O documento descreve uma viagem do autor a Portugal, onde participou do lançamento da pedra fundamental da sede da Fundação Luso-Brasileira do Mundo de Língua Portuguesa. O autor conheceu personalidades portuguesas como o arquiteto Oscar Niemeyer e o então prefeito de Lisboa, Jorge Sampaio, que hoje é o Presidente de Portugal. O texto também menciona a admiração do autor pela cantora portuguesa Amália Rodrigues e inclui um pequeno poema que ele escreveu inspirado por um muro na regi
4. Editorial
Muro de
Alziro de Paiva
E
José de Paiva Netto,
jornalista, radialista e
escritor, é Presidente das
Instituições da Boa Vontade.
stive algumas vezes em Portugal.
País lindo, de gente acolhedora.
Terra da nostálgica Amália Rodrigues (1920-1999), que Foi
Deus*¹ quem levou, faz pouco tempo.
Sempre gostei de ouvi-la cantando esse
fado, ao som de guitarras afinadíssimas
e chorosas. Por sinal, contam que, influenciada por amigos, não iria gravá-lo.
Entretanto, reconsiderou, e seu sucesso
foi imenso. Sorte para Amália, sorte
para nós. Isso me lembra outra história,
a de que alguns artistas famosos de
Hollywood se negaram a interpretar o
papel principal de nada mais nada menos que Casablanca. Sorte para Humphrey Bogart e para nós também.
Uma dessas viagens deu-se em
novembro de 1994, depois que o Dr.
José Aparecido de Oliveira*², então
Embaixador do Brasil naquela naçãoirmã, ligando lá para casa, fraternalmente “convocou-me” para assistir, na
capital lusitana, ao lançamento da pedra
fundamental da sede da Fundação LusoBrasileira do Mundo de Língua Portu-
Espelho do Gerês, localizado na Serra
de mesmo nome, em terras lusitanas.
Revista Boa Vontade
Amália Rodrigues
guesa. Presente estava, entre diversas
personalidades de Portugal, da África
e do Brasil, o eminente arquiteto Oscar
Niemeyer, com sua voz calma e afetuosa
e seu coração grande e apaixonado pelas
causas sociais.
Após a solenidade, o Embaixador
apresentou-me o Dr. Jorge Sampaio,
que, naquela ocasião, presidia a Câmara Municipal de Lisboa. Hoje, ele é o
Presidente da República. Em seguida,
houve uma recepção na casa do amigo
Aparecido, sob a batuta de sua distinta
esposa, Dona Leonor. São momentos
de cariciosa lembrança, quando fui
gentilmente convidado a assinar com os
Reprodução BV
Gerês
5. Celso Romero
Em 1989, Dom Geraldo Maria
de Moraes Penido (D), então
Arcebispo de Aparecida/SP,
visitou a Sede Mundial da LBV,
em São Paulo/SP, onde foi
fraternalmente recepcionado
pelo escritor Paiva Netto.
Julio Almeida
Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, nos
papéis centrais de “Rick” e “Ilsa” em
Casablanca, um estrondoso sucesso
de Hollywood, considerado o segundo
melhor filme americano. Em cenas de
Casablanca, que reproduz um café americano, “Sam”, personagem interpretado
pelo ator Dooley Wilson, toca enquanto
Humphrey Bogart o observa.
Dom Raymundo
Damasceno Assis,
Arcebispo de
Aparecida.
Arquivo BV
PhotoDisc
Há alguns anos, durante um evento
em Lisboa, confraternizaram o atual
Presidente de Portugal, Dr. Jorge
Sampaio (E), o ex-Embaixador do Brasil
em Portugal, Dr. José Aparecido de
Oliveira (C), e o Diretor-Presidente da
LBV, José de Paiva Netto (D).
demais um protocolo
de doação de monumental pintura de Nossa Senhora Aparecida
(obra do arquiteto e
artista plástico João de
Souza Araújo) à famosa Basílica dedicada à
Mãe de Jesus, naquele
tempo sob o comando
Oscar Niemeyer
do estimado D. Geraldo
Maria de Moraes Penido (1918-2002),
seu saudoso Arcebispo Emérito. Em
1989, visitou-me na Legião da Boa
Vontade e tive a honra de ser recebido,
juntamente com minha família, em sua
residência, numa tarde memorável,
tendo ao lado sua bondosa irmã Dona
Geralda, também hoje falecida. Que
Deus eternamente os guarde em Seu
Seio de Misericórdia. (Na atualidade, a
grande Catedral tem a direção do ilustre
Dom Raymundo Damasceno Assis.)
Torre de Belém, um dos mais famosos
monumentos de Lisboa/Portugal, situa-se
na margem direita do Rio Tejo.
Revista Boa Vontade
6. Editorial
Arquivo BV
Trecho do muro de Gerês, que inspirou os versos de Paiva Netto.
A um Muro Antigo
Na estrada de Gerês
para Braga,
existem muitos muros velhos...
Mas há um
antigo,
especialmente antigo,
bem na curva,
que à alma afaga...
Antigo como o Amor
e como as dores...
Tão pequeno...
mas nos faz sorrir
aos favores
de nos abrir,
à alma triste,
um prazer amplo,
de descobrir,
no seio do campo,
a beleza divinal das flores.
Enquanto outros
— grandes!... —
não têm a expressão
com que,
na sua pequenez,
fala ao coração.
Sim,
porque, se este
não é o maior dos órgãos
do corpo,
tudo sente
e tudo vê,
porque tudo vê
e tudo sente...
Eis seu escopo.
Oh! Muro pequeno,
pequeno Muro,
tão carregado de Vida!
Vida!
Vida!
como a hera
que cobre os teus lados,
feitos de pedra amolecida
Revista Boa Vontade
e humanizada pelos anos,
muitos anos...
Ah! Muro Antigo!
de pedra antiga...
A quanta história assististe!...
E do muito que ouviste,
conta-me um pouco.
E tas escutarei,
não de ouvido mouco,
de tanto viajante,
que por aqui passa,
e não te vê...
Pois loucos laços
lhe turbam a mente...
E que oportunidade
perde,
pois não te sente
o canto dos séculos
acerantes.
Sim, porque a roda
roda...
E o que foi,
retorna adiante...
E, talvez,
Muro Antigo,
antigo Muro,
os que são cegos
para não ver-te,
e surdos
para não ouvir-te,
tenham aprendido,
finalmente,
que,
para escutar
o lamento ou o cantar
da própria pedra,
é tão preciso,
morta a regra,
amar todos os amores
do Amor Divino
sem rancores.
Até que surgiu aquele,
gracioso, bem na curva,
mas que, de tão pequeno,
quase não podia ser
visto. Estava lá, contudo,
firme, cumprindo a sua
função de não permitir
que, num estreito espaço
não preenchido, alguém
distraidamente, talvez
mesmo uma criança
ou um idoso, caísse no
precipício profundo.
Serra do Gerês
Em outra ocasião, fui levado a
um local encantador, Amares, onde
passamos algumas horas respirando
ar puro, coisa cada vez mais rara,
conversando com pessoas da comunidade, além das que também visitavam
o lugar.
Na volta, a caminho de Braga, deliciando-me com a paisagem da Serra
do Gerês, pude observar a seqüência
de muros de pedra, o que é comum
na região. Uns eram pomposos, outros mais singelos. Até que surgiu
aquele, gracioso, bem na curva, mas
que, de tão pequeno, quase não se
dava a perceber. Estava lá, contudo,
firme, cumprindo a sua função de não
permitir que, num estreito espaço não
preenchido, alguém distraidamente,
talvez mesmo uma criança ou um
idoso, caísse no precipício profundo.
E quis, então, prestar-lhe uma homenagem, como a uma pessoa humilde,
desconhecida na sua modéstia, que
nem por isso deixa de, por Amor,
cumprir o seu dever. E, ainda no autocarro, ousei, perdoem-me, sem ser
poeta, os seguintes versinhos, para
musicá-los depois. (Ao lado)
Qual o recado do pequeno
Muro?
Este: em que é menor que um rei
aquele que não foge à sua responsabilidade? Merece de todos nós o apoio
e a distinção por persistir, com honra,
7. Nélida
Jô Soares lança livro na Academia
Jorge Alexandre
Arquivo BV
A escritora e acadêmica Nélida Piñon e
Paiva Netto, num momento de descontração.
S
enti muita alegria ao saber que
a nossa querida Nélida Piñon
conquistou, neste mês de junho,
o “Prêmio Príncipe de Astúrias
das Letras”, que jamais fora conferido
a uma escritora nascida em nosso país
(Leia entrevista da escritora na página
18). Ela foi a primeira mulher a dirigir a Academia Brasileira de Letras
(ABL), no período das comemorações
do centenário da Casa de Machado de
Assis. Ocupa a cadeira de número 30,
cujo patrono é o jornalista e romancista,
nascido em Bagé/RS, João Carlos de
Medeiros Pardal Mallet (1864-1894).
É uma tenaz batalhadora dos Direitos
Humanos, destacadamente os das mulheres. Para Nélida, o nosso carinho e
respeito. E um grande beijo no coração.
(Paiva Netto)
em viver a sua dignidade. A elite de
um país é o seu Povo.
________________
*1
Foi Deus — Este fado de Alberto
Fialho Janes foi imortalizado pela
diva Amália Rodrigues (19201999).
O escritor e apresentador Jô Soares e o Dr. Pedro de Paiva
J
ô Soares lançou no dia 9 de junho, na ABL, seu mais recente
romance, Assassinatos na Academia Brasileira de Letras. A
história do livro se passa em 1924 e
o cenário é o Rio de Janeiro antigo,
em que alguns acadêmicos fictícios
aparecem mortos nos mais diversos
e famosos pontos de visitação carioca, tais como: o Copacabana Palace,
o Petit Trianon, a sede da ABL, o
Estádio do Fluminense, a Estrada de
Ferro do Corcovado, a Candelária e
outros. O autor enfatiza que a obra é
uma maneira de se retornar aos bons
tempos, em que as pessoas podiam
andar despreocupadas pelas ruas da
cidade.
O advogado Pedro de Paiva prestigiou o lançamento e, na ocasião,
representou seu pai, o dirigente da
LBV, José de Paiva Netto, tendo a
oportunidade de cumprimentar diversos acadêmicos como o Senador
Marco Maciel — que relembrou a
visita que fez ao Templo da Boa Vontade, em Brasília/DF —, e também o
acadêmico Ivan Junqueira, Presidente
da ABL.
O Dr. Pedro foi recebido com muito carinho por Jô Soares, que mandou
um beijão para o Líder da Legião da
Boa Vontade, além de encaminhar
a obra autografada com a seguinte
mensagem: “Paiva Netto, um beijo do
gordo. Jô Soares. 09/06/05”. E Paiva
Netto, ao receber o livro, declarou:
“Ao Jô, que, com sua verve, torna
a nossa vida mais interessante, um
beijo também”. (Simone Barreto)
José Aparecido de Oliveira
— Homem de vasta cultura e político de grande influência, que
serviu o Brasil como Ministro das
Relações Exteriores, foi o primeiro
Ministro da Cultura e Embaixador
em Portugal, entre outros cargos
em sua extensa vida pública. Ele
também foi o propositor da criação
da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e integra o
Conselho da Ordem do Mérito da
Fraternidade Ecumênica, do ParlaMundi da LBV.
*2
Divulgação
Cidade do Porto, Portugal.
Revista Boa Vontade
8. Cartas
Status da
Mulher da
ONU
Venho parabenizar a revista
Boa Vontade pela reportagem “Status
da Mulher nas
Nações Unidas” (Editorial
de Paiva Netto), contendo a mensagem encaminhada pela LBV
à 49a Sessão da Comissão do Status
da Mulher, nas Nações Unidas, Nova
York, EUA.
É muito importante que sejam divulgados continuamente para todas as
classes sociais os avanços conseguidos
pelas mulheres nas suas lutas políticas,
culturais, científicas e filosóficas, para
a conquista da igualdade de gênero,
conforme consta na Declaração Universal dos Direitos Humanos.
O Instituto de Pesquisas e Ensino
da Cultura Espírita (IPECE), com sede
em São Paulo, no Itaim Bibi, também
desenvolve, no seu âmbito de ação, programa de trabalho no sentido de divulgar
diretrizes de orientação para a mulher
brasileira conscientizar-se a respeito de
seu real papel a ser desempenhado na
própria Humanidade.
Como cita o escritor Paiva Netto,
com relação à igualdade de gêneros: “Valorizar a Mulher dignifica o
Homem”. (Claudine Tchekmeniam
Carneiro — Diretora de Divulgação
do IPECE)
Lendo a BOA VONTADE (edição
de nº 201), fico feliz em ver o progresso que nunca parou. Quando abro a
revista e vejo tantas matérias que irão
conscientizar milhões de brasileiros e
estrangeiros, me emociono. (...) A LBV
está muito à frente ao levar o verdadeiro
status da Mulher, da Mulher espiritualizada, na ONU. Parabéns, Irmão Paiva e
toda equipe da Editora Elevação. (Luiz
Donizetti de Melo — Brasília/DF)
A revista BOA VONTADE está
passo a passo maravilhosa, do princípio ao fim, incluindo a apresentação,
com colorido forte e vibrante. Todos
os assuntos estão muito bem-escritos,
a começar pelo da capa: “A Força da
Mulher nas Nações Unidas”, passando
ao “Alerta Verde”, “Estatuto do Idoso”
e o grande sucesso do lançamento, na
Bienal do Rio, do livro As Profecias
sem Mistério. (Argencília Cândida dos
Santos — São Paulo/SP)
Manifesto o agradecimento dos
meus familiares — minha esposa,
Rosane, meus filhos Matheus Willians
e Ana Clara — pelo maravilhoso livro
As Profecias sem Mistério, fruto do
Amor Humano Divinizado que toca
nosso íntimo, o recôndito de nossos
Espíritos. Esclarece nossas mentes,
harmoniza nossas vidas e lares, enfim,
reconduz a criatura ao Seu Criador. É
como o viajante, cansado e sôfrego pelas
árduas lutas da caminhada, mas, depois
de muito perseverar, encontra o oásis, a
Paz. Prezado Paiva Netto, minha família
dedica-lhe estas singelas palavras que
nasceram de nossos corações. Muito
obrigado! (Anderson Willians Antunes
Borges — Niterói/RJ)
In memoriam
Homenagem ao Deputado e amigo da
LBV, Sr. Jorge Cauhy.
