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O que faz o mucuri, Mucuri?
Valeu-se mesmo (Thomaz Baldow)
                                    Nosso sangue, suor e sal.
Quanto vale o Vale?                 Nossa vida e o próprio mal.
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Nós, os morros e as pedras:         Sou de onde faço ouvir a terra
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Fazemos te valer o que vale.
A partir do livro “O que faz o brasil, Brasil” de Roberto DaMatta, faremos
algumas reflexões sobre nossa identidade, estaremos envoltos nas
névoas de perguntas quais suas respostas um dia irão contribuir para
descobrirmos quem somos.
Vamos à frente então:
          o que faz o mucuri, Mucuri?


Que Krenhuh Jissa Kiju nos ajude!
“A identidade cultural é um sistema de representação das relações entre
indivíduos e grupos, que envolve o compartilhamento de patrimônios
comuns como a língua, a religião, as artes, o trabalho, os esportes, as
festas, entre outros.

É um processo dinâmico, de construção continuada, que se alimenta de
várias fontes no tempo e no espaço (OLIVEIRA, 2010)”.
“Identidade cultural é um processo dinâmico, de construção continuada,
que sistematiza relações entre indivíduos e grupos e envolve o
compartilhamento de patrimônios comuns, tangíveis e intangíveis, como
a língua, a religião, as artes, o trabalho, os esportes e as festas, entre
outros (Observatório Itaú Cultural)”.
Então este Vale é:

“Não se trata de algo inerte, mas de uma entidade viva, cheia de
autorreflexão e consciência: algo que se soma se alarga para o futuro e
para o passado, num movimento próprio que se chama História
(DAMATTA, 1984)”.
Nossa identidade está:

“[...] nas leis e nas nobres artes da política e da economia, das quais
temos que falar sempre num idioma oficial e dobrando a língua; mas
também na comida que comemos, na roupa que vestimos, na casa
conde moramos e na mulher que amamos e adoramos (DAMATTA,
1984)”.
“A construção de uma identidade social [e cultural], então, como a
construção de uma sociedade, é feita por afirmativas ou negativas diante
de certas questões.

Tome uma lista de tudo o que você considera importante – leis, ideias
relativas a família, casamento e sexualidade; dinheiro; poder político;
religião e moralidade; artes; comida e prazer em geral – e com ela você
poderá saber quem é quem (DAMATTA, 1984)”.
“Descobrindo como as pessoas se posicionam e atualizam as ‘coisas’
desta lista, você fará um ‘inventário’ de identidades sociais e de
sociedades.

Ou, como se diz em linguagem antropológica, a cultura ou ideologia de
cada sociedade. Porque, para mim, a palavra cultura exprime
expressamente um estilo, um modo e um jeito, repito, de fazer coisas
(DAMATTA, 1984)”.
“Em decorrência do processo de globalização, as identidades, hoje, não
apresentam contornos definidos, inserindo-se em uma dinâmica cultural
fluida e mutante.

Tal processo intensificou os intercâmbios entre diferentes indivíduos e
culturas, ampliando o diálogo e as tensões entre eles.

A diversidade cultural que o mundo apresenta hoje, as múltiplas e
flutuantes identidades em processo contínuo de construção, a defesa do
fragmentário, das parcialidades e das diferenças trouxeram, como
corolário, uma volatilidade das identidades que se inscrevem em outra
lógica: da lógica da identidade para a lógica da identificação
(Observatório Itaú Cultural)”.
Para nosso autor, “cultura exprime expressamente um estilo, um modo
e um jeito, repito, de fazer coisas (DAMATTA, 1984)”.

Entretanto temos de ter em mente que tudo isso (cultura e identidade
cultural) é processo, é fluido, é dinâmico:

“Em decorrência do processo de globalização, as identidades, hoje, não
apresentam contornos definidos, inserindo-se em uma dinâmica cultural
fluida e mutante. Tal processo intensificou os intercâmbios entre
diferentes indivíduos e culturas, ampliando o diálogo e as tensões entre
eles (Observatório Itaú Cultural)”.
Voltemos então à nossa questão original.

Segundo Geralda Soares, mucuri com o “m” minúsculo, era a resposta os
Borun quando perguntados de onde vinham, referindo-se como “lugar
de tomar banho”.

O Mucuri, já com “m” maiúsculo é o nome do Rio onde se banhavam os
Borun, que tem foz em no Atlântico no município de Mucuri-BA, antiga
São José do Porto Alegre, onde desembocava a Cia de Commercio e
Navegação do Rio Mucury.
O rio formou o vale, com “v” minúsculo.

Já nós, o rio, os morros, as pedras é que fazemos o Vale.

