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Editorial

Muro de
Alziro de Paiva

E

José de Paiva Netto,
jornalista, radialista e
escritor, é Presidente das
Instituições da Boa Vontade.

stive algumas vezes em Portugal.
País lindo, de gente acolhedora.
Terra da nostálgica Amália Rodrigues (1920-1999), que Foi
Deus*¹ quem levou, faz pouco tempo.
Sempre gostei de ouvi-la cantando esse
fado, ao som de guitarras afinadíssimas
e chorosas. Por sinal, contam que, influenciada por amigos, não iria gravá-lo.
Entretanto, reconsiderou, e seu sucesso
foi imenso. Sorte para Amália, sorte
para nós. Isso me lembra outra história,
a de que alguns artistas famosos de
Hollywood se negaram a interpretar o
papel principal de nada mais nada menos que Casablanca. Sorte para Humphrey Bogart e para nós também.
Uma dessas viagens deu-se em
novembro de 1994, depois que o Dr.
José Aparecido de Oliveira*², então
Embaixador do Brasil naquela naçãoirmã, ligando lá para casa, fraternalmente “convocou-me” para assistir, na
capital lusitana, ao lançamento da pedra
fundamental da sede da Fundação LusoBrasileira do Mundo de Língua Portu-

Espelho do Gerês, localizado na Serra
de mesmo nome, em terras lusitanas.



Revista Boa Vontade

Amália Rodrigues

guesa. Presente estava, entre diversas
personalidades de Portugal, da África
e do Brasil, o eminente arquiteto Oscar
Niemeyer, com sua voz calma e afetuosa
e seu coração grande e apaixonado pelas
causas sociais.
Após a solenidade, o Embaixador
apresentou-me o Dr. Jorge Sampaio,
que, naquela ocasião, presidia a Câmara Municipal de Lisboa. Hoje, ele é o
Presidente da República. Em seguida,
houve uma recepção na casa do amigo
Aparecido, sob a batuta de sua distinta
esposa, Dona Leonor. São momentos
de cariciosa lembrança, quando fui
gentilmente convidado a assinar com os

Reprodução BV

Gerês
Celso Romero

Em 1989, Dom Geraldo Maria
de Moraes Penido (D), então
Arcebispo de Aparecida/SP,
visitou a Sede Mundial da LBV,
em São Paulo/SP, onde foi
fraternalmente recepcionado
pelo escritor Paiva Netto.

Julio Almeida

Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, nos
papéis centrais de “Rick” e “Ilsa” em
Casablanca, um estrondoso sucesso
de Hollywood, considerado o segundo
melhor filme americano. Em cenas de
Casablanca, que reproduz um café americano, “Sam”, personagem interpretado
pelo ator Dooley Wilson, toca enquanto
Humphrey Bogart o observa.

Dom Raymundo
Damasceno Assis,
Arcebispo de
Aparecida.

Arquivo BV

PhotoDisc

Há alguns anos, durante um evento
em Lisboa, confraternizaram o atual
Presidente de Portugal, Dr. Jorge
Sampaio (E), o ex-Embaixador do Brasil
em Portugal, Dr. José Aparecido de
Oliveira (C), e o Diretor-Presidente da
LBV, José de Paiva Netto (D).

demais um protocolo
de doação de monumental pintura de Nossa Senhora Aparecida
(obra do arquiteto e
artista plástico João de
Souza Araújo) à famosa Basílica dedicada à
Mãe de Jesus, naquele
tempo sob o comando
Oscar Niemeyer
do estimado D. Geraldo
Maria de Moraes Penido (1918-2002),
seu saudoso Arcebispo Emérito. Em
1989, visitou-me na Legião da Boa
Vontade e tive a honra de ser recebido,
juntamente com minha família, em sua
residência, numa tarde memorável,
tendo ao lado sua bondosa irmã Dona
Geralda, também hoje falecida. Que
Deus eternamente os guarde em Seu
Seio de Misericórdia. (Na atualidade, a
grande Catedral tem a direção do ilustre
Dom Raymundo Damasceno Assis.)
Torre de Belém, um dos mais famosos
monumentos de Lisboa/Portugal, situa-se
na margem direita do Rio Tejo.

Revista Boa Vontade
Editorial

Arquivo BV

Trecho do muro de Gerês, que inspirou os versos de Paiva Netto.

A um Muro Antigo
Na estrada de Gerês
para Braga,
existem muitos muros velhos...
Mas há um
antigo,
especialmente antigo,
bem na curva,
que à alma afaga...
Antigo como o Amor
e como as dores...
Tão pequeno...
mas nos faz sorrir
aos favores
de nos abrir,
à alma triste,
um prazer amplo,
de descobrir,
no seio do campo,
a beleza divinal das flores.
Enquanto outros
— grandes!... —
não têm a expressão
com que,
na sua pequenez,
fala ao coração.
Sim,
porque, se este
não é o maior dos órgãos
do corpo,
tudo sente
e tudo vê,
porque tudo vê
e tudo sente...
Eis seu escopo.
Oh! Muro pequeno,
pequeno Muro,
tão carregado de Vida!
Vida!
Vida!
como a hera
que cobre os teus lados,
feitos de pedra amolecida



Revista Boa Vontade

e humanizada pelos anos,
muitos anos...
Ah! Muro Antigo!
de pedra antiga...
A quanta história assististe!...
E do muito que ouviste,
conta-me um pouco.
E tas escutarei,
não de ouvido mouco,
de tanto viajante,
que por aqui passa,
e não te vê...
Pois loucos laços
lhe turbam a mente...
E que oportunidade
perde,
pois não te sente
o canto dos séculos
acerantes.
Sim, porque a roda
roda...
E o que foi,
retorna adiante...
E, talvez,
Muro Antigo,
antigo Muro,
os que são cegos
para não ver-te,
e surdos
para não ouvir-te,
tenham aprendido,
finalmente,
que,
para escutar
o lamento ou o cantar
da própria pedra,
é tão preciso,
morta a regra,
amar todos os amores
do Amor Divino
sem rancores.

Até que surgiu aquele,
gracioso, bem na curva,
mas que, de tão pequeno,
quase não podia ser
visto. Estava lá, contudo,
firme, cumprindo a sua
função de não permitir
que, num estreito espaço
não preenchido, alguém
distraidamente, talvez
mesmo uma criança
ou um idoso, caísse no
precipício profundo.

Serra do Gerês
Em outra ocasião, fui levado a
um local encantador, Amares, onde
passamos algumas horas respirando
ar puro, coisa cada vez mais rara,
conversando com pessoas da comunidade, além das que também visitavam
o lugar.
Na volta, a caminho de Braga, deliciando-me com a paisagem da Serra
do Gerês, pude observar a seqüência
de muros de pedra, o que é comum
na região. Uns eram pomposos, outros mais singelos. Até que surgiu
aquele, gracioso, bem na curva, mas
que, de tão pequeno, quase não se
dava a perceber. Estava lá, contudo,
firme, cumprindo a sua função de não
permitir que, num estreito espaço não
preenchido, alguém distraidamente,
talvez mesmo uma criança ou um
idoso, caísse no precipício profundo.
E quis, então, prestar-lhe uma homenagem, como a uma pessoa humilde,
desconhecida na sua modéstia, que
nem por isso deixa de, por Amor,
cumprir o seu dever. E, ainda no autocarro, ousei, perdoem-me, sem ser
poeta, os seguintes versinhos, para
musicá-los depois. (Ao lado)

Qual o recado do pequeno
Muro?
Este: em que é menor que um rei
aquele que não foge à sua responsabilidade? Merece de todos nós o apoio
e a distinção por persistir, com honra,
Nélida

Jô Soares lança livro na Academia
Jorge Alexandre

Arquivo BV

A escritora e acadêmica Nélida Piñon e
Paiva Netto, num momento de descontração.

S

enti muita alegria ao saber que
a nossa querida Nélida Piñon
conquistou, neste mês de junho,
o “Prêmio Príncipe de Astúrias
das Letras”, que jamais fora conferido
a uma escritora nascida em nosso país
(Leia entrevista da escritora na página
18). Ela foi a primeira mulher a dirigir a Academia Brasileira de Letras
(ABL), no período das comemorações
do centenário da Casa de Machado de
Assis. Ocupa a cadeira de número 30,
cujo patrono é o jornalista e romancista,
nascido em Bagé/RS, João Carlos de
Medeiros Pardal Mallet (1864-1894).
É uma tenaz batalhadora dos Direitos
Humanos, destacadamente os das mulheres. Para Nélida, o nosso carinho e
respeito. E um grande beijo no coração.
(Paiva Netto)
em viver a sua dignidade. A elite de
um país é o seu Povo.
________________
*1
Foi Deus — Este fado de Alberto
Fialho Janes foi imortalizado pela
diva Amália Rodrigues (19201999).

O escritor e apresentador Jô Soares e o Dr. Pedro de Paiva

J

ô Soares lançou no dia 9 de junho, na ABL, seu mais recente
romance, Assassinatos na Academia Brasileira de Letras. A
história do livro se passa em 1924 e
o cenário é o Rio de Janeiro antigo,
em que alguns acadêmicos fictícios
aparecem mortos nos mais diversos
e famosos pontos de visitação carioca, tais como: o Copacabana Palace,
o Petit Trianon, a sede da ABL, o
Estádio do Fluminense, a Estrada de
Ferro do Corcovado, a Candelária e
outros. O autor enfatiza que a obra é
uma maneira de se retornar aos bons
tempos, em que as pessoas podiam
andar despreocupadas pelas ruas da
cidade.
O advogado Pedro de Paiva prestigiou o lançamento e, na ocasião,

representou seu pai, o dirigente da
LBV, José de Paiva Netto, tendo a
oportunidade de cumprimentar diversos acadêmicos como o Senador
Marco Maciel — que relembrou a
visita que fez ao Templo da Boa Vontade, em Brasília/DF —, e também o
acadêmico Ivan Junqueira, Presidente
da ABL.
O Dr. Pedro foi recebido com muito carinho por Jô Soares, que mandou
um beijão para o Líder da Legião da
Boa Vontade, além de encaminhar
a obra autografada com a seguinte
mensagem: “Paiva Netto, um beijo do
gordo. Jô Soares. 09/06/05”. E Paiva
Netto, ao receber o livro, declarou:
“Ao Jô, que, com sua verve, torna
a nossa vida mais interessante, um
beijo também”. (Simone Barreto)

José Aparecido de Oliveira
— Homem de vasta cultura e político de grande influência, que
serviu o Brasil como Ministro das
Relações Exteriores, foi o primeiro
Ministro da Cultura e Embaixador
em Portugal, entre outros cargos

em sua extensa vida pública. Ele
também foi o propositor da criação
da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e integra o
Conselho da Ordem do Mérito da
Fraternidade Ecumênica, do ParlaMundi da LBV.

*2

Divulgação

Cidade do Porto, Portugal.
Revista Boa Vontade
Cartas
Status da
Mulher da
ONU

Venho parabenizar a revista
Boa Vontade pela reportagem “Status
da Mulher nas
Nações Unidas” (Editorial
de Paiva Netto), contendo a mensagem encaminhada pela LBV
à 49a Sessão da Comissão do Status
da Mulher, nas Nações Unidas, Nova
York, EUA.
É muito importante que sejam divulgados continuamente para todas as
classes sociais os avanços conseguidos
pelas mulheres nas suas lutas políticas,
culturais, científicas e filosóficas, para
a conquista da igualdade de gênero,
conforme consta na Declaração Universal dos Direitos Humanos.
O Instituto de Pesquisas e Ensino
da Cultura Espírita (IPECE), com sede

em São Paulo, no Itaim Bibi, também
desenvolve, no seu âmbito de ação, programa de trabalho no sentido de divulgar
diretrizes de orientação para a mulher
brasileira conscientizar-se a respeito de
seu real papel a ser desempenhado na
própria Humanidade.
Como cita o escritor Paiva Netto,
com relação à igualdade de gêneros: “Valorizar a Mulher dignifica o
Homem”. (Claudine Tchekmeniam
Carneiro — Diretora de Divulgação
do IPECE)

Lendo a BOA VONTADE (edição
de nº 201), fico feliz em ver o progresso que nunca parou. Quando abro a
revista e vejo tantas matérias que irão
conscientizar milhões de brasileiros e
estrangeiros, me emociono. (...) A LBV
está muito à frente ao levar o verdadeiro
status da Mulher, da Mulher espiritualizada, na ONU. Parabéns, Irmão Paiva e
toda equipe da Editora Elevação. (Luiz
Donizetti de Melo — Brasília/DF)

A revista BOA VONTADE está
passo a passo maravilhosa, do princípio ao fim, incluindo a apresentação,
com colorido forte e vibrante. Todos
os assuntos estão muito bem-escritos,
a começar pelo da capa: “A Força da
Mulher nas Nações Unidas”, passando
ao “Alerta Verde”, “Estatuto do Idoso”
e o grande sucesso do lançamento, na
Bienal do Rio, do livro As Profecias
sem Mistério. (Argencília Cândida dos
Santos — São Paulo/SP)

Manifesto o agradecimento dos
meus familiares — minha esposa,
Rosane, meus filhos Matheus Willians
e Ana Clara — pelo maravilhoso livro
As Profecias sem Mistério, fruto do
Amor Humano Divinizado que toca
nosso íntimo, o recôndito de nossos
Espíritos. Esclarece nossas mentes,
harmoniza nossas vidas e lares, enfim,
reconduz a criatura ao Seu Criador. É
como o viajante, cansado e sôfrego pelas
árduas lutas da caminhada, mas, depois
de muito perseverar, encontra o oásis, a
Paz. Prezado Paiva Netto, minha família
dedica-lhe estas singelas palavras que
nasceram de nossos corações. Muito
obrigado! (Anderson Willians Antunes
Borges — Niterói/RJ)

In memoriam

Homenagem ao Deputado e amigo da
LBV, Sr. Jorge Cauhy.

F



Revista Boa Vontade

Arlete Genari

Ao discursar, o Depualeceu, no último
tado afirmou: “Este Título
dia 31 de maio, o
resgata uma dívida antiga
Deputado Distrique o povo de Brasília
tal Jorge Cauhy.
tinha para com esse granNascido em 27 de janeiro
de empreendedor e desde 1924, em Uberlândia/
pertador de almas. Paiva
MG, mudou-se para a caNetto, empenhado no ideal
pital federal em outubro de
realizador de Alziro Zarur
1959. Casado, pai de cinco Jorge Cauhy
(1914-1979), construiu o
filhos, fundou e presidiu a
Templo da Boa Vontade e o ParlaAssociação Comercial do Núcleo Bandeirante. Foi diretor da Junta Comercial Mundi (da LBV), materializando
do Distrito Federal e membro efetivo do o que o fundador da Instituição
Conselho de Desenvolvimento Social preconizava: a existência de um
da Secretaria de Serviços Sociais. Em Campo Neutro, irrestritamente
1995, o Deputado prestou uma home- ecumênico, no qual todas as criatunagem ao jornalista e escritor José de ras pudessem confraternizar”.
A Legião da Boa Vontade soPaiva Netto, laureando-o com o Título
lidariza-se com os familiares e
de Cidadão Honorário de Brasília, sendo
entregue no Conjunto Ecumênico da amigos do Deputado Jorge Cauhy
LBV. Foi a primeira vez que a Câmara e envia as mais sinceras vibrações
Legislativa do DF se reuniu fora de sua de Paz e gratidão ao seu Espírito
eterno.
sede em Brasília.

As Profecias sem Mistério:
mensagem que conforta!

O novo lançamento de As Profecias
sem Mistério, do escritor Paiva Netto,
traz assuntos de grande importância,
contidos na Bíblia Sagrada, que são
questões atuais para a Humanidade.
Sem atemorizar ninguém, a sua mensagem apenas orienta qual o caminho
melhor para trilharmos, sem opressão e
fanatismo. Mostra-nos que vale a pena
viver, mas com responsabilidade e muito
Amor. Parabéns, Paiva Netto! (Gladys
Farago Gomes — Joinville/SC)
Gostaria de parabenizar o escritor
Paiva Netto pelo lançamento da nova
edição do livro As Profecias sem Mistério. Este, com certeza, é mais um
presente que ele concede não só aos
Legionários da Boa Vontade, mas a
todas as pessoas que se interessam pela
Espiritualidade. Tive a oportunidade de
ver a capa desta nova edição (quando
Escrevo no intuito de dar os parabéns a Paiva Netto pelo lançamento
da 54ª edição de seu livro As Profecias
sem Mistério. Esta obra, em especial,
personifica a Voz do que Clama no Deserto, alertando a Humanidade quanto
à responsabilidade perante o seu livrearbítrio. Os escritos do autor jogam por
terra a pregação dos especuladores da
desesperança, aqueles que, sem nenhum
fundamento espiritual-religioso, lucram
com o desespero alheio. O medo tolhe
o raciocínio das pessoas que, dessa
forma, acabam sendo facilmente manipuladas.
Esta obra, contudo, não torna os fatos
profetizados em “água com açúcar”,
como a dizer: “Relaxem, isso tudo que
está relatado não irá acontecer”. Ele
apresenta a medida exata do resultado
da semeadura boa ou má da criatura
humana.
(...) Parabéns ao autor pela atitude
inaudita de sempre convidar o Povo
ao raciocínio, à reflexão sobre as ações
do Homem na sociedade, sem jamais
impor, porém, oferecendo aos que procuram o esclarecimento, a ferramenta
do Amor Fraterno a abrir-lhes a consciência. Gratíssimo! (Mário Augusto
Brandão — Glorinha/RS)
O livro As Profecias sem Mistério,
em sua 54ª edição, é mais uma grande
contribuição de Paiva Netto para que
a Humanidade perceba que está amparada pela Divina Causa de Jesus.
Destaco o capítulo “Jesus, o Pão Vivo
que desceu do Céu”, na apresentação
do Evangelho do Cristo, segundo João,
6:48: Eu sou o Pão da Vida! e 50: Este

é o Pão que desceu do Céu, para que se
coma dele e não se morra!. Nele vemos
a grandeza do Cristo em afirmar-nos
que Ele é o Pão da Vida, com o qual
estaremos livres da “morte” que é a
ignorância espiritual, causa primeira
de tantas problemáticas mundiais,
que a cada dia banaliza ainda mais a
existência humana. (...) A preocupação
constante é o alertamento de Paiva
Netto quanto à urgente necessidade de
utilizarmos a Comunicação a serviço
de Deus. “LBV é 100% Comunicação”
é o seu lema. Basta vermos a Super
Rede Boa Vontade de Comunicação,
bem como sua brilhante literatura, que
na verdade são produtores de conhecimento a serviço do bem-comum.
(Eliane Maria Barcelos Silva — São
Paulo/SP)
Li, com muita honra, um dos
primeiros exemplares da notável
obra As Profecias sem Mistério, do
escritor Paiva Netto. O iluminado
título chegou às minhas mãos durante a transmissão do programa
Ecumenismo, que tratava do tema
“Dia de Pentecostes”*. Dialogava
eu, àquela altura, com o Padre
Silvio Andrei, da Paróquia Rainha

Revista bonita, bem
editada e erudita
Agradeço a remessa dos exemplares da bonita,
bem editada e erudita revista BOA
VONTADE, que,
para honra minha,
abrigou modesto trabalho sobre
o “Protocolo de
Kioto”.
Espero, em
outra oportunidade e com assunto de interesse, merecer outra reprodução.
(Desembargador José
Carlos Teixeira Giorgis — Porto
Alegre/RS)
Arquivo pessoal

Li com atenção
as matérias da BOA
VONTADE, que
tem um novo formato, mais prático
e moderno. De fato,
um trabalho digno de aplausos. O
conteúdo é forte em suas mensagens,
verdadeiro em suas denúncias. A revista mistura o factual com a pesquisa
da nossa verdadeira história e, mais,
pode ser consultada por estudantes
e pesquisadores. A matéria “Respirando a Morte” representa um ato de
coragem e de amor ao Ser Humano
(características do Irmão Paiva). A publicação é abrangente, tem largo perfil
ecumênico. Uma revista a ser lida,
guardada para consultas, que distrai e
traz Paz à Alma do leitor. (Hilton AbiRihan, radialista e jornalista — Rio
de Janeiro/RJ).
Antônio Carlos

estava ainda em fase de produção)
e fiquei encantada com sua beleza e
bom gosto. Não tenho dúvida de que
continuará sendo mais um sucesso de
vendas. Venho acompanhando as notícias do lançamento deste livro, todos
os dias, pela Super Rede Boa Vontade
(...). Também tive o prazer de ouvi-lo, ao
vivo, comentando os novos capítulos da
obra, o que me deixou muito feliz. Foi
realmente um presente para mim. Muito
obrigada por mais este presente! (Helen
Winkler Baragão — e-mail)

Fato e História

dos Apóstolos da Igreja Católica
Apostólica Romana, localizada
na Vila Monumento, no Ipiranga,
São Paulo/SP, e com o Ministro da
Religião de Deus Jayme Bertolin.
O Padre Silvio frisou, ao vivo, que
o trabalho do Presidente das Instituições da Boa Vontade (IBVs) é
um poderoso exemplo da ação do
Espírito Santo.
No trabalho de Evangelização
e Apocaliptização da Humanidade terrena e espiritual a coleção
O Apocalipse de Jesus para os
Simples de Coração (da qual faz
parte As Profecias sem Mistério)
mostrou-se essencial, porque é a
Revelação da Revelação.
Jesus, o Cristo de Deus, foi
quem falou da necessidade da presença do Paráclito para o avanço do
conhecimento sobre as Leis Divinas. E a Missão do Líder da LBV é
expressão singular e inequívoca da
presença do Espírito Santo atuando
na preparação da Volta Gloriosa
de Nosso Senhor e Mestre. (Paulo
Alziro Schnor — São Paulo/SP)
________________
*Dia de Pentecostes — A data é celebrada 50
dias após a Páscoa, quando se comemora a descida do
Espírito Santo sobre os apóstolos.

Revista Boa Vontade
Ao Leitor
Os leitores da rBV têm bons
motivos para celebrar este mês de
junho. A começar pela escolha do
nome da romancista Nélida Piñon
para receber o “Prêmio Príncipe
de Astúrias das Letras”, distinção
conquistada pela primeira vez por
um escritor do Brasil. Nesta edição
da láurea concorria o total de 31
candidatos procedentes do Brasil,
Canadá, Estados Unidos, Holanda, Hungria, Índia, Israel, Kuwait,
México, Noruega, Peru, Portugal,
República Dominicana, Reino
Unido, Suécia e Espanha.
Um dia antes de o resultado ser
divulgado, durante evento ocorrido
em Oviedo/Espanha, Nélida concedeu entrevista exclusiva à BOA
VONTADE, na qual conta detalhes
da sua vida e de sua trajetória na
literatura.
Os ares do “Velho Mundo” também inspiraram o editorial escrito
por Paiva Netto. Em seu artigo
“Muro de Gerês”, o jornalista conta
as experiências vividas em Portugal
— quando lá esteve pela força de
suas funções.

Outro relevante fato a ser festejado neste período são os 49 anos
de trabalho do dirigente da LBV, em
29 de junho, dia dedicado à memória de São Pedro e São Paulo. Foi
nesta data que Paiva Netto iniciou
seu apostolado em favor dos que
padecem do corpo e da Alma. Por
iniciativa da própria juventude, a
comemoração para esta expressiva
marca se dará no “30º Congresso
Internacional do Jovem da Boa
Vontade”, que se realizará em Uberlândia/MG, neste 25 de junho.
Esta edição também chega
para o leitor com uma novidade:
a seção “Samba e História”, que
traz a série de entrevistas feitas
pelo radialista Hilton Abi-Rihan
em programa de mesmo nome
— exibido pela Super Rede Boa
Vontade de Rádio e Rede Mundial
de Televisão — com destaques do
mais popular ritmo do nosso País.
O estreante deste espaço é o cantor
Pery Ribeiro, expoente da Bossa
Nova e o primeiro a gravar Garota
de Ipanema.
Boa leitura!
Os editores

ANO XXIII • Nº 202 • junho de 2005

BOA VONTADE é uma publicação mensal das
IBVs, editada pela Editora Elevação.

Diretor e Editor responsável
Francisco de Assis Periotto
MTE/DRTE/RJ 19.916 JP

Redação
Editor Executivo: Gerdeilson Botelho
Subeditora: Débora Verdan
	

Revisão
Adriane Schirmer
Neuza Alves
Walter Periotto
Wanderly Albieri Baptista

Colaboradores
Alvino Barros, Antonio Paulo
Espeleta, Daniel Rocha, Elias Paulo,
Leonardo Mattiuzzo, Leonardo
Roustaing, Maria Aparecida da
Silva, Paulo Azor, Pedro de Paiva,
Profa Nádia Lauriti, Rita Silvestre,
Silvia Bovino e William Luz

Arte

Sumário

Projeto Gráfico: João Periotto
Capa: João Periotto e Alziro Braga
Foto de capa: Arquivo pessoal da escritora

Produção

Edição nº 202
4 Editorial
8 Cartas
13 Coluna do Garotinho
14 Reportagem
18 Perfil
22 História
26 Turismo
29 Notícias de Brasília
30 Samba e História
32 LBV no mundo

10 Revista Boa Vontade

BOA VONTADE

36 Atualidades
38 Especial sobre Paiva
Netto
44 Espírito e Ciência
49 Literatura
50 Acontece
54 Melhor Idade
56 Ação Jovem LBV
60 Soldadinhos de Deus
62 Pedagogia do Cidadão
Ecumênico

Endereço para correspondência:
Av. Rudge, 938 — Bom Retiro
CEP 01134-000 — São Paulo/SP
Tel.: (11) 3358-6868 — Caixa Postal
13.833-9 — CEP 01216-970
Internet: www.boavontade.com
E-mail: info@boavontade.com
Impressão: PROL Editora Gráfica

A revista BOA VONTADE não se responsabiliza
por conceitos emitidos em seus artigos assinados.
Sumário
Editorial

4

4 Editorial

LBV no mundo

32

Especial sobre Paiva Netto

38

Espírito e Ciência

44

Em seu artigo, Paiva Netto escreve
“Muro de Gerês”.

