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Século XX no Brasil - Modernismo
Século XX no Brasil - Modernismo
O começo do século XX no Brasil foi marcado
por fatos que mudaram sua história. Dentre eles
destacam-se o início da produção industrial e a
vinda de grande número de imigrantes de
diversos países. Como consequência o país
assistiu a um expressivo crescimento econômico
e as grandes transformações sociais, resultantes
do convívio com diferentes culturas.
Uma nova arte brasileira
Nesse contexto de grandes mudanças sociais
começou a se desenvolver uma nova arte brasileira,
a princípio na literatura. Escritores como Oswald de
Andrade, Menotti dell Picchia, Mário de Andrade, os
artistas brasileiros deveriam ter como ponto de
partida as raízes nacionais. Assim, ele passou a
expor nos jornais suas ideias renovadoras e a
participar de grupos de artistas unidos em torno de
uma nova proposta para a arte brasileira.
Essa nova busca por novos caminhos ganhou força
com a Semana de Arte Moderna, realizada em
fevereiro de 1922 no Teatro Municipal de São Paulo.
No evento foram apresentados concertos e
conferências, além de exposições de artistas
plásticos.
Lasar Segall
Antes do Movimento Modernista de 1922, foi
Lasar Segall (1891-1957) que proporcionou ao
Brasil o primeiro contato com a arte europeia
mais inovadora. Segall nasceu na Lituânia e
estudou pintura na Alemanha, para onde se
mudou em 1906. em 1912 esteve nos Países
Baixos e em 1913 veio ao Brasil, onde expôs sua
pintura já com nítidas características
expressionistas. Essa exposição foi um dos
acontecimentos precursores da arte moderna no
Brasil.
Lasar Segall retornou ao Brasil em 1924 em 1924 e
fixou residência em São Paulo. A partir daí sua
pintura assumiu aspectos mais próximos da
realidade brasileira.
Segall expõe no Brasil
Observe nesta obra o desenho anguloso e as
cores fortes com que o artista representa as duas
mulheres. São características próprias do pintor
nessa fase de uma produção artística.
Duas amigas (1913), de Lasar Segall. Dimensões: 85 cm X 79 cm.
Museu Lagar Segall.
O Brasil de Segall
Observe nesta obra as cores e a luminosidade
com que o artista representa um menino
segurando uma lagartixa. Ao que parece, um
país ensolarado como o nosso teve reflexos em
sua pintura. Veja também como o artista destaca
apenas as folhas para representar as árvores
que fazem fundo à cena. É como se as folhas,
com seu verde intenso, fossem o elemento mais
importante das árvores.
Menino com lagartixas (1917), de Lasar segall. Museu Lasar Segall.
Anita Malfatti
A exposição de Lasar Segall em 1913 não
causou polêmica. Afinal, tratava-se do trabalho
de um “estrangeiro”, que teria, portanto, o
“direito” de apresentar uma arte estranha ao
gosto brasileiro. Mas com a exposição da pintora
brasileira Anita Malfatti (1889-1964) a reação foi
diferente.
Malfatti, que nasceu em São Paulo e aí realizou
seus primeiros estudos de pintura, teve grande
importância nos fatos que antecederam o
Movimento Modernista de 1922. Em 1912 foi para
Alemanha, onde frequentou a Academia de Belas-
Artes de Berlim. Em 1914, de volta ao Brasil,
realizou sua primeira exposição individual, mas sua
exposição mais famosa foi a de 1917, que provocou
publicações de uma artigo com severas críticas por
parte de monteiro Lobato. Nessa mostra figuram,
por exemplo, A mulher de cabelos verdes e O
homem amarelo, que se tornaram marcos da pintura
brasileira.
Com as críticas desfavoráveis a Anita Malfatti,
muitos artistas uniram-se a ela em busca de uma
arte brasileira livre das regras impostas pelo
academicismo. Eis a grande importância histórica de
Malfatti, ao ser criticada, chamou a atenção dos
artistas inovadores e revelou que sua arte apontava
novos caminhos, principalmente no uso da cor.