O Vale do Mucuri então “é cultura, local geográfico, fronteira e território
[...], e também casa, pedaço de chão calçado com o calor de nossos
corpos, lar, memória e consciência de um lugar com o qual se tem uma
ligação especial, única, totalmente sagrada (DAMATTA, 1984)”.
“É igualmente um tempo singular cujos eventos são exclusivamente
seus, e também temporalidade que pode ser acelerada [...]; que pode
ser detida na morte e na memória e que pode ser trazida de volta na
boa recordação da saudade.

Tempo e temporalidade de ritmos localizados e, assim, insubstituíveis
(DAMATTA, 1984)”.
“O Mucuri é seus grotões.

Isso não é ‘pejorativo, negativo e negador’ como uma vez me disse um
renomado pesquisador da cultura popular, isso é nossa realidade.

O sol e a chuva que não têm dó quando estão aí formaram isso.

Uma região linda, acre, fértil, dura, cravada de riquezas e desgraças,
onde a água cavou a terra entre lajedos e as pedras os lugares mais
férteis do Mucuri, as grotas, os grotões, onde estas comunidades
florescem, como aquelas flores do mato: fortes e coloridas (BENTO,
2013)”.
E o que faz o mucuri, Mucuri?

A grosso modo, podemos dizer que somos nós.

Foi, é e será o homem, portanto a cultura que transformou uma porção
de território em espaço social e culturalmente construído, de mesma
maneira o fizemos com a palavra, com o lugar dos Borun.

Entretanto para sabermos como se deu este processo e quais suas
características e resultados ainda precisamos ir fundo nos grotões deste
nosso Mucuri.
Bibliografia

BENTO, Bruno Dias. Buscar lá no fundo mesmo. Disponível em
http://www.mucurycultural.org/2013/01/buscar-la-no-fundo-
mesmo.html#.UPi_PB3C3oI. Acesso em 18/01/01;
DAMATTA, Roberto. O que faz o brasil, Brasil ?. 12. ed. Rio de Janeiro:
Rocco, 2001;
OBSERVATÓRIO ITAÚ CULTURAL. Glossário. Disponível em
http://novo.itaucultural.org.br/obsglossario/identidade-cultural/.
Acesso em 18/01/01;
OLIVEIRA, Lúcia Maciel Barbosa de. Dicionário de Direitos Humanos.
Disponível em http://www.esmpu.gov.br/dicionario/tiki-
index.php?page=Identidade+cultural. Acesso em 18/01/01.

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O que faz o mucuri, mucuri?