13 Coluna do Garotinho

José Carlos Araújo comenta a venda
dos jogadores de clubes brasileiros
aos times europeus.

18 Perfil

Coluna do Garotinho

15

A renomada escritora Nélida Piñon
— que ganhou (neste mês) o “Prêmio
Príncipe de Astúrias das Letras”, um
reconhecimento nunca antes concedido a um brasileiro — conta detalhes
de sua trajetória na literatura e vida
pessoal.

22 História
A saga de uma das figuras mais importantes do passado brasileiro, o Padre
José de Anchieta.

32 LBV no mundo

Perfil

18

Espiritualidade, ciência e consciência
são o foco das discussões, durante
seminário co-organizado pela Legião
da Boa Vontade na Sede das Nações
Unidas, em Nova York (EUA).

38 Especial sobre Paiva Netto
Em homenagem aos 49 anos de trabalho do jornalista e radialista Paiva Netto
nas lides da Legião da Boa Vontade,
data que se comemora neste 29 de
junho, a Equipe de Estudos Ecumênicos produziu matéria sobre uma
de suas teses pioneiras: a Economia
da Solidariedade, distinguindo-a da
Economia Solidária.

História

22

44 Espírito e Ciência
O polêmico debate sobre a Eutanásia
na visão do Dr. Osvaldo Hely Moreira,
vice-Presidente da Associação MédicoEspírita de Minas Gerais.

Ação Jovem LBV

56

56 Ação Jovem LBV
Uberlândia/MG recebe a juventude
do Brasil e do mundo para o “30º
Congresso Internacional do Jovem
da Boa Vontade”. O evento debaterá o
tema “Política de Deus” e homenageará
Paiva Netto pelos 49 anos de trabalho
na LBV.

Revista Boa Vontade

11
pelo autor
Coluna do Garotinho

Campeonato Brasileiro:

José Carlos Araújo é locutor
esportivo da Rádio Globo do
Rio de Janeiro/RJ

C

omo tem sido em épocas
anteriores, o Campeonato
Brasileiro começa de um
jeito e termina de outro.
Tal e qual nos últimos anos, despontaram no início os favoritos à
conquista do título e às vagas nas
competições internacionais, mas
nada assegura que o panorama será
o mesmo a partir do meio do ano.
Tudo porque a abertura das
contratações pelos clubes europeus
sempre desfigura os principais times
brasileiros. Em meio à competição,
os grandes destaques acabam se
transferindo para a Itália, Espanha,
Alemanha, França, Portugal e outros centros menos conhecidos.
Bem antes de o Campeonato
Brasileiro principiar, a questão
já era discutida. Sabia-se que os

clubes perderiam seus mais importantes valores, porque não há como
competir, em poderio financeiro,
com os europeus.
Os clubes brasileiros, sem grandes fontes de renda, não podem se
dar ao luxo de não negociar seus
jogadores. E não há como impedir
também que um atleta, praticamente, faça sua independência financeira. A diferença entre o que os
europeus pagam e os salários daqui
é incomparável.
Qual é a saída? Uns defendem
que o calendário nacional seja adequado ao europeu. Assim, quando
começar o período de inscrições
para os clubes de lá, o Campeonato
Brasileiro já terá terminado.
Mas, nessa hipótese, pesa a
questão climática: o inverno deles
coincide com o verão daqui. As
férias escolares européias são diferentes das nossas. Tudo isso influi
no desempenho do atleta e também
na aclimatação familiar.
Outra idéia lançada é a de incluir
no regulamento um item que proíba
a transferência de atletas durante o
período de disputa do nosso Campeonato. Essa medida garantiria que
os clubes mantivessem seus elencos
do início ao fim da disputa.
Seja qual for a preferência, é
importante que os dirigentes se
reúnam e discutam a questão. É
preciso, em atenção ao torcedor,

solucionar o problema.
O Campeonato Brasileiro tem
brilho próprio, mas se os clubes
continuarem perdendo seus astros
durante a competição, o interesse do
público tende a desaparecer.

O atacante
Robinho, do
Santos, é exemplo
de jogador
brasileiro bastante
visado pelos clubes
europeus.

Site oficial do Santos

Reprodução BV197

dois em um.

Revista Boa Vontade

13
Reportagem

LBV

Flashes

solidários

O renomado fotógrafo Chico Audi recebe em seus estúdios a
classe artística para a campanha de 55 anos da LBV
Débora Verdan e Natália Lombardi

O

fotógrafo e empresário Chico
Audi visitou, recentemente,
as instalações da Rede Boa
Vontade de Comunicação (TV,
Rádio, Internet, Editora e Gravadora),
localizadas na Fundação José de Paiva
Netto, em São Paulo/SP. Acompanhado
por sua assessora, Tânia Cristina Matias,
ao passar pelos ambientes, entusiasmouse com a organização. “Eu conheço todas
as emissoras do País e fiquei pasmo com a
estrutura da LBV, da televisão, do rádio,
da internet. É um mundo! O mundo do
Bem, da turma do Bem, como eu defini.
A gente sente uma força especial aqui”,
declarou.
Durante a visita, Chico Audi conversou com o dirigente da LBV, o jornalista e
radialista Paiva Netto. Para o empresário,
esse bate-papo “foi uma emoção especial,
uma energia muito boa ter tido a oportunidade de conhecer o senhor José de Paiva
Netto. Foi algo que me fez pensar que
talvez eu seja especial. Nas conversas,
parecia que nós nos conhecíamos de longa data, eu fiquei muito à vontade e aí eu
sinto por que a LBV tem essa força”.
Sempre engajado nessas iniciativas,
14 Revista Boa Vontade

Chico Audi fotografa, anualmente, em
seu moderno estúdio localizado no Itaim
Bibi, zona sul da capital, os artistas que
participam das campanhas publicitárias
da Organização, que, na análise dele, “faz
parte da nossa vida porque aqui se faz o
Bem. E não é só para mostrar não, aqui
tem criança sim, na escola, estudando.
Quando me perguntam por que eu ajudo
a LBV, respondo: ‘porque essa criança
que está estudando hoje na Instituição,
tendo instrução, pode vir a ser um médico
que poderá salvar a minha vida, a vida
da minha família, ou de um amigo meu’.
Então tem de ajudar sim! É tão pouco o
que a gente faz que não pode parar nunca!
A LBV é a verdade!”.
Durante esses 55 anos, a LBV tem
levado Amor, solidariedade, dignidade e
cidadania a milhões de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, colaborando para melhorar a qualidade de vida
deles, devolvendo-lhes o respeito próprio
e a auto-estima. Os números comprovam
essa realidade: somente em 2004, foram
prestados mais de 3,5 milhões de atendimentos às populações em risco social e
pessoal em todo o País.
Daniel Trevisan

Amanda Françoso

Daniel Trevisan

Da esquerda para
a direita: o casal
Lucimara Augusta e Paiva Netto,
acompanhado pelo
fotógrafo Chico
Audi e sua assessora, Tânia Cristina
Matias, no Gabinete
da Presidência, na
Fundação José de
Paiva Netto, em São
Paulo/SP.

Campanha de 55 anos da
LBV

	
Por isso, a significativa adesão das
classes artística e esportiva às campanhas da LBV, o que vem, uma vez mais,
confirmar a credibilidade da Instituição
junto aos seus colaboradores. No dia 7
de junho, participaram a cantora Duda;
as apresentadoras de TV Amanda Françoso e Solange Frazão; os esportistas
Gustavo Borges e Oscar Schmidt; as
duplas sertanejas Guilherme  Santiago
e Ataíde  Alexandre; os grupos de pagode Bokaloka e Revelação; e o próprio
Chico Audi. Após serem fotografados,
os artistas, que doaram o direito de imagem e cachês, gravaram um VT Institucional que apresentará retrospectiva do
trabalho realizado pela LBV em mais de
meio século de fundação e aproveitaram
para deixar uma mensagem especial ao
Povo brasileiro:
“Freqüentei uma das estruturas da
LBV; fui ver de perto muitas coisas. Fui
homenageado lá; as crianças fizeram
coisas bonitas para mim. Tenho uma
ligação muito boa e velha com a LBV. É
muito bom você participar de uma coisa
que dá certo, algo bonito que todo mundo reconhece como tal, e ceder aquilo
que tem de mais precioso. No meu
caso, o que tenho de mais precioso é
a minha imagem, que construí com a

Revista Boa Vontade

15
Reportagem

Oscar
Schmidt

maravilha, a gente levar um pouquinho
de carinho e Amor não só pela música,
mas também mostrando nossa Boa Vontade. (…) Estou muito feliz mesmo de
estar participando junto com a LBV. E
espero estar anos e anos aí, colaborando
também.”
Duda
“É uma mensagem tão simples: é
só ter um pouquinho de Boa Vontade
e atender a LBV. Vá visitar a LBV
e você poderá ver crianças, toda a
participação da idade mais jovem
até a mais avançada, até a Terceira
Idade. (...) É tão maravilhoso! O mais
importante é você visitar e ver como é
16 Revista Boa Vontade

“Para mim é um prazer imenso
fazer este trabalho
para vocês de todo o
Duda
coração. (…) Se cada
um fizesse um pouquinho do que Paiva
Netto faz pelas pessoas, o nosso Brasil,
o nosso mundo seria
muito melhor. A gente vê muitas crianças na rua, coisas
ruins acontecendo.
E é bom ter alguém
como ele e como a
LBV para ajudar ao

próximo. (…) A gente está fazendo só
um pouquinho do muito que a LBV
tem feito pelo nosso País. (…) Ajudar
ao próximo é muito bom. Eu estou
muito feliz.”
Simony
“Nós estivemos há uns dois anos na
Instituição (Supercreche Jesus e Instituto de Educação José de Paiva Netto).
E mais uma vez agora, e, sem dúvida
nenhuma, vemos cada vez crescendo
mais o trabalho de vocês. A gente está
aqui para poder parabenizá-los. Sempre
que vamos (à LBV), voltamos impressionados com o carinho das crianças,
das pessoas, dos professores. Ficamos
muito felizes de poder ser uma prova
viva de tudo isso que vocês estão fa-

Grupo Bokaloka

Gustavo
Borges

Guilherme  Santiago

Clayton Ferreira

“(…) É um
prazer imenso
estar participando da Campanha
da LBV, dos seus
55 anos. Quero agradecer ao
Paiva Netto pela
oportunidade que
está me dando de
participar, porque
eu acho isso uma

indispensável a sua participação.”
Solange Frazão

Fotos: Daniel Trevisan

minha carreira. Eu a estou cedendo
para que a gente possa fazer, ajudar,
que a LBV seja cada vez maior e que
cresça cada vez mais, ajudando tanta
gente que precisa.”
Oscar Schmidt

Ataíde  Alexandre
zendo aí (…), essa parceria do artista
com a LBV, fazendo com que cresça
cada vez mais para um futuro melhor.
Estamos também aqui para isso, para
somar e fazer com que o mundo fique
cada vez melhor.”
Ataíde, da dupla Ataíde  Alexandre.

Fotógrafo
Chico Audi

“(…) A LBV não é só uma campanha. Acompanho há quantos e quantos
anos o trabalho bacana de vocês. Então,
eu acho que a gente só pode, cada um
à sua maneira, colaborar. (…) Eu quero
agradecer a todos, mandar o meu forte
abraço, a minha admiração, o meu
respeito, o meu carinho ao Presidente
Paiva Netto e a todas as pessoas que,
direta ou indiretamente, colaboram
com esse trabalho; a todas que atendem,
Simony

Solange
Frazão

que dispõem do seu tempo, das suas
habilidades, do seu talento para ajudar.
A vocês que são, com certeza, pessoas
de Boa Vontade, fica aqui todo o meu
respeito.”
Amanda Françoso

Elias Paulo

Em seu moderno estúdio, Chico
Audi fotografa Amanda Françoso.
Grupo Revelação

“(…) É um grande prazer fazer parte
deste trabalho da LBV, comemorando
55 anos, e dar a nossa contribuição
também para o social. Para mim, é um
dever de todo cidadão, de todos nós, dar
o nosso apoio. (…) A pessoa, o cidadão,
cada um tem de fazer a sua parte, a sua
contribuição para que a gente tenha um
País melhor.”
Gustavo Borges
Revista Boa Vontade

17
Perfil

Prêmio
inédito para o

Brasil

Nélida Piñon é a primeira escritora de Língua Portuguesa a
receber o “Prêmio Príncipe de Astúrias das Letras”

Leila Marco
star à frente de seu tempo, e em
muitos casos ser pioneira num
feito. Esta tem sido a marca
registrada da romancista e
jornalista carioca, nascida no bairro de
Vila Isabel, Nélida Piñon. No último 15
de junho, confirmou mais uma vez esta
tendência ao ser escolhida para receber o
“Prêmio Príncipe de Astúrias das Letras
2005”. Um reconhecimento nunca antes
concedido a uma escritora brasileira,
em 25 anos de entrega da láurea. O
anúncio da honraria ocorreu em Oviedo
(Astúrias, norte da Espanha).
Concorreram com a escritora os
norte-americanos Paul Auster e Philip
Roth e o israelense Amos Oz, após
uma eleição preliminar que indicou os
quatro nomes para a votação final, entre
31 candidaturas de diversas nações.
Nélida, que tem uma biografia
invejável, foi também a primeira
brasileira a receber o Prêmio Juan
Rulfo (1995) e o Prêmio Internacional
Menéndez Pelayo (2003), além de ser a
única mulher a ter presidido a Academia
Brasileira de Letras (ABL).
Segundo o Presidente do júri que a
escolheu, Víctor García de la Concha,
diretor da Real Academia Espanhola da
Língua (RAE), ela tem sido “aclamada

E

18 Revista Boa Vontade

pela crítica como a voz mais destacada
da literatura brasileira e transportou ao
âmbito universal a complexa realidade
da Ibero-América”.
Dona de um talento precoce, começou
a escrever, aos 10 anos de idade, e não
parou mais. Ficou consagrada, em 1961,
quando lançou o romance Guia-Mapa de
Gabriel Arcanjo. Sua produção literária
já foi publicada em mais de vinte países e
traduzida para dez idiomas. Entre outros
títulos de sua lavra, cabe ressaltar Tempo
das frutas (1966); Fundador (1969); A
Casa da Paixão (1972); Sala de Armas
(1973); Tebas do meu coração (1974);
A força do destino (1977); A República
dos Sonhos (2002) e Vozes do Deserto
(2004).
Um dia antes da divulgação do
resultado, a romancista concedeu
entrevista exclusiva para o quadro
“Abrindo o Coração”, da Rede Mundial
de Televisão. No bate-papo com a
repórter Isabela Ribeiro, evitou o “já
ganhou”, e preferiu não comentar o
prêmio em si. Mas presenteia o público
com detalhes surpreendentes de sua
vida, deixando surgir o perfil da mulher
forte e senhora de suas vontades.
Nélida também aborda o papel
feminino na sociedade contemporânea

e os obstáculos que enfrenta. Por sinal,
quando ocupava o cargo máximo
da Academia Brasileira de Letras,
convidou a LBV para participar do
projeto do Centro de Memória da ABL,
e falou, na ocasião, à nossa reportagem:
“Admiro muito José de Paiva Netto
que está à frente de uma Instituição
importantíssima, comovente, de
atuação social única (...). Eu até
convidaria esse homem excepcional,
que tem um grande peso político,
religioso e social que, por meio da
Legião da Boa Vontade, estivesse à
frente de uma campanha que eu julgo
indispensável hoje, contra a violência,
sobretudo a violência perpetrada
contra a mulher. Isso vindo de uma
voz masculina, de uma voz do peso
autoral, moral, do Dr. Paiva Netto,
seria extraordinário. E a Legião
da Boa Vontade tem condições de
assumir essa campanha pelo que
representa no Brasil”, afirmou.
Realmente o Líder da LBV sempre
teve um pensamento afinado com
essa permanente luta de valorização
integral da mulher, a exemplo do que
se pode ler em artigo de sua lavra,
publicado na edição nº 201 da revista
BOAVONTADE: “Status da Mulher nas
Escritora e jornalista Nélida
Piñon na Academia Brasileira
de Letras

Nações Unidas”. Na matéria, apresenta
relevante documento da Legião da
Boa Vontade divulgado pela ONU em
seus seis idiomas oficiais e entregue a
delegações de Estado e a organizações
não-governamentais — em que registra:
“Pelo nosso prisma, a Mulher tem direito
a ser Presidente da República, condutora
de religiões, capitã de indústria, de aviões
e navios transatlânticos; tem direito de
ser médica, engenheira, professora...
No trabalho, há um justo conceito de
valor entre homens e mulheres: o da
competência. Então, os sexos nisto
estarão harmonizados. Que brilhe o
Homem, que brilhe a Mulher, conforme
a competência de cada um. Isto não
quer dizer que homens e mulheres são
totalmente iguais. Aí está pelo menos,
de início, a anatomia para desmentir.
O que quero dizer é que não se devem
sustentar antigas barreiras e levantar
novas, firmadas em tabus, preconceitos
e interesses espúrios para impedir maior
influência da Mulher sobre o destino do
mundo. Homem e Mulher dependem um
do outro. Completam-se”.
Revelações de uma escritora
BOA VONTADE — Qual a sua

ligação com a Galícia, na Espanha?
Nélida — Eu comecei a amar a
Galícia muito cedo. Tive a felicidade
de perceber logo que era uma menina,
então uma mulher, de dupla cultura: a
brasileira e a de casa, que era a cultura
galega. Cresci em meio a muito amor,
uma vida familiar forte, e que sempre
me acompanhou. Pois bem, aos 10
anos a minha família decidiu — meus
avós, Daniel e Amada; meu pai, Lino
e minha mãe, Carmen — que seria
hora de eles voltarem, passarem uma
longa temporada na Europa. Sobretudo
em Galícia. Os preparativos foram
fenomenais. Lembro-me de que fomos
encomendar as malas, não eram malas
e sim baús. Como você vê no cinema,
que as atrizes puxam as gavetas e vão
saltando as peças. (...) Era um período
em que a Espanha vivia um momento
muito dramático, não só porque havia
terminado a Guerra Civil e a Segunda
Guerra Mundial, mas o país ficou numa
situação difícil com os aliados. Não
recebeu ajuda de modo algum. Então,
havia uma penúria muito grande. Assim,
levamos na nossa bagagem (só para as
pessoas ouvirem, abrindo o coração),
sabonete, goiabada, pessegada, café,
fazendas, sedas, pasta dental. Tudo

que você pode imaginar. E fomos com
algum dinheiro, claro. De modo que,
quando nós chegamos lá foi uma festa
extraordinária. Há pouco, em fim de
março, tive outra alegria profunda. Eu
que já fui muito homenageada pela
Espanha, inclusive com um anel de
brasão, dado numa cerimônia, quando
ganhei o título de doutor honoris causa.
A primeira mulher a receber esse título
em 504 anos. E, agora, recebi um título
que foi aprovado pelo Parlamento:
“filha adotiva de Cotobade”, que é
um conselho de muitas aldeias. Minha
família é de todas as aldeias. Foram dias
de festas, e em uma dessas solenidades,
havia uns 200 camponeses, tratores,
todo mundo veio me ver, aplaudir. E
um dos prêmios que ganhei, uma peça
linda de esmalte, representando uma
pontezinha modesta e uma capela, justo
porque eles leram que o momento mais
emocionante, quando chego a Galícia,
foi naquele lugar.
BV — Esses laços familiares
muito fortes, o amor pela Galícia e
Brasil contribuíram para inspirar
suas obras?
Nélida — Sim, marcou a minha
sensibilidade, imaginação e capacidade

Revista Boa Vontade

19
Selmy Yassud

Perfil

Por ocasião do seu centenário (1997), o saudoso Dr. Barbosa Lima Sobrinho
foi cumprimentado pelo escritor Paiva Netto. O então Presidente da ABI estava
acompanhado pela sua simpática esposa, Dona Maria José (centro), e pela
então Presidente da ABL, a escritora Nélida Piñon. Certa feita, Paiva Netto
declarou: “Se tivemos durante 103 anos um Dr. Barbosa, é porque ele teve uma
Dona Maria José”.

de inventar, de engendrar coisas. Eu
acho que não seria quem sou se não
fosse essa mulher de dupla cultura.
Meus pais foram de uma generosidade
extraordinária, abriam mão de coisas
para eles, para me oferecer uma formação
impressionante. Tenho uma dívida
de gratidão excepcional com meus
pais, pois me deram a oportunidade
de estudar o mundo grego e latino.
Tive uma formação que não era muito
típica do católico, que leva você para
o Novo Testamento. Como freqüentei
colégio alemão, estudei muito o Antigo
Testamento. Posso conversar sobre
teologia do Antigo Testamento, porque
me interessa muito o mundo religioso,
das grandes religiões. Ganhei tudo isso,
combinado com essa Espanha, da qual
nós (brasileiros) também emergimos,
fomos muito forjados por eles também,
não só pelo africano e o indígena.
BV — A senhora viaja bastante,
as outras culturas estão presentes
na sua obra?
Nélida — Olha, no meu
caso, excepcionalmente, é um
enriquecimento acentuado. Mas
também temos de levar em conta
casos como o de Machado de Assis,
que nunca saiu do Rio de Janeiro.
Ele teria feito só uma viagem para
Nova Friburgo (interior do Rio). E
Carlos Drummond de Andrade só foi
a Buenos Aires. Mas eram gênios. (...)
Eu não seria quem sou, se não tivesse
viajado, pensado, lido tanto, tocado
de algum modo o coração desses
outros povos. Sou uma mulher muito
sensível, ainda bem que forte.
20 Revista Boa Vontade

BV — Todo escritor tem uma
preocupação maior. Qual seria a sua
inquietação intelectual?
Nélida — Tenho uma permanente
inquietação, uma necessidade muito
grande de ampliar o meu saber, o
conhecimento. Eu não posso viver onde
estamos se não tiver consciência de hoje
e do passado. Gosto de freqüentar cinco
mil anos de História. Como escritora o
que me atrai muito, o que me faz tomar
cuidado ou inquietar-me, é que quero
ser capaz de criar um discurso inovador,
rejuvenescido.Ter a sensação que ainda
sou uma mulher renovadora, que pensa,
que se atreve a destruir aquilo que sabia
antes para criar uma coisa nova. Não
tenho medo de enfrentar o desconhecido.
Eu não posso perder a capacidade de
emocionar-me, de comover-me, de ter
compaixão e misericórdia. Nesse sentido
sou muito São Paulo, gosto muito da
linhagem teológica de Paulo. De (Santo)
Agostinho. Saindo do preconceito que
eles tinham com as mulheres. Mas isso
é outra coisa.
BV — O saudoso jornalista
Samuel Wainer costumava dizer
que todo jornalista é um literato
fracassado ou vice-versa. A senhora
acredita nisso?
Nélida —Talvez ele quisesse dizer
que pertenceu a uma geração, e ainda
há alguns assim, de homens cultos,
com grande leitura literária. Então sabia
que às vezes o jornalismo pode ter uma
escritura passageira, porque é consumida
naquele dia. Ele sempre soube, ou
terá sabido, que a literatura tem uma
permanência extraordinária. Agora, eu

sou uma apaixonada pelo jornalismo,
mas são linguagens diferentes. Ele
talvez tenha sido um pouco dramático,
no sentido que haja fracasso nas duas
instâncias criadoras, para o jornalista
e o escritor. Cada um segue a sua
vocação. Falta muito à grande imprensa
brasileira a figura do repórter culto, que
seja corajoso, quebre tabus, que não se
deixe corromper de modo algum. Eles
são essenciais para a vida da sociedade,
para que ela veja o que está ocorrendo
nos bastidores, nos subterrâneos, porões,
grotões.
BV — A sua estréia na literatura
foi com o livro Guia-Mapa de Gabriel
Arcanjo. Na obra, aborda a questão
do pecado, do perdão, e também
a protagonista conversa com o seu
anjo guardião, fala da questão dos
mortais com Deus. A senhora acredita
nessa força maior, que existe uma
Espiritualidade Superior?
Nélida — Olha, esse livro eu escrevi
com 17 anos, ele foi publicado quando
tinha uns 22, 23 anos. Um momento da
minha vida que estava inaugurando o
meu corpo, minhas paixões. Em meio
a tudo isso, possuía também grandes
indagações metafísicas. Deus sempre foi
uma presença muito forte na minha vida,
porque venho de uma família religiosa.
Mas interessante, esse amor a Deus, que
sempre tive com absoluta naturalidade,
nunca impediu que desenvolvesse uma
atração pelo mundo panteísta dos deuses
gregos. Não tenho na minha trajetória
obsessões religiosas, nunca as tive. Sou
muito aberta, sou inclusive iconoclasta
em muitos aspectos da religião (...) Você
sabe que os intelectuais não gostam de
falar em Deus; eu falo, pois Ele me
ajudou muito a viver.
BV — Como a senhora avalia
a mulher contemporânea na
sociedade?
Nélida — A mulher deu um salto
extraordinário nos últimos cem anos,
claro que não é um fenômeno novo na
trajetória humana. (...) Ela foi abafada,
humilhada historicamente, e vou lhe
dizer, ainda hoje isso ocorre em muitos
países. (...) Mas também há mulheres que aparecem
na ribalta, no teatro (não me refiro ao teatro físico)
da vida, que exibem uma frivolidade, banalidade,
vulgarização excepcional. Então, a tendência de
certas pessoas é acreditar que elas se perderam
em meio à liberdade; porque se desnudam, são
promíscuas em muitos aspectos. Mas não é bem
isso. Nós temos de entender que há Seres Humanos
que se queimam na ascensão, outros mantêm-se
equilibrados. (...) Não estou sendo moralista quando
falo contra a promiscuidade, mas critico uma certa
promiscuidade, e não a experiência de vivenciar o
amor, a paixão, ou ter uma relação, ou seja, não é
isso. O que percebo é que a promiscuidade é uma
coisa pegajosa; anestesia a emoção. Não estou
falando que a pessoa precisa amar para estar com
alguém. Digo que essa promiscuidade — repito a
palavra — faz com que a pessoa vire um objeto,
perca a ternura no trato alheio, comece a achar que o
corpo do outro é território da invasão, e não percebe
que o seu pode também ser invadido, sem qualquer
proveito. “Ah, não tem problema!”. Não é assim. O
corpo é uma entidade. Eu sou o meu corpo.
BV — “Valorizar a Mulher é dignificar o
Homem”. Esse pensamento do jornalista Paiva
Netto exprime a idéia de que valorizar o sexo
feminino não significa desvalorizar o masculino.
De fato não tem nada a ver uma coisa com a
outra.
Nélida — (...) É preciso dizer que, nesse
processo de autodefinição, os conflitos são
inevitáveis. E além do mais, só põem em evidência
uma coisa que nós sempre soubemos e que é preciso
saber: que além de sermos diferentes, somos
mulheres. O Ser Humano é uma entidade privada e
é muito difícil você se aproximar do outro, mesmo
nas circunstâncias mais íntimas, o que é então uma
maravilha também. Ou seja, nós não somos iguais;
somos singulares, cada qual é uma singularidade.
Portanto, requer um empenho profundo quando um
se acerca, se aproxima do outro (...).
BV — Mais uma vez gostaríamos de
agradecer-lhe por nos receber.
Nélida — Agradeço muito o convite de vocês,
mando o meu abraço ao Presidente Paiva Netto,
que sempre é muito gentil e carinhoso comigo.
Admiro o trabalho (da LBV) e estou sempre à
disposição, espero que tenha podido contribuir de
alguma forma. Claro que o mistério é meu, mas
procurei dentro das minhas possibilidades repartir
com todos.