F
Revista Boa Vontade
Arlete Genari
Ao discursar, o Depualeceu, no último
tado afirmou: “Este Título
dia 31 de maio, o
resgata uma dívida antiga
Deputado Distrique o povo de Brasília
tal Jorge Cauhy.
tinha para com esse granNascido em 27 de janeiro
de empreendedor e desde 1924, em Uberlândia/
pertador de almas. Paiva
MG, mudou-se para a caNetto, empenhado no ideal
pital federal em outubro de
realizador de Alziro Zarur
1959. Casado, pai de cinco Jorge Cauhy
(1914-1979), construiu o
filhos, fundou e presidiu a
Templo da Boa Vontade e o ParlaAssociação Comercial do Núcleo Bandeirante. Foi diretor da Junta Comercial Mundi (da LBV), materializando
do Distrito Federal e membro efetivo do o que o fundador da Instituição
Conselho de Desenvolvimento Social preconizava: a existência de um
da Secretaria de Serviços Sociais. Em Campo Neutro, irrestritamente
1995, o Deputado prestou uma home- ecumênico, no qual todas as criatunagem ao jornalista e escritor José de ras pudessem confraternizar”.
A Legião da Boa Vontade soPaiva Netto, laureando-o com o Título
lidariza-se com os familiares e
de Cidadão Honorário de Brasília, sendo
entregue no Conjunto Ecumênico da amigos do Deputado Jorge Cauhy
LBV. Foi a primeira vez que a Câmara e envia as mais sinceras vibrações
Legislativa do DF se reuniu fora de sua de Paz e gratidão ao seu Espírito
eterno.
sede em Brasília.
As Profecias sem Mistério:
mensagem que conforta!
O novo lançamento de As Profecias
sem Mistério, do escritor Paiva Netto,
traz assuntos de grande importância,
contidos na Bíblia Sagrada, que são
questões atuais para a Humanidade.
Sem atemorizar ninguém, a sua mensagem apenas orienta qual o caminho
melhor para trilharmos, sem opressão e
fanatismo. Mostra-nos que vale a pena
viver, mas com responsabilidade e muito
Amor. Parabéns, Paiva Netto! (Gladys
Farago Gomes — Joinville/SC)
Gostaria de parabenizar o escritor
Paiva Netto pelo lançamento da nova
edição do livro As Profecias sem Mistério. Este, com certeza, é mais um
presente que ele concede não só aos
Legionários da Boa Vontade, mas a
todas as pessoas que se interessam pela
Espiritualidade. Tive a oportunidade de
ver a capa desta nova edição (quando
9. Escrevo no intuito de dar os parabéns a Paiva Netto pelo lançamento
da 54ª edição de seu livro As Profecias
sem Mistério. Esta obra, em especial,
personifica a Voz do que Clama no Deserto, alertando a Humanidade quanto
à responsabilidade perante o seu livrearbítrio. Os escritos do autor jogam por
terra a pregação dos especuladores da
desesperança, aqueles que, sem nenhum
fundamento espiritual-religioso, lucram
com o desespero alheio. O medo tolhe
o raciocínio das pessoas que, dessa
forma, acabam sendo facilmente manipuladas.
Esta obra, contudo, não torna os fatos
profetizados em “água com açúcar”,
como a dizer: “Relaxem, isso tudo que
está relatado não irá acontecer”. Ele
apresenta a medida exata do resultado
da semeadura boa ou má da criatura
humana.
(...) Parabéns ao autor pela atitude
inaudita de sempre convidar o Povo
ao raciocínio, à reflexão sobre as ações
do Homem na sociedade, sem jamais
impor, porém, oferecendo aos que procuram o esclarecimento, a ferramenta
do Amor Fraterno a abrir-lhes a consciência. Gratíssimo! (Mário Augusto
Brandão — Glorinha/RS)
O livro As Profecias sem Mistério,
em sua 54ª edição, é mais uma grande
contribuição de Paiva Netto para que
a Humanidade perceba que está amparada pela Divina Causa de Jesus.
Destaco o capítulo “Jesus, o Pão Vivo
que desceu do Céu”, na apresentação
do Evangelho do Cristo, segundo João,
6:48: Eu sou o Pão da Vida! e 50: Este
é o Pão que desceu do Céu, para que se
coma dele e não se morra!. Nele vemos
a grandeza do Cristo em afirmar-nos
que Ele é o Pão da Vida, com o qual
estaremos livres da “morte” que é a
ignorância espiritual, causa primeira
de tantas problemáticas mundiais,
que a cada dia banaliza ainda mais a
existência humana. (...) A preocupação
constante é o alertamento de Paiva
Netto quanto à urgente necessidade de
utilizarmos a Comunicação a serviço
de Deus. “LBV é 100% Comunicação”
é o seu lema. Basta vermos a Super
Rede Boa Vontade de Comunicação,
bem como sua brilhante literatura, que
na verdade são produtores de conhecimento a serviço do bem-comum.
(Eliane Maria Barcelos Silva — São
Paulo/SP)
Li, com muita honra, um dos
primeiros exemplares da notável
obra As Profecias sem Mistério, do
escritor Paiva Netto. O iluminado
título chegou às minhas mãos durante a transmissão do programa
Ecumenismo, que tratava do tema
“Dia de Pentecostes”*. Dialogava
eu, àquela altura, com o Padre
Silvio Andrei, da Paróquia Rainha
Revista bonita, bem
editada e erudita
Agradeço a remessa dos exemplares da bonita,
bem editada e erudita revista BOA
VONTADE, que,
para honra minha,
abrigou modesto trabalho sobre
o “Protocolo de
Kioto”.
Espero, em
outra oportunidade e com assunto de interesse, merecer outra reprodução.
(Desembargador José
Carlos Teixeira Giorgis — Porto
Alegre/RS)
Arquivo pessoal
Li com atenção
as matérias da BOA
VONTADE, que
tem um novo formato, mais prático
e moderno. De fato,
um trabalho digno de aplausos. O
conteúdo é forte em suas mensagens,
verdadeiro em suas denúncias. A revista mistura o factual com a pesquisa
da nossa verdadeira história e, mais,
pode ser consultada por estudantes
e pesquisadores. A matéria “Respirando a Morte” representa um ato de
coragem e de amor ao Ser Humano
(características do Irmão Paiva). A publicação é abrangente, tem largo perfil
ecumênico. Uma revista a ser lida,
guardada para consultas, que distrai e
traz Paz à Alma do leitor. (Hilton AbiRihan, radialista e jornalista — Rio
de Janeiro/RJ).
Antônio Carlos
estava ainda em fase de produção)
e fiquei encantada com sua beleza e
bom gosto. Não tenho dúvida de que
continuará sendo mais um sucesso de
vendas. Venho acompanhando as notícias do lançamento deste livro, todos
os dias, pela Super Rede Boa Vontade
(...). Também tive o prazer de ouvi-lo, ao
vivo, comentando os novos capítulos da
obra, o que me deixou muito feliz. Foi
realmente um presente para mim. Muito
obrigada por mais este presente! (Helen
Winkler Baragão — e-mail)
Fato e História
dos Apóstolos da Igreja Católica
Apostólica Romana, localizada
na Vila Monumento, no Ipiranga,
São Paulo/SP, e com o Ministro da
Religião de Deus Jayme Bertolin.
O Padre Silvio frisou, ao vivo, que
o trabalho do Presidente das Instituições da Boa Vontade (IBVs) é
um poderoso exemplo da ação do
Espírito Santo.
No trabalho de Evangelização
e Apocaliptização da Humanidade terrena e espiritual a coleção
O Apocalipse de Jesus para os
Simples de Coração (da qual faz
parte As Profecias sem Mistério)
mostrou-se essencial, porque é a
Revelação da Revelação.
Jesus, o Cristo de Deus, foi
quem falou da necessidade da presença do Paráclito para o avanço do
conhecimento sobre as Leis Divinas. E a Missão do Líder da LBV é
expressão singular e inequívoca da
presença do Espírito Santo atuando
na preparação da Volta Gloriosa
de Nosso Senhor e Mestre. (Paulo
Alziro Schnor — São Paulo/SP)
________________
*Dia de Pentecostes — A data é celebrada 50
dias após a Páscoa, quando se comemora a descida do
Espírito Santo sobre os apóstolos.
Revista Boa Vontade
10. Ao Leitor
Os leitores da rBV têm bons
motivos para celebrar este mês de
junho. A começar pela escolha do
nome da romancista Nélida Piñon
para receber o “Prêmio Príncipe
de Astúrias das Letras”, distinção
conquistada pela primeira vez por
um escritor do Brasil. Nesta edição
da láurea concorria o total de 31
candidatos procedentes do Brasil,
Canadá, Estados Unidos, Holanda, Hungria, Índia, Israel, Kuwait,
México, Noruega, Peru, Portugal,
República Dominicana, Reino
Unido, Suécia e Espanha.
Um dia antes de o resultado ser
divulgado, durante evento ocorrido
em Oviedo/Espanha, Nélida concedeu entrevista exclusiva à BOA
VONTADE, na qual conta detalhes
da sua vida e de sua trajetória na
literatura.
Os ares do “Velho Mundo” também inspiraram o editorial escrito
por Paiva Netto. Em seu artigo
“Muro de Gerês”, o jornalista conta
as experiências vividas em Portugal
— quando lá esteve pela força de
suas funções.
Outro relevante fato a ser festejado neste período são os 49 anos
de trabalho do dirigente da LBV, em
29 de junho, dia dedicado à memória de São Pedro e São Paulo. Foi
nesta data que Paiva Netto iniciou
seu apostolado em favor dos que
padecem do corpo e da Alma. Por
iniciativa da própria juventude, a
comemoração para esta expressiva
marca se dará no “30º Congresso
Internacional do Jovem da Boa
Vontade”, que se realizará em Uberlândia/MG, neste 25 de junho.
Esta edição também chega
para o leitor com uma novidade:
a seção “Samba e História”, que
traz a série de entrevistas feitas
pelo radialista Hilton Abi-Rihan
em programa de mesmo nome
— exibido pela Super Rede Boa
Vontade de Rádio e Rede Mundial
de Televisão — com destaques do
mais popular ritmo do nosso País.
O estreante deste espaço é o cantor
Pery Ribeiro, expoente da Bossa
Nova e o primeiro a gravar Garota
de Ipanema.
Boa leitura!
Os editores
ANO XXIII • Nº 202 • junho de 2005
BOA VONTADE é uma publicação mensal das
IBVs, editada pela Editora Elevação.
Diretor e Editor responsável
Francisco de Assis Periotto
MTE/DRTE/RJ 19.916 JP
Redação
Editor Executivo: Gerdeilson Botelho
Subeditora: Débora Verdan
Revisão
Adriane Schirmer
Neuza Alves
Walter Periotto
Wanderly Albieri Baptista
Colaboradores
Alvino Barros, Antonio Paulo
Espeleta, Daniel Rocha, Elias Paulo,
Leonardo Mattiuzzo, Leonardo
Roustaing, Maria Aparecida da
Silva, Paulo Azor, Pedro de Paiva,
Profa Nádia Lauriti, Rita Silvestre,
Silvia Bovino e William Luz
Arte
Sumário
Projeto Gráfico: João Periotto
Capa: João Periotto e Alziro Braga
Foto de capa: Arquivo pessoal da escritora
Produção
Edição nº 202
4 Editorial
8 Cartas
13 Coluna do Garotinho
14 Reportagem
18 Perfil
22 História
26 Turismo
29 Notícias de Brasília
30 Samba e História
32 LBV no mundo
10 Revista Boa Vontade
BOA VONTADE
36 Atualidades
38 Especial sobre Paiva
Netto
44 Espírito e Ciência
49 Literatura
50 Acontece
54 Melhor Idade
56 Ação Jovem LBV
60 Soldadinhos de Deus
62 Pedagogia do Cidadão
Ecumênico
Endereço para correspondência:
Av. Rudge, 938 — Bom Retiro
CEP 01134-000 — São Paulo/SP
Tel.: (11) 3358-6868 — Caixa Postal
13.833-9 — CEP 01216-970
Internet: www.boavontade.com
E-mail: info@boavontade.com
Impressão: PROL Editora Gráfica
A revista BOA VONTADE não se responsabiliza
por conceitos emitidos em seus artigos assinados.
11. Sumário
Editorial
4
4 Editorial
LBV no mundo
32
Especial sobre Paiva Netto
38
Espírito e Ciência
44
Em seu artigo, Paiva Netto escreve
“Muro de Gerês”.
13 Coluna do Garotinho
José Carlos Araújo comenta a venda
dos jogadores de clubes brasileiros
aos times europeus.