O polêmico trabalho de Malfatti
Hoje essas obras de Anita Malfatti não assustam
nem causam estranhamento. Em 1917, porém, a
mulher de rosto anguloso e cabelos verdes e este
homem pintado de amarelo causaram espanto. Na
época, em geral, pensava-se que a arte – em
particular a pintura – deveria imita a realidade. Um
pintor não poderia alguém com cabelos verdes ou
pele exageradamente amarela, pois ninguém é
assim na realidade. Essa foi justamente uma das
novidades trazidas pela arte moderna: a ideia de
que o artista deve ter total liberdade de imaginação
e não se deixar limitar pela realidade.
O homem amarelo (1915), de Anita
Malfatti. Dimensões: 61 cm X 51 cm.
A mulher de cabelos verdes (1915),
de Anita Malfatti. Dimensões: 61 cm X
51 cm. Colação particular.
Di Cavalcanti
Depois das exposições de Segall e
Malfatti, começou a desenvolver-se a ideia de
uma mostra coletiva com o que havia de mais
atualizado no país. Entre os artistas interessados
nisso estava o pintor Di Cavalcanti, um dos
incentivadores da Semana de Arte Moderna de
1922.
Cartaz da Semana de Arte Moderna, 1922.
Di Cavalcanti (1897-1976), chamado Emiliano
Augusto Cavalcanti de Albuquerque Melo, viveu na
Europa e conheceu os artistas mais notáveis da
época. Na década de 1940 sua arte, já
amadurecida, conquistou espaço definitivo na
pintura brasileira. Em sua obra destaca-se a
presença da mulher negra, como podemos ver em
Nascimento de Vênus.
Nascimento de Vênus (1940),
de Di Cavalcanti.
Nascimento de Vênus, de Botticelli.
Di Cavalcanti e a mulher negra
Essa obra é uma referência à famosa pintura de
Botticelli que representa o nascimento de Vênus,
a deusa da beleza, em uma concha sobre o mar.
O trabalho de Di Cavalcanti foi influenciado por
diversos pintores, como Picasso, Gauguin, Matisse
e Braque, mas ele transformou essa influência em
uma produção muito pessoal, associada aos temas
nacionais. É assim, por exemplo, em Pescadores.
Pescadores (1951), de Di Cavalcanti.
O Brasil de Cavalcanti
Observe como essa cena é típica do Brasil: o
casal de pescadores que vende seu produto
próximo ao mar, as pessoas ao fundo com
tabuleiros sobre a cabeça. São personagens que
nos lembram pessoas que vemos na cidades
litorâneas do país. As cores e as formas que Di
Cavalcanti dá a elas, porém, não são realistas;
são escolhas dele.
A geometria em Vicente do Rego
Monteiro
Observe nas duas obras um aspecto
característico da pintura de Vicente do Rego
Monteiro: tanto em um como em outra, a
representação dos corpos está próxima de
formas geométricas. Isso dá ao observador a
ideia de volume e não de uma superfície plana,
como é o caso da pintura.
O menino e a ovelha (1925),
de Vicente do Rego monteiro.
Atirador de arco (1969), de
Vicente do Rego Monteiro.
Vicente do Rego Monteiro
Vicente do Rego Monteiro (1889-1970) nasceu
em Recife e , aos 12 anos, foi estudar pintura na
Europa. Aos 14 anos, já participava do Salão
Independente, em Paris. Voltou ao Brasil em
1917 e participou da Semana de 1922. Depois
sua vida alternou-se entre a França e o Brasil. Na
França recebe críticas favoráveis e teve obras
adquiridas por importantes Menino e ovelha e
Atirador de arco.
Tarsila do Amaral
Com Tarsila do Amaral (1886-1973), nascida em
Capivari, estado de São Paulo, a pintura
brasileira começa a procurar uma expressão
moderna, porém mais ligada às nossas raízes
culturais. Ela não participou da Semana de Arte
Moderna de 1922, mas colaborou decisivamente
para a arte moderna brasileira.
Sua carreira artística começou em 1916. Em 1920
foi para Europa, onde estudou com mestres
franceses até 1922. No mesmo ano veio ao Brasil,
mas em 1923 voltou à Europa, onde passou pela
influência impressionista e, depois cubista. Nessa
fase ligou-se a importantes artistas do modernismo
europeu, como Picasso e Brancusi.