Revista Boa Vontade

21
P
História

Prefácio

de um jovem país
A saga de Anchieta: o primeiro Educador do Brasil.

D

esde que chegou ao Brasil,
aos 19 anos, em 1553, em
uma frota que trouxe o segundo Governador-Geral,
Duarte da Costa, duas coisas o Padre
José de Anchieta nunca deixou de
fazer: levar a mensagem da fé cristã
e ensinar o que sabia aos índios e colonos dessas terras, mesmo que para
isso fosse preciso enfrentar os mais
rudes e hostis caminhos.
Um outro grande baluarte de nossas artes, o músico e maestro Heitor
Villa-Lobos (1887-1959), que teve
nele um exemplo para o trabalho que
empreendeu, disse certa feita*: “O
maior homem da História do Brasil
foi José de Anchieta, precursor da
educação musical. Ele foi o nosso
primeiro instrumento de cultura,
lidando com gerações bárbaras. (...)
Anchieta não se limitou aos objetivos
imediatos, procurando despertar
os sentimentos artísticos dos índios,
através da música e do teatro. Só
uma visão genial apreenderia, de tão
longe, o privilégio desses processos da
verdadeira cultura, realizando nas
selvas a mais profunda dignificação
do homem”.
E com suas canções, poemas, sermões e peças teatrais — compostos
por ele em latim, português, espanhol

22 Revista Boa Vontade

e tupi — o religioso realizava a catequese, dando continuidade à missão
da Companhia de Jesus, na qual fora
recebido como noviço, dois anos antes
da viagem ao mundo novo (em 1551),
ainda em Portugal.
A tarefa de Anchieta — que nasceu
na Tenerife, uma das ilhas Canárias,
pertencente à Espanha, em 1533 — e
dos demais jesuítas, liderados pelo Padre Manuel da Nóbrega (1517-1570),
não foi nada fácil. No Brasil daquela
época, poucos eram os brancos, em
relação ao número de indígenas, e,
mesmo eles acabavam por abandonar
os costumes originais. Enfrentavam
ainda a revolta dos nativos ante as
tentativas de escravizá-los.
Nesta terceira leva em que chegou
o noviço José, vieram mais seis outros
padres, e logo foram encaminhados
por Nóbrega a diversos locais no País.
Para a capitania de São Vicente, sob
a liderança do Padre Leonardo Nunes seguiu um grupo, e nele estava
Anchieta.
Em nosso país encontrou a vocação de ensinar, graças à grande
bagagem adquirida durante os anos
em que estudou no Colégio das Artes
da Universidade de Coimbra, em
Portugal, dos 14 aos 18 anos, no qual
se tornou mestre da língua e lingüista,

desenvolvendo os talentos da prosa,
poesia e dramaturgia.
Para lecionar, teve também de
se comunicar com os nativos daqui,
aprendendo as primeiras palavras
do Abanheenga, língua geral dos
índios tupis e guaranis, com o Padre
Auspicueta. Foi José de Anchieta
ainda que percebeu uma raiz comum
entre os diversos dialetos indígenas,
consagrando o termo “tupi” para
designar essa origem. Anos depois,
com o conhecimento que adquiriu,
pôde escrever a Gramática da Língua mais falada na Costa do Brasil,
em que dá as bases do idioma tupi.
O livro passou a ser usado por todas
as missões.
A maior capital brasileira também tem estreita ligação com a saga
heróica desses missionários, o que,
certamente, influenciou o caráter
pacifista do desbravamento das terras
paulistanas. Boa parte das cidades
despontou a partir da edificação de
um forte, mas, São Paulo surge da
fundação de um colégio, sob a inspiração de Nóbrega, e a participação
de mais treze jesuítas, vindos de São
Vicente.
De um barracão próximo a uma
aldeia de índios, surgiria a grande
metrópole, e é o próprio Anchieta que
Revista Boa Vontade

23
História

24 Revista Boa Vontade
1553

narra o fato em carta: “A 25 de janeiro
do Ano do Senhor de 1554 celebramos
em paupérrima e estreitíssima casinha
a primeira missa, no dia da conversão
do Apóstolo São Paulo e, por isso, a ele
dedicamos a nossa casa”. Este casebre
servia de dormitório, enfermaria,
escola, refeitório, cozinha e mesmo de
capela, até o crescimento da localidade e surgimento de novas e melhores
construções.
O Diretor-Presidente da Legião
da Boa Vontade, José de Paiva
Netto, é quem dá a esse episódio
um caráter ainda mais especial.
Para ele, não é por acaso que
a maior cidade brasileira teve
essa origem. Na década de 1980,
estando exatamente no marco zero
da capital paulista, no pátio do
colégio, proferiu discurso, no qual
destacava:
“Quando você pretende
transplantar para um jardim árvore
de rara preciosidade, vai buscar o
mais competente jardineiro.
“Jesus transplantou a Árvore do
Seu Evangelho e do Seu Apocalipse,
da Palestina para o nosso país,
como está revelado no livro Brasil,
Coração do Mundo, Pátria do
Evangelho, do Espírito Humberto
de Campos. E foi buscar para essa
obra gigantesca aqueles que, com
Ele, a semearam, há dois mil anos,

naquela distante região do Oriente
Médio.
“Foi buscar, evidentemente,
os mesmos humildes jardineiros
que O ajudaram, no Cristianismo
primitivo, a fazer a semeadura da
Árvore (...)”.
Relembrando nomes como o
de Anchieta, Nóbrega, Manuel
de Paiva, Luiz da Gran, Diogo
Jácome, João de Almeida, comenta
o dirigente da LBV: “(...) A maioria
renasceu no Brasil. E, aqui, no
Pátio, eles fizeram o replantio
da Árvore do Evangelho, com
os parcos e primitivos meios que
tinham em suas calejadas e sofridas
mãos (...)”.
Paiva Netto conclui suas palavras
afirmando que, nos tempos atuais,
se repete, a partir de São Paulo para
o Brasil e o mundo, um novo ciclo
de evangelização, só que pregando o
Cristianismo do Novo Mandamento
(Amai-vos uns aos outros como Eu vos
amei; João 13:34), preparando para
essa grande missão todos de Boa
Vontade, que são os bandeirantes
modernos de Nosso Senhor Jesus
Cristo!

Mais de 4 mil versos latinos escritos, na
areia, à Virgem Maria.
E não é apenas neste episódio que o
sacerdote se destacou, também na missão de paz com os tamoios, depois que
estes, aliados dos franceses, fizeram
uma tentativa de tomar São Paulo,
em 10 de julho de 1562. Pois apesar
da vitória portuguesa, o embate foi
sangrento para ambos os lados.

Manuel da Nóbrega vendo que
as razões que levaram os tamoios a
tal atitude foram as tentativas por
parte dos colonos de Portugal em
escravizá-los, e que, portanto, eram
justos seus motivos, chamou Anchieta
para ambos empreenderem a difícil
tarefa de pacificação e amizade. Após
intermináveis conversas entre os dois
lados e enfrentando até mesmo o risco
de morte, em sete meses que ficaram
cativos, os jesuítas alcançam a paz
com as tribos cujos chefes estiveram
em Iperoig, Ubatuba/SP. É durante
esse exílio forçado que o religioso
escreve também o famoso poema
de 4.172 versos latinos nas areias da
praia, intitulado De Beata Virgine
Dei Matre Maria (Da Virgem Santa
Maria Mãe de Deus). Voltando para o
Colégio São Vicente, José de Anchieta
trata de passar para o papel os versos,
decorados um a um por ele.
Em 1567, expulsa com Estácio de
Sá os franceses do Rio de Janeiro.
Dois anos depois, é nomeado reitor
do colégio de São Vicente e, em 1578,
é elevado a provincial da Companhia
de Jesus no Brasil. Neste tempo, viaja
toda a nação para espalhar a fé cristã,
visita colégios de padres, funda outros
em Pernambuco, Bahia e Espírito
Santo.
Cansado e alquebrado pela doença
e inúmeras atividades, deixa com a
idade de 52 anos o cargo de provincial.
Viaja para o Rio, mas a necessidade
o faz ir para o Espírito Santo onde
encerra seus dias, morrendo a 9 de
junho de 1597, em Reritiba/ES, com
63 anos de vida e 44 de apostolado em
nosso País.
É tamanha a comoção na colônia
com seu falecimento que mais de
3.000 índios acompanham o enterro, num percurso de 90 quilômetros, de Reritiba até Vitória, para
despedir-se de um homem que,
durante toda a sua existência, se
dedicou a ensinar e a levar a fé em
Deus.
[L.S.M.]
___________
*Palavra extraída do livro Presença de
Villa-Lobos (Brasília, Mec/Dac, MVL,
1970, p.114, v.5)

Revista Boa Vontade

25
Turismo

Uma das belas paisagens da Serra Gaúcha

Serra Gaúcha

As várias culturas da Europa no Rio Grande do Sul
Débora Verdan

Fotos: Prefeituras Municipais de Gramado e de Canela

I

r à Serra Gaúcha é como viajar para a Europa sem sair
do Brasil. É uma mistura da
cultura e da tradição européia
com o charme brasileiro. Muitas
pessoas pensam que as cidades
dessa região ficam situadas na
encosta de um morro, recobertas
de neve nos dias frios do ano. E
logo, cria-se a imagem de turistas
diante de uma lareira, degustando
um vinho ou saboreando um fondue
num ambiente acolhedor, quente e
rústico.
A Serra é formada por três regiões: a de colonização italiana, a
de tradição alemã e aquela em que
predomina a cultura gaúcha, mistura que a torna um local único.
Região das Hortênsias — Esta
localidade é uma das mais bemestruturadas da Serra Gaúcha para
receber o visitante. Os caminhos
cercados por essas flores constam
26 Revista Boa Vontade

dos melhores roteiros turísticos do
Brasil. Hotéis, pousadas e restaurantes oferecem opções que vão
do confortável simples ao refinamento sofisticado. Colonizada por

italianos e alemães, revela muita
influência da gastronomia dos dois
países, traço que combina com a
típica culinária gaúcha.
Em Canela, a temperatura no verão é de aproximadamente 21,5°C
e, no inverno, de 7,6ºC. Com cerca
de 30 mil habitantes, a cidade tem,
além da agradável hospitalidade,
lugares que vale a pena conhecer
como o Parque do Pinheiro, um
dos mais antigos em todo o Sul do
País. Estima-se que a árvore que
deu nome ao Parque, e que ainda
está em plena produção, tenha entre 500 e 700 anos de idade. Mede
42 metros de altura e 2,7 metros
de diâmetro.
Outro lugar atraente é a Floresta
Encantada, que fica diante da Cascata do Caracol. Com extensão de
405 metros, o teleférico leva a um
mirante com vista para a Cascata e
para o Vale da Lageana. O parque
Setur/ Fotógrafa: Solange Brum.

Ir à Serra Gaúcha é como
viajar para a Europa
sem sair do Brasil. É uma
mistura da cultura e da
tradição européia com o
charme brasileiro.
rante o Natal da Luz, por exemplo,
Gramado recebe pelo menos um turista para cada habitante. O número
de pessoas, na cidade, às vezes,
dobra em um fim de semana.
Uma das principais características do clima são as quatro estações
bem definidas. A 900 metros de
altura, a cidade apresenta temperaturas abaixo de zero nos meses
de junho, julho e agosto. É quando

ocorrem nevascas, e Gramado se
veste de branco. Nessa temporada,
brincar na neve é mais uma atração. A neblina, ou névoa, também
é freqüente, criando a poética de
um inverno verdadeiramente cinematográfico.
Respirar o ar puro da região é
comparável a vislumbrar belos e
exóticos horizontes. Por um capricho da Natureza, o turista pode
ter essas duas emoções e gravá-las
para sempre na boa memória.
Alguns dias em contato com a
fantasia européia da Serra Gaúcha
deixam o visitante influenciado
pela magia do lugar. Tudo parece
calculado para encontrar você e
sua família. A tradição das casas
enfeitadas e das ruas bem-cuidadas demonstra que, antes dos
visitantes, os moradores foram os
primeiros a se apaixonar pela SerFotos: Divulgação.

proporciona a prática de esportes
radicais com o trekking, mountainbike e canyonning. O visitante
poderá percorrer as trilhas da
Floresta Encantada para encontrar
elementos da fantasia imaginária
e desfrutar também de inúmeros
equipamentos de diversão e lazer.
Quem gosta de emoção não
pode deixar de conhecer a cidade
de Garibaldi. Lá, uma velha locomotiva, a Maria-Fumaça, encanta
pessoas de todas as idades. É o
único trem de passageiros do Rio
Grande do Sul e faz um trajeto
turístico pela Serra Gaúcha duas
vezes por semana. Percorre 23
km, com uma velocidade de até
30 km/h, rangendo nos trilhos e
soltando baforadas de fumaça entre
os municípios de Bento Gonçalves,
Garibaldi e Carlos Barbosa. Na
estação de Garibaldi, o passeio
reserva cantoria italiana, simulação
de assalto ao trem e degustação de
vinho.
Nesse município, também existe a Pista de esqui D. Santini, com
infra-estrutura de parque, que oferece 350 metros de pista artificial
para iniciantes, teleférico com 40
cadeirinhas, tobogã de 300 metros,
restaurante panorâmico, chalés
de montanha, artesanato e uma
maquete da Serra Gaúcha. Todos
os anos, durante o mês de julho,
ocorre o Campeonato Brasileiro
de Esqui.
Outra cidade que encanta o turista, por sua beleza, é Gramado.
Lá se realizam eventos importantes
como o Festival de Cinema, que
atrai brasileiros e estrangeiros. Du-

A Cascata do Caracol, localizada em parque de mesmo
nome, em Canela/RS, é um dos pontos turísticos mais visitados do Estado e tem uma queda de 131 metros.

A entrada do Parque do Caracol, a natureza exuberante do local e o
Castelinho, todos localizados em Canela/RS.
Revista Boa Vontade

27
1) O estilo europeu predomina nas
construções; 2) A velha locomotiva
ainda faz o trajeto de passageiros
pela Serra Gaúcha duas vezes por
semana, percorrendo os municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi
e Carlos Barbosa e 3) As flores são
uma das atrações do local

28 Revista Boa Vontade

2

3

Setur/ Fotógrafa: Solange Brum.

1

Photo.com

ra. Quem resistir a esses encantos
ainda corre o risco de se render
ao sabor do chocolate artesanal,
ao requinte dos fondues, à exuberância dos cafés coloniais ou aos
temperos da comida italiana, alemã
ou gaúcha.
A Serra “Alemã” — Os municípios colonizados pelos alemães
localizam-se na parte mais baixa
da Serra. Em alguns deles, como
o Alto Feliz, Feliz, São Vendelino
e Tupandi, se tem a sensação de
estar na Alemanha. Casas em estilo
enxaimel, construídas no século
passado pelos imigrantes, ainda
são habitadas. Até mesmo as edificações mais recentes, com telhados
em estilo silesiano e pintura colonial e no interior dos aposentos,
lembram a imigração.
A preservação do dialeto é questão de honra para os descendentes
dos imigrantes. Em algumas localidades, o Português é tão pouco
usado que os moradores têm dificuldade para recordar as palavras.
Além do idioma e muitos hábitos,
os antigos moradores também legaram a alegre e deliciosa tradição
do Kerb, festa típica na qual não
faltam lingüiça, cuca, chope e a
animação das bandinhas. Vale a
pena conhecer!
Uma das descobertas mais
encantadoras para quem percorre
essa região do Rio Grande do Sul
é perceber que os contos de fadas
parecem reais. Flores nas janelas,
jardins impecáveis, lagos cuidadosamente planejados e a arquitetura
fazem com que esse pedacinho
do Brasil se torne um cantinho da
Europa.

Divulgação

Turismo
Roteiros

do Brasil

ura
Armando Kitam

Nilton Pred
a

Armando Ki
tamura

O monumento mais
visitado de Brasília e
seus ambientes — Na
primeira foto, aspecto
da Sala Egípcia; ao
centro, perspectiva
externa do Conjunto
Ecumênico da LBV
(ParlaMundi, Sede Administrativa e o Templo da Boa Vontade);
e, na imagem abaixo, a
Fonte Sagrada.

Templo da Boa Vontade é destacado no Salão do Turismo de SP

A

procura dos turistas internacionais por boas opções
nas regiões brasileiras tem
se consolidado como uma
das maiores fontes de renda para a
economia do País. Prova disso são
os primeiros resultados do Plano
Nacional de Turismo — lançado pelo
governo federal em 2003 — divulgados pela Embratur. Segundo o órgão,
a atividade foi responsável por gerar
um lucro superior a 1,6 bilhão de dólares para o Brasil, durante o primeiro
semestre do ano passado.
Para estimular ainda mais o cres-

tes tiveram a
oportunidade
de conhecer um pouco mais dos
destinos turísticos que oferecem as
cinco regiões. Participaram do evento
as Secretarias de Turismo de todos os
Estados brasileiros, até mesmo a do
Distrito Federal esteve com um estande no pavilhão vermelho. O Templo
da Boa Vontade, como monumento
mais visitado da capital do Brasil,
teve destaque no estande da Setur/DF.
Um banner do TBV foi estampado e
folhetos de divulgação do monumento foram distribuídos. [R.O.]

cimento do setor, foi realizado no
Expo Center Norte, em São Paulo/SP,
entre os dias 1º e 5 de junho, o Salão
do Turismo, primeiro grande evento
do gênero realizado no País, que
trouxe 451 novos roteiros turísticos
pelo Brasil, organizados pelo Ministério juntamente com agências de
marketing, de viagens internacionais
e governos estaduais. Teve como
objetivo ampliar a oferta turística brasileira, descentralizando a procura de
viagens dos destinos tradicionais.
Nos estandes espalhados pela
feira, os mais de 100 mil visitan-

Subsecretário do Governo Federal
Nádia Preda

visita Templo da Paz
João Areis Preda

O

subsecretário João Carlos
Nogueira, da Secretaria
Especial de Políticas de
Promoção de Igualdade
Racial, órgão de assessoramento ao
Presidente do Brasil e que compõe
a estrutura da Presidência da República, durante visita ao Templo
da Boa Vontade — A Pirâmide dos
Espíritos Luminosos, fala de sua
admiração pela proposta pedagógica da LBV. “Essa estratégia educacional, a partir de uma proposta
precisa, a qual tive a oportunidade
de conhecer melhor hoje, parte do
pressuposto de que o Ecumenismo
é um valor humano e um valor pedagógico. Nós temos a promoção da

O subsecretário deixa seu depoimento registrado no livro de visitas
do Templo da Boa Vontade

igualdade racial também com uma
estratégia de ação, e ambas buscam
fazer com que as populações se
encontrem. Não acreditamos que o
desenvolvimento no nosso País, da

nossa sociedade, possa se dar de forma equilibrada sem o encontro das
diferenças pessoais”, ressalta Nogueira. Para o subsecretário “a LBV
está de parabéns. Não basta você ter
um grande projeto, é preciso ter uma
proposta pedagógica, o sentido educativo dela, e hoje observei a movimentação das pessoas no interior da
LBV. É um projeto vitorioso! E ele
tem muito a fazer e contribuir com
as políticas de governo e, sobretudo,
com a sociedade brasileira”.
Na mesma data da visita ao
Templo da Paz, Nogueira participou
das gravações do programa Brasil
Democrático, veiculado pela Rede
Mundial de Televisão.

Revista Boa Vontade

29
Divulgação

Samba e história

Pery Ribeiro, expoente da
Bossa Nova, foi também
um amuleto para Carmen
Miranda.

Primeira voz para
Garota de Ipanema
Francisco Trombino

O

Reprodução BV

A seção “Samba e
História”, cuja série de
entrevistas é comandada
pelo radialista Hilton
Abi-Rihan (foto), estréia, este mês, com o
cantor Pery Ribeiro.

ano era 1938. Um burburinho
rondava a classe artística: o
início da carreira de Carmen
Miranda nos Estados Unidos
da América. Mas algo não estava bem,
os empresários americanos demoravam
a encaminhar o contrato de trabalho da
artista para o Brasil. Solução encontrada
por uma conhecida dela: uma simpatia
na qual Carmen teria de levar um bebê
para casa e, se ele fizesse xixi em sua
cama, no dia seguinte a correspondência
viria.
Dalva de Oliveira e Herivelton
Martins, embora desconfiados da tal
superstição, concordaram em conduzir
o filho à residência da amiga. O pequeno
Pery mal chegou e a cantora fez com
que bebesse uma verdadeira cascata de
sucos, vitaminas, água... e nada. Carmen
começou a ficar desesperada e foi para
a sala relaxar um pouco. Quando voltou
ao quarto, uma surpresa a aguardava.
Pery tinha feito tanto xixi na cama que
seria preciso até trocar o colchão.

Abi-Rihan (D), ao lado de
Pery Ribeiro, durante o
programa Samba e História, nos estúdios da Super
Rádio Brasil AM 940 kHz,
do Rio de Janeiro.

30 Revista Boa Vontade

“Quero mandar um abraço ao
Paiva Netto. Eu o conheci há muitos
anos, na época do grande Alziro
Zarur, e o Paiva Netto merece toda
a nossa consideração, respeito e
carinho, porque a Obra a que deu
continuidade na LBV é algo maravilhoso.”
Por mais estranho que pareça, a
promessa deu certo e A Pequena Notável
receberia, um dia depois, a tão sonhada
carta com o convite para viajar para os
EUA e tentar a sorte em Hollywood.
Mesmo sem ter a mínima idéia do
que estava ocorrendo, o menino participou deste curioso episódio. Como o
destino costuma pregar peças, passado
muito tempo, é o próprio cantor quem
está trabalhando e morando na terra do
Tio Sam.
Recentemente, Pery Ribeiro esteve
no Samba e História*1 para falar dessa
nova fase da carreira, e aproveitou para
dar os parabéns ao dirigente da LBV por
ter criado uma atração voltada para a
cultura nacional, que abre espaço até aos
artistas que permanecem fora da mídia,
mas que possuem talento. O programa,
apresentado pelo consagrado radialista
Hilton Abi-Rihan, é exibido pela Super
Rede Boa Vontade de Rádio e Rede
Mundial de Televisão, tendo neste número da revista sua seção inaugural.
Durante o bate-papo, enviou um
recado ao Líder da Instituição. “Quero
“Cada vez que vou a Brasília,
jogo as malas no hotel, vejo se
mandar um abraço ao tenho ensaio, pego um táxi e energizar”.
Paiva Netto. Eu o co- vou lá para o TBV, pois quero
Assim como os
nheci há muitos anos, na
milhões de peregrime energizar.”

nos que freqüentam
o TBV*2, o músico
percorre a espiral da Nave, um ritual
criado pelos próprios visitantes. “Tem
um caminho no miolo da Pirâmide,
em que há uma fila para ir ao centro.
Você vai caminhando para sair daquele
círculo, e é uma energia fantástica, fora
a construção, um ambiente de primeiríssimo mundo”.
O artista ressalta ainda o Ecumenismo Irrestrito preconizado pelo TBV.
“Ali não importa de qual religião você é.
O importante é estar dentro da Pirâmide
e se energizar pelo que ela lhe oferece.
E quando sai, a gente se sente leve, é

Programa Samba e História — Exibido
pela Rede Boa Vontade de Rádio, aos domingos, às 5 horas da manhã e às 14 horas. Na
Rede Mundial de Televisão, aos sábados,
às 23 horas, e aos domingos, às 15 e 23
horas.
*1

*2
O Templo da Boa Vontade — A Pirâmide dos Espíritos Luminosos — já
recebeu mais de 15 milhões de turistas e
peregrinos, segundo dados da Secretaria de
Turismo do Distrito Federal (Setur), e está
localizado no SGAS 915, lotes 75 e 76. Informações: (61) 245-1070.

Carmen Miranda, A
Pequena Notável.

