Este relatório da CNI discute o desempenho da economia brasileira no segundo trimestre de 2012. Em 3 frases:
1) A economia brasileira desacelerou no segundo trimestre, com a indústria em queda e o PIB crescendo menos do que o esperado.
2) Embora o mercado de trabalho continue aquecido, com baixo desemprego, há sinais de enfraquecimento do consumo das famílias.
3) A CNI projeta crescimento de apenas 2,1% do PIB em 2012, abaixo
Apresentação | Propostas da Indústria para as Eleições 2014
Redução de custos é fundamental para o crescimento
1. INFORME CONJUNTURAL
Informativo da Confederação Nacional da Indústria Ano 28 Número 02 abril/junho de 2012 www.cni.org.br
A economia
Redução de custos é fundamental brasileira no segundo
para o crescimento trimestre de 2012
Indústria em queda amplia
A continuidade da estagnação da economia crise mundial. A superação dessas dificul-
desaceleração da economia
mundial segue com impactos negativos dades exige maior esforço para redução do
sobre o desempenho da economia brasileira. custo de produzir no Brasil. Dessa forma, Pág. 2
Estimativas mais recentes apontam reces- maior parte do aumento da demanda interna
são na Zona do Euro e desaceleração nos poderá ser atendida por produção doméstica. Mercado de trabalho aquecido
países emergentes, com impacto redutor na apesar do cenário adverso
demanda mundial. Em especial, deve-se buscar de imediato o
aumento do investimento em infraestrutura, Pág. 4
Na economia brasileira, os últimos dados com maior incentivo à participação privada,
indicam que o crescimento em 2012 será a diminuição do custo da energia, a redução
Cenário externo adverso tem
inferior ao registrado no ano passado. A da burocracia e a melhora do acesso ao
impacto deflacionário no Brasil
estimativa da CNI para o PIB foi revista para crédito. Essa agenda terá efeitos não apenas
2,1%, com apenas 1,0% de expansão da sobre a oferta, com a redução dos custos de Pág. 6
indústria de transformação. O crescimento produção, mas também sobre a demanda,
do primeiro trimestre e os dados da indústria dados os efeitos na cadeia de suprimentos e Gastos públicos aumentam
já disponíveis para o segundo são decepcio- no emprego. na tentativa de conter
nantes e motivo de preocupação. A reação desaceleração da economia
esperada para o início do ano não se mate- A mudança no ambiente macroeconômico,
rializou, mesmo com a entrada em vigor de com a queda dos juros básicos e o novo Pág. 8
algumas das medidas do Plano Brasil Maior, a patamar do câmbio, é um fato positivo. É
elevação dos gastos públicos e a queda nas necessário aproveitar essa oportunidade para
promover um choque de competitividade que Cenário externo mais negativo
taxas de juros. que o previsto
induza a um aumento substantivo na taxa de
A questão atual é avaliar até onde pode ir a investimento. Pág. 10
desaceleração da economia e quais as possí-
veis alternativas de incentivo ao crescimento, PIB e investimento
dado que a estratégia de crescimento via Taxa de crescimento real (%)
estímulos ao consumo já mostra sinais de
PIB cresce mais com maior investimento
esgotamento. A demanda das famílias cresce
a ritmo moderado, em virtude do maior com- 25
prometimento da renda com os compromis-
20
sos financeiros e a alta da inadimplência.
15
Nesse cenário, as medidas de sustenta-
ção da demanda estão na direção correta, 10
em especial as de natureza fiscal, como a
5
aceleração dos gastos do governo. Todavia,
essas se mostram insuficientes para conter 0
o processo de desaquecimento e iniciar um
novo ciclo de crescimento econômico e de -5
retomada da atividade industrial.
-10
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012*
É cada vez mais claro que não enfrentamos
apenas um problema conjuntural de deman- PIB Investimento
da: a economia brasileira tem dificuldades de
competitividade que se acentuaram com a * Os valores de 2012 foram projetados pela CNI.
Fonte: IBGE
2. Ano 28, n. 02, abril/junho de 2012
atividade econômica
Indústria em queda amplia desaceleração da economia
Crescimento do PIB será inferior ao apurado em 2011
Com o baixo nível da atividade anterior, somente será alcançada se nos próximos meses como mais um
econômica observado no primeiro no segundo semestre o desempenho fator complicador na trajetória de
semestre, a CNI projeta, para 2012, econômico for superior ao observado recuperação da economia.
expansão de apenas 2,1% no PIB. A até agora. Com tal previsão, a CNI
estimativa foi revisada – ante previsão acredita que haverá moderado Estoques elevados
de 3,0%, divulgada em março – com incremento nas taxas trimestrais de dificultam reação da
base no desempenho negativo da crescimento, todavia insuficiente para
indústria
agropecuária e, principalmente, reverter uma perspectiva de baixo
pelo crescimento mais fraco do desempenho no ano. Após três meses seguidos de queda
que o esperado para o segmento no indicador dessazonalizado, a
industrial. Essa situação provocou No cenário atual, além dos produção industrial (PIM-PF/IBGE)
o crescimento de apenas 0,2% do problemas relacionados à perda de já acumula, nos cinco primeiros
PIB no primeiro trimestre, segundo o competitividade da indústria e à meses de 2012, retração de 3,4% em
IBGE. Com isso, a economia nacional crise internacional, surge uma nova relação ao mesmo período de 2011.
