O documento descreve a história da música popular no Brasil dos séculos XVI e XVII, quando os portugueses começaram a colonizar o país. A música nesses primeiros séculos era principalmente européia e religiosa, trazida pelos missionários católicos. Havia também cantos indígenas e, posteriormente, influências africanas, mas a contribuição desses povos foi modesta nesse período inicial da colonização.
2. Antes da ocupação do Brasil pelos portugueses em 1500, a Europa passava por várias transformações culturais, sociais e economicas em virtude da expansão maritima e do comércio. Em Lixboa sobre lo mar (João Zorro, Lisboa, séc. XIII) Quantas sabedes amar amigo (Martin Codax, Galiza, séc. XIII)
3. Havia o crescimento dos grandes centros comerciais em detrimento do mundo rural vigente até então. 'A aceleração da divisão do trabalho provocada pelo nomo modo de produção para o comércio, com base na apropriação de matéria-prima e pagamento de serviços em dinheiro, gerava uma infinidade de problemas até então desconhecidos'. Ferrar panos (Tradicional, João Pessoa, Pb - rec. por Mário de Andrade, 1928) Meus olhos van per lo mare (Anôn. séc. XVI, Cancioneiro Barbieri)
4. Essa migração provocou mudanças na forma das manifestações culturais de forma que, enquanto no mundo rural a produção era basicamente em grupo, nos grandes centros essa produção passou a ser individualizada. É esse tipo de cultura que foi trazido para a colônia nos primeiros anos de ocupação do país. Rema que rema (Tradicional, Souza, Pb - rec. pela Missão de Pesq. Folclóricas, 1938) Sr. piloto, nosso leme está quebrado (Tradicional,João pessoa, Pb. - rec. por Mário de Andrade, 1928-29) Ay, Santa Maria, valed-me! (Anôn. séc. XV, Cancioneiro de La Colombina) Tu, gitana, que adevinas( Anôn. séc. XVI, Cancioneiro de Elvas)
5. 'Os duzentos primeiros anos da colonização brasileira nada mais representam do que uma reprodução'. Nos dois primeiros séculos de colonização portuguesa, a música que se fez no Brasil estava diretamente vinculada à Igreja e à catequese. Cantos Tupinambás (Rec. por Jean de Léry) Salmo 130 (De profundis) (Martin Luter, 1523, cit. por Hans Staden em Warhaftige Historia und Bescheibung..., 1557)
6. Os Franciscanos e os Jesuítas foram os principais divulgadores. Porém eram baseadas sempre no cantochão e ao gênero de música renascentista, sobretudo a portuguesa. Escreviam 'autos' em português e na língua local, ensinavam a crianças indígenas a cantar, dançar, tocar flauta, gaitas, tambores, viola e até cravo.
7. Dizem que em meados do séc. XVI existiam aldeias com pequenas escolas de música. Entretanto, a contribuição indígena para a formação da musica brasileira foi modesto, pelo menos nestes primeiros séculos. Ver: 'A Missão' com Robert de Niro Anterior: Quien te visitò Isabel? (Pe. José de Anchieta, 1595 eMúsica: Francisco Salinas) Xe Tupinambá guasú (Pe. José de Anchieta, 1595) Mira el malo (Pe. José de Anchieta e Música: Juan Bermudo) Mira Nero! (Pe. José de Anchieta e Música de Mateo Flecha em Las ) Ensaladas, Praga, 1581)
8. A música colonial permaneceu essencialmente européia, apesar de quase exclusivamente interpretada por mulatos e negros. As primeiras cantigas e ritmos propriamente brasileiros aparecerão (pelo menos em documentos) em meados do século XVII. Martim Afonso de Souza Mem de Sá