Reprodução BV

época do grande Alziro
Zarur, e o Paiva Netto
merece toda a nossa consideração,
respeito e carinho, porque a Obra a
que deu continuidade na LBV é algo
maravilhoso. Sei que ele gosta muito
de mim e eu gosto muito dele. Temos
uma admiração mútua e desejo que
Deus lhe dê vida longa para continuar
essa Obra maravilhosa, a qual ele deu
prosseguimento depois de Zarur de uma
forma magistral e divina”, disse.
Foi o primeiro intérprete da música
Garota de Ipanema (1963) — uma
das canções brasileiras mais tocadas
e gravadas no mundo (além de 3.000
vezes) —, de Barquinho, entre outras.
Por isso, considera-se um dos pioneiros
da Bossa Nova, que, segundo ele, é “o
maior movimento musical brasileiro
de todos os tempos”. O nome Pery
Ribeiro foi presente do radialista César
de Alencar, da Rádio Nacional. Antes o
músico se chamava Pery Martins, mas
a mãe, Dalva de Oliveira, questionava
“se não usar Oliveira, não usará Martins
também”, diverte-se.
A estréia aconteceu por acaso, durante o programa Meio-Dia, da TV Tupi.
Pery era cinegrafista. Num determinado
dia, um cantor faltou na atração e, para
não haver “buraco”, o apresentador Jaci
Campos, que já conhecia o trabalho do
cameraman, o chamou para cantar.
O músico Luiz Bonfá o orientou
em diversos momentos da carreira e foi
quem o impulsionou a gravar seu primeiro disco 78 rotações, com as músicas
Manhã de Carnaval e Samba de Orfeu,
mas o primeiro sucesso foi Inteirinha, de
Luiz Vieira. Com Bonfá, gravou o LP
Pery Ribeiro e Seu Mundo de Canções
Românticas, um estilo sempre presente
em sua trajetória.
Quando vem ao Brasil faz questão de
visitar os amigos, parentes e o Templo
da Boa Vontade, o monumento mais
visitado da capital federal. “Cada vez
que vou a Brasília, jogo as malas no
hotel, vejo se tenho ensaio, pego um
táxi e vou lá para o TBV, pois quero me

uma sensação muito gostosa, de energia
interior forte”, explica.
Atualmente, Pery Ribeiro faz turnês
com a cantora Leny Andrade com um
repertório do melhor da Bossa Nova e
do Jazz. Em novembro, há um concerto
já agendado para a Europa. [D.V.]
_______________________

Revista Boa Vontade

31
LBV no mundo
No destaque, aspecto geral do evento, realizado na Sala de Conferência nº 1, na
Sede da ONU, em Nova York/EUA. Da esquerda para a direita, compondo a mesa,
Dr. Masaru Emoto, cientista e escritor japonês; o Embaixador Anwarul K. Chowdhury, de Bangladesh, Subsecretário-Geral da ONU; Dra. Ida Urso, Presidente da
Aquarian Age Community; Maria Malaman, representante da LBV; e Iris Spellings, da
Aquarian Age Community.

Espiritualidade, Ciência e Consciência

nas Nações
Danilo Parmegiani
Fotos: Eliana Gonçalves

A

reportagem abaixo foi publicada nos Estados Unidos pelos jornais Brazilian
Press, Brazilian Voice e
Luso-Americano. Os periódicos têm
circulação em 12 Estados norteamericanos (Nova Jersey, Nova York,
Connecticut, Massachusetts, Flórida,
Washington, Virgínia, Maryland, Califórnia, Rhode Island, Pensilvânia e
Geórgia).

32 Revista Boa Vontade

Como as Dimensões Espirituais da
Ciência e da Consciência podem ajudar as Nações Unidas e a Humanidade
a alcançar melhores padrões de vida,
num contexto de maior liberdade?
Essa pergunta foi pauta do seminário
co-organizado pela Legião da Boa
Vontade (LBV), no dia 26 de maio
de 2005, na sede da Organização das
Nações Unidas (ONU) em Nova York,
reunindo pesquisadores e lideranças
internacionais em torno do desafio

de encontrar caminhos mais eficazes para vencer os problemas que o
mundo enfrenta na atualidade. Nesse
contexto, o encontro representou um
marco na formação do novo paradigma que deve ser estruturado para
que se compreendam as dimensões
espirituais e sua aplicabilidade no desenvolvimento sustentável do Planeta,
apresentando propostas que vão ao
encontro dos objetivos traçados pelo
Diretor-Presidente da Instituição, José
Unidas

Espiritualidade, Ciência e Consciência foram tema de seminário
co-organizado pela LBV na sede da ONU em Nova York/EUA
de Paiva Netto, desde 2000, quando
lançou o Fórum Mundial Permanente
Espírito e Ciência (FMPEC), da LBV
(www.forumespiritoeciencia.org.br).
O evento lotou a Sala de Conferências nº 1 da ONU. O entusiasmo do
público surpreendeu até o comitê organizador, que, às vésperas, precisou
transferir o local para um auditório
maior, por causa da grande quantidade
de inscrições.
Abriu o seminário a musicista

Dra. Eileen Kalaa Ain, conhecida
por exibir composições de improviso
a partir da vibração do ambiente. Em
seguida, houve as palavras iniciais da
Aquarian Age Community (Aquaac) e
da LBV, que possuem status consultivo na ONU e lideram o subcomitê
de organizações não-governamentais
Dimensões Espirituais da Ciência e
da Consciência. Redirecionar as prioridades mundiais, passando de uma
consciência individualista e nacional

para uma consciência global e elevada, proveniente da alma, foi tema
do discurso da presidente da Aquaac,
Dra. Ida Urso. Para ela, essa mudança
renovará o sentido de liberdade.
Já a educadora Maria Conceição
Malaman, representante da LBV na
ONU, saudou os participantes com a
mensagem de Paiva Netto, intitulada
“Transformação pela consciência
espiritual”, constante do seu artigo
“Questão de Morte ou de Vida?”. A

Revista Boa Vontade

33
LBV no mundo

Na imagem à esquerda: a equipe da LBV em Nova York; ao centro, Danilo Parmegiani,
representante da Instituição no evento, aparece ao lado do Embaixador Anwarul K. Chowdhury; à
direita, o lingüista e cientista social James Hurtak.
platéia acompanhou atenta o texto
por meio de publicação sobre o Fórum Mundial Permanente Espírito e
Ciência — elaborada especialmente
para esse seminário em três idiomas
(português, inglês e espanhol) —,
no qual o autor defende o reconhecimento, pelo Ser Humano, de sua
identidade espiritual e a necessidade
de sua integração no Amor.
A representante do Conselho
da Conferência das Organizações
Não-Governamentais com Relações
Consultivas para as Nações Unidas
(Congo), Leslie Wright, compareceu
ao encontro para prestigiar a palestra
da Legião da Boa Vontade. “A LBV
sempre faz um excelente trabalho”,
afirmou. Outra personalidade conhecedora do trabalho da organização
brasileira e que também participou
do seminário foi o lingüista e cientista
social James Hurtak, um dos palestrantes da Primeira Sessão Plenária
do FMPEC, que ocorreu, em 2000,
no Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica (ParlaMundi), em
Brasília/DF. “O fórum da LBV é a
centelha do que precisa ser feito pelo
mundo, reunindo pensadores, educadores, jornalistas, doutores, pessoas
de diferentes conhecimentos, cujas
experiências nas dimensões espirituais tragam esperança à Humanidade”,
recordou-se.
As conferências principais ficaram
a cargo de duas sumidades nas respectivas áreas de atuação. O Embaixador

34 Revista Boa Vontade

Anwarul K. Chowdhury, de Bangladesh, Subsecretário-Geral da ONU, e
o cientista e escritor japonês Masaru
Emoto demonstraram, sob a ótica das
relações humanas e da Ciência, a diferença que a Espiritualidade pode exercer na superação de desafios, como os
oito Objetivos de Desenvolvimento
do Milênio (ODMs), estabelecidos,
em 2000, pelas Nações Unidas e
assumidos por 191 países membros
— entre eles o Brasil —, devendo ser
alcançados até 2015.

Evolução da consciência
O Embaixador Chowdhury,
reconhecido mundialmente pela
função que passou a desempenhar
em 2001, a de Alto Representante
da ONU para os Países Menos
Desenvolvidos, focou sua apresentação no impacto que a evolução
da consciência pode causar no
cumprimento dos ODMs. “É muito
importante que as nações mundiais
e a sociedade civil se reúnam no
desenvolvimento dessa consciência
para ajudar outras partes do mundo,
sentir que fazemos parte de uma
comunidade global e que, portanto,
precisamos cuidar uns dos outros.
Somente assim atingiremos as metas do milênio”, argumentou.
A respeito da iniciativa de um
evento na ONU da natureza desse
seminário, disse: “Tudo está conectado. Temos de ter sempre em

mente que cada aspecto da existência humana está inter-relacionado.
Causamos impacto uns sobre os
outros; então, temos de ter uma
visão geral sobre toda a existência humana”. Particularmente em
relação à obra que a LBV realiza,
declarou: “Eu quero encorajar o
trabalho que desenvolvem. Fazem
um trabalho maravilhoso, o qual
aprecio muito”.

Mensagens Secretas da
Água
A pesquisa do Dr. Masaru Emoto,
autor do livro The Hidden Messages
in Water (Mensagens Secretas da
Água), já foi apresentada no mundo
inteiro, tendo sido traduzida para dezenas de idiomas. Tanta repercussão
se deve ao fato de o cientista ter conseguido captar, por meio de microscópio, fotografias de cristais d’água
congelados. As imagens tomam belas
formas quando o líquido está exposto
a palavras com boas vibrações. Do
mesmo modo, o oposto ocorre, desfigurando o cristal fotografado quando
palavras negativas e destrutivas são
usadas. “Minha pesquisa pode, gradativamente, despertar nas pessoas
os mistérios da vida, revelados pela
água. Também poderão perceber a
relação intrínseca que existe entre
a água e as pessoas. Tudo vibra. Se
criarmos boa vibração, criaremos
bons fenômenos”, ressaltou.
O Novo Mandamento de
Jesus e a ONU
Uma das intervenções da platéia
foi a da adolescente Mariana Malaman, integrante da Juventude Ecumênica da Boa Vontade nos Estados
Unidos, que ficou empolgada ao ver
as fotos dos belos cristais formados
quando a água é exposta a palavras
com boas vibrações. Dirigindo-se ao
Dr. Emoto, contou a todos um pouco
sobre o programa Peace and Good
Will Garden (Jardim da Paz e da Boa

Mariana Malaman

Vontade), no qual jovens da LBV
promovem atividades em escolas
norte-americanas para mobilizarem
estudantes a refletir sobre a paz,
a concórdia e o amor, “inspiradas
pelo Novo Mandamento de Jesus:
Amai-vos uns aos outros como Eu
vos amei (João, 13:34)”. A pergunta
de Mariana ao cientista foi se ele já
teve curiosidade para saber qual imagem o líquido teria ao contato com
o Mandamento do Cristo. Várias
pessoas, depois da palestra, cumprimentaram-na pela participação
e disseram que “seria certamente a
mais bela de todas”, conta ela.
A diretora da World Peace Prayer
Society, Deborah Moldow, ressaltou
essa marca do trabalho da Instituição.
“A LBV é a demonstração prática
dos ensinamentos de Jesus. Eu amo
a LBV, porque ela não se preocupa
com quem está certo ou errado, ou
de quem é a culpa, simplesmente vai
e realiza. Vive a consciência cristã
e demonstra que o amor pode curar
o mundo.”

Sede das Nações Unidas, em Nova York (Estados Unidos).

As atividades continuam
O seminário foi resultado das atividades permanentes do subcomitê de
ONGs Dimensões Espirituais da Ciência e da Consciência, o qual a LBV colidera desde outubro de 2004. O convite
para integrá-lo partiu de Diane Williams,
Presidente do Comitê de Espiritualidade,
Valores e Interesses Globais de ONGs
nas Nações Unidas, durante a realização
da Segunda Sessão Plenária do FMPEC,
também ocorrido no ParlaMundi, no ano
passado. O grupo, composto de várias
organizações parceiras que focam essa
temática, pretende promover com outros
comitês e organizações com status consultivo na ONU, em outubro de 2005,
um grande evento, chamado “O espírito
da ONU”, o qual celebrará ainda os 60
anos das Nações Unidas.

Transformando o Homem a
partir do Espírito
No raiar deste novo milênio,

o mundo enfrenta inúmeros problemas globais, que desafiam o
Ser Humano a repensar conceitos
e atitudes. O avanço tecnológico
da Humanidade chega a patamares surpreendentes, contudo
acompanhado pelo constrangedor
paradoxo da crescente desigualdade social. Governos mundiais,
as Nações Unidas e a sociedade
civil empenham-se para garantir
a sustentabilidade do Planeta e
melhor qualidade de vida a todas
as pessoas.
Esse quadro do nosso momento histórico mostra uma etapa
decisiva da trajetória evolutiva
do mundo. O novo paradigma
espiritual que surge acaba por se
apresentar como medida urgente
que promova a maturidade e a
responsabilidade dos coletivos a
partir da transformação íntima do
indivíduo. Como pioneiramente
apregoa Paiva Netto, “Cuida do
Espírito, reforma o Ser Humano.
E tudo se transformará”.

Revista Boa Vontade

35
Atualidades

Missão de Paz
Crianças da LBV homenageiam soldados
brasileiros que partiram para o Haiti

O

Simone Barreto

Fotos: Jorge Alexandre.

rgulho por representar o
Brasil no cenário mundial,
no cumprimento de tarefa
no Haiti, misturado à emoção na despedida dos parentes que
aqui ficaram. Assim foi marcada a
solenidade do embarque de mais uma
tropa do 3º Contingente da Força
Expedicionária Brasileira (FEB),
que partiu no dia 1º de junho do Rio
de Janeiro/RJ — da base aérea do
Galeão —, rumo a Porto Príncipe,
capital do Haiti, com um total de
205 homens do Exército e 75 da
Marinha.
Cada grupo que participa da missão de paz da ONU permanece seis
meses no País
ajudado. O
objetivo dos
solda-

dos é dar segurança à população,
auxiliar na reconstrução das cidades
e garantir que o processo eleitoral,
que ocorre nos meses de outubro,
novembro e dezembro deste ano,
seja realizado de forma democrática
e com sucesso.
Antes de embarcarem, os militares cantaram o Hino Nacional Brasileiro e fizeram uma prece pedindo
Paz para os povos e para que a missão
fosse bem-sucedida. A convite do Tenente-Coronel Novaes, responsável
pela tropa, e do Dr. César Bastos,
da Secretaria Estadual de Justiça e
Cidadania do Rio de Janeiro, o Coral
Ecumênico Infantil LBV cantou as
músicas Pai-Nosso, Canção do Exército e Queremos a Paz, simbolizando
uma homenagem em nome de todos
os cidadãos do País.
O Tenente-Coronel Novaes afir-

mou ser importante a presença da
Legião da Boa Vontade num ato tão
significativo para eles. “As crianças
cantaram no momento mais importante para nós, que é a hora do nosso
embarque. O canto do Coral das
crianças da LBV será o último som
que os soldados vão levar da nossa
Pátria. (...) Pode ter certeza de que
vamos lembrar muito disso no Haiti.
Nós agradecemos a presença da LBV
aqui. Fiquem com Deus no Brasil e
nós vamos torcer, também, pelo su-

Coronel Mangiavacchi Dr. César Bastos

Coral Ecumênico Infantil LBV emociona
militares no Rio de Janeiro.
Major Mozart

Ten. Cel. Novaes

cesso de vocês”, disse emocionado.
Para o Secretário Estadual de
Justiça Dr. César Bastos “como todas
as ações feitas pela Obra — que procuram levar às crianças uma noção
sempre do civismo, da participação,
não só do ensino, mas do envolvimento como cidadão integral —,
neste evento elas estão tendo uma
noção do que o Brasil vai fazer no
Exterior. Isso faz crescer dentro das
crianças, das próprias pessoas que
são tratadas pela LBV, uma formação
cidadã, vendo que o Brasil é participativo e que elas, por intermédio da
LBV, podem ter participação integral
num Brasil melhor”.
Segundo o Major Mozart, da
Força Aérea Brasileira: “É importante a presença das crianças nessas
missões, principalmente missões da

General Curado

ONU, porque elas levam esperança
para a tropa de Paz. Além disso, vemos que é mais uma parte familiar.
Envolve os militares, a esperança de
um futuro para todos nós”, frisou.
O Coronel Mangiavacchi, Comandante do 3º Contingente da Força
Brasileira de Paz para o Haiti, falou
da incumbência brasileira e da mensagem dos pequenos da LBV. “Para
nós, foi bonito, muito tocante ver as
crianças da Legião da Boa Vontade
homenageando, cantando canções
militares, a Canção do Exército.
É um grupo que tem ligação de
amizade com as nossas unidades e
gentilmente compareceu aqui, prestando a homenagem. É importante
ter as crianças participando desses
momentos”, finalizou.
O General Curado, Comandante

Haiti
Área: 27.400 km²
Clima: Tropical
Idioma: francês e crioulo
(oficiais)
Principais cidades:
Porto Príncipe (capital),
Carrefour, Cap-Haïtien.

Militar do Leste, também reafirmou
o papel de Paz da missão ao Haiti,
maior efetivo da ONU. “Nosso
sentimento de família é bem arraigado no Povo brasileiro e, ele, nós
levaremos para os nossos Irmãos do
Haiti. Também estaremos presentes
na reconstrução do País”.

Religiosa enaltece trabalho educacional da LBV
“O resultado
do trabalho da
LBV é o desenvolvimento e a
transformação
da nossa sociedade”, afirma
Fariba Vahdat.
que o trabalho que a Legião da Boa
Vontade promove com os meninos
e meninas trará bons frutos para a
população. “Nas Escrituras Bahá’is

encontramos um trecho
que diz que ‘todo Ser
Humano é uma rica mina
em jóias preciosas, e que
tão somente a Educação
poderá revelá-la’. Com
certeza, muitas ‘minas’
estão sendo garimpadas
aqui, e o resultado disso
é o desenvolvimento e a
transformação de nossa
sociedade. Parabéns!”.
Após a visita, a representante da
Fé Bahá’í participou, ao vivo, do programa Ecumenismo, transmitido pela
Rede Mundial de Televisão. [R.O.]
Cida Linares

“Foi uma grande alegria poder
visitar a LBV e testemunhar o trabalho maravilhoso que vocês têm
realizado”. Essa foi a frase registrada
por Fariba Vahdat, Coordenadora do
Instituto de Capacitação Leonora
Armstrong da Comunidade Bahá’í
do Estado de São Paulo, no livro de
depoimentos do local, após conhecer
de perto o atendimento realizado pelo
Conjunto Educacional da Obra —
formado pelo Instituto de Educação
José de Paiva Netto e pela Supercreche Jesus —, na capital bandeirante.
Recepcionada pelo Coral Ecumênico Infantil LBV, a religiosa frisou

Revista Boa Vontade

37
Especial sobre Paiva Netto

Daniel Trevisan

Flagrante Legionário: na foto
preto-e-branco registrada em
película, Paiva Netto realiza
informal reunião com integrantes da Juventude Ecumênica da Boa Vontade de Deus.

Economia da

e

Solidariedade
Equipe de Estudos Ecumênicos

Em homenagem aos 49 anos de
trabalho do jornalista e radialista
Paiva Netto nas lides da Legião da
Boa Vontade, data que se comemora
neste 29 de junho, a Equipe de Estudos Ecumênicos produziu matéria
sobre uma de suas teses pioneiras:
a Economia da Solidariedade, distinguindo-a da Economia Solidária.
Para o Líder da LBV, a valorização
humana tem seu foco na Espiritualidade.

O

Presidente das Instituições
da Boa Vontade, José de
Paiva Netto, por sua comprovada erudição e seus
diversificados talentos é reconhecido

38 Revista Boa Vontade

como um homem da renascença:
jornalista, radialista, apresentador
de TV, escritor, compositor, poeta,
educador, empreendedor social e
administrador. Consegue ser uma
síntese rara, pois, ao mesmo tempo,
é pensador, comunicador e homem
de ação.
Elaborou um sistema filosófico
por meio do qual aborda as grandes
questões da vida humana, sociais e
espirituais: o Espiritualismo Ecumênico. A sua obra apresenta espírito
e matéria harmonizados com a Lei
Onidirigente da Vida e daí resultam
os valores da Ética Ecumênica que dá
acertada direção ao relacionamento
humano nos campos econômico,

social e político.
Os conceitos que desenvolve reconhecem a religiosidade (coração-sentimento), a ciência (cérebro-razão),
porém tudo sublimado pela essência
espiritual (alma-intuição).
A complexidade do conhecimento
somente pode ser equacionada holisticamente se reconhecida a existência
do Espírito (Energia Inteligente)
criado à imagem e semelhança de
Deus (Energia Superinteligente)
definido por Jesus, o Cristo, como
Espírito-Amor; e, pelo entendimento
da existência das múltiplas dimensões em interatividade compulsória
e perpétua: Na Casa de meu Pai há
muitas moradas (Evangelho do Cristo,
Homenagem aos 49 anos de
trabalho de Paiva Netto na LBV
No ano de 1969, Paiva Netto iniciou a
elaboração dos princípios da Economia
Humana e Espiritual da Solidariedade
Ecumênica (ou simplesmente Economia da
Solidariedade Humana) dentro da Estratégia da Sobrevivência, antevendo o desfecho
do chamado socialismo real e os limites do
capitalismo globalizado que se seguiria.
Os seus artigos publicados no Brasil e
no Exterior, as palestras pelo rádio e pela
televisão, os livros publicados em inúmeros
idiomas têm inspirado muitos intelectuais
na criação de propostas alternativas viáveis
no território do pensamento econômico.

O dirigente da LBV, durante o “29º
Congresso do Jovem da Boa Vontade”,
que reuniu milhares de moços em
Goiânia/GO, em 3 de julho de 2004.

Economia

Solidária comparadas

Revista Boa Vontade

39
Especial sobre Paiva Netto

segundo João, 14: 2).
A pedra angular do seu pensamento é o Novo Mandamento de Jesus:
Amai-vos uns aos outros como Eu vos
amei (Evangelho do Cristo, segundo
João, 13:34), porque demonstra que
“a Ciência iluminada pelo Amor
eleva o Ser Humano à conquista da
Verdade”.
Desde que a sua obra começou,
há décadas, a ser disseminada pelo
Brasil e pelo mundo, multiplicam-se
grupos de estudos de seu pensamento
que é do mais alto alcance e do maior
interesse, por caracterizar-se como
Espiritualidade aplicada aos campos
objetivos da ação.
Dentre eles surgiu a Equipe Paiva
Netto de Estudos Ecumênicos com
a finalidade de aprofundar a compreensão das idéias de seu patrono
por meio do estudo, da pesquisa e
do diálogo.
Um dos temas que têm motivado
jovens de todas as idades — “Jovem
é aquele que não perdeu o ideal”
— que participam deste aprendizado
é a proposta econômica do Líder da
LBV.
No ano de 1969, Paiva Netto
iniciou a elaboração dos princípios
da Economia Humana e Espiritual
da Solidariedade Ecumênica (ou
simplesmente Economia da Solidariedade Humana) dentro da Estratégia
da Sobrevivência, antevendo o desfecho do chamado socialismo real e
os limites do capitalismo globalizado
que se seguiria.
Os seus artigos publicados no
Brasil e no Exterior, as palestras
pelo rádio e pela televisão, os livros

40 Revista Boa Vontade

publicados em inúmeros idiomas
têm inspirado muitos intelectuais
na criação de propostas alternativas
viáveis no território do pensamento
econômico.
Por ocasião do “8º Fórum da Juventude Ecumênica da Boa Vontade
de Deus”, realizado em 17 de abril
deste ano, no Espaço Ecumênico da
Religião de Deus,em Porto Alegre/RS,
sob o tema Economia da Solidariedade Humana, o trabalho a seguir foi
apresentado.
Na primeira parte, traremos a
Economia Solidária, suas características, possibilidades e limites. Com
esta finalidade buscamos o auxílio
do livro Introdução à Economia
Solidária, do notável professor Paul
Singer, publicado no ano de 2003. E,
também, do trabalho organizado pelo
respeitado sociólogo Boaventura de
Sousa Santos, Produzir para Viver,
editado no ano de 2002.
Na segunda parte, que será publicada no próximo número da revista
BOA VONTADE, disponibilizaremos
aos leitores um relato do desenvolvimento da Economia da Solidariedade
Ecumênica, bem como as suas inspiradoras contribuições de vanguarda
que repercutem, até mesmo, por meio
de contribuições ao Conselho Econômico e Social da ONU (Ecosoc),
conforme destacou o economista,
ex-Ministro do Trabalho e Deputado
Federal, Dr. Walter Barelli.
Finalmente, a Equipe de Estudos
Ecumênicos apresentará uma conclusão comparativa entre a Economia da
Solidariedade Ecumênica e a Economia Solidária.