está praticamente estagnada desde o preocupação com os indícios de perda Nos últimos 12 meses, terminados
terceiro trimestre de 2011. de dinamismo do consumo interno. em maio, a perda é da ordem de
Assim, a demanda interna – que 1,8%. O faturamento da indústria
Vale ressaltar que a projeção de 2,1% já não vinha sendo suficiente para tem acompanhado a tendência de
para o crescimento do PIB em 2012, impulsionar a produção industrial, pois queda observada na produção física.
embora seja modesta e inferior ao boa parte dos produtos consumidos Nos Indicadores Industriais/CNI, o
que havia sido previsto no documento é importada – deve se apresentar faturamento real dessazonalizado
aponta diminuição de 1,3% no segundo
Estoques de produtos industrializados
trimestre de 2012. Movimento
Indicador de nível de estoque efetivo em relação ao planejado
negativo também observado no
Estoques elevados prejudicam atividade industrial há 15 meses número de horas trabalhadas na
produção industrial, o qual soma queda
de 2,0% no mesmo período de 2012.
53,0 Tal situação se deve ao atendimento
52,4 52,2 52,2 de parte da demanda doméstica
Acima do 52,1 52,1 por importações e ao elevado nível
planejado
50,7
50,8 51,4 de estoques existentes no setor. O
50,5 50,8 indicador de estoques efetivos em
50
49,6
relação ao planejado (Sondagem
Abaixo do Industrial/CNI) se encontra acima
planejado dos 50 pontos desde março de 2011.
48,2
47,7 Essa condição é generalizada entre os
setores industriais: em maio, os índices
de 17 dos 28 setores pesquisados
superaram a marca dos 50 pontos,
jan mar mai jul set nov jan mar mai jul set nov jan mar mai sinalizando a acumulação de estoques
2010 2011 2012 indesejados.
Intervalo varia de 0 a 100. Valores superiores a 50 indicam estoque efetivo acima do planejado
Fonte: Sondagem Industrial/CNI
2
3. Ano 28, n. 02, abril/junho de 2012
Nesse cenário, de elevado nível de Consumo das famílias consumo das famílias crescimento de
estoques e redução da produção e do já dá sinais de 3,5% em 2012.
faturamento, é natural que a utilização desaquecimento
da capacidade instalada da indústria A contribuição líquida do setor
encontre-se abaixo do usual, conforme Pelo lado da demanda, nota-se externo para o crescimento do PIB
mostrado pelo indicador de Utilização tendência de enfraquecimento dos segue negativa – fenômeno que vem
da Capacidade Instalada efetiva em investimentos, mesmo com a melhora ocorrendo de maneira contínua nos
relação ao usual (Sondagem Industrial/ das condições de financiamento e últimos cinco anos. De acordo com
CNI), cujo valor tem se mantido abaixo a redução da taxa de juros Selic. as projeções da CNI, as magnitudes
dos 50 pontos desde o final de 2010. Dessa forma, a CNI espera para 2012, de crescimento das importações e
No mês de maio, a indústria geral crescimento de apenas 2,5% da exportações deverão ser de 6,4% e
registrou 44,0 pontos, enquanto que a formação bruta de capital fixo (FBKF). 2,0%, respectivamente. Assim, o fluxo
indústria de transformação contabilizou comercial irá impactar negativamente
O consumo das famílias continua com 0,6 pontos percentuais no
43,3 pontos, com todos os seus sendo o principal responsável pelo
setores situados abaixo dos 50 pontos. crescimento do PIB.
crescimento do PIB, resultado
O sentimento do empresário frente à advindo, sobretudo, do aumento do A demanda do governo irá contribuir
atual condição da economia brasileira emprego formal, do crescimento do positivamente. Deve-se observar
tem refletido as dificuldades impostas salário mínimo real e da diminuição aceleração dos gastos discricionários,
pelo ambiente desfavorável. O das taxas de juros. No entanto, as em especial de investimento. A CNI
indicador de evolução das condições perspectivas são de menor fôlego para projeta uma alta de 3,0% do consumo
atuais da economia brasileira (ICEI/CNI) o crescimento, uma vez que tem se do governo, taxa maior do que a
ficou abaixo dos 50 pontos em junho intensificado o nível de endividamento esperada na última previsão.
em todos os setores da indústria de e de inadimplência dos consumidores.
transformação, sinalizando percepção Nesse cenário, a CNI estima para o
negativa dos empresários diante do
atual cenário econômico e potencial
reflexo nas decisões de investimento.
Estimativa da CNI para o PIB
Na indústria da construção, o cenário Variação percentual e contribuição dos componentes no PIB
não é muito diferente. O indicador que
mede o nível da atividade em relação 2012
Componentes do PIB Taxa de Contribuição
ao usual (Sondagem da Indústria da
crescimento (%) (p.p.)
Construção/CNI) ficou abaixo dos 50 Ótica da Consumo das famílias 3,5 2,1
pontos de fevereiro a maio de 2012, demanda Consumo do governo 3,0 0,6
resultado que indica desempenho FBKF 2,5 0,5
inferior ao que comumente deveria ser
Exportações 2,0 0,2
apresentado no período.
