30. Mas como foi que chegou até lá?
• Depois de Jesus ter dito que todos
os Apóstolos o abandonariam, São
Pedro disse que isso não iria
suceder. Porém, na noite em que
Jesus morre, São Pedro acaba por
afirmar três vezes que não
conhece Jesus, para não ser
preso.
• O galo terá cantado no momento
em que Pedro fez a terceira
negação!
• No entanto, um mês depois, com
coragem falou para uma multidão
inteira sobre "a Boa Nova". E tal foi
a força das suas palavras que mais
de três mil pessoas se terão
convertido à nova fé.
31. São Pedro
• Depois da morte de Jesus, São Pedro andou por quase todo o
mundo conhecido até à época a falar às pessoas da nova religião.
• Conta-se que nas suas viagens curou muitas pessoas e fez
milagres que deixavam as pessoas de boca aberta. Assim foi
durante muitos anos e a igreja que Jesus lhe tinha deixado nas
mãos foi crescendo a olhos vistos!
• Infelizmente, havia ainda muitas pessoas que não o aceitavam e
por isso teve que fugir de todas as perseguições que existiam
contra os cristãos.
• Pedro acabou por ser morto por ordem do Imperador Nero, o
mesmo Imperador que cantava para um público muito aborrecido
de o ouvir, em vez de mandar apagar os incêndios que lavravam
em Roma!
• Nero mandou crucificar São Pedro, mas este quis a sua cruz de
cabeça para baixo, porque achava que não era digno de morrer
como Jesus!
32. São Pedro
• Na época Pedro tinha já uma idade bastante avançada o
que seria difícil de alcançar nessa época. Em 1968,
fizeram-se algumas escavações por baixo da basílica de
São Pedro, no Vaticano, em Roma (Itália) e
descobriram-se alguns ossos que foram aceites como
sendo os de São Pedro, uma vez que se sabe que ele
morreu naquela zona.
34. São Pedro - Festividades
• Em homenagem ao santo, acendem-se
fogueiras, erguem-se mastros com sua bandeira
e queimam-se fogos; porém, a noite de 29 de
junho não é tão empolgante quanto a animação
verificada na festa de São João.
• Também se fazem procissões terrestres,
organizadas pelos pecadores, sendo S. Pedro o
seu padroeiro.