Economia Solidária
Origem — A Economia Solidária surgiu no início do século XIX
em razão do empobrecimento dos
artesãos provocado pela introdução
de máquinas que deram início à Revolução Industrial.
Na Grã-Bretanha houve a expulsão dos camponeses do campo para
a cidade, seguida da exploração nas
indústrias que surgiam degradando
a vida do proletariado nascente. As
indústrias caracterizavam-se por
jornadas de trabalho que chegavam
a 18 horas diárias. Entre a mão-deobra utilizada nas fábricas estavam a
infantil e a idosa, o que prejudicava
até a reprodução e manutenção da
classe trabalhadora.
Nesse panorama, o empresário
Robert Owen (1771-1858) resolveu
adotar algumas medidas que visavam
humanizar o tratamento aos operários: limitou a jornada de trabalho,
proibiu a utilização de mão-de-obra
infantil e ofereceu a elas a oportunidade de estudar.
As providências de Owen surpreenderam a todos pelo aumento
da produtividade, mesmo ocorrendo
o acréscimo das despesas (criando
escolas, etc.), a empresa tornou-se
bastante lucrativa.
Esse fato atraiu a atenção de pessoas em todo o mundo que procuravam entender como o crescimento do
bem-estar dos trabalhadores poderia
gerar maior lucratividade.
No ano de 1817, Owen apresentou
ao governo britânico um projeto mais
avançado com a finalidade de criar
meios de sustentação para o Povo que
fora vítima da depressão vivida pelo
Reino Unido.
A idéia fundamental era o estabelecimento de Aldeias Cooperativas
que tinham como meta viabilizar
condições de trabalho na agricultura e na indústria que permitissem
a subsistência dos cooperados. O
excedente da produção seria trocado
entre as Aldeias.
O plano foi recusado pelo governo
e Owen partiu para uma visão mais
extremada de sua proposta. Ele passou, então, a objetivar uma mudança
completa no sistema social e uma
abolição da empresa lucrativa capitalista (Cole, 1944, p. 20).
Desistindo da implantação de suas
idéias na Grã-Bretanha, mudou-se
para os Estados Unidos com o escopo
de fundar uma Aldeia Cooperativa
que seria um modelo de organização
para a sociedade do futuro. O empreendimento não alcançou o êxito
pretendido e Owen retornou à sua
terra, em 1829.
No período em que esteve fora,
vários de seus seguidores realizaram
empreendimentos inspirados em suas
idéias, a exemplo da comunidade que
publicou o jornal cooperativo The
Economist.
O owenismo foi também adotado
pelo movimento sindical e cooperativo da classe trabalhadora. Em
determinado momento, os operários
objetivaram em suas greves não
apenas obter melhores condições
de remuneração e de trabalho, mas
buscavam substituir os seus empregadores no mercado com a criação

O que é

Economia Solidária?

Os meios de produção —
Enquanto na empresa capitalista
os meios de produção pertencem
ao dono do capital, na empresa
solidária o capital e os meios
de produção pertencem aos que
nela trabalham.
Finalidade — A empresa capitalista objetiva exclusivamente o lucro, a empresa solidária
procura maximizar a quantidade
e a qualidade do trabalho.
Propriedade — A empresa
capitalista pertence aos investidores, a empresa solidária é
propriedade de todos os trabalhadores por meio de uma
divisão igualitária.
Hierarquia e autoridade
— Na empresa capitalista, o
poder concentra-se no capitalista ou nos gerentes por ele
contratados. Na empresa solidária, a administração é exercida
por sócios eleitos para a função
que a conduzem segundo diretrizes aprovadas em assembléias
gerais, ou em conselhos de
delegados eleitos pelos sócios.
A empresa solidária é basicamente de trabalhadores que,

apenas secundariamente, são
seus proprietários.
Lucros — Na empresa capitalista, o lucro é distribuído
entre os investidores, remunerando o capital investido. Na
empresa solidária, as sobras
destinam-se a: fundo indivisível; reinvestimento; fundos
sociais de cultura, educação,
de saúde, etc, e, eventualmente, para divisão entre os sócios.
Não há remuneração de capital, portanto não há lucro.
Remuneração — Na empresa solidária, não existem
assalariados. Todos os trabalhadores são sócios que fazem
retiradas que variam conforme
a receita.
Em muitas situações existe
diferenciação nas retiradas,
de acordo com o que ficou
definido pelos próprios trabalhadores.
Responsabilidade e participação — A informação na
empresa solidária é democraticamente compartilhada, pois
todos têm responsabilidade
sobre as decisões.