18 Perfil
Coluna do Garotinho
15
A renomada escritora Nélida Piñon
— que ganhou (neste mês) o “Prêmio
Príncipe de Astúrias das Letras”, um
reconhecimento nunca antes concedido a um brasileiro — conta detalhes
de sua trajetória na literatura e vida
pessoal.
22 História
A saga de uma das figuras mais importantes do passado brasileiro, o Padre
José de Anchieta.
32 LBV no mundo
Perfil
18
Espiritualidade, ciência e consciência
são o foco das discussões, durante
seminário co-organizado pela Legião
da Boa Vontade na Sede das Nações
Unidas, em Nova York (EUA).
38 Especial sobre Paiva Netto
Em homenagem aos 49 anos de trabalho do jornalista e radialista Paiva Netto
nas lides da Legião da Boa Vontade,
data que se comemora neste 29 de
junho, a Equipe de Estudos Ecumênicos produziu matéria sobre uma
de suas teses pioneiras: a Economia
da Solidariedade, distinguindo-a da
Economia Solidária.
História
22
44 Espírito e Ciência
O polêmico debate sobre a Eutanásia
na visão do Dr. Osvaldo Hely Moreira,
vice-Presidente da Associação MédicoEspírita de Minas Gerais.
Ação Jovem LBV
56
56 Ação Jovem LBV
Uberlândia/MG recebe a juventude
do Brasil e do mundo para o “30º
Congresso Internacional do Jovem
da Boa Vontade”. O evento debaterá o
tema “Política de Deus” e homenageará
Paiva Netto pelos 49 anos de trabalho
na LBV.
Revista Boa Vontade
11
13. Coluna do Garotinho
Campeonato Brasileiro:
José Carlos Araújo é locutor
esportivo da Rádio Globo do
Rio de Janeiro/RJ
C
omo tem sido em épocas
anteriores, o Campeonato
Brasileiro começa de um
jeito e termina de outro.
Tal e qual nos últimos anos, despontaram no início os favoritos à
conquista do título e às vagas nas
competições internacionais, mas
nada assegura que o panorama será
o mesmo a partir do meio do ano.
Tudo porque a abertura das
contratações pelos clubes europeus
sempre desfigura os principais times
brasileiros. Em meio à competição,
os grandes destaques acabam se
transferindo para a Itália, Espanha,
Alemanha, França, Portugal e outros centros menos conhecidos.
Bem antes de o Campeonato
Brasileiro principiar, a questão
já era discutida. Sabia-se que os
clubes perderiam seus mais importantes valores, porque não há como
competir, em poderio financeiro,
com os europeus.
Os clubes brasileiros, sem grandes fontes de renda, não podem se
dar ao luxo de não negociar seus
jogadores. E não há como impedir
também que um atleta, praticamente, faça sua independência financeira. A diferença entre o que os
europeus pagam e os salários daqui
é incomparável.
Qual é a saída? Uns defendem
que o calendário nacional seja adequado ao europeu. Assim, quando
começar o período de inscrições
para os clubes de lá, o Campeonato
Brasileiro já terá terminado.
Mas, nessa hipótese, pesa a
questão climática: o inverno deles
coincide com o verão daqui. As
férias escolares européias são diferentes das nossas. Tudo isso influi
no desempenho do atleta e também
na aclimatação familiar.
Outra idéia lançada é a de incluir
no regulamento um item que proíba
a transferência de atletas durante o
período de disputa do nosso Campeonato. Essa medida garantiria que
os clubes mantivessem seus elencos
do início ao fim da disputa.
Seja qual for a preferência, é
importante que os dirigentes se
reúnam e discutam a questão. É
preciso, em atenção ao torcedor,
solucionar o problema.
O Campeonato Brasileiro tem
brilho próprio, mas se os clubes
continuarem perdendo seus astros
durante a competição, o interesse do
público tende a desaparecer.
O atacante
Robinho, do
Santos, é exemplo
de jogador
brasileiro bastante
visado pelos clubes
europeus.
Site oficial do Santos
Reprodução BV197
dois em um.
Revista Boa Vontade
13
14. Reportagem
LBV
Flashes
solidários
O renomado fotógrafo Chico Audi recebe em seus estúdios a
classe artística para a campanha de 55 anos da LBV
Débora Verdan e Natália Lombardi
O
fotógrafo e empresário Chico
Audi visitou, recentemente,
as instalações da Rede Boa
Vontade de Comunicação (TV,
Rádio, Internet, Editora e Gravadora),
localizadas na Fundação José de Paiva
Netto, em São Paulo/SP. Acompanhado
por sua assessora, Tânia Cristina Matias,
ao passar pelos ambientes, entusiasmouse com a organização. “Eu conheço todas
as emissoras do País e fiquei pasmo com a
estrutura da LBV, da televisão, do rádio,
da internet. É um mundo! O mundo do
Bem, da turma do Bem, como eu defini.
A gente sente uma força especial aqui”,
declarou.
Durante a visita, Chico Audi conversou com o dirigente da LBV, o jornalista e
radialista Paiva Netto. Para o empresário,
esse bate-papo “foi uma emoção especial,
uma energia muito boa ter tido a oportunidade de conhecer o senhor José de Paiva
Netto. Foi algo que me fez pensar que
talvez eu seja especial. Nas conversas,
parecia que nós nos conhecíamos de longa data, eu fiquei muito à vontade e aí eu
sinto por que a LBV tem essa força”.
Sempre engajado nessas iniciativas,
14 Revista Boa Vontade
Chico Audi fotografa, anualmente, em
seu moderno estúdio localizado no Itaim
Bibi, zona sul da capital, os artistas que
participam das campanhas publicitárias
da Organização, que, na análise dele, “faz
parte da nossa vida porque aqui se faz o
Bem. E não é só para mostrar não, aqui
tem criança sim, na escola, estudando.
Quando me perguntam por que eu ajudo
a LBV, respondo: ‘porque essa criança
que está estudando hoje na Instituição,
tendo instrução, pode vir a ser um médico
que poderá salvar a minha vida, a vida
da minha família, ou de um amigo meu’.
Então tem de ajudar sim! É tão pouco o
que a gente faz que não pode parar nunca!
A LBV é a verdade!”.
Durante esses 55 anos, a LBV tem
levado Amor, solidariedade, dignidade e
cidadania a milhões de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, colaborando para melhorar a qualidade de vida
deles, devolvendo-lhes o respeito próprio
e a auto-estima. Os números comprovam
essa realidade: somente em 2004, foram
prestados mais de 3,5 milhões de atendimentos às populações em risco social e
pessoal em todo o País.
15. Daniel Trevisan
Amanda Françoso
Daniel Trevisan
Da esquerda para
a direita: o casal
Lucimara Augusta e Paiva Netto,
acompanhado pelo
fotógrafo Chico
Audi e sua assessora, Tânia Cristina
Matias, no Gabinete
da Presidência, na
Fundação José de
Paiva Netto, em São
Paulo/SP.
Campanha de 55 anos da
LBV
Por isso, a significativa adesão das
classes artística e esportiva às campanhas da LBV, o que vem, uma vez mais,
confirmar a credibilidade da Instituição
junto aos seus colaboradores. No dia 7
de junho, participaram a cantora Duda;
as apresentadoras de TV Amanda Françoso e Solange Frazão; os esportistas
Gustavo Borges e Oscar Schmidt; as
duplas sertanejas Guilherme Santiago
e Ataíde Alexandre; os grupos de pagode Bokaloka e Revelação; e o próprio
Chico Audi. Após serem fotografados,
os artistas, que doaram o direito de imagem e cachês, gravaram um VT Institucional que apresentará retrospectiva do
trabalho realizado pela LBV em mais de
meio século de fundação e aproveitaram
para deixar uma mensagem especial ao
Povo brasileiro:
“Freqüentei uma das estruturas da
LBV; fui ver de perto muitas coisas. Fui
homenageado lá; as crianças fizeram
coisas bonitas para mim. Tenho uma
ligação muito boa e velha com a LBV. É
muito bom você participar de uma coisa
que dá certo, algo bonito que todo mundo reconhece como tal, e ceder aquilo
que tem de mais precioso. No meu
caso, o que tenho de mais precioso é
a minha imagem, que construí com a
Revista Boa Vontade
15
16. Reportagem
Oscar
Schmidt
maravilha, a gente levar um pouquinho
de carinho e Amor não só pela música,
mas também mostrando nossa Boa Vontade. (…) Estou muito feliz mesmo de
estar participando junto com a LBV. E
espero estar anos e anos aí, colaborando
também.”
Duda
“É uma mensagem tão simples: é
só ter um pouquinho de Boa Vontade
e atender a LBV. Vá visitar a LBV
e você poderá ver crianças, toda a
participação da idade mais jovem
até a mais avançada, até a Terceira
Idade. (...) É tão maravilhoso! O mais
importante é você visitar e ver como é
16 Revista Boa Vontade
“Para mim é um prazer imenso
fazer este trabalho
para vocês de todo o
Duda
coração. (…) Se cada
um fizesse um pouquinho do que Paiva
Netto faz pelas pessoas, o nosso Brasil,
o nosso mundo seria
muito melhor. A gente vê muitas crianças na rua, coisas
ruins acontecendo.
E é bom ter alguém
como ele e como a
LBV para ajudar ao
próximo. (…) A gente está fazendo só
um pouquinho do muito que a LBV
tem feito pelo nosso País. (…) Ajudar
ao próximo é muito bom. Eu estou
muito feliz.”
Simony
“Nós estivemos há uns dois anos na
Instituição (Supercreche Jesus e Instituto de Educação José de Paiva Netto).
E mais uma vez agora, e, sem dúvida
nenhuma, vemos cada vez crescendo
mais o trabalho de vocês. A gente está
aqui para poder parabenizá-los. Sempre
que vamos (à LBV), voltamos impressionados com o carinho das crianças,
das pessoas, dos professores. Ficamos
muito felizes de poder ser uma prova
viva de tudo isso que vocês estão fa-
Grupo Bokaloka
Gustavo
Borges
Guilherme Santiago
Clayton Ferreira
“(…) É um
prazer imenso
estar participando da Campanha
da LBV, dos seus
55 anos. Quero agradecer ao
Paiva Netto pela
oportunidade que
está me dando de
participar, porque
eu acho isso uma
indispensável a sua participação.”
Solange Frazão
Fotos: Daniel Trevisan
minha carreira. Eu a estou cedendo
para que a gente possa fazer, ajudar,
que a LBV seja cada vez maior e que
cresça cada vez mais, ajudando tanta
gente que precisa.”
Oscar Schmidt
Ataíde Alexandre
17. zendo aí (…), essa parceria do artista
com a LBV, fazendo com que cresça
cada vez mais para um futuro melhor.
Estamos também aqui para isso, para
somar e fazer com que o mundo fique
cada vez melhor.”
Ataíde, da dupla Ataíde Alexandre.
Fotógrafo
Chico Audi
“(…) A LBV não é só uma campanha. Acompanho há quantos e quantos
anos o trabalho bacana de vocês. Então,
eu acho que a gente só pode, cada um
à sua maneira, colaborar. (…) Eu quero
agradecer a todos, mandar o meu forte
abraço, a minha admiração, o meu
respeito, o meu carinho ao Presidente
Paiva Netto e a todas as pessoas que,
direta ou indiretamente, colaboram
com esse trabalho; a todas que atendem,
Simony
Solange
Frazão
que dispõem do seu tempo, das suas
habilidades, do seu talento para ajudar.
A vocês que são, com certeza, pessoas
de Boa Vontade, fica aqui todo o meu
respeito.”
Amanda Françoso
Elias Paulo
Em seu moderno estúdio, Chico
Audi fotografa Amanda Françoso.
Grupo Revelação
“(…) É um grande prazer fazer parte
deste trabalho da LBV, comemorando
55 anos, e dar a nossa contribuição
também para o social. Para mim, é um
dever de todo cidadão, de todos nós, dar
o nosso apoio. (…) A pessoa, o cidadão,
cada um tem de fazer a sua parte, a sua
contribuição para que a gente tenha um
País melhor.”
Gustavo Borges
Revista Boa Vontade
17
18. Perfil
Prêmio
inédito para o
Brasil
Nélida Piñon é a primeira escritora de Língua Portuguesa a
receber o “Prêmio Príncipe de Astúrias das Letras”
Leila Marco
star à frente de seu tempo, e em
muitos casos ser pioneira num
feito. Esta tem sido a marca
registrada da romancista e
jornalista carioca, nascida no bairro de
Vila Isabel, Nélida Piñon. No último 15
de junho, confirmou mais uma vez esta
tendência ao ser escolhida para receber o
“Prêmio Príncipe de Astúrias das Letras
2005”. Um reconhecimento nunca antes
concedido a uma escritora brasileira,
em 25 anos de entrega da láurea. O
anúncio da honraria ocorreu em Oviedo
(Astúrias, norte da Espanha).
Concorreram com a escritora os
norte-americanos Paul Auster e Philip
Roth e o israelense Amos Oz, após
uma eleição preliminar que indicou os
quatro nomes para a votação final, entre
31 candidaturas de diversas nações.
Nélida, que tem uma biografia
invejável, foi também a primeira
brasileira a receber o Prêmio Juan
Rulfo (1995) e o Prêmio Internacional
Menéndez Pelayo (2003), além de ser a
única mulher a ter presidido a Academia
Brasileira de Letras (ABL).
Segundo o Presidente do júri que a
escolheu, Víctor García de la Concha,
diretor da Real Academia Espanhola da
Língua (RAE), ela tem sido “aclamada
E
18 Revista Boa Vontade
pela crítica como a voz mais destacada
da literatura brasileira e transportou ao
âmbito universal a complexa realidade
da Ibero-América”.