No ano seguinte, novamente no Brasil, iniciou-se a
fase a que se deu nome de pau-brasil,
caracterizada, segundo o crítico Sérgio Milliet (1898-
1966), pelas “cores ditas caipiras, rosas e azuis, as
flores do baú, a estilização geométrica das frutas e
plantas tropicais, dos caboclos e negros, da
melancolia das cidadezinhas, tudo isso enquadrado
na solidez da construção cubista”. É o que pode ser
observado em O mamoeiro.
A fase pau-brasil de Tarsila
Observe na imagem o emprego, em áreas bem
delimitadas, das cores azuis, rosa, verde e
amarelo. Note a estilização na representação de
pessoas, casas plantas e frutas: tudo está
reduzido e seus traços essenciais, lembrando
figuras geométricas, como círculos, retângulos e
triângulos. Veja também a simplicidade e a
tranquilidade da cidadezinha representada na
cena.
O mamoeiro (1925), de Tarsila do Amaral
As obras que Tarsila produziu na década de 1930
expressam a preocupação com os problemas
sociais e com os trabalhadores. Um exemplo
significado desse tema é o quadro Operários.
O trabalho segundo Tarsila
Observe o modo como a pintora expressa o
mundo do trabalho: um grande número de rostos
colocados lado a lado, todos sérios; nenhum
sorriso, pois a preocupação não deixa lugar para
a alegria. São pessoas que nos olham fixamente
como a nos lembrar que é duro o trabalho nas
fábricas, presentes na obra sob a forma de um
prédio austero e chaminés cinzentas.
Operários (1933), de Tarsila do Amaral.
Vitor Brecheret: a escultura brasileira
se moderniza
Foi graças principalmente a Vitor Brecheret
(1894-1955) que, na década de 1920, a escultura
brasileira ganhou um aspecto mais moderno. As
obras de Brecheret afastaram-se da imitação da
realidade e ganharam expressão e formas
geométricas, de linhas simples.
Brecheret produziu muito e criou obras gigantescas,
como Monumento a Caxias e seu mais conhecido
trabalho, Monumento às bandeiras, cuja maquete
apresentou em 1920. Mas ele também assinou
peças delicadas, como Bailarinas e Tocadora de
guitarra.
A grandiosidade do granito
Essa escultura de granito composta por 37
figuras é uma referência às bandeiras,
expedições armadas que, do século XVI ao
século XVIII, partiram principalmente de São
Paulo em direção ao Sertão para capturar
indígenas e procurar minas de ouro e pedras
preciosas. Note a impressão de força e solidez
que o conjunto desperta no observador.
Monumento às bandeiras (1936- 1953), de Vitor Brecheret.
Bailarina (década de 1920), de Vitor Brecheret.
Tocadora de guitarra
(1923), de Vitor Brecheret.
A arte brasileira após a Semana de
Arte Moderna
Depois da Semana de 1922 ganharam destaque
novos artistas plásticos que valorizam a cultura
brasileira. Dentre eles destacam-se os pintores
Portinari, Cícero Dias, Rebolo e Volpi e o escultor
Bruno Giorgi.
Cândido Portinari
No início da 1920 Cândido Portinari (1903-1962)
foi aluno da Escola Nacional de Belas-Artes. Em
1933, depois de uma viagem de estudos ao
exterior, foi viver em Brodósqui, onde nasceu, no
interior de São Paulo. Iniciou, então, sua
experiência com a pintura mural, que seria
importante em sua obra. Nos famosos murais
que pintou em 1938 para o então Ministério da
Educação e Saúde, já aparecem os aspectos que
o tornaram internacionalmente conhecido.
O corpo humano sugerindo volume e os pés
enormes, que transmitem a sensação de que as
figuras se relacionam intimamente com a terra,
sempre representa em tons muito vermelhos.
Portinari retratou retirantes nordestinos, cangaceiros
e temas históricos. Dentre estes destacam-se os
grandes painéis de Tiradentes, hoje no Memorial da
América Latina, em São Paulo, o painel a Guerra e
Paz, pintado em 1957 para a sede da ONU. A
infância em Brodósqui também esteve presente em
sua obra.