(-) Importações 6,4 -0,8
Embasada nessas informações, a
CNI acredita que o PIB industrial irá Ótica da Agropecuária 0,0 0,0
crescer, em 2012, 1,6%. A indústria oferta Indústria 1,6 0,5
de transformação irá mostrar a Indústria extrativa 2,0 0,1
menor taxa de crescimento dentre os Indústria de transformação 1,0 0,1
demais segmentos industriais, com Construção civil 3,0 0,2
alta de apenas 1,0%. Com isso, o
SIUP 2,0 0,1
setor industrial deve contribuir com
Serviços 2,6 1,7
somente 0,5 ponto percentual para o
PIB pm 2,1
crescimento do PIB.
3
4. Ano 28, n. 02, abril/junho de 2012
emprego e renda
Mercado de trabalho aquecido apesar do cenário adverso
Taxa de desemprego mantém trajetória de queda
As medidas anticíclicas do Governo A inércia do diferencial entre esses Espera-se também que a medida de
para aquecer a economia – pacotes dois indicadores vem garantindo desoneração sobre folha de pagamento
de estímulo, queda dos juros, uma continuidade na queda da taxa provoque aumento do emprego formal.
desvalorização cambial – não de desemprego. Em maio, a taxa de Segundo a PME/IBGE, a participação
conseguiram até o momento provocar desemprego foi de 5,8%, uma queda de 0,6 do emprego formal (empregos com
mudanças significativas no desempenho ponto percentual frente a maio de 2011. carteira, militares e de regime jurídico
do PIB. Apesar disso, o mercado de único) no total da ocupação atingiu
trabalho continua a apresentar baixas Acreditamos que o desemprego continue 61,4% em maio. O peso dos encargos
taxas de desemprego. em queda até o final de 2012, tanto pela tem expressivo impacto sobre a
sazonalidade favorável quanto pelo efeito formalização do mercado de trabalho
De acordo com a PME/IBGE, em maio a das medidas de desoneração salarial brasileiro. Mas outros elementos,
força de trabalho (PEA) cresceu 1,9%, sobre os quatro setores – dos quinze – já como a própria rigidez da legislação
quando comparado com o mesmo contemplados pela medida, que deve trabalhista, também dificultam a
período de 2011, o que representa mais ocorrer de forma mais expressiva apenas formalização no País.
de 446 mil pessoas. O crescimento no segundo semestre de 2012.
da população economicamente ativa
ficou abaixo dos 554 mil novos postos Desta forma, a CNI estima uma taxa Indústria perde número de
de trabalho criados no mesmo período, de desemprego próxima a 4%, o que vagas de emprego
que representam aumento de 2,5% na resultaria em uma taxa média anual de
Segundo a PME/IBGE, apenas nos
compação com o ano anterior. 5,5% em 2012 – meio ponto percentual
últimos três meses findos em maio, as
menor que em 2011.
indústrias extrativa, de transformação
e de produção e distribuição de
Taxa de desemprego eletricidade, gás e água (SIUP)
Em % da PEA
perderam mais de 37 mil postos de
trabalho. Em contrapartida, todos os
Taxa de desemprego média continuará em queda demais setores aumentaram o número
de postos de trabalho no mesmo
período – destaque para serviços, com
8,0 138 mil novos empregos.
7,5 2010
Dados do Cadastro Geral de
7,0 Empregados (CAGED) do Ministério do
Trabalho e Emprego, corroboram o pior
6,5 2011
desempenho da indústria frente aos
6,0 demais setores. Segundo o CAGED,
5,5 o número de novas vagas formais no
2012 acumulado em 12 meses até maio foi
5,0 de 1,2 milhão. Dessas, apenas 262 mil
4,5 vagas foram da indústria (extrativa,
transformação, construção e SIUP)
4,0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez contra 313 mil do comércio e 698
mil do setor de serviços. De janeiro
a maio, houve uma queda de 45 mil
Fonte: IBGE. Estimativa a partir de junho de 2012: CNI
4
5. Ano 28, n. 02, abril/junho de 2012
postos de trabalho formal na indústria, Rendimento médio real
sendo que somente entre abril e Variação em 12 meses (%)
maio a redução ultrapassou 38 mil
Rendimentos médios reais continuam elevados
empregos.