Dona de um talento precoce, começou
a escrever, aos 10 anos de idade, e não
parou mais. Ficou consagrada, em 1961,
quando lançou o romance Guia-Mapa de
Gabriel Arcanjo. Sua produção literária
já foi publicada em mais de vinte países e
traduzida para dez idiomas. Entre outros
títulos de sua lavra, cabe ressaltar Tempo
das frutas (1966); Fundador (1969); A
Casa da Paixão (1972); Sala de Armas
(1973); Tebas do meu coração (1974);
A força do destino (1977); A República
dos Sonhos (2002) e Vozes do Deserto
(2004).
Um dia antes da divulgação do
resultado, a romancista concedeu
entrevista exclusiva para o quadro
“Abrindo o Coração”, da Rede Mundial
de Televisão. No bate-papo com a
repórter Isabela Ribeiro, evitou o “já
ganhou”, e preferiu não comentar o
prêmio em si. Mas presenteia o público
com detalhes surpreendentes de sua
vida, deixando surgir o perfil da mulher
forte e senhora de suas vontades.
Nélida também aborda o papel
feminino na sociedade contemporânea
e os obstáculos que enfrenta. Por sinal,
quando ocupava o cargo máximo
da Academia Brasileira de Letras,
convidou a LBV para participar do
projeto do Centro de Memória da ABL,
e falou, na ocasião, à nossa reportagem:
“Admiro muito José de Paiva Netto
que está à frente de uma Instituição
importantíssima, comovente, de
atuação social única (...). Eu até
convidaria esse homem excepcional,
que tem um grande peso político,
religioso e social que, por meio da
Legião da Boa Vontade, estivesse à
frente de uma campanha que eu julgo
indispensável hoje, contra a violência,
sobretudo a violência perpetrada
contra a mulher. Isso vindo de uma
voz masculina, de uma voz do peso
autoral, moral, do Dr. Paiva Netto,
seria extraordinário. E a Legião
da Boa Vontade tem condições de
assumir essa campanha pelo que
representa no Brasil”, afirmou.
Realmente o Líder da LBV sempre
teve um pensamento afinado com
essa permanente luta de valorização
integral da mulher, a exemplo do que
se pode ler em artigo de sua lavra,
publicado na edição nº 201 da revista
BOAVONTADE: “Status da Mulher nas
19. Escritora e jornalista Nélida
Piñon na Academia Brasileira
de Letras
Nações Unidas”. Na matéria, apresenta
relevante documento da Legião da
Boa Vontade divulgado pela ONU em
seus seis idiomas oficiais e entregue a
delegações de Estado e a organizações
não-governamentais — em que registra:
“Pelo nosso prisma, a Mulher tem direito
a ser Presidente da República, condutora
de religiões, capitã de indústria, de aviões
e navios transatlânticos; tem direito de
ser médica, engenheira, professora...
No trabalho, há um justo conceito de
valor entre homens e mulheres: o da
competência. Então, os sexos nisto
estarão harmonizados. Que brilhe o
Homem, que brilhe a Mulher, conforme
a competência de cada um. Isto não
quer dizer que homens e mulheres são
totalmente iguais. Aí está pelo menos,
de início, a anatomia para desmentir.
O que quero dizer é que não se devem
sustentar antigas barreiras e levantar
novas, firmadas em tabus, preconceitos
e interesses espúrios para impedir maior
influência da Mulher sobre o destino do
mundo. Homem e Mulher dependem um
do outro. Completam-se”.
Revelações de uma escritora
BOA VONTADE — Qual a sua
ligação com a Galícia, na Espanha?
Nélida — Eu comecei a amar a
Galícia muito cedo. Tive a felicidade
de perceber logo que era uma menina,
então uma mulher, de dupla cultura: a
brasileira e a de casa, que era a cultura
galega. Cresci em meio a muito amor,
uma vida familiar forte, e que sempre
me acompanhou. Pois bem, aos 10
anos a minha família decidiu — meus
avós, Daniel e Amada; meu pai, Lino
e minha mãe, Carmen — que seria
hora de eles voltarem, passarem uma
longa temporada na Europa. Sobretudo
em Galícia. Os preparativos foram
fenomenais. Lembro-me de que fomos
encomendar as malas, não eram malas
e sim baús. Como você vê no cinema,
que as atrizes puxam as gavetas e vão
saltando as peças. (...) Era um período
em que a Espanha vivia um momento
muito dramático, não só porque havia
terminado a Guerra Civil e a Segunda
Guerra Mundial, mas o país ficou numa
situação difícil com os aliados. Não
recebeu ajuda de modo algum. Então,
havia uma penúria muito grande. Assim,
levamos na nossa bagagem (só para as
pessoas ouvirem, abrindo o coração),
sabonete, goiabada, pessegada, café,
fazendas, sedas, pasta dental. Tudo
que você pode imaginar. E fomos com
algum dinheiro, claro. De modo que,
quando nós chegamos lá foi uma festa
extraordinária. Há pouco, em fim de
março, tive outra alegria profunda. Eu
que já fui muito homenageada pela
Espanha, inclusive com um anel de
brasão, dado numa cerimônia, quando
ganhei o título de doutor honoris causa.
A primeira mulher a receber esse título
em 504 anos. E, agora, recebi um título
que foi aprovado pelo Parlamento:
“filha adotiva de Cotobade”, que é
um conselho de muitas aldeias. Minha
família é de todas as aldeias. Foram dias
de festas, e em uma dessas solenidades,
havia uns 200 camponeses, tratores,
todo mundo veio me ver, aplaudir. E
um dos prêmios que ganhei, uma peça
linda de esmalte, representando uma
pontezinha modesta e uma capela, justo
porque eles leram que o momento mais
emocionante, quando chego a Galícia,
foi naquele lugar.
BV — Esses laços familiares
muito fortes, o amor pela Galícia e
Brasil contribuíram para inspirar
suas obras?
Nélida — Sim, marcou a minha
sensibilidade, imaginação e capacidade
Revista Boa Vontade
19
20. Selmy Yassud
Perfil
Por ocasião do seu centenário (1997), o saudoso Dr. Barbosa Lima Sobrinho
foi cumprimentado pelo escritor Paiva Netto. O então Presidente da ABI estava
acompanhado pela sua simpática esposa, Dona Maria José (centro), e pela
então Presidente da ABL, a escritora Nélida Piñon. Certa feita, Paiva Netto
declarou: “Se tivemos durante 103 anos um Dr. Barbosa, é porque ele teve uma
Dona Maria José”.
de inventar, de engendrar coisas. Eu
acho que não seria quem sou se não
fosse essa mulher de dupla cultura.
Meus pais foram de uma generosidade
extraordinária, abriam mão de coisas
para eles, para me oferecer uma formação
impressionante. Tenho uma dívida
de gratidão excepcional com meus
pais, pois me deram a oportunidade
de estudar o mundo grego e latino.
Tive uma formação que não era muito
típica do católico, que leva você para
o Novo Testamento. Como freqüentei
colégio alemão, estudei muito o Antigo
Testamento. Posso conversar sobre
teologia do Antigo Testamento, porque
me interessa muito o mundo religioso,
das grandes religiões. Ganhei tudo isso,
combinado com essa Espanha, da qual
nós (brasileiros) também emergimos,
fomos muito forjados por eles também,
não só pelo africano e o indígena.
BV — A senhora viaja bastante,
as outras culturas estão presentes
na sua obra?
Nélida — Olha, no meu
caso, excepcionalmente, é um
enriquecimento acentuado. Mas
também temos de levar em conta
casos como o de Machado de Assis,
que nunca saiu do Rio de Janeiro.
Ele teria feito só uma viagem para
Nova Friburgo (interior do Rio). E
Carlos Drummond de Andrade só foi
a Buenos Aires. Mas eram gênios. (...)
Eu não seria quem sou, se não tivesse
viajado, pensado, lido tanto, tocado
de algum modo o coração desses
outros povos. Sou uma mulher muito
sensível, ainda bem que forte.
20 Revista Boa Vontade
BV — Todo escritor tem uma
preocupação maior. Qual seria a sua
inquietação intelectual?
Nélida — Tenho uma permanente
inquietação, uma necessidade muito
grande de ampliar o meu saber, o
conhecimento. Eu não posso viver onde
estamos se não tiver consciência de hoje
e do passado. Gosto de freqüentar cinco
mil anos de História. Como escritora o
que me atrai muito, o que me faz tomar
cuidado ou inquietar-me, é que quero
ser capaz de criar um discurso inovador,
rejuvenescido.Ter a sensação que ainda
sou uma mulher renovadora, que pensa,
que se atreve a destruir aquilo que sabia
antes para criar uma coisa nova. Não
tenho medo de enfrentar o desconhecido.
Eu não posso perder a capacidade de
emocionar-me, de comover-me, de ter
compaixão e misericórdia. Nesse sentido
sou muito São Paulo, gosto muito da
linhagem teológica de Paulo. De (Santo)
Agostinho. Saindo do preconceito que
eles tinham com as mulheres. Mas isso
é outra coisa.
BV — O saudoso jornalista
Samuel Wainer costumava dizer
que todo jornalista é um literato
fracassado ou vice-versa. A senhora
acredita nisso?
Nélida —Talvez ele quisesse dizer
que pertenceu a uma geração, e ainda
há alguns assim, de homens cultos,
com grande leitura literária. Então sabia
que às vezes o jornalismo pode ter uma
escritura passageira, porque é consumida
naquele dia. Ele sempre soube, ou
terá sabido, que a literatura tem uma
permanência extraordinária. Agora, eu
sou uma apaixonada pelo jornalismo,
mas são linguagens diferentes. Ele
talvez tenha sido um pouco dramático,
no sentido que haja fracasso nas duas
instâncias criadoras, para o jornalista
e o escritor. Cada um segue a sua
vocação. Falta muito à grande imprensa
brasileira a figura do repórter culto, que
seja corajoso, quebre tabus, que não se
deixe corromper de modo algum. Eles
são essenciais para a vida da sociedade,
para que ela veja o que está ocorrendo
nos bastidores, nos subterrâneos, porões,
grotões.
BV — A sua estréia na literatura
foi com o livro Guia-Mapa de Gabriel
Arcanjo. Na obra, aborda a questão
do pecado, do perdão, e também
a protagonista conversa com o seu
anjo guardião, fala da questão dos
mortais com Deus. A senhora acredita
nessa força maior, que existe uma
Espiritualidade Superior?
Nélida — Olha, esse livro eu escrevi
com 17 anos, ele foi publicado quando
tinha uns 22, 23 anos. Um momento da
minha vida que estava inaugurando o
meu corpo, minhas paixões. Em meio
a tudo isso, possuía também grandes
indagações metafísicas. Deus sempre foi
uma presença muito forte na minha vida,
porque venho de uma família religiosa.
Mas interessante, esse amor a Deus, que
sempre tive com absoluta naturalidade,
nunca impediu que desenvolvesse uma
atração pelo mundo panteísta dos deuses
gregos. Não tenho na minha trajetória
obsessões religiosas, nunca as tive. Sou
muito aberta, sou inclusive iconoclasta
em muitos aspectos da religião (...) Você
sabe que os intelectuais não gostam de
falar em Deus; eu falo, pois Ele me
ajudou muito a viver.
BV — Como a senhora avalia
a mulher contemporânea na
sociedade?
Nélida — A mulher deu um salto
extraordinário nos últimos cem anos,
claro que não é um fenômeno novo na
trajetória humana. (...) Ela foi abafada,
humilhada historicamente, e vou lhe
dizer, ainda hoje isso ocorre em muitos
21. países. (...) Mas também há mulheres que aparecem
na ribalta, no teatro (não me refiro ao teatro físico)
da vida, que exibem uma frivolidade, banalidade,
vulgarização excepcional. Então, a tendência de
certas pessoas é acreditar que elas se perderam
em meio à liberdade; porque se desnudam, são
promíscuas em muitos aspectos. Mas não é bem
isso. Nós temos de entender que há Seres Humanos
que se queimam na ascensão, outros mantêm-se
equilibrados. (...) Não estou sendo moralista quando
falo contra a promiscuidade, mas critico uma certa
promiscuidade, e não a experiência de vivenciar o
amor, a paixão, ou ter uma relação, ou seja, não é
isso. O que percebo é que a promiscuidade é uma
coisa pegajosa; anestesia a emoção. Não estou
falando que a pessoa precisa amar para estar com
alguém. Digo que essa promiscuidade — repito a
palavra — faz com que a pessoa vire um objeto,
perca a ternura no trato alheio, comece a achar que o
corpo do outro é território da invasão, e não percebe
que o seu pode também ser invadido, sem qualquer
proveito. “Ah, não tem problema!”. Não é assim. O
corpo é uma entidade. Eu sou o meu corpo.
BV — “Valorizar a Mulher é dignificar o
Homem”. Esse pensamento do jornalista Paiva
Netto exprime a idéia de que valorizar o sexo
feminino não significa desvalorizar o masculino.
De fato não tem nada a ver uma coisa com a
outra.
Nélida — (...) É preciso dizer que, nesse
processo de autodefinição, os conflitos são
inevitáveis. E além do mais, só põem em evidência
uma coisa que nós sempre soubemos e que é preciso
saber: que além de sermos diferentes, somos
mulheres. O Ser Humano é uma entidade privada e
é muito difícil você se aproximar do outro, mesmo
nas circunstâncias mais íntimas, o que é então uma
maravilha também. Ou seja, nós não somos iguais;
somos singulares, cada qual é uma singularidade.