  • 1. O que faz o mucuri, Mucuri?
  • 2. Valeu-se mesmo (Thomaz Baldow) Nosso sangue, suor e sal. Quanto vale o Vale? Nossa vida e o próprio mal. Laço e liberdade Leito e trilhos? Quanta música amada ao sol. Os sons da madrugada quando canta Quanta pedra, pescador e anzol. a corredeira Quanto trilho enxergava Que coisa divina Canta o bicho, passarada. Nós, os morros e as pedras: Sou de onde faço ouvir a terra Fazemos-te valer o vale. Sou de onde não me encanta a guerra Nossa vida e a terra Sou daqui, meu Mucuri. Fazemos te valer o que vale.
  • 3. A partir do livro “O que faz o brasil, Brasil” de Roberto DaMatta, faremos algumas reflexões sobre nossa identidade, estaremos envoltos nas névoas de perguntas quais suas respostas um dia irão contribuir para descobrirmos quem somos. Vamos à frente então: o que faz o mucuri, Mucuri? Que Krenhuh Jissa Kiju nos ajude!
  • 4.
  • 5. “A identidade cultural é um sistema de representação das relações entre indivíduos e grupos, que envolve o compartilhamento de patrimônios comuns como a língua, a religião, as artes, o trabalho, os esportes, as festas, entre outros. É um processo dinâmico, de construção continuada, que se alimenta de várias fontes no tempo e no espaço (OLIVEIRA, 2010)”.
  • 6. “Identidade cultural é um processo dinâmico, de construção continuada, que sistematiza relações entre indivíduos e grupos e envolve o compartilhamento de patrimônios comuns, tangíveis e intangíveis, como a língua, a religião, as artes, o trabalho, os esportes e as festas, entre outros (Observatório Itaú Cultural)”.
  • 7. Então este Vale é: “Não se trata de algo inerte, mas de uma entidade viva, cheia de autorreflexão e consciência: algo que se soma se alarga para o futuro e para o passado, num movimento próprio que se chama História (DAMATTA, 1984)”.
  • 8. Nossa identidade está: “[...] nas leis e nas nobres artes da política e da economia, das quais temos que falar sempre num idioma oficial e dobrando a língua; mas também na comida que comemos, na roupa que vestimos, na casa conde moramos e na mulher que amamos e adoramos (DAMATTA, 1984)”.
  • 9. “A construção de uma identidade social [e cultural], então, como a construção de uma sociedade, é feita por afirmativas ou negativas diante de certas questões. Tome uma lista de tudo o que você considera importante – leis, ideias relativas a família, casamento e sexualidade; dinheiro; poder político; religião e moralidade; artes; comida e prazer em geral – e com ela você poderá saber quem é quem (DAMATTA, 1984)”.
  • 10. “Descobrindo como as pessoas se posicionam e atualizam as ‘coisas’ desta lista, você fará um ‘inventário’ de identidades sociais e de sociedades. Ou, como se diz em linguagem antropológica, a cultura ou ideologia de cada sociedade. Porque, para mim, a palavra cultura exprime expressamente um estilo, um modo e um jeito, repito, de fazer coisas (DAMATTA, 1984)”.
  • 11. “Em decorrência do processo de globalização, as identidades, hoje, não apresentam contornos definidos, inserindo-se em uma dinâmica cultural fluida e mutante. Tal processo intensificou os intercâmbios entre diferentes indivíduos e culturas, ampliando o diálogo e as tensões entre eles. A diversidade cultural que o mundo apresenta hoje, as múltiplas e flutuantes identidades em processo contínuo de construção, a defesa do fragmentário, das parcialidades e das diferenças trouxeram, como corolário, uma volatilidade das identidades que se inscrevem em outra lógica: da lógica da identidade para a lógica da identificação (Observatório Itaú Cultural)”.
  • 12. Para nosso autor, “cultura exprime expressamente um estilo, um modo e um jeito, repito, de fazer coisas (DAMATTA, 1984)”. Entretanto temos de ter em mente que tudo isso (cultura e identidade cultural) é processo, é fluido, é dinâmico: “Em decorrência do processo de globalização, as identidades, hoje, não apresentam contornos definidos, inserindo-se em uma dinâmica cultural fluida e mutante. Tal processo intensificou os intercâmbios entre diferentes indivíduos e culturas, ampliando o diálogo e as tensões entre eles (Observatório Itaú Cultural)”.
  • 13. Voltemos então à nossa questão original. Segundo Geralda Soares, mucuri com o “m” minúsculo, era a resposta os Borun quando perguntados de onde vinham, referindo-se como “lugar de tomar banho”. O Mucuri, já com “m” maiúsculo é o nome do Rio onde se banhavam os Borun, que tem foz em no Atlântico no município de Mucuri-BA, antiga São José do Porto Alegre, onde desembocava a Cia de Commercio e Navegação do Rio Mucury.
  • 14. O rio formou o vale, com “v” minúsculo. Já nós, o rio, os morros, as pedras é que fazemos o Vale. O Vale do Mucuri então “é cultura, local geográfico, fronteira e território [...], e também casa, pedaço de chão calçado com o calor de nossos corpos, lar, memória e consciência de um lugar com o qual se tem uma ligação especial, única, totalmente sagrada (DAMATTA, 1984)”.
  • 15. “É igualmente um tempo singular cujos eventos são exclusivamente seus, e também temporalidade que pode ser acelerada [...]; que pode ser detida na morte e na memória e que pode ser trazida de volta na boa recordação da saudade. Tempo e temporalidade de ritmos localizados e, assim, insubstituíveis (DAMATTA, 1984)”.
  • 16. “O Mucuri é seus grotões. Isso não é ‘pejorativo, negativo e negador’ como uma vez me disse um renomado pesquisador da cultura popular, isso é nossa realidade. O sol e a chuva que não têm dó quando estão aí formaram isso. Uma região linda, acre, fértil, dura, cravada de riquezas e desgraças, onde a água cavou a terra entre lajedos e as pedras os lugares mais férteis do Mucuri, as grotas, os grotões, onde estas comunidades florescem, como aquelas flores do mato: fortes e coloridas (BENTO, 2013)”.
  • 17.
  • 18. E o que faz o mucuri, Mucuri? A grosso modo, podemos dizer que somos nós. Foi, é e será o homem, portanto a cultura que transformou uma porção de território em espaço social e culturalmente construído, de mesma maneira o fizemos com a palavra, com o lugar dos Borun. Entretanto para sabermos como se deu este processo e quais suas características e resultados ainda precisamos ir fundo nos grotões deste nosso Mucuri.
  • 19. Bibliografia BENTO, Bruno Dias. Buscar lá no fundo mesmo. Disponível em http://www.mucurycultural.org/2013/01/buscar-la-no-fundo- mesmo.html#.UPi_PB3C3oI. Acesso em 18/01/01; DAMATTA, Roberto. O que faz o brasil, Brasil ?. 12. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 2001; OBSERVATÓRIO ITAÚ CULTURAL. Glossário. Disponível em http://novo.itaucultural.org.br/obsglossario/identidade-cultural/. Acesso em 18/01/01; OLIVEIRA, Lúcia Maciel Barbosa de. Dicionário de Direitos Humanos. Disponível em http://www.esmpu.gov.br/dicionario/tiki- index.php?page=Identidade+cultural. Acesso em 18/01/01.