Rendimentos médios reais
em forte aceleração 7
Os rendimentos médios reais 6
habitualmente recebidos (PME/IBGE) 5
apresentaram forte aceleração nos
últimos seis meses findos em abril. 4
A variação em 12 meses passou de
3
0,7% em novembro de 2011 para
6,2% em abril de 2012. Embora tenha 2
se reduzido em maio, o ritmo de
1
expansão da renda real continua em
nível elevado (4,9%). 0
A persistência observada no aumento -1
da renda real tem evitado a explosão mai set jan mai set jan mai set jan mai set jan mai
2008 2009 2010 2011 2012
da inadimplência no País. Com isso,
o consumo das famílias continua Fonte: IBGE
sendo o principal responsável pelo
crescimento do PIB, mesmo que de
forma menos expressiva do que visto
nos últimos dois anos. Ocupação e População Economicamente Ativa (PEA)
Variação (%) frente ao mesmo mês do ano anterior
Outro resultado chama a atenção. O
aumento dos postos de trabalho e dos Inércia do diferencial entre a ocupação e a PEA garantem trajetória
níveis de rendimento médios reais de queda no desemprego
nos últimos seis meses não tem sido
5
acompanhado pelos indicadores de
produção física industrial. O resultado 4
disso é uma acentuada queda de
produtividade do trabalho na indústria. 3
Segundo a Pesquisa Industrial Mensal 2
de Produção Física (PIM-PF/IBGE), 1
a redução na produção física no
acumulado de janeiro a maio de 2012 foi 0
de 3,4%. A desaceleração da produção
-1
acompanhada da maior demanda de
mão de obra frente à oferta e das -2
pressões salariais que a acompanham
vem reduzindo a produtividade no -3
mai set jan mai set jan mai set jan mai set jan mai
setor industrial. Esse descolamento
2008 2009 2010 2011 2012
provoca importantes pressões sobre
os custos, impactando ainda mais a PEA Ocupação
competitividade da indústria. Fonte: IBGE
5
6. Ano 28, n. 02, abril/junho de 2012
inflação, juros e crédito
Cenário externo adverso tem impacto deflacionário no Brasil
Evolução dos preços dos produtos industriais garante meta de inflação em 2012
A inflação nos últimos três meses mante- A taxa acumulada em 12 meses dos da meta de inflação, com pressão de alta
ve o ritmo de desaceleração apresentado preços dos alimentos vinha mostrando sobre o IPCA.
no início do ano. O IPCA, índice oficial desaceleração até maio (passou de
para o estabelecimento de metas de 6,9% em janeiro para 6,3% em maio). Os preços dos serviços apresentam leve
inflação, apresentou alta de 4,92% no Contudo, o dado de junho mostrou desaceleração no ano. A taxa acumulada
acumulado em 12 meses. Em janeiro, inversão na tendência, passando para em 12 meses do grupo passou de 9,0%
essa taxa era de 6,22%. um acumulado de 7,3%. em janeiro para 8,3% em junho. O patamar
da inflação dos serviços ainda é o mais alto
Entre os quatro grupos de produtos do Apesar dessa ligeira aceleração, o entre os quatro grupos, devido ao peso dos
IPCA (produtos industriais, administrados, atual patamar é inferior ao do segundo salários nesses preços. A grande depen-
alimentos e serviços), apenas os preços semestre de 2011. Esse comportamento dência do salário mínimo faz com que o
dos alimentos apresentam inflação está em linha com o desempenho dos processo de desaceleração seja mais lento
acumulada em junho superior a janeiro. preços internacionais de commodities, nesse grupo.
Os preços dos serviços mostram desa- que também desaceleraram em
celeração, mas de forma lenta. Assim, comparação a 2011. A tendência para os Os preços dos administrados apresenta-
a desaceleração da inflação vem sendo próximos meses é que não haja maiores ram forte desaceleração entre janeiro e
principalmente explicada pelos preços pressões sobre esses preços. Ainda junho, passando de um acumulado em
dos produtos industriais e administrados. assim, o patamar deve se situar acima 12 meses de 5,8% para 3,6%. Portanto, a
forte pressão sobre o IPCA que os preços
administrados exerceram em 2011 não
deve se repetir este ano, em função da
IPCA por grupos desaceleração de importantes índices de
Acumulado em 12 meses (%) reajuste do grupo (como o IGP-M). A taxa
acumulada no ano dos preços admi-
Preços dos produtos industriais mantêm desaceleração
nistrados deve manter-se ligeiramente
16 abaixo dos 4% até o fim de 2012.
14 Os produtos industriais são hoje o com-
ponente de maior peso no IPCA. Esse
12
grupo já mostrava desaceleração nos
10 preços em 2011, e mantém o processo
no primeiro semestre de 2012. O acu-
8 mulado em 12 meses em junho atingiu
6
1,2%, sendo dessa forma o principal
responsável pela manutenção do IPCA
4 próximo ao centro da meta de 4,5%.
2 Esses produtos pouco foram afetados
pela alteração cambial dos últimos dois
0
jun/08 dez/08 jun/09 dez/09 jun/10 dez/10 jun/11 dez/11 jun/12 meses. A piora no cenário externo e o
Administrados Industriais Alimentação consumo interno menos expansionista
Serviços IPCA acirraram a competição interna, deixan-
do pouco espaço para impactos mais
Fonte: IBGE - Elaboração: CNI expressivos nos preços.
6
7. Ano 28, n. 02, abril/junho de 2012
Outro fato importante para a queda na Saldo total de operações de crédito
inflação do grupo foi a desoneração do IPI Média dos últimos 12 meses contra os 12 meses anteriores
sobre veículos. A redução nos preços des- Saldo de crédito continua desacelerando
ses bens teve uma contribuição negativa
de 1,0 p.p. sobre os preços dos produtos 40
industriais e de 0,26 p.p. sobre o IPCA.