Portanto, requer um empenho profundo quando um
se acerca, se aproxima do outro (...).
BV — Mais uma vez gostaríamos de
agradecer-lhe por nos receber.
Nélida — Agradeço muito o convite de vocês,
mando o meu abraço ao Presidente Paiva Netto,
que sempre é muito gentil e carinhoso comigo.
Admiro o trabalho (da LBV) e estou sempre à
disposição, espero que tenha podido contribuir de
alguma forma. Claro que o mistério é meu, mas
procurei dentro das minhas possibilidades repartir
com todos.
Revista Boa Vontade
21
22. P
História
Prefácio
de um jovem país
A saga de Anchieta: o primeiro Educador do Brasil.
D
esde que chegou ao Brasil,
aos 19 anos, em 1553, em
uma frota que trouxe o segundo Governador-Geral,
Duarte da Costa, duas coisas o Padre
José de Anchieta nunca deixou de
fazer: levar a mensagem da fé cristã
e ensinar o que sabia aos índios e colonos dessas terras, mesmo que para
isso fosse preciso enfrentar os mais
rudes e hostis caminhos.
Um outro grande baluarte de nossas artes, o músico e maestro Heitor
Villa-Lobos (1887-1959), que teve
nele um exemplo para o trabalho que
empreendeu, disse certa feita*: “O
maior homem da História do Brasil
foi José de Anchieta, precursor da
educação musical. Ele foi o nosso
primeiro instrumento de cultura,
lidando com gerações bárbaras. (...)
Anchieta não se limitou aos objetivos
imediatos, procurando despertar
os sentimentos artísticos dos índios,
através da música e do teatro. Só
uma visão genial apreenderia, de tão
longe, o privilégio desses processos da
verdadeira cultura, realizando nas
selvas a mais profunda dignificação
do homem”.
E com suas canções, poemas, sermões e peças teatrais — compostos
por ele em latim, português, espanhol
22 Revista Boa Vontade
e tupi — o religioso realizava a catequese, dando continuidade à missão
da Companhia de Jesus, na qual fora
recebido como noviço, dois anos antes
da viagem ao mundo novo (em 1551),
ainda em Portugal.
A tarefa de Anchieta — que nasceu
na Tenerife, uma das ilhas Canárias,
pertencente à Espanha, em 1533 — e
dos demais jesuítas, liderados pelo Padre Manuel da Nóbrega (1517-1570),
não foi nada fácil. No Brasil daquela
época, poucos eram os brancos, em
relação ao número de indígenas, e,
mesmo eles acabavam por abandonar
os costumes originais. Enfrentavam
ainda a revolta dos nativos ante as
tentativas de escravizá-los.
Nesta terceira leva em que chegou
o noviço José, vieram mais seis outros
padres, e logo foram encaminhados
por Nóbrega a diversos locais no País.
Para a capitania de São Vicente, sob
a liderança do Padre Leonardo Nunes seguiu um grupo, e nele estava
Anchieta.
Em nosso país encontrou a vocação de ensinar, graças à grande
bagagem adquirida durante os anos
em que estudou no Colégio das Artes
da Universidade de Coimbra, em
Portugal, dos 14 aos 18 anos, no qual
se tornou mestre da língua e lingüista,
desenvolvendo os talentos da prosa,
poesia e dramaturgia.
Para lecionar, teve também de
se comunicar com os nativos daqui,
aprendendo as primeiras palavras
do Abanheenga, língua geral dos
índios tupis e guaranis, com o Padre
Auspicueta. Foi José de Anchieta
ainda que percebeu uma raiz comum
entre os diversos dialetos indígenas,
consagrando o termo “tupi” para
designar essa origem. Anos depois,
com o conhecimento que adquiriu,
pôde escrever a Gramática da Língua mais falada na Costa do Brasil,
em que dá as bases do idioma tupi.
O livro passou a ser usado por todas
as missões.
A maior capital brasileira também tem estreita ligação com a saga
heróica desses missionários, o que,
certamente, influenciou o caráter
pacifista do desbravamento das terras
paulistanas. Boa parte das cidades
despontou a partir da edificação de
um forte, mas, São Paulo surge da
fundação de um colégio, sob a inspiração de Nóbrega, e a participação
de mais treze jesuítas, vindos de São
Vicente.
De um barracão próximo a uma
aldeia de índios, surgiria a grande
metrópole, e é o próprio Anchieta que
25. 1553
narra o fato em carta: “A 25 de janeiro
do Ano do Senhor de 1554 celebramos
em paupérrima e estreitíssima casinha
a primeira missa, no dia da conversão
do Apóstolo São Paulo e, por isso, a ele
dedicamos a nossa casa”. Este casebre
servia de dormitório, enfermaria,
escola, refeitório, cozinha e mesmo de
capela, até o crescimento da localidade e surgimento de novas e melhores
construções.
O Diretor-Presidente da Legião
da Boa Vontade, José de Paiva
Netto, é quem dá a esse episódio
um caráter ainda mais especial.
Para ele, não é por acaso que
a maior cidade brasileira teve
essa origem. Na década de 1980,
estando exatamente no marco zero
da capital paulista, no pátio do
colégio, proferiu discurso, no qual
destacava:
“Quando você pretende
transplantar para um jardim árvore
de rara preciosidade, vai buscar o
mais competente jardineiro.
“Jesus transplantou a Árvore do
Seu Evangelho e do Seu Apocalipse,
da Palestina para o nosso país,
como está revelado no livro Brasil,
Coração do Mundo, Pátria do
Evangelho, do Espírito Humberto
de Campos. E foi buscar para essa
obra gigantesca aqueles que, com
Ele, a semearam, há dois mil anos,
naquela distante região do Oriente
Médio.
“Foi buscar, evidentemente,
os mesmos humildes jardineiros
que O ajudaram, no Cristianismo
primitivo, a fazer a semeadura da
Árvore (...)”.
Relembrando nomes como o
de Anchieta, Nóbrega, Manuel
de Paiva, Luiz da Gran, Diogo
Jácome, João de Almeida, comenta
o dirigente da LBV: “(...) A maioria
renasceu no Brasil. E, aqui, no
Pátio, eles fizeram o replantio
da Árvore do Evangelho, com
os parcos e primitivos meios que
tinham em suas calejadas e sofridas
mãos (...)”.
Paiva Netto conclui suas palavras
afirmando que, nos tempos atuais,
se repete, a partir de São Paulo para
o Brasil e o mundo, um novo ciclo
de evangelização, só que pregando o
Cristianismo do Novo Mandamento
(Amai-vos uns aos outros como Eu vos
amei; João 13:34), preparando para
essa grande missão todos de Boa
Vontade, que são os bandeirantes
modernos de Nosso Senhor Jesus
Cristo!
Mais de 4 mil versos latinos escritos, na
areia, à Virgem Maria.
E não é apenas neste episódio que o
sacerdote se destacou, também na missão de paz com os tamoios, depois que
estes, aliados dos franceses, fizeram
uma tentativa de tomar São Paulo,
em 10 de julho de 1562. Pois apesar
da vitória portuguesa, o embate foi
sangrento para ambos os lados.
Manuel da Nóbrega vendo que
as razões que levaram os tamoios a
tal atitude foram as tentativas por
parte dos colonos de Portugal em
escravizá-los, e que, portanto, eram
justos seus motivos, chamou Anchieta
para ambos empreenderem a difícil
tarefa de pacificação e amizade. Após
intermináveis conversas entre os dois
lados e enfrentando até mesmo o risco
de morte, em sete meses que ficaram
cativos, os jesuítas alcançam a paz
com as tribos cujos chefes estiveram
em Iperoig, Ubatuba/SP. É durante
esse exílio forçado que o religioso
escreve também o famoso poema
de 4.172 versos latinos nas areias da
praia, intitulado De Beata Virgine
Dei Matre Maria (Da Virgem Santa
Maria Mãe de Deus). Voltando para o
Colégio São Vicente, José de Anchieta
trata de passar para o papel os versos,
decorados um a um por ele.
Em 1567, expulsa com Estácio de
Sá os franceses do Rio de Janeiro.
Dois anos depois, é nomeado reitor
do colégio de São Vicente e, em 1578,
é elevado a provincial da Companhia
de Jesus no Brasil. Neste tempo, viaja
toda a nação para espalhar a fé cristã,
visita colégios de padres, funda outros
em Pernambuco, Bahia e Espírito
Santo.
Cansado e alquebrado pela doença
e inúmeras atividades, deixa com a
idade de 52 anos o cargo de provincial.
Viaja para o Rio, mas a necessidade
o faz ir para o Espírito Santo onde
encerra seus dias, morrendo a 9 de
junho de 1597, em Reritiba/ES, com
63 anos de vida e 44 de apostolado em
nosso País.
É tamanha a comoção na colônia
com seu falecimento que mais de
3.000 índios acompanham o enterro, num percurso de 90 quilômetros, de Reritiba até Vitória, para
despedir-se de um homem que,
durante toda a sua existência, se
dedicou a ensinar e a levar a fé em
Deus.
[L.S.M.]
___________
*Palavra extraída do livro Presença de
Villa-Lobos (Brasília, Mec/Dac, MVL,
1970, p.114, v.5)
Revista Boa Vontade
25
26. Turismo
Uma das belas paisagens da Serra Gaúcha
Serra Gaúcha
As várias culturas da Europa no Rio Grande do Sul
Débora Verdan
Fotos: Prefeituras Municipais de Gramado e de Canela
I
r à Serra Gaúcha é como viajar para a Europa sem sair
do Brasil. É uma mistura da
cultura e da tradição européia
com o charme brasileiro. Muitas
pessoas pensam que as cidades
dessa região ficam situadas na
encosta de um morro, recobertas
de neve nos dias frios do ano. E
logo, cria-se a imagem de turistas
diante de uma lareira, degustando
um vinho ou saboreando um fondue
num ambiente acolhedor, quente e
rústico.
A Serra é formada por três regiões: a de colonização italiana, a
de tradição alemã e aquela em que
predomina a cultura gaúcha, mistura que a torna um local único.
Região das Hortênsias — Esta
localidade é uma das mais bemestruturadas da Serra Gaúcha para
receber o visitante. Os caminhos
cercados por essas flores constam
26 Revista Boa Vontade
dos melhores roteiros turísticos do
Brasil. Hotéis, pousadas e restaurantes oferecem opções que vão
do confortável simples ao refinamento sofisticado. Colonizada por
italianos e alemães, revela muita
influência da gastronomia dos dois
países, traço que combina com a
típica culinária gaúcha.
Em Canela, a temperatura no verão é de aproximadamente 21,5°C
e, no inverno, de 7,6ºC. Com cerca
de 30 mil habitantes, a cidade tem,
além da agradável hospitalidade,
lugares que vale a pena conhecer
como o Parque do Pinheiro, um
dos mais antigos em todo o Sul do
País. Estima-se que a árvore que
deu nome ao Parque, e que ainda
está em plena produção, tenha entre 500 e 700 anos de idade. Mede
42 metros de altura e 2,7 metros
de diâmetro.
Outro lugar atraente é a Floresta
Encantada, que fica diante da Cascata do Caracol. Com extensão de
405 metros, o teleférico leva a um
mirante com vista para a Cascata e
para o Vale da Lageana. O parque
27. Setur/ Fotógrafa: Solange Brum.
Ir à Serra Gaúcha é como
viajar para a Europa
sem sair do Brasil. É uma
mistura da cultura e da
tradição européia com o
charme brasileiro.
rante o Natal da Luz, por exemplo,
Gramado recebe pelo menos um turista para cada habitante. O número
de pessoas, na cidade, às vezes,
dobra em um fim de semana.
Uma das principais características do clima são as quatro estações
bem definidas. A 900 metros de
altura, a cidade apresenta temperaturas abaixo de zero nos meses
de junho, julho e agosto. É quando
ocorrem nevascas, e Gramado se
veste de branco. Nessa temporada,
brincar na neve é mais uma atração. A neblina, ou névoa, também
é freqüente, criando a poética de
um inverno verdadeiramente cinematográfico.
Respirar o ar puro da região é
comparável a vislumbrar belos e
exóticos horizontes. Por um capricho da Natureza, o turista pode
ter essas duas emoções e gravá-las
para sempre na boa memória.
Alguns dias em contato com a
fantasia européia da Serra Gaúcha
deixam o visitante influenciado
pela magia do lugar. Tudo parece
calculado para encontrar você e
sua família. A tradição das casas
enfeitadas e das ruas bem-cuidadas demonstra que, antes dos
visitantes, os moradores foram os
primeiros a se apaixonar pela SerFotos: Divulgação.
proporciona a prática de esportes
radicais com o trekking, mountainbike e canyonning. O visitante
poderá percorrer as trilhas da
Floresta Encantada para encontrar
elementos da fantasia imaginária
e desfrutar também de inúmeros
equipamentos de diversão e lazer.
Quem gosta de emoção não
pode deixar de conhecer a cidade
de Garibaldi. Lá, uma velha locomotiva, a Maria-Fumaça, encanta
pessoas de todas as idades. É o
único trem de passageiros do Rio
Grande do Sul e faz um trajeto
turístico pela Serra Gaúcha duas
vezes por semana. Percorre 23
km, com uma velocidade de até
30 km/h, rangendo nos trilhos e
soltando baforadas de fumaça entre
os municípios de Bento Gonçalves,
Garibaldi e Carlos Barbosa. Na
estação de Garibaldi, o passeio
reserva cantoria italiana, simulação
de assalto ao trem e degustação de
vinho.