Revista Boa Vontade

41
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  • 3.
  • 4. Editorial Muro de Alziro de Paiva E José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor, é Presidente das Instituições da Boa Vontade. stive algumas vezes em Portugal. País lindo, de gente acolhedora. Terra da nostálgica Amália Rodrigues (1920-1999), que Foi Deus*¹ quem levou, faz pouco tempo. Sempre gostei de ouvi-la cantando esse fado, ao som de guitarras afinadíssimas e chorosas. Por sinal, contam que, influenciada por amigos, não iria gravá-lo. Entretanto, reconsiderou, e seu sucesso foi imenso. Sorte para Amália, sorte para nós. Isso me lembra outra história, a de que alguns artistas famosos de Hollywood se negaram a interpretar o papel principal de nada mais nada menos que Casablanca. Sorte para Humphrey Bogart e para nós também. Uma dessas viagens deu-se em novembro de 1994, depois que o Dr. José Aparecido de Oliveira*², então Embaixador do Brasil naquela naçãoirmã, ligando lá para casa, fraternalmente “convocou-me” para assistir, na capital lusitana, ao lançamento da pedra fundamental da sede da Fundação LusoBrasileira do Mundo de Língua Portu- Espelho do Gerês, localizado na Serra de mesmo nome, em terras lusitanas. Revista Boa Vontade Amália Rodrigues guesa. Presente estava, entre diversas personalidades de Portugal, da África e do Brasil, o eminente arquiteto Oscar Niemeyer, com sua voz calma e afetuosa e seu coração grande e apaixonado pelas causas sociais. Após a solenidade, o Embaixador apresentou-me o Dr. Jorge Sampaio, que, naquela ocasião, presidia a Câmara Municipal de Lisboa. Hoje, ele é o Presidente da República. Em seguida, houve uma recepção na casa do amigo Aparecido, sob a batuta de sua distinta esposa, Dona Leonor. São momentos de cariciosa lembrança, quando fui gentilmente convidado a assinar com os Reprodução BV Gerês
  • 5. Celso Romero Em 1989, Dom Geraldo Maria de Moraes Penido (D), então Arcebispo de Aparecida/SP, visitou a Sede Mundial da LBV, em São Paulo/SP, onde foi fraternalmente recepcionado pelo escritor Paiva Netto. Julio Almeida Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, nos papéis centrais de “Rick” e “Ilsa” em Casablanca, um estrondoso sucesso de Hollywood, considerado o segundo melhor filme americano. Em cenas de Casablanca, que reproduz um café americano, “Sam”, personagem interpretado pelo ator Dooley Wilson, toca enquanto Humphrey Bogart o observa. Dom Raymundo Damasceno Assis, Arcebispo de Aparecida. Arquivo BV PhotoDisc Há alguns anos, durante um evento em Lisboa, confraternizaram o atual Presidente de Portugal, Dr. Jorge Sampaio (E), o ex-Embaixador do Brasil em Portugal, Dr. José Aparecido de Oliveira (C), e o Diretor-Presidente da LBV, José de Paiva Netto (D). demais um protocolo de doação de monumental pintura de Nossa Senhora Aparecida (obra do arquiteto e artista plástico João de Souza Araújo) à famosa Basílica dedicada à Mãe de Jesus, naquele tempo sob o comando Oscar Niemeyer do estimado D. Geraldo Maria de Moraes Penido (1918-2002), seu saudoso Arcebispo Emérito. Em 1989, visitou-me na Legião da Boa Vontade e tive a honra de ser recebido, juntamente com minha família, em sua residência, numa tarde memorável, tendo ao lado sua bondosa irmã Dona Geralda, também hoje falecida. Que Deus eternamente os guarde em Seu Seio de Misericórdia. (Na atualidade, a grande Catedral tem a direção do ilustre Dom Raymundo Damasceno Assis.) Torre de Belém, um dos mais famosos monumentos de Lisboa/Portugal, situa-se na margem direita do Rio Tejo. Revista Boa Vontade
  • 6. Editorial Arquivo BV Trecho do muro de Gerês, que inspirou os versos de Paiva Netto. A um Muro Antigo Na estrada de Gerês para Braga, existem muitos muros velhos... Mas há um antigo, especialmente antigo, bem na curva, que à alma afaga... Antigo como o Amor e como as dores... Tão pequeno... mas nos faz sorrir aos favores de nos abrir, à alma triste, um prazer amplo, de descobrir, no seio do campo, a beleza divinal das flores. Enquanto outros — grandes!... — não têm a expressão com que, na sua pequenez, fala ao coração. Sim, porque, se este não é o maior dos órgãos do corpo, tudo sente e tudo vê, porque tudo vê e tudo sente... Eis seu escopo. Oh! Muro pequeno, pequeno Muro, tão carregado de Vida! Vida! Vida! como a hera que cobre os teus lados, feitos de pedra amolecida Revista Boa Vontade e humanizada pelos anos, muitos anos... Ah! Muro Antigo! de pedra antiga... A quanta história assististe!... E do muito que ouviste, conta-me um pouco. E tas escutarei, não de ouvido mouco, de tanto viajante, que por aqui passa, e não te vê... Pois loucos laços lhe turbam a mente... E que oportunidade perde, pois não te sente o canto dos séculos acerantes. Sim, porque a roda roda... E o que foi, retorna adiante... E, talvez, Muro Antigo, antigo Muro, os que são cegos para não ver-te, e surdos para não ouvir-te, tenham aprendido, finalmente, que, para escutar o lamento ou o cantar da própria pedra, é tão preciso, morta a regra, amar todos os amores do Amor Divino sem rancores. Até que surgiu aquele, gracioso, bem na curva, mas que, de tão pequeno, quase não podia ser visto. Estava lá, contudo, firme, cumprindo a sua função de não permitir que, num estreito espaço não preenchido, alguém distraidamente, talvez mesmo uma criança ou um idoso, caísse no precipício profundo. Serra do Gerês Em outra ocasião, fui levado a um local encantador, Amares, onde passamos algumas horas respirando ar puro, coisa cada vez mais rara, conversando com pessoas da comunidade, além das que também visitavam o lugar. Na volta, a caminho de Braga, deliciando-me com a paisagem da Serra do Gerês, pude observar a seqüência de muros de pedra, o que é comum na região. Uns eram pomposos, outros mais singelos. Até que surgiu aquele, gracioso, bem na curva, mas que, de tão pequeno, quase não se dava a perceber. Estava lá, contudo, firme, cumprindo a sua função de não permitir que, num estreito espaço não preenchido, alguém distraidamente, talvez mesmo uma criança ou um idoso, caísse no precipício profundo. E quis, então, prestar-lhe uma homenagem, como a uma pessoa humilde, desconhecida na sua modéstia, que nem por isso deixa de, por Amor, cumprir o seu dever. E, ainda no autocarro, ousei, perdoem-me, sem ser poeta, os seguintes versinhos, para musicá-los depois. (Ao lado) Qual o recado do pequeno Muro? Este: em que é menor que um rei aquele que não foge à sua responsabilidade? Merece de todos nós o apoio e a distinção por persistir, com honra,
  • 7. Nélida Jô Soares lança livro na Academia Jorge Alexandre Arquivo BV A escritora e acadêmica Nélida Piñon e Paiva Netto, num momento de descontração. S enti muita alegria ao saber que a nossa querida Nélida Piñon conquistou, neste mês de junho, o “Prêmio Príncipe de Astúrias das Letras”, que jamais fora conferido a uma escritora nascida em nosso país (Leia entrevista da escritora na página 18). Ela foi a primeira mulher a dirigir a Academia Brasileira de Letras (ABL), no período das comemorações do centenário da Casa de Machado de Assis. Ocupa a cadeira de número 30, cujo patrono é o jornalista e romancista, nascido em Bagé/RS, João Carlos de Medeiros Pardal Mallet (1864-1894). É uma tenaz batalhadora dos Direitos Humanos, destacadamente os das mulheres. Para Nélida, o nosso carinho e respeito. E um grande beijo no coração. (Paiva Netto) em viver a sua dignidade. A elite de um país é o seu Povo. ________________ *1 Foi Deus — Este fado de Alberto Fialho Janes foi imortalizado pela diva Amália Rodrigues (19201999). O escritor e apresentador Jô Soares e o Dr. Pedro de Paiva J ô Soares lançou no dia 9 de junho, na ABL, seu mais recente romance, Assassinatos na Academia Brasileira de Letras. A história do livro se passa em 1924 e o cenário é o Rio de Janeiro antigo, em que alguns acadêmicos fictícios aparecem mortos nos mais diversos e famosos pontos de visitação carioca, tais como: o Copacabana Palace, o Petit Trianon, a sede da ABL, o Estádio do Fluminense, a Estrada de Ferro do Corcovado, a Candelária e outros. O autor enfatiza que a obra é uma maneira de se retornar aos bons tempos, em que as pessoas podiam andar despreocupadas pelas ruas da cidade. O advogado Pedro de Paiva prestigiou o lançamento e, na ocasião, representou seu pai, o dirigente da LBV, José de Paiva Netto, tendo a oportunidade de cumprimentar diversos acadêmicos como o Senador Marco Maciel — que relembrou a visita que fez ao Templo da Boa Vontade, em Brasília/DF —, e também o acadêmico Ivan Junqueira, Presidente da ABL. O Dr. Pedro foi recebido com muito carinho por Jô Soares, que mandou um beijão para o Líder da Legião da Boa Vontade, além de encaminhar a obra autografada com a seguinte mensagem: “Paiva Netto, um beijo do gordo. Jô Soares. 09/06/05”. E Paiva Netto, ao receber o livro, declarou: “Ao Jô, que, com sua verve, torna a nossa vida mais interessante, um beijo também”. (Simone Barreto) José Aparecido de Oliveira — Homem de vasta cultura e político de grande influência, que serviu o Brasil como Ministro das Relações Exteriores, foi o primeiro Ministro da Cultura e Embaixador em Portugal, entre outros cargos em sua extensa vida pública. Ele também foi o propositor da criação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e integra o Conselho da Ordem do Mérito da Fraternidade Ecumênica, do ParlaMundi da LBV. *2 Divulgação Cidade do Porto, Portugal. Revista Boa Vontade
  • 8. Cartas Status da Mulher da ONU Venho parabenizar a revista Boa Vontade pela reportagem “Status da Mulher nas Nações Unidas” (Editorial de Paiva Netto), contendo a mensagem encaminhada pela LBV à 49a Sessão da Comissão do Status da Mulher, nas Nações Unidas, Nova York, EUA. É muito importante que sejam divulgados continuamente para todas as classes sociais os avanços conseguidos pelas mulheres nas suas lutas políticas, culturais, científicas e filosóficas, para a conquista da igualdade de gênero, conforme consta na Declaração Universal dos Direitos Humanos. O Instituto de Pesquisas e Ensino da Cultura Espírita (IPECE), com sede em São Paulo, no Itaim Bibi, também desenvolve, no seu âmbito de ação, programa de trabalho no sentido de divulgar diretrizes de orientação para a mulher brasileira conscientizar-se a respeito de seu real papel a ser desempenhado na própria Humanidade. Como cita o escritor Paiva Netto, com relação à igualdade de gêneros: “Valorizar a Mulher dignifica o Homem”. (Claudine Tchekmeniam Carneiro — Diretora de Divulgação do IPECE) Lendo a BOA VONTADE (edição de nº 201), fico feliz em ver o progresso que nunca parou. Quando abro a revista e vejo tantas matérias que irão conscientizar milhões de brasileiros e estrangeiros, me emociono. (...) A LBV está muito à frente ao levar o verdadeiro status da Mulher, da Mulher espiritualizada, na ONU. Parabéns, Irmão Paiva e toda equipe da Editora Elevação. (Luiz Donizetti de Melo — Brasília/DF) A revista BOA VONTADE está passo a passo maravilhosa, do princípio ao fim, incluindo a apresentação, com colorido forte e vibrante. Todos os assuntos estão muito bem-escritos, a começar pelo da capa: “A Força da Mulher nas Nações Unidas”, passando ao “Alerta Verde”, “Estatuto do Idoso” e o grande sucesso do lançamento, na Bienal do Rio, do livro As Profecias sem Mistério. (Argencília Cândida dos Santos — São Paulo/SP) Manifesto o agradecimento dos meus familiares — minha esposa, Rosane, meus filhos Matheus Willians e Ana Clara — pelo maravilhoso livro As Profecias sem Mistério, fruto do Amor Humano Divinizado que toca nosso íntimo, o recôndito de nossos Espíritos. Esclarece nossas mentes, harmoniza nossas vidas e lares, enfim, reconduz a criatura ao Seu Criador. É como o viajante, cansado e sôfrego pelas árduas lutas da caminhada, mas, depois de muito perseverar, encontra o oásis, a Paz. Prezado Paiva Netto, minha família dedica-lhe estas singelas palavras que nasceram de nossos corações. Muito obrigado! (Anderson Willians Antunes Borges — Niterói/RJ) In memoriam Homenagem ao Deputado e amigo da LBV, Sr. Jorge Cauhy. F Revista Boa Vontade Arlete Genari Ao discursar, o Depualeceu, no último tado afirmou: “Este Título dia 31 de maio, o resgata uma dívida antiga Deputado Distrique o povo de Brasília tal Jorge Cauhy. tinha para com esse granNascido em 27 de janeiro de empreendedor e desde 1924, em Uberlândia/ pertador de almas. Paiva MG, mudou-se para a caNetto, empenhado no ideal pital federal em outubro de realizador de Alziro Zarur 1959. Casado, pai de cinco Jorge Cauhy (1914-1979), construiu o filhos, fundou e presidiu a Templo da Boa Vontade e o ParlaAssociação Comercial do Núcleo Bandeirante. Foi diretor da Junta Comercial Mundi (da LBV), materializando do Distrito Federal e membro efetivo do o que o fundador da Instituição Conselho de Desenvolvimento Social preconizava: a existência de um da Secretaria de Serviços Sociais. Em Campo Neutro, irrestritamente 1995, o Deputado prestou uma home- ecumênico, no qual todas as criatunagem ao jornalista e escritor José de ras pudessem confraternizar”. A Legião da Boa Vontade soPaiva Netto, laureando-o com o Título lidariza-se com os familiares e de Cidadão Honorário de Brasília, sendo entregue no Conjunto Ecumênico da amigos do Deputado Jorge Cauhy LBV. Foi a primeira vez que a Câmara e envia as mais sinceras vibrações Legislativa do DF se reuniu fora de sua de Paz e gratidão ao seu Espírito eterno. sede em Brasília. As Profecias sem Mistério: mensagem que conforta! O novo lançamento de As Profecias sem Mistério, do escritor Paiva Netto, traz assuntos de grande importância, contidos na Bíblia Sagrada, que são questões atuais para a Humanidade. Sem atemorizar ninguém, a sua mensagem apenas orienta qual o caminho melhor para trilharmos, sem opressão e fanatismo. Mostra-nos que vale a pena viver, mas com responsabilidade e muito Amor. Parabéns, Paiva Netto! (Gladys Farago Gomes — Joinville/SC) Gostaria de parabenizar o escritor Paiva Netto pelo lançamento da nova edição do livro As Profecias sem Mistério. Este, com certeza, é mais um presente que ele concede não só aos Legionários da Boa Vontade, mas a todas as pessoas que se interessam pela Espiritualidade. Tive a oportunidade de ver a capa desta nova edição (quando
  • 9. Escrevo no intuito de dar os parabéns a Paiva Netto pelo lançamento da 54ª edição de seu livro As Profecias sem Mistério. Esta obra, em especial, personifica a Voz do que Clama no Deserto, alertando a Humanidade quanto à responsabilidade perante o seu livrearbítrio. Os escritos do autor jogam por terra a pregação dos especuladores da desesperança, aqueles que, sem nenhum fundamento espiritual-religioso, lucram com o desespero alheio. O medo tolhe o raciocínio das pessoas que, dessa forma, acabam sendo facilmente manipuladas. Esta obra, contudo, não torna os fatos profetizados em “água com açúcar”, como a dizer: “Relaxem, isso tudo que está relatado não irá acontecer”. Ele apresenta a medida exata do resultado da semeadura boa ou má da criatura humana. (...) Parabéns ao autor pela atitude inaudita de sempre convidar o Povo ao raciocínio, à reflexão sobre as ações do Homem na sociedade, sem jamais impor, porém, oferecendo aos que procuram o esclarecimento, a ferramenta do Amor Fraterno a abrir-lhes a consciência. Gratíssimo! (Mário Augusto Brandão — Glorinha/RS) O livro As Profecias sem Mistério, em sua 54ª edição, é mais uma grande contribuição de Paiva Netto para que a Humanidade perceba que está amparada pela Divina Causa de Jesus. Destaco o capítulo “Jesus, o Pão Vivo que desceu do Céu”, na apresentação do Evangelho do Cristo, segundo João, 6:48: Eu sou o Pão da Vida! e 50: Este é o Pão que desceu do Céu, para que se coma dele e não se morra!. Nele vemos a grandeza do Cristo em afirmar-nos que Ele é o Pão da Vida, com o qual estaremos livres da “morte” que é a ignorância espiritual, causa primeira de tantas problemáticas mundiais, que a cada dia banaliza ainda mais a existência humana. (...) A preocupação constante é o alertamento de Paiva Netto quanto à urgente necessidade de utilizarmos a Comunicação a serviço de Deus. “LBV é 100% Comunicação” é o seu lema. Basta vermos a Super Rede Boa Vontade de Comunicação, bem como sua brilhante literatura, que na verdade são produtores de conhecimento a serviço do bem-comum. (Eliane Maria Barcelos Silva — São Paulo/SP) Li, com muita honra, um dos primeiros exemplares da notável obra As Profecias sem Mistério, do escritor Paiva Netto. O iluminado título chegou às minhas mãos durante a transmissão do programa Ecumenismo, que tratava do tema “Dia de Pentecostes”*. Dialogava eu, àquela altura, com o Padre Silvio Andrei, da Paróquia Rainha Revista bonita, bem editada e erudita Agradeço a remessa dos exemplares da bonita, bem editada e erudita revista BOA VONTADE, que, para honra minha, abrigou modesto trabalho sobre o “Protocolo de Kioto”. Espero, em outra oportunidade e com assunto de interesse, merecer outra reprodução. (Desembargador José Carlos Teixeira Giorgis — Porto Alegre/RS) Arquivo pessoal Li com atenção as matérias da BOA VONTADE, que tem um novo formato, mais prático e moderno. De fato, um trabalho digno de aplausos. O conteúdo é forte em suas mensagens, verdadeiro em suas denúncias. A revista mistura o factual com a pesquisa da nossa verdadeira história e, mais, pode ser consultada por estudantes e pesquisadores. A matéria “Respirando a Morte” representa um ato de coragem e de amor ao Ser Humano (características do Irmão Paiva). A publicação é abrangente, tem largo perfil ecumênico. Uma revista a ser lida, guardada para consultas, que distrai e traz Paz à Alma do leitor. (Hilton AbiRihan, radialista e jornalista — Rio de Janeiro/RJ). Antônio Carlos estava ainda em fase de produção) e fiquei encantada com sua beleza e bom gosto. Não tenho dúvida de que continuará sendo mais um sucesso de vendas. Venho acompanhando as notícias do lançamento deste livro, todos os dias, pela Super Rede Boa Vontade (...). Também tive o prazer de ouvi-lo, ao vivo, comentando os novos capítulos da obra, o que me deixou muito feliz. Foi realmente um presente para mim. Muito obrigada por mais este presente! (Helen Winkler Baragão — e-mail) Fato e História dos Apóstolos da Igreja Católica Apostólica Romana, localizada na Vila Monumento, no Ipiranga, São Paulo/SP, e com o Ministro da Religião de Deus Jayme Bertolin. O Padre Silvio frisou, ao vivo, que o trabalho do Presidente das Instituições da Boa Vontade (IBVs) é um poderoso exemplo da ação do Espírito Santo. No trabalho de Evangelização e Apocaliptização da Humanidade terrena e espiritual a coleção O Apocalipse de Jesus para os Simples de Coração (da qual faz parte As Profecias sem Mistério) mostrou-se essencial, porque é a Revelação da Revelação. Jesus, o Cristo de Deus, foi quem falou da necessidade da presença do Paráclito para o avanço do conhecimento sobre as Leis Divinas. E a Missão do Líder da LBV é expressão singular e inequívoca da presença do Espírito Santo atuando na preparação da Volta Gloriosa de Nosso Senhor e Mestre. (Paulo Alziro Schnor — São Paulo/SP) ________________ *Dia de Pentecostes — A data é celebrada 50 dias após a Páscoa, quando se comemora a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos. Revista Boa Vontade
  • 10. Ao Leitor Os leitores da rBV têm bons motivos para celebrar este mês de junho. A começar pela escolha do nome da romancista Nélida Piñon para receber o “Prêmio Príncipe de Astúrias das Letras”, distinção conquistada pela primeira vez por um escritor do Brasil. Nesta edição da láurea concorria o total de 31 candidatos procedentes do Brasil, Canadá, Estados Unidos, Holanda, Hungria, Índia, Israel, Kuwait, México, Noruega, Peru, Portugal, República Dominicana, Reino Unido, Suécia e Espanha. Um dia antes de o resultado ser divulgado, durante evento ocorrido em Oviedo/Espanha, Nélida concedeu entrevista exclusiva à BOA VONTADE, na qual conta detalhes da sua vida e de sua trajetória na literatura. Os ares do “Velho Mundo” também inspiraram o editorial escrito por Paiva Netto. Em seu artigo “Muro de Gerês”, o jornalista conta as experiências vividas em Portugal — quando lá esteve pela força de suas funções. Outro relevante fato a ser festejado neste período são os 49 anos de trabalho do dirigente da LBV, em 29 de junho, dia dedicado à memória de São Pedro e São Paulo. Foi nesta data que Paiva Netto iniciou seu apostolado em favor dos que padecem do corpo e da Alma. Por iniciativa da própria juventude, a comemoração para esta expressiva marca se dará no “30º Congresso Internacional do Jovem da Boa Vontade”, que se realizará em Uberlândia/MG, neste 25 de junho. Esta edição também chega para o leitor com uma novidade: a seção “Samba e História”, que traz a série de entrevistas feitas pelo radialista Hilton Abi-Rihan em programa de mesmo nome — exibido pela Super Rede Boa Vontade de Rádio e Rede Mundial de Televisão — com destaques do mais popular ritmo do nosso País. O estreante deste espaço é o cantor Pery Ribeiro, expoente da Bossa Nova e o primeiro a gravar Garota de Ipanema. Boa leitura! Os editores ANO XXIII • Nº 202 • junho de 2005 BOA VONTADE é uma publicação mensal das IBVs, editada pela Editora Elevação. Diretor e Editor responsável Francisco de Assis Periotto MTE/DRTE/RJ 19.916 JP Redação Editor Executivo: Gerdeilson Botelho Subeditora: Débora Verdan Revisão Adriane Schirmer Neuza Alves Walter Periotto Wanderly Albieri Baptista Colaboradores Alvino Barros, Antonio Paulo Espeleta, Daniel Rocha, Elias Paulo, Leonardo Mattiuzzo, Leonardo Roustaing, Maria Aparecida da Silva, Paulo Azor, Pedro de Paiva, Profa Nádia Lauriti, Rita Silvestre, Silvia Bovino e William Luz Arte Sumário Projeto Gráfico: João Periotto Capa: João Periotto e Alziro Braga Foto de capa: Arquivo pessoal da escritora Produção Edição nº 202 4 Editorial 8 Cartas 13 Coluna do Garotinho 14 Reportagem 18 Perfil 22 História 26 Turismo 29 Notícias de Brasília 30 Samba e História 32 LBV no mundo 10 Revista Boa Vontade BOA VONTADE 36 Atualidades 38 Especial sobre Paiva Netto 44 Espírito e Ciência 49 Literatura 50 Acontece 54 Melhor Idade 56 Ação Jovem LBV 60 Soldadinhos de Deus 62 Pedagogia do Cidadão Ecumênico Endereço para correspondência: Av. Rudge, 938 — Bom Retiro CEP 01134-000 — São Paulo/SP Tel.: (11) 3358-6868 — Caixa Postal 13.833-9 — CEP 01216-970 Internet: www.boavontade.com E-mail: info@boavontade.com Impressão: PROL Editora Gráfica A revista BOA VONTADE não se responsabiliza por conceitos emitidos em seus artigos assinados.
  • 11. Sumário Editorial 4 4 Editorial LBV no mundo 32 Especial sobre Paiva Netto 38 Espírito e Ciência 44 Em seu artigo, Paiva Netto escreve “Muro de Gerês”. 13 Coluna do Garotinho José Carlos Araújo comenta a venda dos jogadores de clubes brasileiros aos times europeus. 18 Perfil Coluna do Garotinho 15 A renomada escritora Nélida Piñon — que ganhou (neste mês) o “Prêmio Príncipe de Astúrias das Letras”, um reconhecimento nunca antes concedido a um brasileiro — conta detalhes de sua trajetória na literatura e vida pessoal. 22 História A saga de uma das figuras mais importantes do passado brasileiro, o Padre José de Anchieta. 32 LBV no mundo Perfil 18 Espiritualidade, ciência e consciência são o foco das discussões, durante seminário co-organizado pela Legião da Boa Vontade na Sede das Nações Unidas, em Nova York (EUA). 38 Especial sobre Paiva Netto Em homenagem aos 49 anos de trabalho do jornalista e radialista Paiva Netto nas lides da Legião da Boa Vontade, data que se comemora neste 29 de junho, a Equipe de Estudos Ecumênicos produziu matéria sobre uma de suas teses pioneiras: a Economia da Solidariedade, distinguindo-a da Economia Solidária. História 22 44 Espírito e Ciência O polêmico debate sobre a Eutanásia na visão do Dr. Osvaldo Hely Moreira, vice-Presidente da Associação MédicoEspírita de Minas Gerais. Ação Jovem LBV 56 56 Ação Jovem LBV Uberlândia/MG recebe a juventude do Brasil e do mundo para o “30º Congresso Internacional do Jovem da Boa Vontade”. O evento debaterá o tema “Política de Deus” e homenageará Paiva Netto pelos 49 anos de trabalho na LBV. Revista Boa Vontade 11
  • 13. Coluna do Garotinho Campeonato Brasileiro: José Carlos Araújo é locutor esportivo da Rádio Globo do Rio de Janeiro/RJ C omo tem sido em épocas anteriores, o Campeonato Brasileiro começa de um jeito e termina de outro. Tal e qual nos últimos anos, despontaram no início os favoritos à conquista do título e às vagas nas competições internacionais, mas nada assegura que o panorama será o mesmo a partir do meio do ano. Tudo porque a abertura das contratações pelos clubes europeus sempre desfigura os principais times brasileiros. Em meio à competição, os grandes destaques acabam se transferindo para a Itália, Espanha, Alemanha, França, Portugal e outros centros menos conhecidos. Bem antes de o Campeonato Brasileiro principiar, a questão já era discutida. Sabia-se que os clubes perderiam seus mais importantes valores, porque não há como competir, em poderio financeiro, com os europeus. Os clubes brasileiros, sem grandes fontes de renda, não podem se dar ao luxo de não negociar seus jogadores. E não há como impedir também que um atleta, praticamente, faça sua independência financeira. A diferença entre o que os europeus pagam e os salários daqui é incomparável. Qual é a saída? Uns defendem que o calendário nacional seja adequado ao europeu. Assim, quando começar o período de inscrições para os clubes de lá, o Campeonato Brasileiro já terá terminado. Mas, nessa hipótese, pesa a questão climática: o inverno deles coincide com o verão daqui. As férias escolares européias são diferentes das nossas. Tudo isso influi no desempenho do atleta e também na aclimatação familiar. Outra idéia lançada é a de incluir no regulamento um item que proíba a transferência de atletas durante o período de disputa do nosso Campeonato. Essa medida garantiria que os clubes mantivessem seus elencos do início ao fim da disputa. Seja qual for a preferência, é importante que os dirigentes se reúnam e discutam a questão. É preciso, em atenção ao torcedor, solucionar o problema. O Campeonato Brasileiro tem brilho próprio, mas se os clubes continuarem perdendo seus astros durante a competição, o interesse do público tende a desaparecer. O atacante Robinho, do Santos, é exemplo de jogador brasileiro bastante visado pelos clubes europeus. Site oficial do Santos Reprodução BV197 dois em um. Revista Boa Vontade 13
  • 14. Reportagem LBV Flashes solidários O renomado fotógrafo Chico Audi recebe em seus estúdios a classe artística para a campanha de 55 anos da LBV Débora Verdan e Natália Lombardi O fotógrafo e empresário Chico Audi visitou, recentemente, as instalações da Rede Boa Vontade de Comunicação (TV, Rádio, Internet, Editora e Gravadora), localizadas na Fundação José de Paiva Netto, em São Paulo/SP. Acompanhado por sua assessora, Tânia Cristina Matias, ao passar pelos ambientes, entusiasmouse com a organização. “Eu conheço todas as emissoras do País e fiquei pasmo com a estrutura da LBV, da televisão, do rádio, da internet. É um mundo! O mundo do Bem, da turma do Bem, como eu defini. A gente sente uma força especial aqui”, declarou. Durante a visita, Chico Audi conversou com o dirigente da LBV, o jornalista e radialista Paiva Netto. Para o empresário, esse bate-papo “foi uma emoção especial, uma energia muito boa ter tido a oportunidade de conhecer o senhor José de Paiva Netto. Foi algo que me fez pensar que talvez eu seja especial. Nas conversas, parecia que nós nos conhecíamos de longa data, eu fiquei muito à vontade e aí eu sinto por que a LBV tem essa força”. Sempre engajado nessas iniciativas, 14 Revista Boa Vontade Chico Audi fotografa, anualmente, em seu moderno estúdio localizado no Itaim Bibi, zona sul da capital, os artistas que participam das campanhas publicitárias da Organização, que, na análise dele, “faz parte da nossa vida porque aqui se faz o Bem. E não é só para mostrar não, aqui tem criança sim, na escola, estudando. Quando me perguntam por que eu ajudo a LBV, respondo: ‘porque essa criança que está estudando hoje na Instituição, tendo instrução, pode vir a ser um médico que poderá salvar a minha vida, a vida da minha família, ou de um amigo meu’. Então tem de ajudar sim! É tão pouco o que a gente faz que não pode parar nunca! A LBV é a verdade!”. Durante esses 55 anos, a LBV tem levado Amor, solidariedade, dignidade e cidadania a milhões de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, colaborando para melhorar a qualidade de vida deles, devolvendo-lhes o respeito próprio e a auto-estima. Os números comprovam essa realidade: somente em 2004, foram prestados mais de 3,5 milhões de atendimentos às populações em risco social e pessoal em todo o País.
  • 15. Daniel Trevisan Amanda Françoso Daniel Trevisan Da esquerda para a direita: o casal Lucimara Augusta e Paiva Netto, acompanhado pelo fotógrafo Chico Audi e sua assessora, Tânia Cristina Matias, no Gabinete da Presidência, na Fundação José de Paiva Netto, em São Paulo/SP. Campanha de 55 anos da LBV Por isso, a significativa adesão das classes artística e esportiva às campanhas da LBV, o que vem, uma vez mais, confirmar a credibilidade da Instituição junto aos seus colaboradores. No dia 7 de junho, participaram a cantora Duda; as apresentadoras de TV Amanda Françoso e Solange Frazão; os esportistas Gustavo Borges e Oscar Schmidt; as duplas sertanejas Guilherme Santiago e Ataíde Alexandre; os grupos de pagode Bokaloka e Revelação; e o próprio Chico Audi. Após serem fotografados, os artistas, que doaram o direito de imagem e cachês, gravaram um VT Institucional que apresentará retrospectiva do trabalho realizado pela LBV em mais de meio século de fundação e aproveitaram para deixar uma mensagem especial ao Povo brasileiro: “Freqüentei uma das estruturas da LBV; fui ver de perto muitas coisas. Fui homenageado lá; as crianças fizeram coisas bonitas para mim. Tenho uma ligação muito boa e velha com a LBV. É muito bom você participar de uma coisa que dá certo, algo bonito que todo mundo reconhece como tal, e ceder aquilo que tem de mais precioso. No meu caso, o que tenho de mais precioso é a minha imagem, que construí com a Revista Boa Vontade 15
  • 16. Reportagem Oscar Schmidt maravilha, a gente levar um pouquinho de carinho e Amor não só pela música, mas também mostrando nossa Boa Vontade. (…) Estou muito feliz mesmo de estar participando junto com a LBV. E espero estar anos e anos aí, colaborando também.” Duda “É uma mensagem tão simples: é só ter um pouquinho de Boa Vontade e atender a LBV. Vá visitar a LBV e você poderá ver crianças, toda a participação da idade mais jovem até a mais avançada, até a Terceira Idade. (...) É tão maravilhoso! O mais importante é você visitar e ver como é 16 Revista Boa Vontade “Para mim é um prazer imenso fazer este trabalho para vocês de todo o Duda coração. (…) Se cada um fizesse um pouquinho do que Paiva Netto faz pelas pessoas, o nosso Brasil, o nosso mundo seria muito melhor. A gente vê muitas crianças na rua, coisas ruins acontecendo. E é bom ter alguém como ele e como a LBV para ajudar ao próximo. (…) A gente está fazendo só um pouquinho do muito que a LBV tem feito pelo nosso País. (…) Ajudar ao próximo é muito bom. Eu estou muito feliz.” Simony “Nós estivemos há uns dois anos na Instituição (Supercreche Jesus e Instituto de Educação José de Paiva Netto). E mais uma vez agora, e, sem dúvida nenhuma, vemos cada vez crescendo mais o trabalho de vocês. A gente está aqui para poder parabenizá-los. Sempre que vamos (à LBV), voltamos impressionados com o carinho das crianças, das pessoas, dos professores. Ficamos muito felizes de poder ser uma prova viva de tudo isso que vocês estão fa- Grupo Bokaloka Gustavo Borges Guilherme Santiago Clayton Ferreira “(…) É um prazer imenso estar participando da Campanha da LBV, dos seus 55 anos. Quero agradecer ao Paiva Netto pela oportunidade que está me dando de participar, porque eu acho isso uma indispensável a sua participação.” Solange Frazão Fotos: Daniel Trevisan minha carreira. Eu a estou cedendo para que a gente possa fazer, ajudar, que a LBV seja cada vez maior e que cresça cada vez mais, ajudando tanta gente que precisa.” Oscar Schmidt Ataíde Alexandre