Imagem da infância
Observe na imagem as cores alegres das pipas e
das roupas das crianças em contraste com o
vermelho-escuro da terra. Note também a
impressão dos movimentos nas mãos e nos
braços dos meninos e nas roupas, como agitadas
pelo mesmo vento que impulsiona as pipas.
Meninos com pipas (1947), de Cândido Portinari.
O trabalho duro
Observe na imagem as figuras humanas: os pés
e as mãos são bastante grandes; o corpo sugere
volume. Esses detalhes revelam o trabalho duro
nas plantações de café, que exige força e ignora
a fraqueza real das pessoas.
Café (1934), Cândido Portinari.
Bruno Giorgi
Bruno Giorgi (1905-1993) nasceu em Mococa,
interior de São Paulo, mas ainda criança foi com
a família em Roma. Só voltou ao Brasil no fim da
década de 1930, quando aderiu ao Movimento
Modernista. Na década de 1950 passou a
valorizar em suas esculturas a sugestão de
movimentos e vazios, e a harmonizar linhas
curvas e formas angulares. No fim dessa mesma
década começou a usar o bronze e a criar figuras
delgadas. É dessa época, por exemplo, a obra
Os guerreiros, criada para a praça dos Três
Poderes, em Brasília.
Na década de 1960 Bruno Giorgi introduziu duas
inovações em sua obra: a forma geométrica no lugar
das figuras humanas e o mármore branco em lugar
do bronze. É o que podemos observar, por exemplo,
na obra Meteoro.
Os volumes e os vazios
Note como estas figuras de bronze são
alongadas e delgadas. Observe os espaços
vazios entre as duas esculturas, posicionadas
lado a lado: eles também compõem uma forma.
Esse era um dos princípios da escultura
moderna: os volumes e os vazios dão forma à
criação do artista.
Os guerreiros (Candangos) (1995),
de Bruno Giorgi.
A impressão da leveza
Observe que nessa obra de linhas curvas e retas
existem volumes e espaços vazios. Graças a
essa composição temos a impressão de um
objeto muito leve flutuando no espelho-d’água.
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feita em mármore; portanto, bastante pesada.
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Modernismo brasileiro

  • 1. Século XX no Brasil - Modernismo
  • 2. Século XX no Brasil - Modernismo O começo do século XX no Brasil foi marcado por fatos que mudaram sua história. Dentre eles destacam-se o início da produção industrial e a vinda de grande número de imigrantes de diversos países. Como consequência o país assistiu a um expressivo crescimento econômico e as grandes transformações sociais, resultantes do convívio com diferentes culturas.
  • 3. Uma nova arte brasileira Nesse contexto de grandes mudanças sociais começou a se desenvolver uma nova arte brasileira, a princípio na literatura. Escritores como Oswald de Andrade, Menotti dell Picchia, Mário de Andrade, os artistas brasileiros deveriam ter como ponto de partida as raízes nacionais. Assim, ele passou a expor nos jornais suas ideias renovadoras e a participar de grupos de artistas unidos em torno de uma nova proposta para a arte brasileira.
  • 4. Essa nova busca por novos caminhos ganhou força com a Semana de Arte Moderna, realizada em fevereiro de 1922 no Teatro Municipal de São Paulo. No evento foram apresentados concertos e conferências, além de exposições de artistas plásticos.
  • 5. Lasar Segall Antes do Movimento Modernista de 1922, foi Lasar Segall (1891-1957) que proporcionou ao Brasil o primeiro contato com a arte europeia mais inovadora. Segall nasceu na Lituânia e estudou pintura na Alemanha, para onde se mudou em 1906. em 1912 esteve nos Países Baixos e em 1913 veio ao Brasil, onde expôs sua pintura já com nítidas características expressionistas. Essa exposição foi um dos acontecimentos precursores da arte moderna no Brasil.
  • 6. Lasar Segall retornou ao Brasil em 1924 em 1924 e fixou residência em São Paulo. A partir daí sua pintura assumiu aspectos mais próximos da realidade brasileira.
  • 7. Segall expõe no Brasil Observe nesta obra o desenho anguloso e as cores fortes com que o artista representa as duas mulheres. São características próprias do pintor nessa fase de uma produção artística.