Nesse município, também existe a Pista de esqui D. Santini, com
infra-estrutura de parque, que oferece 350 metros de pista artificial
para iniciantes, teleférico com 40
cadeirinhas, tobogã de 300 metros,
restaurante panorâmico, chalés
de montanha, artesanato e uma
maquete da Serra Gaúcha. Todos
os anos, durante o mês de julho,
ocorre o Campeonato Brasileiro
de Esqui.
Outra cidade que encanta o turista, por sua beleza, é Gramado.
Lá se realizam eventos importantes
como o Festival de Cinema, que
atrai brasileiros e estrangeiros. Du-
A Cascata do Caracol, localizada em parque de mesmo
nome, em Canela/RS, é um dos pontos turísticos mais visitados do Estado e tem uma queda de 131 metros.
A entrada do Parque do Caracol, a natureza exuberante do local e o
Castelinho, todos localizados em Canela/RS.
Revista Boa Vontade
27
28. 1) O estilo europeu predomina nas
construções; 2) A velha locomotiva
ainda faz o trajeto de passageiros
pela Serra Gaúcha duas vezes por
semana, percorrendo os municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi
e Carlos Barbosa e 3) As flores são
uma das atrações do local
28 Revista Boa Vontade
2
3
Setur/ Fotógrafa: Solange Brum.
1
Photo.com
ra. Quem resistir a esses encantos
ainda corre o risco de se render
ao sabor do chocolate artesanal,
ao requinte dos fondues, à exuberância dos cafés coloniais ou aos
temperos da comida italiana, alemã
ou gaúcha.
A Serra “Alemã” — Os municípios colonizados pelos alemães
localizam-se na parte mais baixa
da Serra. Em alguns deles, como
o Alto Feliz, Feliz, São Vendelino
e Tupandi, se tem a sensação de
estar na Alemanha. Casas em estilo
enxaimel, construídas no século
passado pelos imigrantes, ainda
são habitadas. Até mesmo as edificações mais recentes, com telhados
em estilo silesiano e pintura colonial e no interior dos aposentos,
lembram a imigração.
A preservação do dialeto é questão de honra para os descendentes
dos imigrantes. Em algumas localidades, o Português é tão pouco
usado que os moradores têm dificuldade para recordar as palavras.
Além do idioma e muitos hábitos,
os antigos moradores também legaram a alegre e deliciosa tradição
do Kerb, festa típica na qual não
faltam lingüiça, cuca, chope e a
animação das bandinhas. Vale a
pena conhecer!
Uma das descobertas mais
encantadoras para quem percorre
essa região do Rio Grande do Sul
é perceber que os contos de fadas
parecem reais. Flores nas janelas,
jardins impecáveis, lagos cuidadosamente planejados e a arquitetura
fazem com que esse pedacinho
do Brasil se torne um cantinho da
Europa.
Divulgação
Turismo
29. Roteiros
do Brasil
ura
Armando Kitam
Nilton Pred
a
Armando Ki
tamura
O monumento mais
visitado de Brasília e
seus ambientes — Na
primeira foto, aspecto
da Sala Egípcia; ao
centro, perspectiva
externa do Conjunto
Ecumênico da LBV
(ParlaMundi, Sede Administrativa e o Templo da Boa Vontade);
e, na imagem abaixo, a
Fonte Sagrada.
Templo da Boa Vontade é destacado no Salão do Turismo de SP
A
procura dos turistas internacionais por boas opções
nas regiões brasileiras tem
se consolidado como uma
das maiores fontes de renda para a
economia do País. Prova disso são
os primeiros resultados do Plano
Nacional de Turismo — lançado pelo
governo federal em 2003 — divulgados pela Embratur. Segundo o órgão,
a atividade foi responsável por gerar
um lucro superior a 1,6 bilhão de dólares para o Brasil, durante o primeiro
semestre do ano passado.
Para estimular ainda mais o cres-
tes tiveram a
oportunidade
de conhecer um pouco mais dos
destinos turísticos que oferecem as
cinco regiões. Participaram do evento
as Secretarias de Turismo de todos os
Estados brasileiros, até mesmo a do
Distrito Federal esteve com um estande no pavilhão vermelho. O Templo
da Boa Vontade, como monumento
mais visitado da capital do Brasil,
teve destaque no estande da Setur/DF.
Um banner do TBV foi estampado e
folhetos de divulgação do monumento foram distribuídos. [R.O.]
cimento do setor, foi realizado no
Expo Center Norte, em São Paulo/SP,
entre os dias 1º e 5 de junho, o Salão
do Turismo, primeiro grande evento
do gênero realizado no País, que
trouxe 451 novos roteiros turísticos
pelo Brasil, organizados pelo Ministério juntamente com agências de
marketing, de viagens internacionais
e governos estaduais. Teve como
objetivo ampliar a oferta turística brasileira, descentralizando a procura de
viagens dos destinos tradicionais.
Nos estandes espalhados pela
feira, os mais de 100 mil visitan-
Subsecretário do Governo Federal
Nádia Preda
visita Templo da Paz
João Areis Preda
O
subsecretário João Carlos
Nogueira, da Secretaria
Especial de Políticas de
Promoção de Igualdade
Racial, órgão de assessoramento ao
Presidente do Brasil e que compõe
a estrutura da Presidência da República, durante visita ao Templo
da Boa Vontade — A Pirâmide dos
Espíritos Luminosos, fala de sua
admiração pela proposta pedagógica da LBV. “Essa estratégia educacional, a partir de uma proposta
precisa, a qual tive a oportunidade
de conhecer melhor hoje, parte do
pressuposto de que o Ecumenismo
é um valor humano e um valor pedagógico. Nós temos a promoção da
O subsecretário deixa seu depoimento registrado no livro de visitas
do Templo da Boa Vontade
igualdade racial também com uma
estratégia de ação, e ambas buscam
fazer com que as populações se
encontrem. Não acreditamos que o
desenvolvimento no nosso País, da
nossa sociedade, possa se dar de forma equilibrada sem o encontro das
diferenças pessoais”, ressalta Nogueira. Para o subsecretário “a LBV
está de parabéns. Não basta você ter
um grande projeto, é preciso ter uma
proposta pedagógica, o sentido educativo dela, e hoje observei a movimentação das pessoas no interior da
LBV. É um projeto vitorioso! E ele
tem muito a fazer e contribuir com
as políticas de governo e, sobretudo,
com a sociedade brasileira”.
Na mesma data da visita ao
Templo da Paz, Nogueira participou
das gravações do programa Brasil
Democrático, veiculado pela Rede
Mundial de Televisão.
Revista Boa Vontade
29
30. Divulgação
Samba e história
Pery Ribeiro, expoente da
Bossa Nova, foi também
um amuleto para Carmen
Miranda.
Primeira voz para
Garota de Ipanema
Francisco Trombino
O
Reprodução BV
A seção “Samba e
História”, cuja série de
entrevistas é comandada
pelo radialista Hilton
Abi-Rihan (foto), estréia, este mês, com o
cantor Pery Ribeiro.
ano era 1938. Um burburinho
rondava a classe artística: o
início da carreira de Carmen
Miranda nos Estados Unidos
da América. Mas algo não estava bem,
os empresários americanos demoravam
a encaminhar o contrato de trabalho da
artista para o Brasil. Solução encontrada
por uma conhecida dela: uma simpatia
na qual Carmen teria de levar um bebê
para casa e, se ele fizesse xixi em sua
cama, no dia seguinte a correspondência
viria.
Dalva de Oliveira e Herivelton
Martins, embora desconfiados da tal
superstição, concordaram em conduzir
o filho à residência da amiga. O pequeno
Pery mal chegou e a cantora fez com
que bebesse uma verdadeira cascata de
sucos, vitaminas, água... e nada. Carmen
começou a ficar desesperada e foi para
a sala relaxar um pouco. Quando voltou
ao quarto, uma surpresa a aguardava.
Pery tinha feito tanto xixi na cama que
seria preciso até trocar o colchão.
Abi-Rihan (D), ao lado de
Pery Ribeiro, durante o
programa Samba e História, nos estúdios da Super
Rádio Brasil AM 940 kHz,
do Rio de Janeiro.
30 Revista Boa Vontade
“Quero mandar um abraço ao
Paiva Netto. Eu o conheci há muitos
anos, na época do grande Alziro
Zarur, e o Paiva Netto merece toda
a nossa consideração, respeito e
carinho, porque a Obra a que deu
continuidade na LBV é algo maravilhoso.”
Por mais estranho que pareça, a
promessa deu certo e A Pequena Notável
receberia, um dia depois, a tão sonhada
carta com o convite para viajar para os
EUA e tentar a sorte em Hollywood.
Mesmo sem ter a mínima idéia do
que estava ocorrendo, o menino participou deste curioso episódio. Como o
destino costuma pregar peças, passado
muito tempo, é o próprio cantor quem
está trabalhando e morando na terra do
Tio Sam.
Recentemente, Pery Ribeiro esteve
no Samba e História*1 para falar dessa
nova fase da carreira, e aproveitou para
dar os parabéns ao dirigente da LBV por
ter criado uma atração voltada para a
cultura nacional, que abre espaço até aos
artistas que permanecem fora da mídia,
mas que possuem talento. O programa,
apresentado pelo consagrado radialista
Hilton Abi-Rihan, é exibido pela Super
Rede Boa Vontade de Rádio e Rede
Mundial de Televisão, tendo neste número da revista sua seção inaugural.
Durante o bate-papo, enviou um
recado ao Líder da Instituição. “Quero
31. “Cada vez que vou a Brasília,
jogo as malas no hotel, vejo se
mandar um abraço ao tenho ensaio, pego um táxi e energizar”.
Paiva Netto. Eu o co- vou lá para o TBV, pois quero
Assim como os
nheci há muitos anos, na
milhões de peregrime energizar.”
nos que freqüentam
o TBV*2, o músico
percorre a espiral da Nave, um ritual
criado pelos próprios visitantes. “Tem
um caminho no miolo da Pirâmide,
em que há uma fila para ir ao centro.
Você vai caminhando para sair daquele
círculo, e é uma energia fantástica, fora
a construção, um ambiente de primeiríssimo mundo”.
O artista ressalta ainda o Ecumenismo Irrestrito preconizado pelo TBV.
“Ali não importa de qual religião você é.
O importante é estar dentro da Pirâmide
e se energizar pelo que ela lhe oferece.
E quando sai, a gente se sente leve, é
Programa Samba e História — Exibido
pela Rede Boa Vontade de Rádio, aos domingos, às 5 horas da manhã e às 14 horas. Na
Rede Mundial de Televisão, aos sábados,
às 23 horas, e aos domingos, às 15 e 23
horas.
*1
*2
O Templo da Boa Vontade — A Pirâmide dos Espíritos Luminosos — já
recebeu mais de 15 milhões de turistas e
peregrinos, segundo dados da Secretaria de
Turismo do Distrito Federal (Setur), e está
localizado no SGAS 915, lotes 75 e 76. Informações: (61) 245-1070.
Carmen Miranda, A
Pequena Notável.
Reprodução BV
época do grande Alziro
Zarur, e o Paiva Netto
merece toda a nossa consideração,
respeito e carinho, porque a Obra a
que deu continuidade na LBV é algo
maravilhoso. Sei que ele gosta muito
de mim e eu gosto muito dele. Temos
uma admiração mútua e desejo que
Deus lhe dê vida longa para continuar
essa Obra maravilhosa, a qual ele deu
prosseguimento depois de Zarur de uma
forma magistral e divina”, disse.
Foi o primeiro intérprete da música
Garota de Ipanema (1963) — uma
das canções brasileiras mais tocadas
e gravadas no mundo (além de 3.000
vezes) —, de Barquinho, entre outras.
Por isso, considera-se um dos pioneiros
da Bossa Nova, que, segundo ele, é “o
maior movimento musical brasileiro
de todos os tempos”. O nome Pery
Ribeiro foi presente do radialista César
de Alencar, da Rádio Nacional. Antes o
músico se chamava Pery Martins, mas
a mãe, Dalva de Oliveira, questionava
“se não usar Oliveira, não usará Martins
também”, diverte-se.
A estréia aconteceu por acaso, durante o programa Meio-Dia, da TV Tupi.
Pery era cinegrafista. Num determinado
dia, um cantor faltou na atração e, para
não haver “buraco”, o apresentador Jaci
Campos, que já conhecia o trabalho do
cameraman, o chamou para cantar.
O músico Luiz Bonfá o orientou
em diversos momentos da carreira e foi
quem o impulsionou a gravar seu primeiro disco 78 rotações, com as músicas
Manhã de Carnaval e Samba de Orfeu,
mas o primeiro sucesso foi Inteirinha, de
Luiz Vieira. Com Bonfá, gravou o LP
Pery Ribeiro e Seu Mundo de Canções
Românticas, um estilo sempre presente
em sua trajetória.
Quando vem ao Brasil faz questão de
visitar os amigos, parentes e o Templo
da Boa Vontade, o monumento mais
visitado da capital federal. “Cada vez
que vou a Brasília, jogo as malas no
hotel, vejo se tenho ensaio, pego um
táxi e vou lá para o TBV, pois quero me
uma sensação muito gostosa, de energia
interior forte”, explica.
Atualmente, Pery Ribeiro faz turnês
com a cantora Leny Andrade com um
repertório do melhor da Bossa Nova e
do Jazz. Em novembro, há um concerto
já agendado para a Europa. [D.V.]