35
Para os próximos meses, a expectativa é
de que haja ligeira aceleração no índice,
30
alcançando um acumulado em 12 meses
em torno de 2,5% em dezembro. Essa
25
alta se dará em função da recomposi-
ção do IPI sobre veículos, prevista para
setembro, e um possível aumento da 20
pressão cambial no fim do ano. Ainda
assim, os preços dos produtos industriais 15
continuarão sendo os que mais contri-
buem para reduzir a inflação. 10
mai/07 dez/07 jul/08 fev/09 set/09 abr/10 nov/10 jun/11 jan/12
Nesse cenário, a expectativa da CNI para Pessoa física Pessoa jurídica
a inflação de 2012 continua a ser de
Fonte: Banco Central do Brasil - Elaboração: CNI
IPCA em 5,0%. Essa estimativa leva em
consideração a deterioração do merca-
do interno e externo, que apresentam mentos, reativar o consumo e estimular o a.a. em outubro, em maio de 2012 a taxa
pressões deflacionárias, e a da política crédito. A CNI acredita que o Copom fará situou-se em 38,8%. Para pessoa jurídica,
monetária expansionista, com reduções pelo menos duas novas reduções na Selic, a taxa alcançou 31,4% em julho de 2011
na Selic mais intensas que o esperado no que alcançaria 7,50%, e então se manteria e caiu para 24,9% em maio de 2012.
início do ano. nessa taxa até o fim do ano.
As concessões com recursos livres,
Piora na economia Com essa redução, a taxa de juros real que desaceleravam desde 2011, se
doméstica justifica novas alcançará em dezembro menos que 3% estabilizaram. Contudo, as novas
reduções na Selic e a taxa de juros real média do ano cairá concessões estão, em grande parte,
para 3,3%. substituindo dívidas antigas (com taxas
Os reflexos da piora no cenário exter- de juros mais altas) por financiamentos
no (principalmente na Europa) sobre o Crédito total desacelera mais baratos, pouco contribuindo para
mercado doméstico tornaram a política aumento no consumo.
mesmo com queda nas
monetária mais ativa. A desaceleração
no consumo interno e a menor deman-
taxas de juros Dois pontos corroboram essa informação.
da internacional têm contribuído para As reduções na Selic e seus reflexos na Primeiro, o aumento nas concessões não
uma inflação em desaceleração, o que queda das taxas de juros aos tomadores foi suficiente para ampliar o saldo total
abriu espaço para que a atual política de (tanto pessoa física como jurídica) ainda de crédito que, pelo contrário, continuam
redução na Selic, iniciada em 2011, se não foram suficientes para a retomada do desacelerando (desde 2011). Segundo, o
intensificasse no corrente ano. crédito. De fato, as taxas de juros médias, comprometimento de renda das famílias
nas concessões de crédito de recursos e o nível de inadimplência estão em altos
Em 2012, o Copom já reduziu a Selic de livres de direcionamento (recursos priva- patamares, o que abre pouco espaço para
11,00% em janeiro para 8,50% em maio. dos da instituição financeira) apresenta- aumento no endividamento e desestimula
O cenário de menor crescimento esperado ram queda nos últimos meses. a concessão por parte do banco. Nesse
para o ano e de inflação em desaceleração cenário, a expansão no crédito terá
sugere que novas reduções serão efe- Para pessoa física, enquanto que a taxa pequena contribuição para aumentar o
tuadas, de forma a alavancar os investi- anual em 2011 chegou a alcançar 47,1% consumo em 2012.
7
8. Ano 28, n. 02, abril/junho de 2012
política fiscal
Gastos públicos aumentam na tentativa de conter
desaceleração da economia
Despesas de estados e municípios devem acelerar nos próximos meses
A política fiscal se caracterizou pela forte Para promover uma política fiscal mais ex- real de 5,9% entre janeiro e abril, na com-
expansão dos gastos no segundo trimes- pansionista no segundo trimestre, o Gover- paração com o mesmo período de 2011.
tre. Esse era o comportamento esperado no Federal utilizou-se, principalmente, das No primeiro bimestre a expansão havia
desde o final de 2011, mas ainda não tinha despesas com custeio e investimentos. As sido de 2,1%. Nesse caso, a aproxima-
sido notado nos primeiros meses de 2012. despesas com custeio cresceram 17,7% ção das eleições municipais e o início do
Tanto o Governo Federal como os governos nos primeiros cinco meses do ano, contra segundo ano de mandato dos governado-
regionais aceleraram suas despesas. aumento de apenas 1,9% no primeiro res – o primeiro ano é tradicionalmente
bimestre. Já os investimentos (dados do marcado por menores gastos – explicam o
No caso do Governo Federal, o aumento SIAFI) ainda apresentam queda real de crescimento das despesas.
no ritmo de elevação dos gastos busca 4,5% entre janeiro e maio de 2012, quando
estimular uma atividade econômica comparados aos realizados nos mesmos
em clara desaceleração. O gasto total
Comportamento das receitas
meses de 2011. Entretanto, essa queda foi é divergente entre Governo
registrou aumento real de 7,0% nos cinco de 27,3% no primeiro bimestre.
primeiros meses de 2012, na comparação Federal e governos regionais
com o mesmo período de 2011. Esse As despesas dos estados e municípios A receita líquida do governo federal teve
ritmo de expansão superou amplamente o também elevaram o ritmo de crescimento aumento real de 9,1% até fevereiro, na
observado no primeiro bimestre (3,3%). nos últimos meses e mostraram aumento comparação com 2011. Esse crescimento
Crescimento real das despesas do Governo Federal e do PIB se reduziu para 5,7% quando se observa
os dados dos primeiros cinco meses. O
Taxa de crescimento real (%)
comportamento das receitas não adminis-
Despesas do Governo Federal crescem significativamente acima do tradas pela Receita Federal explica grande
PIB nos primeiros meses de 2012 parte dessa queda, pois foi fortemente
12 influenciado por dividendos e compen-
sações financeiras no primeiro bimestre.