  • 8. Duas amigas (1913), de Lasar Segall. Dimensões: 85 cm X 79 cm. Museu Lagar Segall.
  • 9. O Brasil de Segall Observe nesta obra as cores e a luminosidade com que o artista representa um menino segurando uma lagartixa. Ao que parece, um país ensolarado como o nosso teve reflexos em sua pintura. Veja também como o artista destaca apenas as folhas para representar as árvores que fazem fundo à cena. É como se as folhas, com seu verde intenso, fossem o elemento mais importante das árvores.
  • 10. Menino com lagartixas (1917), de Lasar segall. Museu Lasar Segall.
  • 11. Anita Malfatti A exposição de Lasar Segall em 1913 não causou polêmica. Afinal, tratava-se do trabalho de um “estrangeiro”, que teria, portanto, o “direito” de apresentar uma arte estranha ao gosto brasileiro. Mas com a exposição da pintora brasileira Anita Malfatti (1889-1964) a reação foi diferente.
  • 12. Malfatti, que nasceu em São Paulo e aí realizou seus primeiros estudos de pintura, teve grande importância nos fatos que antecederam o Movimento Modernista de 1922. Em 1912 foi para Alemanha, onde frequentou a Academia de Belas- Artes de Berlim. Em 1914, de volta ao Brasil, realizou sua primeira exposição individual, mas sua exposição mais famosa foi a de 1917, que provocou publicações de uma artigo com severas críticas por parte de monteiro Lobato. Nessa mostra figuram, por exemplo, A mulher de cabelos verdes e O homem amarelo, que se tornaram marcos da pintura brasileira.
  • 13. Com as críticas desfavoráveis a Anita Malfatti, muitos artistas uniram-se a ela em busca de uma arte brasileira livre das regras impostas pelo academicismo. Eis a grande importância histórica de Malfatti, ao ser criticada, chamou a atenção dos artistas inovadores e revelou que sua arte apontava novos caminhos, principalmente no uso da cor.
  • 14. O polêmico trabalho de Malfatti Hoje essas obras de Anita Malfatti não assustam nem causam estranhamento. Em 1917, porém, a mulher de rosto anguloso e cabelos verdes e este homem pintado de amarelo causaram espanto. Na época, em geral, pensava-se que a arte – em particular a pintura – deveria imita a realidade. Um pintor não poderia alguém com cabelos verdes ou pele exageradamente amarela, pois ninguém é assim na realidade. Essa foi justamente uma das novidades trazidas pela arte moderna: a ideia de que o artista deve ter total liberdade de imaginação e não se deixar limitar pela realidade.
  • 15. O homem amarelo (1915), de Anita Malfatti. Dimensões: 61 cm X 51 cm. A mulher de cabelos verdes (1915), de Anita Malfatti. Dimensões: 61 cm X 51 cm. Colação particular.
  • 16. Di Cavalcanti Depois das exposições de Segall e Malfatti, começou a desenvolver-se a ideia de uma mostra coletiva com o que havia de mais atualizado no país. Entre os artistas interessados nisso estava o pintor Di Cavalcanti, um dos incentivadores da Semana de Arte Moderna de 1922.
  • 17. Cartaz da Semana de Arte Moderna, 1922.
  • 18. Di Cavalcanti (1897-1976), chamado Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque Melo, viveu na Europa e conheceu os artistas mais notáveis da época. Na década de 1940 sua arte, já amadurecida, conquistou espaço definitivo na pintura brasileira. Em sua obra destaca-se a presença da mulher negra, como podemos ver em Nascimento de Vênus.
  • 19. Nascimento de Vênus (1940), de Di Cavalcanti. Nascimento de Vênus, de Botticelli.
  • 20. Di Cavalcanti e a mulher negra Essa obra é uma referência à famosa pintura de Botticelli que representa o nascimento de Vênus, a deusa da beleza, em uma concha sobre o mar.
  • 21. O trabalho de Di Cavalcanti foi influenciado por diversos pintores, como Picasso, Gauguin, Matisse e Braque, mas ele transformou essa influência em uma produção muito pessoal, associada aos temas nacionais. É assim, por exemplo, em Pescadores.
  • 22. Pescadores (1951), de Di Cavalcanti.