  • 17. zendo aí (…), essa parceria do artista com a LBV, fazendo com que cresça cada vez mais para um futuro melhor. Estamos também aqui para isso, para somar e fazer com que o mundo fique cada vez melhor.” Ataíde, da dupla Ataíde Alexandre. Fotógrafo Chico Audi “(…) A LBV não é só uma campanha. Acompanho há quantos e quantos anos o trabalho bacana de vocês. Então, eu acho que a gente só pode, cada um à sua maneira, colaborar. (…) Eu quero agradecer a todos, mandar o meu forte abraço, a minha admiração, o meu respeito, o meu carinho ao Presidente Paiva Netto e a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, colaboram com esse trabalho; a todas que atendem, Simony Solange Frazão que dispõem do seu tempo, das suas habilidades, do seu talento para ajudar. A vocês que são, com certeza, pessoas de Boa Vontade, fica aqui todo o meu respeito.” Amanda Françoso Elias Paulo Em seu moderno estúdio, Chico Audi fotografa Amanda Françoso. Grupo Revelação “(…) É um grande prazer fazer parte deste trabalho da LBV, comemorando 55 anos, e dar a nossa contribuição também para o social. Para mim, é um dever de todo cidadão, de todos nós, dar o nosso apoio. (…) A pessoa, o cidadão, cada um tem de fazer a sua parte, a sua contribuição para que a gente tenha um País melhor.” Gustavo Borges Revista Boa Vontade 17
  • 18. Perfil Prêmio inédito para o Brasil Nélida Piñon é a primeira escritora de Língua Portuguesa a receber o “Prêmio Príncipe de Astúrias das Letras” Leila Marco star à frente de seu tempo, e em muitos casos ser pioneira num feito. Esta tem sido a marca registrada da romancista e jornalista carioca, nascida no bairro de Vila Isabel, Nélida Piñon. No último 15 de junho, confirmou mais uma vez esta tendência ao ser escolhida para receber o “Prêmio Príncipe de Astúrias das Letras 2005”. Um reconhecimento nunca antes concedido a uma escritora brasileira, em 25 anos de entrega da láurea. O anúncio da honraria ocorreu em Oviedo (Astúrias, norte da Espanha). Concorreram com a escritora os norte-americanos Paul Auster e Philip Roth e o israelense Amos Oz, após uma eleição preliminar que indicou os quatro nomes para a votação final, entre 31 candidaturas de diversas nações. Nélida, que tem uma biografia invejável, foi também a primeira brasileira a receber o Prêmio Juan Rulfo (1995) e o Prêmio Internacional Menéndez Pelayo (2003), além de ser a única mulher a ter presidido a Academia Brasileira de Letras (ABL). Segundo o Presidente do júri que a escolheu, Víctor García de la Concha, diretor da Real Academia Espanhola da Língua (RAE), ela tem sido “aclamada E 18 Revista Boa Vontade pela crítica como a voz mais destacada da literatura brasileira e transportou ao âmbito universal a complexa realidade da Ibero-América”. Dona de um talento precoce, começou a escrever, aos 10 anos de idade, e não parou mais. Ficou consagrada, em 1961, quando lançou o romance Guia-Mapa de Gabriel Arcanjo. Sua produção literária já foi publicada em mais de vinte países e traduzida para dez idiomas. Entre outros títulos de sua lavra, cabe ressaltar Tempo das frutas (1966); Fundador (1969); A Casa da Paixão (1972); Sala de Armas (1973); Tebas do meu coração (1974); A força do destino (1977); A República dos Sonhos (2002) e Vozes do Deserto (2004). Um dia antes da divulgação do resultado, a romancista concedeu entrevista exclusiva para o quadro “Abrindo o Coração”, da Rede Mundial de Televisão. No bate-papo com a repórter Isabela Ribeiro, evitou o “já ganhou”, e preferiu não comentar o prêmio em si. Mas presenteia o público com detalhes surpreendentes de sua vida, deixando surgir o perfil da mulher forte e senhora de suas vontades. Nélida também aborda o papel feminino na sociedade contemporânea e os obstáculos que enfrenta. Por sinal, quando ocupava o cargo máximo da Academia Brasileira de Letras, convidou a LBV para participar do projeto do Centro de Memória da ABL, e falou, na ocasião, à nossa reportagem: “Admiro muito José de Paiva Netto que está à frente de uma Instituição importantíssima, comovente, de atuação social única (...). Eu até convidaria esse homem excepcional, que tem um grande peso político, religioso e social que, por meio da Legião da Boa Vontade, estivesse à frente de uma campanha que eu julgo indispensável hoje, contra a violência, sobretudo a violência perpetrada contra a mulher. Isso vindo de uma voz masculina, de uma voz do peso autoral, moral, do Dr. Paiva Netto, seria extraordinário. E a Legião da Boa Vontade tem condições de assumir essa campanha pelo que representa no Brasil”, afirmou. Realmente o Líder da LBV sempre teve um pensamento afinado com essa permanente luta de valorização integral da mulher, a exemplo do que se pode ler em artigo de sua lavra, publicado na edição nº 201 da revista BOAVONTADE: “Status da Mulher nas
  • 19. Escritora e jornalista Nélida Piñon na Academia Brasileira de Letras Nações Unidas”. Na matéria, apresenta relevante documento da Legião da Boa Vontade divulgado pela ONU em seus seis idiomas oficiais e entregue a delegações de Estado e a organizações não-governamentais — em que registra: “Pelo nosso prisma, a Mulher tem direito a ser Presidente da República, condutora de religiões, capitã de indústria, de aviões e navios transatlânticos; tem direito de ser médica, engenheira, professora... No trabalho, há um justo conceito de valor entre homens e mulheres: o da competência. Então, os sexos nisto estarão harmonizados. Que brilhe o Homem, que brilhe a Mulher, conforme a competência de cada um. Isto não quer dizer que homens e mulheres são totalmente iguais. Aí está pelo menos, de início, a anatomia para desmentir. O que quero dizer é que não se devem sustentar antigas barreiras e levantar novas, firmadas em tabus, preconceitos e interesses espúrios para impedir maior influência da Mulher sobre o destino do mundo. Homem e Mulher dependem um do outro. Completam-se”. Revelações de uma escritora BOA VONTADE — Qual a sua ligação com a Galícia, na Espanha? Nélida — Eu comecei a amar a Galícia muito cedo. Tive a felicidade de perceber logo que era uma menina, então uma mulher, de dupla cultura: a brasileira e a de casa, que era a cultura galega. Cresci em meio a muito amor, uma vida familiar forte, e que sempre me acompanhou. Pois bem, aos 10 anos a minha família decidiu — meus avós, Daniel e Amada; meu pai, Lino e minha mãe, Carmen — que seria hora de eles voltarem, passarem uma longa temporada na Europa. Sobretudo em Galícia. Os preparativos foram fenomenais. Lembro-me de que fomos encomendar as malas, não eram malas e sim baús. Como você vê no cinema, que as atrizes puxam as gavetas e vão saltando as peças. (...) Era um período em que a Espanha vivia um momento muito dramático, não só porque havia terminado a Guerra Civil e a Segunda Guerra Mundial, mas o país ficou numa situação difícil com os aliados. Não recebeu ajuda de modo algum. Então, havia uma penúria muito grande. Assim, levamos na nossa bagagem (só para as pessoas ouvirem, abrindo o coração), sabonete, goiabada, pessegada, café, fazendas, sedas, pasta dental. Tudo que você pode imaginar. E fomos com algum dinheiro, claro. De modo que, quando nós chegamos lá foi uma festa extraordinária. Há pouco, em fim de março, tive outra alegria profunda. Eu que já fui muito homenageada pela Espanha, inclusive com um anel de brasão, dado numa cerimônia, quando ganhei o título de doutor honoris causa. A primeira mulher a receber esse título em 504 anos. E, agora, recebi um título que foi aprovado pelo Parlamento: “filha adotiva de Cotobade”, que é um conselho de muitas aldeias. Minha família é de todas as aldeias. Foram dias de festas, e em uma dessas solenidades, havia uns 200 camponeses, tratores, todo mundo veio me ver, aplaudir. E um dos prêmios que ganhei, uma peça linda de esmalte, representando uma pontezinha modesta e uma capela, justo porque eles leram que o momento mais emocionante, quando chego a Galícia, foi naquele lugar. BV — Esses laços familiares muito fortes, o amor pela Galícia e Brasil contribuíram para inspirar suas obras? Nélida — Sim, marcou a minha sensibilidade, imaginação e capacidade Revista Boa Vontade 19
  • 20. Selmy Yassud Perfil Por ocasião do seu centenário (1997), o saudoso Dr. Barbosa Lima Sobrinho foi cumprimentado pelo escritor Paiva Netto. O então Presidente da ABI estava acompanhado pela sua simpática esposa, Dona Maria José (centro), e pela então Presidente da ABL, a escritora Nélida Piñon. Certa feita, Paiva Netto declarou: “Se tivemos durante 103 anos um Dr. Barbosa, é porque ele teve uma Dona Maria José”. de inventar, de engendrar coisas. Eu acho que não seria quem sou se não fosse essa mulher de dupla cultura. Meus pais foram de uma generosidade extraordinária, abriam mão de coisas para eles, para me oferecer uma formação impressionante. Tenho uma dívida de gratidão excepcional com meus pais, pois me deram a oportunidade de estudar o mundo grego e latino. Tive uma formação que não era muito típica do católico, que leva você para o Novo Testamento. Como freqüentei colégio alemão, estudei muito o Antigo Testamento. Posso conversar sobre teologia do Antigo Testamento, porque me interessa muito o mundo religioso, das grandes religiões. Ganhei tudo isso, combinado com essa Espanha, da qual nós (brasileiros) também emergimos, fomos muito forjados por eles também, não só pelo africano e o indígena. BV — A senhora viaja bastante, as outras culturas estão presentes na sua obra? Nélida — Olha, no meu caso, excepcionalmente, é um enriquecimento acentuado. Mas também temos de levar em conta casos como o de Machado de Assis, que nunca saiu do Rio de Janeiro. Ele teria feito só uma viagem para Nova Friburgo (interior do Rio). E Carlos Drummond de Andrade só foi a Buenos Aires. Mas eram gênios. (...) Eu não seria quem sou, se não tivesse viajado, pensado, lido tanto, tocado de algum modo o coração desses outros povos. Sou uma mulher muito sensível, ainda bem que forte. 20 Revista Boa Vontade BV — Todo escritor tem uma preocupação maior. Qual seria a sua inquietação intelectual? Nélida — Tenho uma permanente inquietação, uma necessidade muito grande de ampliar o meu saber, o conhecimento. Eu não posso viver onde estamos se não tiver consciência de hoje e do passado. Gosto de freqüentar cinco mil anos de História. Como escritora o que me atrai muito, o que me faz tomar cuidado ou inquietar-me, é que quero ser capaz de criar um discurso inovador, rejuvenescido.Ter a sensação que ainda sou uma mulher renovadora, que pensa, que se atreve a destruir aquilo que sabia antes para criar uma coisa nova. Não tenho medo de enfrentar o desconhecido. Eu não posso perder a capacidade de emocionar-me, de comover-me, de ter compaixão e misericórdia. Nesse sentido sou muito São Paulo, gosto muito da linhagem teológica de Paulo. De (Santo) Agostinho. Saindo do preconceito que eles tinham com as mulheres. Mas isso é outra coisa. BV — O saudoso jornalista Samuel Wainer costumava dizer que todo jornalista é um literato fracassado ou vice-versa. A senhora acredita nisso? Nélida —Talvez ele quisesse dizer que pertenceu a uma geração, e ainda há alguns assim, de homens cultos, com grande leitura literária. Então sabia que às vezes o jornalismo pode ter uma escritura passageira, porque é consumida naquele dia. Ele sempre soube, ou terá sabido, que a literatura tem uma permanência extraordinária. Agora, eu sou uma apaixonada pelo jornalismo, mas são linguagens diferentes. Ele talvez tenha sido um pouco dramático, no sentido que haja fracasso nas duas instâncias criadoras, para o jornalista e o escritor. Cada um segue a sua vocação. Falta muito à grande imprensa brasileira a figura do repórter culto, que seja corajoso, quebre tabus, que não se deixe corromper de modo algum. Eles são essenciais para a vida da sociedade, para que ela veja o que está ocorrendo nos bastidores, nos subterrâneos, porões, grotões. BV — A sua estréia na literatura foi com o livro Guia-Mapa de Gabriel Arcanjo. Na obra, aborda a questão do pecado, do perdão, e também a protagonista conversa com o seu anjo guardião, fala da questão dos mortais com Deus. A senhora acredita nessa força maior, que existe uma Espiritualidade Superior? Nélida — Olha, esse livro eu escrevi com 17 anos, ele foi publicado quando tinha uns 22, 23 anos. Um momento da minha vida que estava inaugurando o meu corpo, minhas paixões. Em meio a tudo isso, possuía também grandes indagações metafísicas. Deus sempre foi uma presença muito forte na minha vida, porque venho de uma família religiosa. Mas interessante, esse amor a Deus, que sempre tive com absoluta naturalidade, nunca impediu que desenvolvesse uma atração pelo mundo panteísta dos deuses gregos. Não tenho na minha trajetória obsessões religiosas, nunca as tive. Sou muito aberta, sou inclusive iconoclasta em muitos aspectos da religião (...) Você sabe que os intelectuais não gostam de falar em Deus; eu falo, pois Ele me ajudou muito a viver. BV — Como a senhora avalia a mulher contemporânea na sociedade? Nélida — A mulher deu um salto extraordinário nos últimos cem anos, claro que não é um fenômeno novo na trajetória humana. (...) Ela foi abafada, humilhada historicamente, e vou lhe dizer, ainda hoje isso ocorre em muitos
  • 21. países. (...) Mas também há mulheres que aparecem na ribalta, no teatro (não me refiro ao teatro físico) da vida, que exibem uma frivolidade, banalidade, vulgarização excepcional. Então, a tendência de certas pessoas é acreditar que elas se perderam em meio à liberdade; porque se desnudam, são promíscuas em muitos aspectos. Mas não é bem isso. Nós temos de entender que há Seres Humanos que se queimam na ascensão, outros mantêm-se equilibrados. (...) Não estou sendo moralista quando falo contra a promiscuidade, mas critico uma certa promiscuidade, e não a experiência de vivenciar o amor, a paixão, ou ter uma relação, ou seja, não é isso. O que percebo é que a promiscuidade é uma coisa pegajosa; anestesia a emoção. Não estou falando que a pessoa precisa amar para estar com alguém. Digo que essa promiscuidade — repito a palavra — faz com que a pessoa vire um objeto, perca a ternura no trato alheio, comece a achar que o corpo do outro é território da invasão, e não percebe que o seu pode também ser invadido, sem qualquer proveito. “Ah, não tem problema!”. Não é assim. O corpo é uma entidade. Eu sou o meu corpo. BV — “Valorizar a Mulher é dignificar o Homem”. Esse pensamento do jornalista Paiva Netto exprime a idéia de que valorizar o sexo feminino não significa desvalorizar o masculino. De fato não tem nada a ver uma coisa com a outra. Nélida — (...) É preciso dizer que, nesse processo de autodefinição, os conflitos são inevitáveis. E além do mais, só põem em evidência uma coisa que nós sempre soubemos e que é preciso saber: que além de sermos diferentes, somos mulheres. O Ser Humano é uma entidade privada e é muito difícil você se aproximar do outro, mesmo nas circunstâncias mais íntimas, o que é então uma maravilha também. Ou seja, nós não somos iguais; somos singulares, cada qual é uma singularidade. Portanto, requer um empenho profundo quando um se acerca, se aproxima do outro (...). BV — Mais uma vez gostaríamos de agradecer-lhe por nos receber. Nélida — Agradeço muito o convite de vocês, mando o meu abraço ao Presidente Paiva Netto, que sempre é muito gentil e carinhoso comigo. Admiro o trabalho (da LBV) e estou sempre à disposição, espero que tenha podido contribuir de alguma forma. Claro que o mistério é meu, mas procurei dentro das minhas possibilidades repartir com todos. Revista Boa Vontade 21
  • 22. P História Prefácio de um jovem país A saga de Anchieta: o primeiro Educador do Brasil. D esde que chegou ao Brasil, aos 19 anos, em 1553, em uma frota que trouxe o segundo Governador-Geral, Duarte da Costa, duas coisas o Padre José de Anchieta nunca deixou de fazer: levar a mensagem da fé cristã e ensinar o que sabia aos índios e colonos dessas terras, mesmo que para isso fosse preciso enfrentar os mais rudes e hostis caminhos. Um outro grande baluarte de nossas artes, o músico e maestro Heitor Villa-Lobos (1887-1959), que teve nele um exemplo para o trabalho que empreendeu, disse certa feita*: “O maior homem da História do Brasil foi José de Anchieta, precursor da educação musical. Ele foi o nosso primeiro instrumento de cultura, lidando com gerações bárbaras. (...) Anchieta não se limitou aos objetivos imediatos, procurando despertar os sentimentos artísticos dos índios, através da música e do teatro. Só uma visão genial apreenderia, de tão longe, o privilégio desses processos da verdadeira cultura, realizando nas selvas a mais profunda dignificação do homem”. E com suas canções, poemas, sermões e peças teatrais — compostos por ele em latim, português, espanhol 22 Revista Boa Vontade e tupi — o religioso realizava a catequese, dando continuidade à missão da Companhia de Jesus, na qual fora recebido como noviço, dois anos antes da viagem ao mundo novo (em 1551), ainda em Portugal. A tarefa de Anchieta — que nasceu na Tenerife, uma das ilhas Canárias, pertencente à Espanha, em 1533 — e dos demais jesuítas, liderados pelo Padre Manuel da Nóbrega (1517-1570), não foi nada fácil. No Brasil daquela época, poucos eram os brancos, em relação ao número de indígenas, e, mesmo eles acabavam por abandonar os costumes originais. Enfrentavam ainda a revolta dos nativos ante as tentativas de escravizá-los. Nesta terceira leva em que chegou o noviço José, vieram mais seis outros padres, e logo foram encaminhados por Nóbrega a diversos locais no País. Para a capitania de São Vicente, sob a liderança do Padre Leonardo Nunes seguiu um grupo, e nele estava Anchieta. Em nosso país encontrou a vocação de ensinar, graças à grande bagagem adquirida durante os anos em que estudou no Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, em Portugal, dos 14 aos 18 anos, no qual se tornou mestre da língua e lingüista, desenvolvendo os talentos da prosa, poesia e dramaturgia. Para lecionar, teve também de se comunicar com os nativos daqui, aprendendo as primeiras palavras do Abanheenga, língua geral dos índios tupis e guaranis, com o Padre Auspicueta. Foi José de Anchieta ainda que percebeu uma raiz comum entre os diversos dialetos indígenas, consagrando o termo “tupi” para designar essa origem. Anos depois, com o conhecimento que adquiriu, pôde escrever a Gramática da Língua mais falada na Costa do Brasil, em que dá as bases do idioma tupi. O livro passou a ser usado por todas as missões. A maior capital brasileira também tem estreita ligação com a saga heróica desses missionários, o que, certamente, influenciou o caráter pacifista do desbravamento das terras paulistanas. Boa parte das cidades despontou a partir da edificação de um forte, mas, São Paulo surge da fundação de um colégio, sob a inspiração de Nóbrega, e a participação de mais treze jesuítas, vindos de São Vicente. De um barracão próximo a uma aldeia de índios, surgiria a grande metrópole, e é o próprio Anchieta que
  • 25. 1553 narra o fato em carta: “A 25 de janeiro do Ano do Senhor de 1554 celebramos em paupérrima e estreitíssima casinha a primeira missa, no dia da conversão do Apóstolo São Paulo e, por isso, a ele dedicamos a nossa casa”. Este casebre servia de dormitório, enfermaria, escola, refeitório, cozinha e mesmo de capela, até o crescimento da localidade e surgimento de novas e melhores construções. O Diretor-Presidente da Legião da Boa Vontade, José de Paiva Netto, é quem dá a esse episódio um caráter ainda mais especial. Para ele, não é por acaso que a maior cidade brasileira teve essa origem. Na década de 1980, estando exatamente no marco zero da capital paulista, no pátio do colégio, proferiu discurso, no qual destacava: “Quando você pretende transplantar para um jardim árvore de rara preciosidade, vai buscar o mais competente jardineiro. “Jesus transplantou a Árvore do Seu Evangelho e do Seu Apocalipse, da Palestina para o nosso país, como está revelado no livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, do Espírito Humberto de Campos. E foi buscar para essa obra gigantesca aqueles que, com Ele, a semearam, há dois mil anos, naquela distante região do Oriente Médio. “Foi buscar, evidentemente, os mesmos humildes jardineiros que O ajudaram, no Cristianismo primitivo, a fazer a semeadura da Árvore (...)”. Relembrando nomes como o de Anchieta, Nóbrega, Manuel de Paiva, Luiz da Gran, Diogo Jácome, João de Almeida, comenta o dirigente da LBV: “(...) A maioria renasceu no Brasil. E, aqui, no Pátio, eles fizeram o replantio da Árvore do Evangelho, com os parcos e primitivos meios que tinham em suas calejadas e sofridas mãos (...)”. Paiva Netto conclui suas palavras afirmando que, nos tempos atuais, se repete, a partir de São Paulo para o Brasil e o mundo, um novo ciclo de evangelização, só que pregando o Cristianismo do Novo Mandamento (Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei; João 13:34), preparando para essa grande missão todos de Boa Vontade, que são os bandeirantes modernos de Nosso Senhor Jesus Cristo! Mais de 4 mil versos latinos escritos, na areia, à Virgem Maria. E não é apenas neste episódio que o sacerdote se destacou, também na missão de paz com os tamoios, depois que estes, aliados dos franceses, fizeram uma tentativa de tomar São Paulo, em 10 de julho de 1562. Pois apesar da vitória portuguesa, o embate foi sangrento para ambos os lados. Manuel da Nóbrega vendo que as razões que levaram os tamoios a tal atitude foram as tentativas por parte dos colonos de Portugal em escravizá-los, e que, portanto, eram justos seus motivos, chamou Anchieta para ambos empreenderem a difícil tarefa de pacificação e amizade. Após intermináveis conversas entre os dois lados e enfrentando até mesmo o risco de morte, em sete meses que ficaram cativos, os jesuítas alcançam a paz com as tribos cujos chefes estiveram em Iperoig, Ubatuba/SP. É durante esse exílio forçado que o religioso escreve também o famoso poema de 4.172 versos latinos nas areias da praia, intitulado De Beata Virgine Dei Matre Maria (Da Virgem Santa Maria Mãe de Deus). Voltando para o Colégio São Vicente, José de Anchieta trata de passar para o papel os versos, decorados um a um por ele. Em 1567, expulsa com Estácio de Sá os franceses do Rio de Janeiro. Dois anos depois, é nomeado reitor do colégio de São Vicente e, em 1578, é elevado a provincial da Companhia de Jesus no Brasil. Neste tempo, viaja toda a nação para espalhar a fé cristã, visita colégios de padres, funda outros em Pernambuco, Bahia e Espírito Santo. Cansado e alquebrado pela doença e inúmeras atividades, deixa com a idade de 52 anos o cargo de provincial. Viaja para o Rio, mas a necessidade o faz ir para o Espírito Santo onde encerra seus dias, morrendo a 9 de junho de 1597, em Reritiba/ES, com 63 anos de vida e 44 de apostolado em nosso País. É tamanha a comoção na colônia com seu falecimento que mais de 3.000 índios acompanham o enterro, num percurso de 90 quilômetros, de Reritiba até Vitória, para despedir-se de um homem que, durante toda a sua existência, se dedicou a ensinar e a levar a fé em Deus. [L.S.M.] ___________ *Palavra extraída do livro Presença de Villa-Lobos (Brasília, Mec/Dac, MVL, 1970, p.114, v.5) Revista Boa Vontade 25
  • 26. Turismo Uma das belas paisagens da Serra Gaúcha Serra Gaúcha As várias culturas da Europa no Rio Grande do Sul Débora Verdan Fotos: Prefeituras Municipais de Gramado e de Canela I r à Serra Gaúcha é como viajar para a Europa sem sair do Brasil. É uma mistura da cultura e da tradição européia com o charme brasileiro. Muitas pessoas pensam que as cidades dessa região ficam situadas na encosta de um morro, recobertas de neve nos dias frios do ano. E logo, cria-se a imagem de turistas diante de uma lareira, degustando um vinho ou saboreando um fondue num ambiente acolhedor, quente e rústico. A Serra é formada por três regiões: a de colonização italiana, a de tradição alemã e aquela em que predomina a cultura gaúcha, mistura que a torna um local único. Região das Hortênsias — Esta localidade é uma das mais bemestruturadas da Serra Gaúcha para receber o visitante. Os caminhos cercados por essas flores constam 26 Revista Boa Vontade dos melhores roteiros turísticos do Brasil. Hotéis, pousadas e restaurantes oferecem opções que vão do confortável simples ao refinamento sofisticado. Colonizada por italianos e alemães, revela muita influência da gastronomia dos dois países, traço que combina com a típica culinária gaúcha. Em Canela, a temperatura no verão é de aproximadamente 21,5°C e, no inverno, de 7,6ºC. Com cerca de 30 mil habitantes, a cidade tem, além da agradável hospitalidade, lugares que vale a pena conhecer como o Parque do Pinheiro, um dos mais antigos em todo o Sul do País. Estima-se que a árvore que deu nome ao Parque, e que ainda está em plena produção, tenha entre 500 e 700 anos de idade. Mede 42 metros de altura e 2,7 metros de diâmetro. Outro lugar atraente é a Floresta Encantada, que fica diante da Cascata do Caracol. Com extensão de 405 metros, o teleférico leva a um mirante com vista para a Cascata e para o Vale da Lageana. O parque
  • 27. Setur/ Fotógrafa: Solange Brum. Ir à Serra Gaúcha é como viajar para a Europa sem sair do Brasil. É uma mistura da cultura e da tradição européia com o charme brasileiro. rante o Natal da Luz, por exemplo, Gramado recebe pelo menos um turista para cada habitante. O número de pessoas, na cidade, às vezes, dobra em um fim de semana. Uma das principais características do clima são as quatro estações bem definidas. A 900 metros de altura, a cidade apresenta temperaturas abaixo de zero nos meses de junho, julho e agosto. É quando ocorrem nevascas, e Gramado se veste de branco. Nessa temporada, brincar na neve é mais uma atração. A neblina, ou névoa, também é freqüente, criando a poética de um inverno verdadeiramente cinematográfico. Respirar o ar puro da região é comparável a vislumbrar belos e exóticos horizontes. Por um capricho da Natureza, o turista pode ter essas duas emoções e gravá-las para sempre na boa memória. Alguns dias em contato com a fantasia européia da Serra Gaúcha deixam o visitante influenciado pela magia do lugar. Tudo parece calculado para encontrar você e sua família. A tradição das casas enfeitadas e das ruas bem-cuidadas demonstra que, antes dos visitantes, os moradores foram os primeiros a se apaixonar pela SerFotos: Divulgação. proporciona a prática de esportes radicais com o trekking, mountainbike e canyonning. O visitante poderá percorrer as trilhas da Floresta Encantada para encontrar elementos da fantasia imaginária e desfrutar também de inúmeros equipamentos de diversão e lazer. Quem gosta de emoção não pode deixar de conhecer a cidade de Garibaldi. Lá, uma velha locomotiva, a Maria-Fumaça, encanta pessoas de todas as idades. É o único trem de passageiros do Rio Grande do Sul e faz um trajeto turístico pela Serra Gaúcha duas vezes por semana. Percorre 23 km, com uma velocidade de até 30 km/h, rangendo nos trilhos e soltando baforadas de fumaça entre os municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Carlos Barbosa. Na estação de Garibaldi, o passeio reserva cantoria italiana, simulação de assalto ao trem e degustação de vinho. Nesse município, também existe a Pista de esqui D. Santini, com infra-estrutura de parque, que oferece 350 metros de pista artificial para iniciantes, teleférico com 40 cadeirinhas, tobogã de 300 metros, restaurante panorâmico, chalés de montanha, artesanato e uma maquete da Serra Gaúcha. Todos os anos, durante o mês de julho, ocorre o Campeonato Brasileiro de Esqui. Outra cidade que encanta o turista, por sua beleza, é Gramado. Lá se realizam eventos importantes como o Festival de Cinema, que atrai brasileiros e estrangeiros. Du- A Cascata do Caracol, localizada em parque de mesmo nome, em Canela/RS, é um dos pontos turísticos mais visitados do Estado e tem uma queda de 131 metros. A entrada do Parque do Caracol, a natureza exuberante do local e o Castelinho, todos localizados em Canela/RS. Revista Boa Vontade 27
  • 28. 1) O estilo europeu predomina nas construções; 2) A velha locomotiva ainda faz o trajeto de passageiros pela Serra Gaúcha duas vezes por semana, percorrendo os municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Carlos Barbosa e 3) As flores são uma das atrações do local 28 Revista Boa Vontade 2 3 Setur/ Fotógrafa: Solange Brum. 1 Photo.com ra. Quem resistir a esses encantos ainda corre o risco de se render ao sabor do chocolate artesanal, ao requinte dos fondues, à exuberância dos cafés coloniais ou aos temperos da comida italiana, alemã ou gaúcha. A Serra “Alemã” — Os municípios colonizados pelos alemães localizam-se na parte mais baixa da Serra. Em alguns deles, como o Alto Feliz, Feliz, São Vendelino e Tupandi, se tem a sensação de estar na Alemanha. Casas em estilo enxaimel, construídas no século passado pelos imigrantes, ainda são habitadas. Até mesmo as edificações mais recentes, com telhados em estilo silesiano e pintura colonial e no interior dos aposentos, lembram a imigração. A preservação do dialeto é questão de honra para os descendentes dos imigrantes. Em algumas localidades, o Português é tão pouco usado que os moradores têm dificuldade para recordar as palavras. Além do idioma e muitos hábitos, os antigos moradores também legaram a alegre e deliciosa tradição do Kerb, festa típica na qual não faltam lingüiça, cuca, chope e a animação das bandinhas. Vale a pena conhecer! Uma das descobertas mais encantadoras para quem percorre essa região do Rio Grande do Sul é perceber que os contos de fadas parecem reais. Flores nas janelas, jardins impecáveis, lagos cuidadosamente planejados e a arquitetura fazem com que esse pedacinho do Brasil se torne um cantinho da Europa. Divulgação Turismo
  • 29. Roteiros do Brasil ura Armando Kitam Nilton Pred a Armando Ki tamura O monumento mais visitado de Brasília e seus ambientes — Na primeira foto, aspecto da Sala Egípcia; ao centro, perspectiva externa do Conjunto Ecumênico da LBV (ParlaMundi, Sede Administrativa e o Templo da Boa Vontade); e, na imagem abaixo, a Fonte Sagrada. Templo da Boa Vontade é destacado no Salão do Turismo de SP A procura dos turistas internacionais por boas opções nas regiões brasileiras tem se consolidado como uma das maiores fontes de renda para a economia do País. Prova disso são os primeiros resultados do Plano Nacional de Turismo — lançado pelo governo federal em 2003 — divulgados pela Embratur. Segundo o órgão, a atividade foi responsável por gerar um lucro superior a 1,6 bilhão de dólares para o Brasil, durante o primeiro semestre do ano passado. Para estimular ainda mais o cres- tes tiveram a oportunidade de conhecer um pouco mais dos destinos turísticos que oferecem as cinco regiões. Participaram do evento as Secretarias de Turismo de todos os Estados brasileiros, até mesmo a do Distrito Federal esteve com um estande no pavilhão vermelho. O Templo da Boa Vontade, como monumento mais visitado da capital do Brasil, teve destaque no estande da Setur/DF. Um banner do TBV foi estampado e folhetos de divulgação do monumento foram distribuídos. [R.O.] cimento do setor, foi realizado no Expo Center Norte, em São Paulo/SP, entre os dias 1º e 5 de junho, o Salão do Turismo, primeiro grande evento do gênero realizado no País, que trouxe 451 novos roteiros turísticos pelo Brasil, organizados pelo Ministério juntamente com agências de marketing, de viagens internacionais e governos estaduais. Teve como objetivo ampliar a oferta turística brasileira, descentralizando a procura de viagens dos destinos tradicionais. Nos estandes espalhados pela feira, os mais de 100 mil visitan- Subsecretário do Governo Federal Nádia Preda visita Templo da Paz João Areis Preda O subsecretário João Carlos Nogueira, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção de Igualdade Racial, órgão de assessoramento ao Presidente do Brasil e que compõe a estrutura da Presidência da República, durante visita ao Templo da Boa Vontade — A Pirâmide dos Espíritos Luminosos, fala de sua admiração pela proposta pedagógica da LBV. “Essa estratégia educacional, a partir de uma proposta precisa, a qual tive a oportunidade de conhecer melhor hoje, parte do pressuposto de que o Ecumenismo é um valor humano e um valor pedagógico. Nós temos a promoção da O subsecretário deixa seu depoimento registrado no livro de visitas do Templo da Boa Vontade igualdade racial também com uma estratégia de ação, e ambas buscam fazer com que as populações se encontrem. Não acreditamos que o desenvolvimento no nosso País, da nossa sociedade, possa se dar de forma equilibrada sem o encontro das diferenças pessoais”, ressalta Nogueira. Para o subsecretário “a LBV está de parabéns. Não basta você ter um grande projeto, é preciso ter uma proposta pedagógica, o sentido educativo dela, e hoje observei a movimentação das pessoas no interior da LBV. É um projeto vitorioso! E ele tem muito a fazer e contribuir com as políticas de governo e, sobretudo, com a sociedade brasileira”. Na mesma data da visita ao Templo da Paz, Nogueira participou das gravações do programa Brasil Democrático, veiculado pela Rede Mundial de Televisão. Revista Boa Vontade 29