10 Diferentemente do que ocorreu no
Governo Federal, nos estados e municípios
8 o ritmo de crescimento das receitas, que
até fevereiro era de 2,4%, subiu para 4,6%
6
nos primeiros quatro meses de 2012, com
4
relação ao mesmo período de 2011.
A expressiva aceleração nas despesas do
2
setor público, aliada à perda de força no
0 crescimento da receita do Governo Fede-
ral, levou à queda do superávit primário.
-2 No Governo Federal, o resultado primário
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012* acumulado em 12 meses caiu de 2,45%,
em fevereiro, para 2,2% do PIB, em maio.
Despesas do Governo Federal PIB No caso dos estados e municípios, a que-
Fonte: Tesouro Nacional, IBGE e Banco Central do Brasil da foi menor e o superávit primário passou
Obs: * Despesas deflacionadas pelo IPCA na comparação de jan-mai/2012 com jan-mai/11
* PIB 2012: IBC/BR do Banco Central na comparação de jan-abr/2012 com jan-abr/11 de 0,85% para 0,77% do PIB. Dessa forma,
8
9. Ano 28, n. 02, abril/junho de 2012
o superávit primário do setor público Evolução da Dívida Líquida do Setor Público
consolidado passou de 3,3%, em fevereiro, Em relação ao PIB (%)
para 3,0% do PIB, em maio.
Endividamento público com relação ao PIB deve cair pelo terceiro
A queda do superávit primário levou a uma ano consecutivo em 2012
ligeira elevação no déficit nominal acumu- 50
lado nos últimos 12 meses, que passou
de 2,3% para 2,4% do PIB, entre fevereiro
e maio. Esse aumento ocorreu a despeito
da redução nas despesas com juros, que
passaram de 5,65% para 5,4% do PIB
entre esses meses. O aumento do déficit
40
nominal foi mais que compensado pelo
ajuste cambial feito nas dívidas interna e
externa e a relação Dívida Líquida/PIB caiu
de 36,4%, em dezembro de 2011, para
35,0%, em maio.
Expansão das despesas 30
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012*
deve manter o ritmo no
segundo semestre Fonte: Banco Central do Brasil - * Estimativa CNI
A política fiscal deve manter-se expansio-
nista nos próximos meses. A expectativa
é que o Governo Federal mantenha o ritmo tributárias anunciadas pelo Governo Fe- se manter, devido aos efeitos da fraca
de crescimento das despesas próximo deral no primeiro semestre; não reedição atividade econômica sobre o ICMS e as
ao verificado nos primeiros cinco meses do volume de receitas extraordinárias transferências da União. Assim, projeta-
de 2012 e que os governos regionais obtido em meados de 2011; perda de mos superávit primário de R$ 33,0 bilhões
acelerem um pouco o ritmo de aumento ritmo do crescimento das receitas com (0,75% do PIB) para estados e municípios.
dos seus gastos. dividendos e compensações financeiras;
e reduzido nível de atividade econômica. Dessa forma, o superávit primário pro-
No caso do Governo Federal, deve ocorrer Com isso, projetamos crescimento real jetado para o setor público consolidado
uma aceleração nos investimentos, que de 3,7% para a receita. em 2012 é de R$ 111,0 bilhões (2,5% do
tiveram queda real nos primeiros cinco PIB). Esse resultado ficaria abaixo da meta
meses do ano e para os quais esperamos Nesse cenário, o superávit primário cheia de R$ 139,8 bilhões (3,15% do PIB)
crescimento próximo a 15,0%. Por outro estimado para o Governo Federal e suas e também do observado em 2011 (3,1%
lado, despesas com previdência e bene- estatais em 2012 é de R$ 78,0 bilhões do PIB).
fícios assistenciais já sofreram o impacto (1,75% do PIB estimado pela CNI). O
cumprimento da meta cheia do resultado A queda esperada no superávit primário
do reajuste do salário mínimo e devem
primário – sem descontos das despesas deverá ser mais do que compensada pelo
ter seu ritmo de crescimento mantido no
do PAC – exigiria contenção adicional de efeito da queda da taxa Selic sobre as des-
segundo semestre. Dessa forma, proje-
despesas de R$ 19,0 bilhões. Porém, dada pesas com juros, que devem cair de 5,7%,
tamos crescimento real de 6,6% para os
a intenção de utilizar a política fiscal para em 2011, para 4,9% do PIB, em 2012.
gastos federais em 2012, na comparação
estimular a atividade econômica, esse Assim, o déficit público nominal deve cair
com 2011.
novo contingenciamento é pouco provável. de 2,6% para 2,4% do PIB. Essa redução
Com relação à receita do Governo do déficit nominal e os ajustes cambiais
Federal, acreditamos que a tendência de Nos governos regionais, o resultado pri- nas dívidas internas e externa deverão
desaceleração no ritmo de crescimento mário também deve cair até o fim do ano. fazer com que a relação Dívida Líquida/PIB
deve continuar. Tal expectativa está ba- O ritmo de aumento das despesas deve caia de 36,4%, em 2011, para 35,1%, em
seada em quatro fatores: desonerações crescer enquanto o das receitas tente a dezembro de 2012.