  • 23. O Brasil de Cavalcanti Observe como essa cena é típica do Brasil: o casal de pescadores que vende seu produto próximo ao mar, as pessoas ao fundo com tabuleiros sobre a cabeça. São personagens que nos lembram pessoas que vemos na cidades litorâneas do país. As cores e as formas que Di Cavalcanti dá a elas, porém, não são realistas; são escolhas dele.
  • 24. A geometria em Vicente do Rego Monteiro Observe nas duas obras um aspecto característico da pintura de Vicente do Rego Monteiro: tanto em um como em outra, a representação dos corpos está próxima de formas geométricas. Isso dá ao observador a ideia de volume e não de uma superfície plana, como é o caso da pintura.
  • 25. O menino e a ovelha (1925), de Vicente do Rego monteiro. Atirador de arco (1969), de Vicente do Rego Monteiro.
  • 26. Vicente do Rego Monteiro Vicente do Rego Monteiro (1889-1970) nasceu em Recife e , aos 12 anos, foi estudar pintura na Europa. Aos 14 anos, já participava do Salão Independente, em Paris. Voltou ao Brasil em 1917 e participou da Semana de 1922. Depois sua vida alternou-se entre a França e o Brasil. Na França recebe críticas favoráveis e teve obras adquiridas por importantes Menino e ovelha e Atirador de arco.
  • 27. Tarsila do Amaral Com Tarsila do Amaral (1886-1973), nascida em Capivari, estado de São Paulo, a pintura brasileira começa a procurar uma expressão moderna, porém mais ligada às nossas raízes culturais. Ela não participou da Semana de Arte Moderna de 1922, mas colaborou decisivamente para a arte moderna brasileira.
  • 28. Sua carreira artística começou em 1916. Em 1920 foi para Europa, onde estudou com mestres franceses até 1922. No mesmo ano veio ao Brasil, mas em 1923 voltou à Europa, onde passou pela influência impressionista e, depois cubista. Nessa fase ligou-se a importantes artistas do modernismo europeu, como Picasso e Brancusi.
  • 29. No ano seguinte, novamente no Brasil, iniciou-se a fase a que se deu nome de pau-brasil, caracterizada, segundo o crítico Sérgio Milliet (1898- 1966), pelas “cores ditas caipiras, rosas e azuis, as flores do baú, a estilização geométrica das frutas e plantas tropicais, dos caboclos e negros, da melancolia das cidadezinhas, tudo isso enquadrado na solidez da construção cubista”. É o que pode ser observado em O mamoeiro.
  • 30. A fase pau-brasil de Tarsila Observe na imagem o emprego, em áreas bem delimitadas, das cores azuis, rosa, verde e amarelo. Note a estilização na representação de pessoas, casas plantas e frutas: tudo está reduzido e seus traços essenciais, lembrando figuras geométricas, como círculos, retângulos e triângulos. Veja também a simplicidade e a tranquilidade da cidadezinha representada na cena.
  • 31. O mamoeiro (1925), de Tarsila do Amaral
  • 32. As obras que Tarsila produziu na década de 1930 expressam a preocupação com os problemas sociais e com os trabalhadores. Um exemplo significado desse tema é o quadro Operários.
  • 33. O trabalho segundo Tarsila Observe o modo como a pintora expressa o mundo do trabalho: um grande número de rostos colocados lado a lado, todos sérios; nenhum sorriso, pois a preocupação não deixa lugar para a alegria. São pessoas que nos olham fixamente como a nos lembrar que é duro o trabalho nas fábricas, presentes na obra sob a forma de um prédio austero e chaminés cinzentas.
  • 34. Operários (1933), de Tarsila do Amaral.
  • 35. Vitor Brecheret: a escultura brasileira se moderniza Foi graças principalmente a Vitor Brecheret (1894-1955) que, na década de 1920, a escultura brasileira ganhou um aspecto mais moderno. As obras de Brecheret afastaram-se da imitação da realidade e ganharam expressão e formas geométricas, de linhas simples.
  • 36. Brecheret produziu muito e criou obras gigantescas, como Monumento a Caxias e seu mais conhecido trabalho, Monumento às bandeiras, cuja maquete apresentou em 1920. Mas ele também assinou peças delicadas, como Bailarinas e Tocadora de guitarra.