9. Audição: Teatro do Descobrimento Música no Brasil nos séculos XVI e XVII Anna Maria Kieffer (concepção) Cantigas ibéricas (sécs. XIII-XVI) Cantigas tradicionais brasileiras Cantos indígenas recolhidos por Jean de Léry, Hans Staden, José de Anchieta e Gregório de Matos Música no Brasil holandês - A Sinagoga do Recife A presença africana Anna Maria Kieffer, mezzo-soprano Ruben Araujo, tenor David Kullock, barítono Mario Solimene, baixo André Litwak Gassoul, shofar (participação) ANIMA: Isa Taube, soprano Ivan Vilela, violas João Carlos Dalgalarrondo, percussão Luiz Henrique Fiaminghi, rabecas brasileiras Patricia Gatti, cravo Valeria Bittar, flautas doces e buzinas
10. A viagem 1. Em Lixboa sobre lo mar (João Zorro, Lisboa, séc. XIII) Quantas sabedes amar amigo (Martin Codax, Galiza, séc. XIII) 2. Ferrar panos (Tradicional, João Pessoa, Pb - rec. por Mário de Andrade, 1928) Meus olhos van per lo mare (Anôn. séc. XVI, Cancioneiro Barbieri) 3. Parti ledo por te ver (Anôn. séc. XVI, Cancioneiro de Elvas) Manuel, tu não embarques (Tradicional, Penha, Rio Grande do Norte - rec. por Mário de Andrade, 1928-29) 4. Rema que rema (Tradicional, Souza, Pb - rec. pela Missão de Pesq. Folclóricas, 1938) Sr. piloto, nosso leme está quebrado (Tradicional,João pessoa, Pb. - rec. por Mário de Andrade, 1928-29) Ay, Santa Maria, valed-me! (Anôn. séc. XV, Cancioneiro de La Colombina) Tu, gitana, que adevinas( Anôn. séc. XVI, Cancioneiro de Elvas) 5. Romance da Nau Catarineta (Tradicional, citado por Pereira de Melo em A música no Brasil, Bahia, 1909) 6. Toda noite e todo o dia (Anôn. séc. XVI, cancioneiro de Elvas)
11. Terra Brasilis 7. Cantos Tupinambás (Rec. por Jean de Léry) Salmo 130 (De profundis) (Martin Luter, 1523, cit. por Hans Staden em Warhaftige Historia und Bescheibung..., 1557) 8. Quien te visitò Isabel? (Pe. José de Anchieta, 1595 eMúsica: Francisco Salinas) Xe Tupinambá guasú (Pe. José de Anchieta, 1595) Mira el malo (Pe. José de Anchieta e Música: Juan Bermudo) 9. Mira Nero! (Pe. José de Anchieta e Música de Mateo Flecha em Las ) Ensaladas, Praga, 1581) 10. Bendito do Menino Jesus (Tradicional, Brejo da Madre de Deus, Pe - rec. por Fernando Lébeis, 1960)
12. A flauta de Matuiú 11. Variações sobre Wilhelmus Van Nassouwen (Jacob Van Eyck, Holanda, a partir de Philippa de Marnix, ca. 1595) 12. Marinícolas / Marizápalos (Gregório de Matos Guerra ca. 1668 e Música: Libro de varias curiosidades, Peru, séc. XVII) 13. Sapateiro novo (Aboio tradicional, Ce - rec. por Leonel Silva, antes de 1928) 14. Zecher asiti leniflaot El (Isaac Aboab da Fonseca, Recife, 1646 e Música: David Kullock, 1999) 15. Mi chamocha (Isaac Aboab da Fonseca, Recife, 1646) 16. Az lashir moshé (Tradicional, cantado no Recife en 1648) 17. Baiano do boi (Tradicional, Bom Jardim, Rio Grande do Norte - rec. por Mário de Andrade, 1928-29) 18. Cantiga de engenho (Tradicional, Natal, Rio Grande do Norte - rec. por Mário de Andrade, 1928-29); Canto de quilombo (Tradicional, Alagoas) Refrão do Maracatu Misterioso (Antônio José Madureira e Marcelo Varela) 19. Congada (Tradicional, Ilha Bela, São Paulo - rec. por Paulo Dias e Marcelo Manzatti, 1994) 20. A barca nova (Tradicional, Alagoa Grande, PB. - rec. pela Missão de Pesq. Folclóricas, 1938)