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10. Ano 28, n. 02, abril/junho de 2012
setor externo e câmbio
Cenário externo mais negativo que o previsto
Câmbio mostra desvalorização no trimestre
O real mostrou forte desvalorização nos medidas que controlavam a entrada de mostra queda na comparação entre os
primeiros dois meses do trimestre e eleva- capitais para oferecer maior liquidez e primeiros semestres de 2012 e 2011, pela
da instabilidade em junho. Frente ao dólar, conter a valorização do dólar. média diária: manufaturados (-1,0%), bási-
a moeda brasileira mostrou desvalorização cos (-1,4%) e semimanufaturados (-6,5%).
de 9,5% em apenas dois meses (média A elevada instabilidade da taxa de câm-
bio deve se manter no terceiro trimestre As exportações brasileiras estão sendo
de junho na comparação com a média de
dado o cenário externo. Salvo mudanças fortemente afetadas pelo cenário externo
maio). Em junho, a média mensal mostrou
mais bruscas no cenário mundial, é espe- negativo. A China, principal parceira co-
nova desvalorização de 1,0%. A taxa de
rada a manutenção do dólar no patamar mercial brasileira, mostra um crescimento
câmbio alcançou o patamar de R$ 2,00/
atual. A média anual deverá ser próxima mais fraco que o previsto, afetando o su-
US$ pela primeira vez desde 2009.
a R$ 1,94/US$. deste asiático como um todo. Da mesma
Há fatores internos e externos contri- forma, a economia americana se recupera
buindo para a desvalorização do real. O Quantidade exportada mais lentamente do que previsto no
principal fator de origem doméstica é crescerá pouco em 2012 início do ano. Há também os efeitos dos
a queda dos juros. Já o principal fator problemas econômicos da Argentina e a
As exportações brasileiras somaram US$
externo é a elevada incerteza da eco- recente prática de restrições às importa-
117,2 bilhões no acumulado no ano até
nomia mundial, que está aumentando a ções, refletindo em forte queda de nossas
junho de 2012. Pela média diária, trata-se
demanda pela moeda americana. Diante vendas para o país (-16,0% no acumulado
de uma queda de 1,7% na comparação
desse cenário, o Banco Central tem reali- até junho).
com igual período de 2011. O valor
zado operações com a moeda e removeu
exportado de todos os grupos de produtos No cenário europeu, a incerteza continua
a dominar, sem nenhuma melhora com
Evolução da taxa de câmbio real/dólar
relação ao previsto no final do ano passa-
Cotação de fechamento PTAX do. Em maior ou menor grau, suas eco-
Câmbio mostra instabilidade em junho nomias estão envoltas em desemprego,
fraca atividade econômica e dificuldades
fiscais. A Zona do Euro poderá registrar
2,20
queda do PIB em 2012.
2,10 As circunstâncias adversas estão
afetando tanto preços como quantidades
2,00 exportadas. O volume exportado, que ha-
via crescido 5,5% no primeiro trimestre,
1,90 mostra no acumulado até maio um cresci-
mento de 3,7% na comparação com o
1,80 mesmo período de 2011. Todos os grupos
de produto mostram crescimento menor
1,70 em maio do que no primeiro trimestre.
Em maio, apenas os básicos apresentam
1,60 crescimento mais relevante (7,0%), ante
jan/12 fev/12 mar/12 abr/12 mai/12 jun/12 jul/12
apenas 0,6% para semimanufaturados e
Fonte: Banco Central do Brasil
0,9% para manufaturados.
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11. Ano 28, n. 02, abril/junho de 2012
Quanto aos preços, a tendência recente é Evolução do PIB
de redução. Em 12 meses, todos os grupos Valores para 2011 e projeções para 2012
de produtos mostram variações positivas:
Previsões para cenário externo são cada vez mais pessimistas
básicos (11,1%), semimanufaturados
(10,9%) e manufaturados (10,3%). No 9,2
10,0
acumulado em 2012, no entanto, somente 8,4 8,2 8,9
manufaturados registram crescimento
8,0
(4,3%), em contraste com semimanufatu-
rados (queda de 1,0%) e básicos (-3,6%). 6,0
O desempenho das exportações em 3,7
4,0
2012 será determinado, principalmente, 2,7 2,5 2,5 2,2 2,1 2,2
pela trajetória dos preços e não pelas 1,7
1,6
2,0
quantidades, uma vez que o cenário
externo impede um crescimento do 0,0
volume exportado expressivo. Os preços -0,3 -0,3
das commodities apresentam grande -2,0
incerteza. A isso, adiciona-se o cenário Mundo Estados Unidos China Zona do Euro Argentina
de câmbio, também muito instável no 2011 Previsão 2012 (Janeiro) Previsão 2012 (Junho)
segundo trimestre de 2012 e possivel- Fonte: Banco Mundial
mente, também no terceiro trimestre,
devido ao cenário internacional. Supon- O ritmo de expansão do volume importa- 2011: US$ 20,2 bilhões, contra US$ 29,8
do moderação dos preços em 2012 e do está estável, mantendo-se em torno bilhões no ano passado.