  • 37. A grandiosidade do granito Essa escultura de granito composta por 37 figuras é uma referência às bandeiras, expedições armadas que, do século XVI ao século XVIII, partiram principalmente de São Paulo em direção ao Sertão para capturar indígenas e procurar minas de ouro e pedras preciosas. Note a impressão de força e solidez que o conjunto desperta no observador.
  • 38. Monumento às bandeiras (1936- 1953), de Vitor Brecheret.
  • 39. Bailarina (década de 1920), de Vitor Brecheret. Tocadora de guitarra (1923), de Vitor Brecheret.
  • 40. A arte brasileira após a Semana de Arte Moderna Depois da Semana de 1922 ganharam destaque novos artistas plásticos que valorizam a cultura brasileira. Dentre eles destacam-se os pintores Portinari, Cícero Dias, Rebolo e Volpi e o escultor Bruno Giorgi.
  • 41. Cândido Portinari No início da 1920 Cândido Portinari (1903-1962) foi aluno da Escola Nacional de Belas-Artes. Em 1933, depois de uma viagem de estudos ao exterior, foi viver em Brodósqui, onde nasceu, no interior de São Paulo. Iniciou, então, sua experiência com a pintura mural, que seria importante em sua obra. Nos famosos murais que pintou em 1938 para o então Ministério da Educação e Saúde, já aparecem os aspectos que o tornaram internacionalmente conhecido.
  • 42. O corpo humano sugerindo volume e os pés enormes, que transmitem a sensação de que as figuras se relacionam intimamente com a terra, sempre representa em tons muito vermelhos. Portinari retratou retirantes nordestinos, cangaceiros e temas históricos. Dentre estes destacam-se os grandes painéis de Tiradentes, hoje no Memorial da América Latina, em São Paulo, o painel a Guerra e Paz, pintado em 1957 para a sede da ONU. A infância em Brodósqui também esteve presente em sua obra.
  • 43. Imagem da infância Observe na imagem as cores alegres das pipas e das roupas das crianças em contraste com o vermelho-escuro da terra. Note também a impressão dos movimentos nas mãos e nos braços dos meninos e nas roupas, como agitadas pelo mesmo vento que impulsiona as pipas.
  • 44. Meninos com pipas (1947), de Cândido Portinari.
  • 45. O trabalho duro Observe na imagem as figuras humanas: os pés e as mãos são bastante grandes; o corpo sugere volume. Esses detalhes revelam o trabalho duro nas plantações de café, que exige força e ignora a fraqueza real das pessoas.
  • 47. Bruno Giorgi Bruno Giorgi (1905-1993) nasceu em Mococa, interior de São Paulo, mas ainda criança foi com a família em Roma. Só voltou ao Brasil no fim da década de 1930, quando aderiu ao Movimento Modernista. Na década de 1950 passou a valorizar em suas esculturas a sugestão de movimentos e vazios, e a harmonizar linhas curvas e formas angulares. No fim dessa mesma década começou a usar o bronze e a criar figuras delgadas. É dessa época, por exemplo, a obra Os guerreiros, criada para a praça dos Três Poderes, em Brasília.
  • 48. Na década de 1960 Bruno Giorgi introduziu duas inovações em sua obra: a forma geométrica no lugar das figuras humanas e o mármore branco em lugar do bronze. É o que podemos observar, por exemplo, na obra Meteoro.
  • 49. Os volumes e os vazios Note como estas figuras de bronze são alongadas e delgadas. Observe os espaços vazios entre as duas esculturas, posicionadas lado a lado: eles também compõem uma forma. Esse era um dos princípios da escultura moderna: os volumes e os vazios dão forma à criação do artista.
  • 50. Os guerreiros (Candangos) (1995), de Bruno Giorgi.
  • 51. A impressão da leveza Observe que nessa obra de linhas curvas e retas existem volumes e espaços vazios. Graças a essa composição temos a impressão de um objeto muito leve flutuando no espelho-d’água. Na verdade, porém, estamos diante de uma obra feita em mármore; portanto, bastante pesada.
  • 52. Meteoro (1967), de Bruno Giorgi.