_______________________
Revista Boa Vontade
31
32. LBV no mundo
No destaque, aspecto geral do evento, realizado na Sala de Conferência nº 1, na
Sede da ONU, em Nova York/EUA. Da esquerda para a direita, compondo a mesa,
Dr. Masaru Emoto, cientista e escritor japonês; o Embaixador Anwarul K. Chowdhury, de Bangladesh, Subsecretário-Geral da ONU; Dra. Ida Urso, Presidente da
Aquarian Age Community; Maria Malaman, representante da LBV; e Iris Spellings, da
Aquarian Age Community.
Espiritualidade, Ciência e Consciência
nas Nações
Danilo Parmegiani
Fotos: Eliana Gonçalves
A
reportagem abaixo foi publicada nos Estados Unidos pelos jornais Brazilian
Press, Brazilian Voice e
Luso-Americano. Os periódicos têm
circulação em 12 Estados norteamericanos (Nova Jersey, Nova York,
Connecticut, Massachusetts, Flórida,
Washington, Virgínia, Maryland, Califórnia, Rhode Island, Pensilvânia e
Geórgia).
32 Revista Boa Vontade
Como as Dimensões Espirituais da
Ciência e da Consciência podem ajudar as Nações Unidas e a Humanidade
a alcançar melhores padrões de vida,
num contexto de maior liberdade?
Essa pergunta foi pauta do seminário
co-organizado pela Legião da Boa
Vontade (LBV), no dia 26 de maio
de 2005, na sede da Organização das
Nações Unidas (ONU) em Nova York,
reunindo pesquisadores e lideranças
internacionais em torno do desafio
de encontrar caminhos mais eficazes para vencer os problemas que o
mundo enfrenta na atualidade. Nesse
contexto, o encontro representou um
marco na formação do novo paradigma que deve ser estruturado para
que se compreendam as dimensões
espirituais e sua aplicabilidade no desenvolvimento sustentável do Planeta,
apresentando propostas que vão ao
encontro dos objetivos traçados pelo
Diretor-Presidente da Instituição, José
33. Unidas
Espiritualidade, Ciência e Consciência foram tema de seminário
co-organizado pela LBV na sede da ONU em Nova York/EUA
de Paiva Netto, desde 2000, quando
lançou o Fórum Mundial Permanente
Espírito e Ciência (FMPEC), da LBV
(www.forumespiritoeciencia.org.br).
O evento lotou a Sala de Conferências nº 1 da ONU. O entusiasmo do
público surpreendeu até o comitê organizador, que, às vésperas, precisou
transferir o local para um auditório
maior, por causa da grande quantidade
de inscrições.
Abriu o seminário a musicista
Dra. Eileen Kalaa Ain, conhecida
por exibir composições de improviso
a partir da vibração do ambiente. Em
seguida, houve as palavras iniciais da
Aquarian Age Community (Aquaac) e
da LBV, que possuem status consultivo na ONU e lideram o subcomitê
de organizações não-governamentais
Dimensões Espirituais da Ciência e
da Consciência. Redirecionar as prioridades mundiais, passando de uma
consciência individualista e nacional
para uma consciência global e elevada, proveniente da alma, foi tema
do discurso da presidente da Aquaac,
Dra. Ida Urso. Para ela, essa mudança
renovará o sentido de liberdade.
Já a educadora Maria Conceição
Malaman, representante da LBV na
ONU, saudou os participantes com a
mensagem de Paiva Netto, intitulada
“Transformação pela consciência
espiritual”, constante do seu artigo
“Questão de Morte ou de Vida?”. A
Revista Boa Vontade
33
34. LBV no mundo
Na imagem à esquerda: a equipe da LBV em Nova York; ao centro, Danilo Parmegiani,
representante da Instituição no evento, aparece ao lado do Embaixador Anwarul K. Chowdhury; à
direita, o lingüista e cientista social James Hurtak.
platéia acompanhou atenta o texto
por meio de publicação sobre o Fórum Mundial Permanente Espírito e
Ciência — elaborada especialmente
para esse seminário em três idiomas
(português, inglês e espanhol) —,
no qual o autor defende o reconhecimento, pelo Ser Humano, de sua
identidade espiritual e a necessidade
de sua integração no Amor.
A representante do Conselho
da Conferência das Organizações
Não-Governamentais com Relações
Consultivas para as Nações Unidas
(Congo), Leslie Wright, compareceu
ao encontro para prestigiar a palestra
da Legião da Boa Vontade. “A LBV
sempre faz um excelente trabalho”,
afirmou. Outra personalidade conhecedora do trabalho da organização
brasileira e que também participou
do seminário foi o lingüista e cientista
social James Hurtak, um dos palestrantes da Primeira Sessão Plenária
do FMPEC, que ocorreu, em 2000,
no Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica (ParlaMundi), em
Brasília/DF. “O fórum da LBV é a
centelha do que precisa ser feito pelo
mundo, reunindo pensadores, educadores, jornalistas, doutores, pessoas
de diferentes conhecimentos, cujas
experiências nas dimensões espirituais tragam esperança à Humanidade”,
recordou-se.
As conferências principais ficaram
a cargo de duas sumidades nas respectivas áreas de atuação. O Embaixador
34 Revista Boa Vontade
Anwarul K. Chowdhury, de Bangladesh, Subsecretário-Geral da ONU, e
o cientista e escritor japonês Masaru
Emoto demonstraram, sob a ótica das
relações humanas e da Ciência, a diferença que a Espiritualidade pode exercer na superação de desafios, como os
oito Objetivos de Desenvolvimento
do Milênio (ODMs), estabelecidos,
em 2000, pelas Nações Unidas e
assumidos por 191 países membros
— entre eles o Brasil —, devendo ser
alcançados até 2015.
Evolução da consciência
O Embaixador Chowdhury,
reconhecido mundialmente pela
função que passou a desempenhar
em 2001, a de Alto Representante
da ONU para os Países Menos
Desenvolvidos, focou sua apresentação no impacto que a evolução
da consciência pode causar no
cumprimento dos ODMs. “É muito
importante que as nações mundiais
e a sociedade civil se reúnam no
desenvolvimento dessa consciência
para ajudar outras partes do mundo,
sentir que fazemos parte de uma
comunidade global e que, portanto,
precisamos cuidar uns dos outros.
Somente assim atingiremos as metas do milênio”, argumentou.
A respeito da iniciativa de um
evento na ONU da natureza desse
seminário, disse: “Tudo está conectado. Temos de ter sempre em
mente que cada aspecto da existência humana está inter-relacionado.
Causamos impacto uns sobre os
outros; então, temos de ter uma
visão geral sobre toda a existência humana”. Particularmente em
relação à obra que a LBV realiza,
declarou: “Eu quero encorajar o
trabalho que desenvolvem. Fazem
um trabalho maravilhoso, o qual
aprecio muito”.
Mensagens Secretas da
Água
A pesquisa do Dr. Masaru Emoto,
autor do livro The Hidden Messages
in Water (Mensagens Secretas da
Água), já foi apresentada no mundo
inteiro, tendo sido traduzida para dezenas de idiomas. Tanta repercussão
se deve ao fato de o cientista ter conseguido captar, por meio de microscópio, fotografias de cristais d’água
congelados. As imagens tomam belas
formas quando o líquido está exposto
a palavras com boas vibrações. Do
mesmo modo, o oposto ocorre, desfigurando o cristal fotografado quando
palavras negativas e destrutivas são
usadas. “Minha pesquisa pode, gradativamente, despertar nas pessoas
os mistérios da vida, revelados pela
água. Também poderão perceber a
relação intrínseca que existe entre
a água e as pessoas. Tudo vibra. Se
criarmos boa vibração, criaremos
bons fenômenos”, ressaltou.
35. O Novo Mandamento de
Jesus e a ONU
Uma das intervenções da platéia
foi a da adolescente Mariana Malaman, integrante da Juventude Ecumênica da Boa Vontade nos Estados
Unidos, que ficou empolgada ao ver
as fotos dos belos cristais formados
quando a água é exposta a palavras
com boas vibrações. Dirigindo-se ao
Dr. Emoto, contou a todos um pouco
sobre o programa Peace and Good
Will Garden (Jardim da Paz e da Boa
Mariana Malaman
Vontade), no qual jovens da LBV
promovem atividades em escolas
norte-americanas para mobilizarem
estudantes a refletir sobre a paz,
a concórdia e o amor, “inspiradas
pelo Novo Mandamento de Jesus:
Amai-vos uns aos outros como Eu
vos amei (João, 13:34)”. A pergunta
de Mariana ao cientista foi se ele já
teve curiosidade para saber qual imagem o líquido teria ao contato com
o Mandamento do Cristo. Várias
pessoas, depois da palestra, cumprimentaram-na pela participação
e disseram que “seria certamente a
mais bela de todas”, conta ela.
A diretora da World Peace Prayer
Society, Deborah Moldow, ressaltou
essa marca do trabalho da Instituição.
“A LBV é a demonstração prática
dos ensinamentos de Jesus. Eu amo
a LBV, porque ela não se preocupa
com quem está certo ou errado, ou
de quem é a culpa, simplesmente vai
e realiza. Vive a consciência cristã
e demonstra que o amor pode curar
o mundo.”
Sede das Nações Unidas, em Nova York (Estados Unidos).
As atividades continuam
O seminário foi resultado das atividades permanentes do subcomitê de
ONGs Dimensões Espirituais da Ciência e da Consciência, o qual a LBV colidera desde outubro de 2004. O convite
para integrá-lo partiu de Diane Williams,
Presidente do Comitê de Espiritualidade,
Valores e Interesses Globais de ONGs
nas Nações Unidas, durante a realização
da Segunda Sessão Plenária do FMPEC,
também ocorrido no ParlaMundi, no ano
passado. O grupo, composto de várias
organizações parceiras que focam essa
temática, pretende promover com outros
comitês e organizações com status consultivo na ONU, em outubro de 2005,
um grande evento, chamado “O espírito
da ONU”, o qual celebrará ainda os 60
anos das Nações Unidas.
Transformando o Homem a
partir do Espírito
No raiar deste novo milênio,
o mundo enfrenta inúmeros problemas globais, que desafiam o
Ser Humano a repensar conceitos
e atitudes. O avanço tecnológico
da Humanidade chega a patamares surpreendentes, contudo
acompanhado pelo constrangedor
paradoxo da crescente desigualdade social. Governos mundiais,
as Nações Unidas e a sociedade
civil empenham-se para garantir
a sustentabilidade do Planeta e
melhor qualidade de vida a todas
as pessoas.
Esse quadro do nosso momento histórico mostra uma etapa
decisiva da trajetória evolutiva
do mundo. O novo paradigma
espiritual que surge acaba por se
apresentar como medida urgente
que promova a maturidade e a
responsabilidade dos coletivos a
partir da transformação íntima do
indivíduo. Como pioneiramente
apregoa Paiva Netto, “Cuida do
Espírito, reforma o Ser Humano.
E tudo se transformará”.
Revista Boa Vontade
35
36. Atualidades
Missão de Paz
Crianças da LBV homenageiam soldados
brasileiros que partiram para o Haiti
O
Simone Barreto
Fotos: Jorge Alexandre.
rgulho por representar o
Brasil no cenário mundial,
no cumprimento de tarefa
no Haiti, misturado à emoção na despedida dos parentes que
aqui ficaram. Assim foi marcada a
solenidade do embarque de mais uma
tropa do 3º Contingente da Força
Expedicionária Brasileira (FEB),
que partiu no dia 1º de junho do Rio
de Janeiro/RJ — da base aérea do
Galeão —, rumo a Porto Príncipe,
capital do Haiti, com um total de
205 homens do Exército e 75 da
Marinha.
Cada grupo que participa da missão de paz da ONU permanece seis
meses no País
ajudado. O
objetivo dos
solda-
dos é dar segurança à população,
auxiliar na reconstrução das cidades
e garantir que o processo eleitoral,
que ocorre nos meses de outubro,
novembro e dezembro deste ano,
seja realizado de forma democrática
e com sucesso.
Antes de embarcarem, os militares cantaram o Hino Nacional Brasileiro e fizeram uma prece pedindo
Paz para os povos e para que a missão
fosse bem-sucedida. A convite do Tenente-Coronel Novaes, responsável
pela tropa, e do Dr. César Bastos,
da Secretaria Estadual de Justiça e
Cidadania do Rio de Janeiro, o Coral
Ecumênico Infantil LBV cantou as
músicas Pai-Nosso, Canção do Exército e Queremos a Paz, simbolizando
uma homenagem em nome de todos
os cidadãos do País.
O Tenente-Coronel Novaes afir-
mou ser importante a presença da
Legião da Boa Vontade num ato tão
significativo para eles. “As crianças
cantaram no momento mais importante para nós, que é a hora do nosso
embarque. O canto do Coral das
crianças da LBV será o último som
que os soldados vão levar da nossa
Pátria. (...) Pode ter certeza de que
vamos lembrar muito disso no Haiti.
Nós agradecemos a presença da LBV
aqui. Fiquem com Deus no Brasil e
nós vamos torcer, também, pelo su-
Coronel Mangiavacchi Dr. César Bastos
Coral Ecumênico Infantil LBV emociona
militares no Rio de Janeiro.
37. Major Mozart
Ten. Cel. Novaes
cesso de vocês”, disse emocionado.
Para o Secretário Estadual de
Justiça Dr. César Bastos “como todas
as ações feitas pela Obra — que procuram levar às crianças uma noção
sempre do civismo, da participação,
não só do ensino, mas do envolvimento como cidadão integral —,
neste evento elas estão tendo uma
noção do que o Brasil vai fazer no
Exterior. Isso faz crescer dentro das
crianças, das próprias pessoas que
são tratadas pela LBV, uma formação
cidadã, vendo que o Brasil é participativo e que elas, por intermédio da
LBV, podem ter participação integral
num Brasil melhor”.