estabilidade no câmbio, as exportações de 3% desde o início do ano. As compras
devem fechar o ano em torno de US$ de bens de consumo não-duráveis e de Déficit em transações
263 bilhões – crescimento de 2,6% em combustíveis e lubrificantes mostram os correntes crescem
relação a 2011. maiores crescimentos na comparação moderadamente
Importações crescem mais entre os primeiros semestres de 2011 e O déficit em transações correntes, acumu-
2012: 12,9% e 8,6%, respectivamente.
que exportações lado no ano até maio, alcançou US$ 20,9
As compras de intermediários refletem bilhões, ante US$ 22,6 bilhões no mesmo
As importações totalizaram US$ 110,1 bi- o mau momento da indústria e registram período de 2011. O déficit acumulado em
lhões no primeiro semestre de 2012, valor queda de 0,8%. 12 meses até maio é US$ 50,9 bilhões, o
3,7% superior ao registrado em igual perío- equivalente a 2,11% do PIB.
O ritmo de crescimento das importações
do de 2011, pela média diária. Destaca-se,
em 2012 deverá ser menor que em 2011, Os saldos de serviços e rendas, em
nessa comparação, o crescimento das
mas continuará superior à expansão das especial, lucros e dividendos, viagens e
importações de bens de consumo não-
vendas externas. A taxa de câmbio e as transportes deverão manter-se relativa-
-duráveis (12,2%), bem como combustí-
condições da demanda brasileira conti- mente constantes, reagindo ao câmbio
veis e lubrificantes (13,7%).
nuarão a estimular a importação de bens mais desvalorizado que em 2011 e à
Os preços de importação lideram o cres- de consumo, mas em menor grau do que demanda doméstica mais fraca. O déficit
cimento do valor importado, mantendo-se previsto anteriormente. As compras de em transações correntes deverá aumentar
em patamar elevado. Os preços estão produtos intermediários também serão moderadamente ao longo do ano, por con-
4,2% maiores em relação ao primeiro mais moderadas, devido ao menor cresci- ta do menor saldo comercial. Espera-se
semestre de 2011. Combustíveis e bens mento da indústria. Assim, as importações déficit em transações correntes de US$ 58
de consumo duráveis mostram maior deverão totalizar US$ 243 bilhões – cres- bilhões, cerca de 2,44% do PIB – alta de
crescimento: expansões de 12,5% e 8,4%, cimento de 7% em relação a 2011. Com 1,2 ponto percentual em relação a 2011.
respectivamente. isso, o saldo comercial será menor que em
11
12. Ano 28, n. 02, abril/junho de 2012
perspectivas da economia brasileira
2012
(projeção 2012
2010 2011
anterior - (projeção)
março/12)
Atividade econômica
PIB
7,5% 2,7% 3,0% 2,1%
(variação anual)
PIB industrial
10,4% 1,6% 2,0% 1,6%
(variação anual)
Consumo das famílias
6,9% 4,1% 4,0% 3,5%
(variação anual)
Formação bruta de capital fixo
21,3% 4,7% 5,6% 2,5%
(variação anual)
Taxa de Desemprego 6,7% 6,0% 5,5% 5,5%
(média anual - % da PEA)
Inflação
Inflação
5,9% 6,5% 5,0% 5,0%
(IPCA - variação anual)
Taxa de juros
Taxa nominal de juros
(taxa média do ano) 9,90% 11,76% 9,39% 8,68%
(fim do ano) 10,75% 11,00% 9,00% 7,50%
Taxa real de juros 4,6% 4,8% 4,0% 3,3%
(taxa média anual e defl: IPCA)
Contas públicas
Déficit público nominal
2,48% 2,61% 2,45% 2,40%
(% do PIB)
Superávit público primário
2,70% 3,11% 2,75% 2,50%
(% do PIB)
Dívida pública líquida 39,1% 36,4% 36,0% 35,1%
(% do PIB)
Taxa de câmbio
Taxa nominal de câmbio - R$/US$
(média de dezembro) 1,69 1,83 1,80 2,00
(média do ano) 1,76 1,67 1,80 1,94
Setor externo
Exportações
201,9 256,0 275,4 263,2
(US$ bilhões)
Importações
181,6 226,2 254,6 243,0
(US$ bilhões)
Saldo comercial
20,3 29,8 20,8 20,2
(US$ bilhões)
Saldo em conta corrente -47,5 -52,9 -58,0 -56,0
(US$ bilhões)
INFORME CONJUNTURAL | Publicação trimestral da Confederação Nacional da Indústria - CNI | Gerência Executiva de Política Econômica | Gerente executivo:
Flávio Castelo Branco | Equipe técnica: Danilo César Cascaldi Garcia, Fábio Bandeira Guerra, Isabel Mendes de Faria Marques, Marcelo de Ávila, Marcelo
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Documento elaborado em 06 de julho de 2012.