  • 30. Divulgação Samba e história Pery Ribeiro, expoente da Bossa Nova, foi também um amuleto para Carmen Miranda. Primeira voz para Garota de Ipanema Francisco Trombino O Reprodução BV A seção “Samba e História”, cuja série de entrevistas é comandada pelo radialista Hilton Abi-Rihan (foto), estréia, este mês, com o cantor Pery Ribeiro. ano era 1938. Um burburinho rondava a classe artística: o início da carreira de Carmen Miranda nos Estados Unidos da América. Mas algo não estava bem, os empresários americanos demoravam a encaminhar o contrato de trabalho da artista para o Brasil. Solução encontrada por uma conhecida dela: uma simpatia na qual Carmen teria de levar um bebê para casa e, se ele fizesse xixi em sua cama, no dia seguinte a correspondência viria. Dalva de Oliveira e Herivelton Martins, embora desconfiados da tal superstição, concordaram em conduzir o filho à residência da amiga. O pequeno Pery mal chegou e a cantora fez com que bebesse uma verdadeira cascata de sucos, vitaminas, água... e nada. Carmen começou a ficar desesperada e foi para a sala relaxar um pouco. Quando voltou ao quarto, uma surpresa a aguardava. Pery tinha feito tanto xixi na cama que seria preciso até trocar o colchão. Abi-Rihan (D), ao lado de Pery Ribeiro, durante o programa Samba e História, nos estúdios da Super Rádio Brasil AM 940 kHz, do Rio de Janeiro. 30 Revista Boa Vontade “Quero mandar um abraço ao Paiva Netto. Eu o conheci há muitos anos, na época do grande Alziro Zarur, e o Paiva Netto merece toda a nossa consideração, respeito e carinho, porque a Obra a que deu continuidade na LBV é algo maravilhoso.” Por mais estranho que pareça, a promessa deu certo e A Pequena Notável receberia, um dia depois, a tão sonhada carta com o convite para viajar para os EUA e tentar a sorte em Hollywood. Mesmo sem ter a mínima idéia do que estava ocorrendo, o menino participou deste curioso episódio. Como o destino costuma pregar peças, passado muito tempo, é o próprio cantor quem está trabalhando e morando na terra do Tio Sam. Recentemente, Pery Ribeiro esteve no Samba e História*1 para falar dessa nova fase da carreira, e aproveitou para dar os parabéns ao dirigente da LBV por ter criado uma atração voltada para a cultura nacional, que abre espaço até aos artistas que permanecem fora da mídia, mas que possuem talento. O programa, apresentado pelo consagrado radialista Hilton Abi-Rihan, é exibido pela Super Rede Boa Vontade de Rádio e Rede Mundial de Televisão, tendo neste número da revista sua seção inaugural. Durante o bate-papo, enviou um recado ao Líder da Instituição. “Quero
  • 31. “Cada vez que vou a Brasília, jogo as malas no hotel, vejo se mandar um abraço ao tenho ensaio, pego um táxi e energizar”. Paiva Netto. Eu o co- vou lá para o TBV, pois quero Assim como os nheci há muitos anos, na milhões de peregrime energizar.” nos que freqüentam o TBV*2, o músico percorre a espiral da Nave, um ritual criado pelos próprios visitantes. “Tem um caminho no miolo da Pirâmide, em que há uma fila para ir ao centro. Você vai caminhando para sair daquele círculo, e é uma energia fantástica, fora a construção, um ambiente de primeiríssimo mundo”. O artista ressalta ainda o Ecumenismo Irrestrito preconizado pelo TBV. “Ali não importa de qual religião você é. O importante é estar dentro da Pirâmide e se energizar pelo que ela lhe oferece. E quando sai, a gente se sente leve, é Programa Samba e História — Exibido pela Rede Boa Vontade de Rádio, aos domingos, às 5 horas da manhã e às 14 horas. Na Rede Mundial de Televisão, aos sábados, às 23 horas, e aos domingos, às 15 e 23 horas. *1 *2 O Templo da Boa Vontade — A Pirâmide dos Espíritos Luminosos — já recebeu mais de 15 milhões de turistas e peregrinos, segundo dados da Secretaria de Turismo do Distrito Federal (Setur), e está localizado no SGAS 915, lotes 75 e 76. Informações: (61) 245-1070. Carmen Miranda, A Pequena Notável. Reprodução BV época do grande Alziro Zarur, e o Paiva Netto merece toda a nossa consideração, respeito e carinho, porque a Obra a que deu continuidade na LBV é algo maravilhoso. Sei que ele gosta muito de mim e eu gosto muito dele. Temos uma admiração mútua e desejo que Deus lhe dê vida longa para continuar essa Obra maravilhosa, a qual ele deu prosseguimento depois de Zarur de uma forma magistral e divina”, disse. Foi o primeiro intérprete da música Garota de Ipanema (1963) — uma das canções brasileiras mais tocadas e gravadas no mundo (além de 3.000 vezes) —, de Barquinho, entre outras. Por isso, considera-se um dos pioneiros da Bossa Nova, que, segundo ele, é “o maior movimento musical brasileiro de todos os tempos”. O nome Pery Ribeiro foi presente do radialista César de Alencar, da Rádio Nacional. Antes o músico se chamava Pery Martins, mas a mãe, Dalva de Oliveira, questionava “se não usar Oliveira, não usará Martins também”, diverte-se. A estréia aconteceu por acaso, durante o programa Meio-Dia, da TV Tupi. Pery era cinegrafista. Num determinado dia, um cantor faltou na atração e, para não haver “buraco”, o apresentador Jaci Campos, que já conhecia o trabalho do cameraman, o chamou para cantar. O músico Luiz Bonfá o orientou em diversos momentos da carreira e foi quem o impulsionou a gravar seu primeiro disco 78 rotações, com as músicas Manhã de Carnaval e Samba de Orfeu, mas o primeiro sucesso foi Inteirinha, de Luiz Vieira. Com Bonfá, gravou o LP Pery Ribeiro e Seu Mundo de Canções Românticas, um estilo sempre presente em sua trajetória. Quando vem ao Brasil faz questão de visitar os amigos, parentes e o Templo da Boa Vontade, o monumento mais visitado da capital federal. “Cada vez que vou a Brasília, jogo as malas no hotel, vejo se tenho ensaio, pego um táxi e vou lá para o TBV, pois quero me uma sensação muito gostosa, de energia interior forte”, explica. Atualmente, Pery Ribeiro faz turnês com a cantora Leny Andrade com um repertório do melhor da Bossa Nova e do Jazz. Em novembro, há um concerto já agendado para a Europa. [D.V.] _______________________ Revista Boa Vontade 31
  • 32. LBV no mundo No destaque, aspecto geral do evento, realizado na Sala de Conferência nº 1, na Sede da ONU, em Nova York/EUA. Da esquerda para a direita, compondo a mesa, Dr. Masaru Emoto, cientista e escritor japonês; o Embaixador Anwarul K. Chowdhury, de Bangladesh, Subsecretário-Geral da ONU; Dra. Ida Urso, Presidente da Aquarian Age Community; Maria Malaman, representante da LBV; e Iris Spellings, da Aquarian Age Community. Espiritualidade, Ciência e Consciência nas Nações Danilo Parmegiani Fotos: Eliana Gonçalves A reportagem abaixo foi publicada nos Estados Unidos pelos jornais Brazilian Press, Brazilian Voice e Luso-Americano. Os periódicos têm circulação em 12 Estados norteamericanos (Nova Jersey, Nova York, Connecticut, Massachusetts, Flórida, Washington, Virgínia, Maryland, Califórnia, Rhode Island, Pensilvânia e Geórgia). 32 Revista Boa Vontade Como as Dimensões Espirituais da Ciência e da Consciência podem ajudar as Nações Unidas e a Humanidade a alcançar melhores padrões de vida, num contexto de maior liberdade? Essa pergunta foi pauta do seminário co-organizado pela Legião da Boa Vontade (LBV), no dia 26 de maio de 2005, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York, reunindo pesquisadores e lideranças internacionais em torno do desafio de encontrar caminhos mais eficazes para vencer os problemas que o mundo enfrenta na atualidade. Nesse contexto, o encontro representou um marco na formação do novo paradigma que deve ser estruturado para que se compreendam as dimensões espirituais e sua aplicabilidade no desenvolvimento sustentável do Planeta, apresentando propostas que vão ao encontro dos objetivos traçados pelo Diretor-Presidente da Instituição, José
  • 33. Unidas Espiritualidade, Ciência e Consciência foram tema de seminário co-organizado pela LBV na sede da ONU em Nova York/EUA de Paiva Netto, desde 2000, quando lançou o Fórum Mundial Permanente Espírito e Ciência (FMPEC), da LBV (www.forumespiritoeciencia.org.br). O evento lotou a Sala de Conferências nº 1 da ONU. O entusiasmo do público surpreendeu até o comitê organizador, que, às vésperas, precisou transferir o local para um auditório maior, por causa da grande quantidade de inscrições. Abriu o seminário a musicista Dra. Eileen Kalaa Ain, conhecida por exibir composições de improviso a partir da vibração do ambiente. Em seguida, houve as palavras iniciais da Aquarian Age Community (Aquaac) e da LBV, que possuem status consultivo na ONU e lideram o subcomitê de organizações não-governamentais Dimensões Espirituais da Ciência e da Consciência. Redirecionar as prioridades mundiais, passando de uma consciência individualista e nacional para uma consciência global e elevada, proveniente da alma, foi tema do discurso da presidente da Aquaac, Dra. Ida Urso. Para ela, essa mudança renovará o sentido de liberdade. Já a educadora Maria Conceição Malaman, representante da LBV na ONU, saudou os participantes com a mensagem de Paiva Netto, intitulada “Transformação pela consciência espiritual”, constante do seu artigo “Questão de Morte ou de Vida?”. A Revista Boa Vontade 33
  • 34. LBV no mundo Na imagem à esquerda: a equipe da LBV em Nova York; ao centro, Danilo Parmegiani, representante da Instituição no evento, aparece ao lado do Embaixador Anwarul K. Chowdhury; à direita, o lingüista e cientista social James Hurtak. platéia acompanhou atenta o texto por meio de publicação sobre o Fórum Mundial Permanente Espírito e Ciência — elaborada especialmente para esse seminário em três idiomas (português, inglês e espanhol) —, no qual o autor defende o reconhecimento, pelo Ser Humano, de sua identidade espiritual e a necessidade de sua integração no Amor. A representante do Conselho da Conferência das Organizações Não-Governamentais com Relações Consultivas para as Nações Unidas (Congo), Leslie Wright, compareceu ao encontro para prestigiar a palestra da Legião da Boa Vontade. “A LBV sempre faz um excelente trabalho”, afirmou. Outra personalidade conhecedora do trabalho da organização brasileira e que também participou do seminário foi o lingüista e cientista social James Hurtak, um dos palestrantes da Primeira Sessão Plenária do FMPEC, que ocorreu, em 2000, no Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica (ParlaMundi), em Brasília/DF. “O fórum da LBV é a centelha do que precisa ser feito pelo mundo, reunindo pensadores, educadores, jornalistas, doutores, pessoas de diferentes conhecimentos, cujas experiências nas dimensões espirituais tragam esperança à Humanidade”, recordou-se. As conferências principais ficaram a cargo de duas sumidades nas respectivas áreas de atuação. O Embaixador 34 Revista Boa Vontade Anwarul K. Chowdhury, de Bangladesh, Subsecretário-Geral da ONU, e o cientista e escritor japonês Masaru Emoto demonstraram, sob a ótica das relações humanas e da Ciência, a diferença que a Espiritualidade pode exercer na superação de desafios, como os oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs), estabelecidos, em 2000, pelas Nações Unidas e assumidos por 191 países membros — entre eles o Brasil —, devendo ser alcançados até 2015. Evolução da consciência O Embaixador Chowdhury, reconhecido mundialmente pela função que passou a desempenhar em 2001, a de Alto Representante da ONU para os Países Menos Desenvolvidos, focou sua apresentação no impacto que a evolução da consciência pode causar no cumprimento dos ODMs. “É muito importante que as nações mundiais e a sociedade civil se reúnam no desenvolvimento dessa consciência para ajudar outras partes do mundo, sentir que fazemos parte de uma comunidade global e que, portanto, precisamos cuidar uns dos outros. Somente assim atingiremos as metas do milênio”, argumentou. A respeito da iniciativa de um evento na ONU da natureza desse seminário, disse: “Tudo está conectado. Temos de ter sempre em mente que cada aspecto da existência humana está inter-relacionado. Causamos impacto uns sobre os outros; então, temos de ter uma visão geral sobre toda a existência humana”. Particularmente em relação à obra que a LBV realiza, declarou: “Eu quero encorajar o trabalho que desenvolvem. Fazem um trabalho maravilhoso, o qual aprecio muito”. Mensagens Secretas da Água A pesquisa do Dr. Masaru Emoto, autor do livro The Hidden Messages in Water (Mensagens Secretas da Água), já foi apresentada no mundo inteiro, tendo sido traduzida para dezenas de idiomas. Tanta repercussão se deve ao fato de o cientista ter conseguido captar, por meio de microscópio, fotografias de cristais d’água congelados. As imagens tomam belas formas quando o líquido está exposto a palavras com boas vibrações. Do mesmo modo, o oposto ocorre, desfigurando o cristal fotografado quando palavras negativas e destrutivas são usadas. “Minha pesquisa pode, gradativamente, despertar nas pessoas os mistérios da vida, revelados pela água. Também poderão perceber a relação intrínseca que existe entre a água e as pessoas. Tudo vibra. Se criarmos boa vibração, criaremos bons fenômenos”, ressaltou.
  • 35. O Novo Mandamento de Jesus e a ONU Uma das intervenções da platéia foi a da adolescente Mariana Malaman, integrante da Juventude Ecumênica da Boa Vontade nos Estados Unidos, que ficou empolgada ao ver as fotos dos belos cristais formados quando a água é exposta a palavras com boas vibrações. Dirigindo-se ao Dr. Emoto, contou a todos um pouco sobre o programa Peace and Good Will Garden (Jardim da Paz e da Boa Mariana Malaman Vontade), no qual jovens da LBV promovem atividades em escolas norte-americanas para mobilizarem estudantes a refletir sobre a paz, a concórdia e o amor, “inspiradas pelo Novo Mandamento de Jesus: Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei (João, 13:34)”. A pergunta de Mariana ao cientista foi se ele já teve curiosidade para saber qual imagem o líquido teria ao contato com o Mandamento do Cristo. Várias pessoas, depois da palestra, cumprimentaram-na pela participação e disseram que “seria certamente a mais bela de todas”, conta ela. A diretora da World Peace Prayer Society, Deborah Moldow, ressaltou essa marca do trabalho da Instituição. “A LBV é a demonstração prática dos ensinamentos de Jesus. Eu amo a LBV, porque ela não se preocupa com quem está certo ou errado, ou de quem é a culpa, simplesmente vai e realiza. Vive a consciência cristã e demonstra que o amor pode curar o mundo.” Sede das Nações Unidas, em Nova York (Estados Unidos). As atividades continuam O seminário foi resultado das atividades permanentes do subcomitê de ONGs Dimensões Espirituais da Ciência e da Consciência, o qual a LBV colidera desde outubro de 2004. O convite para integrá-lo partiu de Diane Williams, Presidente do Comitê de Espiritualidade, Valores e Interesses Globais de ONGs nas Nações Unidas, durante a realização da Segunda Sessão Plenária do FMPEC, também ocorrido no ParlaMundi, no ano passado. O grupo, composto de várias organizações parceiras que focam essa temática, pretende promover com outros comitês e organizações com status consultivo na ONU, em outubro de 2005, um grande evento, chamado “O espírito da ONU”, o qual celebrará ainda os 60 anos das Nações Unidas. Transformando o Homem a partir do Espírito No raiar deste novo milênio, o mundo enfrenta inúmeros problemas globais, que desafiam o Ser Humano a repensar conceitos e atitudes. O avanço tecnológico da Humanidade chega a patamares surpreendentes, contudo acompanhado pelo constrangedor paradoxo da crescente desigualdade social. Governos mundiais, as Nações Unidas e a sociedade civil empenham-se para garantir a sustentabilidade do Planeta e melhor qualidade de vida a todas as pessoas. Esse quadro do nosso momento histórico mostra uma etapa decisiva da trajetória evolutiva do mundo. O novo paradigma espiritual que surge acaba por se apresentar como medida urgente que promova a maturidade e a responsabilidade dos coletivos a partir da transformação íntima do indivíduo. Como pioneiramente apregoa Paiva Netto, “Cuida do Espírito, reforma o Ser Humano. E tudo se transformará”. Revista Boa Vontade 35
  • 36. Atualidades Missão de Paz Crianças da LBV homenageiam soldados brasileiros que partiram para o Haiti O Simone Barreto Fotos: Jorge Alexandre. rgulho por representar o Brasil no cenário mundial, no cumprimento de tarefa no Haiti, misturado à emoção na despedida dos parentes que aqui ficaram. Assim foi marcada a solenidade do embarque de mais uma tropa do 3º Contingente da Força Expedicionária Brasileira (FEB), que partiu no dia 1º de junho do Rio de Janeiro/RJ — da base aérea do Galeão —, rumo a Porto Príncipe, capital do Haiti, com um total de 205 homens do Exército e 75 da Marinha. Cada grupo que participa da missão de paz da ONU permanece seis meses no País ajudado. O objetivo dos solda- dos é dar segurança à população, auxiliar na reconstrução das cidades e garantir que o processo eleitoral, que ocorre nos meses de outubro, novembro e dezembro deste ano, seja realizado de forma democrática e com sucesso. Antes de embarcarem, os militares cantaram o Hino Nacional Brasileiro e fizeram uma prece pedindo Paz para os povos e para que a missão fosse bem-sucedida. A convite do Tenente-Coronel Novaes, responsável pela tropa, e do Dr. César Bastos, da Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania do Rio de Janeiro, o Coral Ecumênico Infantil LBV cantou as músicas Pai-Nosso, Canção do Exército e Queremos a Paz, simbolizando uma homenagem em nome de todos os cidadãos do País. O Tenente-Coronel Novaes afir- mou ser importante a presença da Legião da Boa Vontade num ato tão significativo para eles. “As crianças cantaram no momento mais importante para nós, que é a hora do nosso embarque. O canto do Coral das crianças da LBV será o último som que os soldados vão levar da nossa Pátria. (...) Pode ter certeza de que vamos lembrar muito disso no Haiti. Nós agradecemos a presença da LBV aqui. Fiquem com Deus no Brasil e nós vamos torcer, também, pelo su- Coronel Mangiavacchi Dr. César Bastos Coral Ecumênico Infantil LBV emociona militares no Rio de Janeiro.
  • 37. Major Mozart Ten. Cel. Novaes cesso de vocês”, disse emocionado. Para o Secretário Estadual de Justiça Dr. César Bastos “como todas as ações feitas pela Obra — que procuram levar às crianças uma noção sempre do civismo, da participação, não só do ensino, mas do envolvimento como cidadão integral —, neste evento elas estão tendo uma noção do que o Brasil vai fazer no Exterior. Isso faz crescer dentro das crianças, das próprias pessoas que são tratadas pela LBV, uma formação cidadã, vendo que o Brasil é participativo e que elas, por intermédio da LBV, podem ter participação integral num Brasil melhor”. Segundo o Major Mozart, da Força Aérea Brasileira: “É importante a presença das crianças nessas missões, principalmente missões da General Curado ONU, porque elas levam esperança para a tropa de Paz. Além disso, vemos que é mais uma parte familiar. Envolve os militares, a esperança de um futuro para todos nós”, frisou. O Coronel Mangiavacchi, Comandante do 3º Contingente da Força Brasileira de Paz para o Haiti, falou da incumbência brasileira e da mensagem dos pequenos da LBV. “Para nós, foi bonito, muito tocante ver as crianças da Legião da Boa Vontade homenageando, cantando canções militares, a Canção do Exército. É um grupo que tem ligação de amizade com as nossas unidades e gentilmente compareceu aqui, prestando a homenagem. É importante ter as crianças participando desses momentos”, finalizou. O General Curado, Comandante Haiti Área: 27.400 km² Clima: Tropical Idioma: francês e crioulo (oficiais) Principais cidades: Porto Príncipe (capital), Carrefour, Cap-Haïtien. Militar do Leste, também reafirmou o papel de Paz da missão ao Haiti, maior efetivo da ONU. “Nosso sentimento de família é bem arraigado no Povo brasileiro e, ele, nós levaremos para os nossos Irmãos do Haiti. Também estaremos presentes na reconstrução do País”. Religiosa enaltece trabalho educacional da LBV “O resultado do trabalho da LBV é o desenvolvimento e a transformação da nossa sociedade”, afirma Fariba Vahdat. que o trabalho que a Legião da Boa Vontade promove com os meninos e meninas trará bons frutos para a população. “Nas Escrituras Bahá’is encontramos um trecho que diz que ‘todo Ser Humano é uma rica mina em jóias preciosas, e que tão somente a Educação poderá revelá-la’. Com certeza, muitas ‘minas’ estão sendo garimpadas aqui, e o resultado disso é o desenvolvimento e a transformação de nossa sociedade. Parabéns!”. Após a visita, a representante da Fé Bahá’í participou, ao vivo, do programa Ecumenismo, transmitido pela Rede Mundial de Televisão. [R.O.] Cida Linares “Foi uma grande alegria poder visitar a LBV e testemunhar o trabalho maravilhoso que vocês têm realizado”. Essa foi a frase registrada por Fariba Vahdat, Coordenadora do Instituto de Capacitação Leonora Armstrong da Comunidade Bahá’í do Estado de São Paulo, no livro de depoimentos do local, após conhecer de perto o atendimento realizado pelo Conjunto Educacional da Obra — formado pelo Instituto de Educação José de Paiva Netto e pela Supercreche Jesus —, na capital bandeirante. Recepcionada pelo Coral Ecumênico Infantil LBV, a religiosa frisou Revista Boa Vontade 37
  • 38. Especial sobre Paiva Netto Daniel Trevisan Flagrante Legionário: na foto preto-e-branco registrada em película, Paiva Netto realiza informal reunião com integrantes da Juventude Ecumênica da Boa Vontade de Deus. Economia da e Solidariedade Equipe de Estudos Ecumênicos Em homenagem aos 49 anos de trabalho do jornalista e radialista Paiva Netto nas lides da Legião da Boa Vontade, data que se comemora neste 29 de junho, a Equipe de Estudos Ecumênicos produziu matéria sobre uma de suas teses pioneiras: a Economia da Solidariedade, distinguindo-a da Economia Solidária. Para o Líder da LBV, a valorização humana tem seu foco na Espiritualidade. O Presidente das Instituições da Boa Vontade, José de Paiva Netto, por sua comprovada erudição e seus diversificados talentos é reconhecido 38 Revista Boa Vontade como um homem da renascença: jornalista, radialista, apresentador de TV, escritor, compositor, poeta, educador, empreendedor social e administrador. Consegue ser uma síntese rara, pois, ao mesmo tempo, é pensador, comunicador e homem de ação. Elaborou um sistema filosófico por meio do qual aborda as grandes questões da vida humana, sociais e espirituais: o Espiritualismo Ecumênico. A sua obra apresenta espírito e matéria harmonizados com a Lei Onidirigente da Vida e daí resultam os valores da Ética Ecumênica que dá acertada direção ao relacionamento humano nos campos econômico, social e político. Os conceitos que desenvolve reconhecem a religiosidade (coração-sentimento), a ciência (cérebro-razão), porém tudo sublimado pela essência espiritual (alma-intuição). A complexidade do conhecimento somente pode ser equacionada holisticamente se reconhecida a existência do Espírito (Energia Inteligente) criado à imagem e semelhança de Deus (Energia Superinteligente) definido por Jesus, o Cristo, como Espírito-Amor; e, pelo entendimento da existência das múltiplas dimensões em interatividade compulsória e perpétua: Na Casa de meu Pai há muitas moradas (Evangelho do Cristo,
  • 39. Homenagem aos 49 anos de trabalho de Paiva Netto na LBV No ano de 1969, Paiva Netto iniciou a elaboração dos princípios da Economia Humana e Espiritual da Solidariedade Ecumênica (ou simplesmente Economia da Solidariedade Humana) dentro da Estratégia da Sobrevivência, antevendo o desfecho do chamado socialismo real e os limites do capitalismo globalizado que se seguiria. Os seus artigos publicados no Brasil e no Exterior, as palestras pelo rádio e pela televisão, os livros publicados em inúmeros idiomas têm inspirado muitos intelectuais na criação de propostas alternativas viáveis no território do pensamento econômico. O dirigente da LBV, durante o “29º Congresso do Jovem da Boa Vontade”, que reuniu milhares de moços em Goiânia/GO, em 3 de julho de 2004. Economia Solidária comparadas Revista Boa Vontade 39
  • 40. Especial sobre Paiva Netto segundo João, 14: 2). A pedra angular do seu pensamento é o Novo Mandamento de Jesus: Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei (Evangelho do Cristo, segundo João, 13:34), porque demonstra que “a Ciência iluminada pelo Amor eleva o Ser Humano à conquista da Verdade”. Desde que a sua obra começou, há décadas, a ser disseminada pelo Brasil e pelo mundo, multiplicam-se grupos de estudos de seu pensamento que é do mais alto alcance e do maior interesse, por caracterizar-se como Espiritualidade aplicada aos campos objetivos da ação. Dentre eles surgiu a Equipe Paiva Netto de Estudos Ecumênicos com a finalidade de aprofundar a compreensão das idéias de seu patrono por meio do estudo, da pesquisa e do diálogo. Um dos temas que têm motivado jovens de todas as idades — “Jovem é aquele que não perdeu o ideal” — que participam deste aprendizado é a proposta econômica do Líder da LBV. No ano de 1969, Paiva Netto iniciou a elaboração dos princípios da Economia Humana e Espiritual da Solidariedade Ecumênica (ou simplesmente Economia da Solidariedade Humana) dentro da Estratégia da Sobrevivência, antevendo o desfecho do chamado socialismo real e os limites do capitalismo globalizado que se seguiria. Os seus artigos publicados no Brasil e no Exterior, as palestras pelo rádio e pela televisão, os livros 40 Revista Boa Vontade publicados em inúmeros idiomas têm inspirado muitos intelectuais na criação de propostas alternativas viáveis no território do pensamento econômico. Por ocasião do “8º Fórum da Juventude Ecumênica da Boa Vontade de Deus”, realizado em 17 de abril deste ano, no Espaço Ecumênico da Religião de Deus,em Porto Alegre/RS, sob o tema Economia da Solidariedade Humana, o trabalho a seguir foi apresentado. Na primeira parte, traremos a Economia Solidária, suas características, possibilidades e limites. Com esta finalidade buscamos o auxílio do livro Introdução à Economia Solidária, do notável professor Paul Singer, publicado no ano de 2003. E, também, do trabalho organizado pelo respeitado sociólogo Boaventura de Sousa Santos, Produzir para Viver, editado no ano de 2002. Na segunda parte, que será publicada no próximo número da revista BOA VONTADE, disponibilizaremos aos leitores um relato do desenvolvimento da Economia da Solidariedade Ecumênica, bem como as suas inspiradoras contribuições de vanguarda que repercutem, até mesmo, por meio de contribuições ao Conselho Econômico e Social da ONU (Ecosoc), conforme destacou o economista, ex-Ministro do Trabalho e Deputado Federal, Dr. Walter Barelli. Finalmente, a Equipe de Estudos Ecumênicos apresentará uma conclusão comparativa entre a Economia da Solidariedade Ecumênica e a Economia Solidária. Economia Solidária Origem — A Economia Solidária surgiu no início do século XIX em razão do empobrecimento dos artesãos provocado pela introdução de máquinas que deram início à Revolução Industrial. Na Grã-Bretanha houve a expulsão dos camponeses do campo para a cidade, seguida da exploração nas indústrias que surgiam degradando a vida do proletariado nascente. As indústrias caracterizavam-se por jornadas de trabalho que chegavam a 18 horas diárias. Entre a mão-deobra utilizada nas fábricas estavam a infantil e a idosa, o que prejudicava até a reprodução e manutenção da classe trabalhadora. Nesse panorama, o empresário Robert Owen (1771-1858) resolveu adotar algumas medidas que visavam humanizar o tratamento aos operários: limitou a jornada de trabalho, proibiu a utilização de mão-de-obra infantil e ofereceu a elas a oportunidade de estudar. As providências de Owen surpreenderam a todos pelo aumento da produtividade, mesmo ocorrendo o acréscimo das despesas (criando escolas, etc.), a empresa tornou-se bastante lucrativa. Esse fato atraiu a atenção de pessoas em todo o mundo que procuravam entender como o crescimento do bem-estar dos trabalhadores poderia gerar maior lucratividade. No ano de 1817, Owen apresentou ao governo britânico um projeto mais avançado com a finalidade de criar
  • 41. meios de sustentação para o Povo que fora vítima da depressão vivida pelo Reino Unido. A idéia fundamental era o estabelecimento de Aldeias Cooperativas que tinham como meta viabilizar condições de trabalho na agricultura e na indústria que permitissem a subsistência dos cooperados. O excedente da produção seria trocado entre as Aldeias. O plano foi recusado pelo governo e Owen partiu para uma visão mais extremada de sua proposta. Ele passou, então, a objetivar uma mudança completa no sistema social e uma abolição da empresa lucrativa capitalista (Cole, 1944, p. 20). Desistindo da implantação de suas idéias na Grã-Bretanha, mudou-se para os Estados Unidos com o escopo de fundar uma Aldeia Cooperativa que seria um modelo de organização para a sociedade do futuro. O empreendimento não alcançou o êxito pretendido e Owen retornou à sua terra, em 1829. No período em que esteve fora, vários de seus seguidores realizaram empreendimentos inspirados em suas idéias, a exemplo da comunidade que publicou o jornal cooperativo The Economist. O owenismo foi também adotado pelo movimento sindical e cooperativo da classe trabalhadora. Em determinado momento, os operários objetivaram em suas greves não apenas obter melhores condições de remuneração e de trabalho, mas buscavam substituir os seus empregadores no mercado com a criação O que é Economia Solidária? Os meios de produção — Enquanto na empresa capitalista os meios de produção pertencem ao dono do capital, na empresa solidária o capital e os meios de produção pertencem aos que nela trabalham. Finalidade — A empresa capitalista objetiva exclusivamente o lucro, a empresa solidária procura maximizar a quantidade e a qualidade do trabalho. Propriedade — A empresa capitalista pertence aos investidores, a empresa solidária é propriedade de todos os trabalhadores por meio de uma divisão igualitária. Hierarquia e autoridade — Na empresa capitalista, o poder concentra-se no capitalista ou nos gerentes por ele contratados. Na empresa solidária, a administração é exercida por sócios eleitos para a função que a conduzem segundo diretrizes aprovadas em assembléias gerais, ou em conselhos de delegados eleitos pelos sócios. A empresa solidária é basicamente de trabalhadores que, apenas secundariamente, são seus proprietários. Lucros — Na empresa capitalista, o lucro é distribuído entre os investidores, remunerando o capital investido. Na empresa solidária, as sobras destinam-se a: fundo indivisível; reinvestimento; fundos sociais de cultura, educação, de saúde, etc, e, eventualmente, para divisão entre os sócios. Não há remuneração de capital, portanto não há lucro. Remuneração — Na empresa solidária, não existem assalariados. Todos os trabalhadores são sócios que fazem retiradas que variam conforme a receita. Em muitas situações existe diferenciação nas retiradas, de acordo com o que ficou definido pelos próprios trabalhadores. Responsabilidade e participação — A informação na empresa solidária é democraticamente compartilhada, pois todos têm responsabilidade sobre as decisões. Revista Boa Vontade 41