Segundo o Major Mozart, da
Força Aérea Brasileira: “É importante a presença das crianças nessas
missões, principalmente missões da
General Curado
ONU, porque elas levam esperança
para a tropa de Paz. Além disso, vemos que é mais uma parte familiar.
Envolve os militares, a esperança de
um futuro para todos nós”, frisou.
O Coronel Mangiavacchi, Comandante do 3º Contingente da Força
Brasileira de Paz para o Haiti, falou
da incumbência brasileira e da mensagem dos pequenos da LBV. “Para
nós, foi bonito, muito tocante ver as
crianças da Legião da Boa Vontade
homenageando, cantando canções
militares, a Canção do Exército.
É um grupo que tem ligação de
amizade com as nossas unidades e
gentilmente compareceu aqui, prestando a homenagem. É importante
ter as crianças participando desses
momentos”, finalizou.
O General Curado, Comandante
Haiti
Área: 27.400 km²
Clima: Tropical
Idioma: francês e crioulo
(oficiais)
Principais cidades:
Porto Príncipe (capital),
Carrefour, Cap-Haïtien.
Militar do Leste, também reafirmou
o papel de Paz da missão ao Haiti,
maior efetivo da ONU. “Nosso
sentimento de família é bem arraigado no Povo brasileiro e, ele, nós
levaremos para os nossos Irmãos do
Haiti. Também estaremos presentes
na reconstrução do País”.
Religiosa enaltece trabalho educacional da LBV
“O resultado
do trabalho da
LBV é o desenvolvimento e a
transformação
da nossa sociedade”, afirma
Fariba Vahdat.
que o trabalho que a Legião da Boa
Vontade promove com os meninos
e meninas trará bons frutos para a
população. “Nas Escrituras Bahá’is
encontramos um trecho
que diz que ‘todo Ser
Humano é uma rica mina
em jóias preciosas, e que
tão somente a Educação
poderá revelá-la’. Com
certeza, muitas ‘minas’
estão sendo garimpadas
aqui, e o resultado disso
é o desenvolvimento e a
transformação de nossa
sociedade. Parabéns!”.
Após a visita, a representante da
Fé Bahá’í participou, ao vivo, do programa Ecumenismo, transmitido pela
Rede Mundial de Televisão. [R.O.]
Cida Linares
“Foi uma grande alegria poder
visitar a LBV e testemunhar o trabalho maravilhoso que vocês têm
realizado”. Essa foi a frase registrada
por Fariba Vahdat, Coordenadora do
Instituto de Capacitação Leonora
Armstrong da Comunidade Bahá’í
do Estado de São Paulo, no livro de
depoimentos do local, após conhecer
de perto o atendimento realizado pelo
Conjunto Educacional da Obra —
formado pelo Instituto de Educação
José de Paiva Netto e pela Supercreche Jesus —, na capital bandeirante.
Recepcionada pelo Coral Ecumênico Infantil LBV, a religiosa frisou
Revista Boa Vontade
37
38. Especial sobre Paiva Netto
Daniel Trevisan
Flagrante Legionário: na foto
preto-e-branco registrada em
película, Paiva Netto realiza
informal reunião com integrantes da Juventude Ecumênica da Boa Vontade de Deus.
Economia da
e
Solidariedade
Equipe de Estudos Ecumênicos
Em homenagem aos 49 anos de
trabalho do jornalista e radialista
Paiva Netto nas lides da Legião da
Boa Vontade, data que se comemora
neste 29 de junho, a Equipe de Estudos Ecumênicos produziu matéria
sobre uma de suas teses pioneiras:
a Economia da Solidariedade, distinguindo-a da Economia Solidária.
Para o Líder da LBV, a valorização
humana tem seu foco na Espiritualidade.
O
Presidente das Instituições
da Boa Vontade, José de
Paiva Netto, por sua comprovada erudição e seus
diversificados talentos é reconhecido
38 Revista Boa Vontade
como um homem da renascença:
jornalista, radialista, apresentador
de TV, escritor, compositor, poeta,
educador, empreendedor social e
administrador. Consegue ser uma
síntese rara, pois, ao mesmo tempo,
é pensador, comunicador e homem
de ação.
Elaborou um sistema filosófico
por meio do qual aborda as grandes
questões da vida humana, sociais e
espirituais: o Espiritualismo Ecumênico. A sua obra apresenta espírito
e matéria harmonizados com a Lei
Onidirigente da Vida e daí resultam
os valores da Ética Ecumênica que dá
acertada direção ao relacionamento
humano nos campos econômico,
social e político.
Os conceitos que desenvolve reconhecem a religiosidade (coração-sentimento), a ciência (cérebro-razão),
porém tudo sublimado pela essência
espiritual (alma-intuição).
A complexidade do conhecimento
somente pode ser equacionada holisticamente se reconhecida a existência
do Espírito (Energia Inteligente)
criado à imagem e semelhança de
Deus (Energia Superinteligente)
definido por Jesus, o Cristo, como
Espírito-Amor; e, pelo entendimento
da existência das múltiplas dimensões em interatividade compulsória
e perpétua: Na Casa de meu Pai há
muitas moradas (Evangelho do Cristo,
39. Homenagem aos 49 anos de
trabalho de Paiva Netto na LBV
No ano de 1969, Paiva Netto iniciou a
elaboração dos princípios da Economia
Humana e Espiritual da Solidariedade
Ecumênica (ou simplesmente Economia da
Solidariedade Humana) dentro da Estratégia da Sobrevivência, antevendo o desfecho
do chamado socialismo real e os limites do
capitalismo globalizado que se seguiria.
Os seus artigos publicados no Brasil e
no Exterior, as palestras pelo rádio e pela
televisão, os livros publicados em inúmeros
idiomas têm inspirado muitos intelectuais
na criação de propostas alternativas viáveis
no território do pensamento econômico.
O dirigente da LBV, durante o “29º
Congresso do Jovem da Boa Vontade”,
que reuniu milhares de moços em
Goiânia/GO, em 3 de julho de 2004.
Economia
Solidária comparadas
Revista Boa Vontade
39
40. Especial sobre Paiva Netto
segundo João, 14: 2).
A pedra angular do seu pensamento é o Novo Mandamento de Jesus:
Amai-vos uns aos outros como Eu vos
amei (Evangelho do Cristo, segundo
João, 13:34), porque demonstra que
“a Ciência iluminada pelo Amor
eleva o Ser Humano à conquista da
Verdade”.
Desde que a sua obra começou,
há décadas, a ser disseminada pelo
Brasil e pelo mundo, multiplicam-se
grupos de estudos de seu pensamento
que é do mais alto alcance e do maior
interesse, por caracterizar-se como
Espiritualidade aplicada aos campos
objetivos da ação.
Dentre eles surgiu a Equipe Paiva
Netto de Estudos Ecumênicos com
a finalidade de aprofundar a compreensão das idéias de seu patrono
por meio do estudo, da pesquisa e
do diálogo.
Um dos temas que têm motivado
jovens de todas as idades — “Jovem
é aquele que não perdeu o ideal”
— que participam deste aprendizado
é a proposta econômica do Líder da
LBV.
No ano de 1969, Paiva Netto
iniciou a elaboração dos princípios
da Economia Humana e Espiritual
da Solidariedade Ecumênica (ou
simplesmente Economia da Solidariedade Humana) dentro da Estratégia
da Sobrevivência, antevendo o desfecho do chamado socialismo real e
os limites do capitalismo globalizado
que se seguiria.
Os seus artigos publicados no
Brasil e no Exterior, as palestras
pelo rádio e pela televisão, os livros
40 Revista Boa Vontade
publicados em inúmeros idiomas
têm inspirado muitos intelectuais
na criação de propostas alternativas
viáveis no território do pensamento
econômico.
Por ocasião do “8º Fórum da Juventude Ecumênica da Boa Vontade
de Deus”, realizado em 17 de abril
deste ano, no Espaço Ecumênico da
Religião de Deus,em Porto Alegre/RS,
sob o tema Economia da Solidariedade Humana, o trabalho a seguir foi
apresentado.
Na primeira parte, traremos a
Economia Solidária, suas características, possibilidades e limites. Com
esta finalidade buscamos o auxílio
do livro Introdução à Economia
Solidária, do notável professor Paul
Singer, publicado no ano de 2003. E,
também, do trabalho organizado pelo
respeitado sociólogo Boaventura de
Sousa Santos, Produzir para Viver,
editado no ano de 2002.
Na segunda parte, que será publicada no próximo número da revista
BOA VONTADE, disponibilizaremos
aos leitores um relato do desenvolvimento da Economia da Solidariedade
Ecumênica, bem como as suas inspiradoras contribuições de vanguarda
que repercutem, até mesmo, por meio
de contribuições ao Conselho Econômico e Social da ONU (Ecosoc),
conforme destacou o economista,
ex-Ministro do Trabalho e Deputado
Federal, Dr. Walter Barelli.
Finalmente, a Equipe de Estudos
Ecumênicos apresentará uma conclusão comparativa entre a Economia da
Solidariedade Ecumênica e a Economia Solidária.
Economia Solidária
Origem — A Economia Solidária surgiu no início do século XIX
em razão do empobrecimento dos
artesãos provocado pela introdução
de máquinas que deram início à Revolução Industrial.
Na Grã-Bretanha houve a expulsão dos camponeses do campo para
a cidade, seguida da exploração nas
indústrias que surgiam degradando
a vida do proletariado nascente. As
indústrias caracterizavam-se por
jornadas de trabalho que chegavam
a 18 horas diárias. Entre a mão-deobra utilizada nas fábricas estavam a
infantil e a idosa, o que prejudicava
até a reprodução e manutenção da
classe trabalhadora.
Nesse panorama, o empresário
Robert Owen (1771-1858) resolveu
adotar algumas medidas que visavam
humanizar o tratamento aos operários: limitou a jornada de trabalho,
proibiu a utilização de mão-de-obra
infantil e ofereceu a elas a oportunidade de estudar.
As providências de Owen surpreenderam a todos pelo aumento
da produtividade, mesmo ocorrendo
o acréscimo das despesas (criando
escolas, etc.), a empresa tornou-se
bastante lucrativa.
Esse fato atraiu a atenção de pessoas em todo o mundo que procuravam entender como o crescimento do
bem-estar dos trabalhadores poderia
gerar maior lucratividade.
No ano de 1817, Owen apresentou
ao governo britânico um projeto mais
avançado com a finalidade de criar
41. meios de sustentação para o Povo que
fora vítima da depressão vivida pelo
Reino Unido.
A idéia fundamental era o estabelecimento de Aldeias Cooperativas
que tinham como meta viabilizar
condições de trabalho na agricultura e na indústria que permitissem
a subsistência dos cooperados. O
excedente da produção seria trocado
entre as Aldeias.
O plano foi recusado pelo governo
e Owen partiu para uma visão mais
extremada de sua proposta. Ele passou, então, a objetivar uma mudança
completa no sistema social e uma
abolição da empresa lucrativa capitalista (Cole, 1944, p. 20).
Desistindo da implantação de suas
idéias na Grã-Bretanha, mudou-se
para os Estados Unidos com o escopo
de fundar uma Aldeia Cooperativa
que seria um modelo de organização
para a sociedade do futuro. O empreendimento não alcançou o êxito
pretendido e Owen retornou à sua
terra, em 1829.
No período em que esteve fora,
vários de seus seguidores realizaram
empreendimentos inspirados em suas
idéias, a exemplo da comunidade que
publicou o jornal cooperativo The
Economist.
O owenismo foi também adotado
pelo movimento sindical e cooperativo da classe trabalhadora. Em
determinado momento, os operários
objetivaram em suas greves não
apenas obter melhores condições
de remuneração e de trabalho, mas
buscavam substituir os seus empregadores no mercado com a criação
O que é
Economia Solidária?
Os meios de produção —
Enquanto na empresa capitalista
os meios de produção pertencem
ao dono do capital, na empresa
solidária o capital e os meios
de produção pertencem aos que
nela trabalham.
Finalidade — A empresa capitalista objetiva exclusivamente o lucro, a empresa solidária
procura maximizar a quantidade
e a qualidade do trabalho.
Propriedade — A empresa
capitalista pertence aos investidores, a empresa solidária é
propriedade de todos os trabalhadores por meio de uma
divisão igualitária.
Hierarquia e autoridade
— Na empresa capitalista, o
poder concentra-se no capitalista ou nos gerentes por ele
contratados. Na empresa solidária, a administração é exercida
por sócios eleitos para a função
que a conduzem segundo diretrizes aprovadas em assembléias
gerais, ou em conselhos de
delegados eleitos pelos sócios.
A empresa solidária é basicamente de trabalhadores que,
apenas secundariamente, são
seus proprietários.
Lucros — Na empresa capitalista, o lucro é distribuído
entre os investidores, remunerando o capital investido. Na
empresa solidária, as sobras
destinam-se a: fundo indivisível; reinvestimento; fundos
sociais de cultura, educação,
de saúde, etc, e, eventualmente, para divisão entre os sócios.
Não há remuneração de capital, portanto não há lucro.
Remuneração — Na empresa solidária, não existem
assalariados. Todos os trabalhadores são sócios que fazem
retiradas que variam conforme
a receita.
Em muitas situações existe
diferenciação nas retiradas,
de acordo com o que ficou
definido pelos próprios trabalhadores.
Responsabilidade e participação — A informação na
empresa solidária é democraticamente compartilhada, pois
todos têm responsabilidade
sobre as decisões.
Revista Boa Vontade
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