1. Sala de leitura Cinelzia
Profª Cida Gregio e Sueli Alves
Alunos 3ª série A
Profª Márcia Wolff
2.
3. Viagens Literárias
Vidas Secas - Graciliano Ramos
TEMPO
O tempo na obra está mais voltado ao psicológico, já que não se
estabelecem cronologicamente datas. O período da ação narrativa
é determinado entre duas secas.
ESPAÇO
O espaço da obra é o sertão nordestino, que entra aqui como
elemento bem definido através de descrições e caracterizações
minuciosas.
4. LINGUAGEM E TEMA
Linguagem
Linguagem seca e direta, concisa, o vocabulário é
restrito, usam diálogos, frequentemente a perguntas e
respostas, pensamentos e frases soltas. Se comunicam
por meio de grunhidos, onomatopeias, exclamações,
resmungos e gestos; quase um monólogo.
Tema
O livro retrata a vida de pessoas que vivem no sertão
brasileiro, a luta pela sobrevivência diante do flagelo
da estiagem, desprezo com que os personagens são
tratados e opressão social no Nordeste do Brasil.
5. “Mudança” e “Fuga”
No primeiro capítulo: “Mudança”, mostra o ambiente
nordestino de seca, apresenta os personagens que estão
migrando e mostra a chegada à fazenda em que se
instalam.
O Último capítulo, “Fuga”, acompanha a saída da família
da fazenda, novamente fugindo da seca.
Mudança e Fuga representam o fechamento de um ciclo. A
ideia de ciclo é o movimento feito pela família de Fabiano
fugindo da seca, eternas fugas... fuga, permanência e fuga
novamente.
O primeiro e o último capítulos de Vidas Secas, temos a
presença da família de sertanejos peregrinando sobre o sol
escaldante do sertão à procura de áreas menos castigadas
pela seca.
6. Secura da própria linguagem, não somente do ambiente
– Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai.
– Anda, excomungado.
– Este capeta anda leso.
– Inferno, inferno.
– Capeta excomungado.
– Conversa. Dinheiro anda num cavalo e ninguém pode viver sem
comer. Quem é do chão não se trepa.
Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que era dele de
mão beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca
arranjar carta de alforria!
– Um dia um homem faz besteira e se desgraça.
– Miseráveis.
– Pestes.
7. Trechos em que a cachorra Baleia é descrita como se
fosse humana
A cachorra Baleia, diferentemente de seus donos, assume, de certa forma,
o papel de um humano no enredo. No capítulo do livro intitulado “Baleia”, o
autor atribui à cachorra uma série de descrições que não são comumente
associadas a animais. No início do capítulo, a cachorra é assim descrita:
“Ela era como uma pessoa da família: brincavam juntos os três, para
bem dizer não se diferenciavam, rebolavam na areia do rio e no
estrume fofo que ia subindo, ameaçava cobrir o chiqueiro das cabras”.
Durante a narração dos últimos momentos da vida de Baleia, em algumas
passagens, o autor deixa claro o caráter personificador que ao animal foi
atribuído. Primeiro, “a cachorra espiou o dono desconfiada”, como que
prevendo que o dono viria a sacrificá-la. Após levar o tiro, faltando-lhe a
perna traseira, Baleia “andou como gente, em dois pés, arrastando com
dificuldade a parte posterior do corpo”.
8. COMPARAÇÃO DO ROMANCE AO POEMA DE JOÃO
CABRAL DE M. NETO, “MORTE E VIDA SEVERINA”
O poema de João Cabral apresenta uma interpretação da obra de Graciliano
Ramos, as duas obras abordam a seca e os retirantes, mas de formas
diferentes. Em “Vidas secas” a finalização da narrativa é mais “negativa” e a
impressão é de que Fabiano e sua família vão para sempre continuar fugindo da
seca. “Morte e Vida e Severina”, o texto narrado em terceira pessoa, em forma
de poesia, discorre sobre a miséria, a morte e anonimato. Severino, em sua
caminhada pela seca nordestina, tenta apresentar-se ao público, mas a falta de
individualidade e a pobreza do sertanejo o impedem de uma melhor
apresentação e identidade. Entretanto, ao final a esperança surge e dá a
entender que, apesar de todo o mal que a seca pode causar, ainda há espaço
para a vida, mesmo para uma vida severina.
Iguais em tudo na vida,
Morremos de morte igual
Mesma morte Severina [...]
9. Crítica literária do autor Alfredo Bossi
sobre a obra
Graciliano Ramos retratou em sua obra Vidas Secas um coerente sentimento de rejeição que
adviria do contato do homem com a natureza ou com o próximo. Escrevendo-o em uma
linguagem dialética por excelência do conflito, onde reinava um espírito de indagação e
indignação frente ao problema da seca no nordeste. Provocando dissídio entre a consciência
do homens e o labirinto que precisava ser desvendado. Onde o espírito literário da obra é
critico, reconhecendo no protagonista (Fabiano) o caminho oposto que segue a
sociedade, fazendo sondagem moral. A paisagem é retratada em Vidas Secas por poucas
descrições, relatando a realidade hostil que o retirando Fabiano vivia. Desvendando a nora
precária dado a Graciliano como obra regionalista universal. O inicio do livro-Mudança o final
do livro Fuga mostra claramente o desespero das família de retirantes, o final de tudo, não
existia mais possibilidade de viver, estavam condenados a morte. Fabiano era um ser não
sociável, pois quase não fazia uso da linguagem associada a homens sabidos, por isso temia
muito a eles. Para concluir, pode-se afirmar que não é possível acabar com as secas, a forma
pela qual as autoridades brasileiras combatem-na como açudes e represamento de rios, isto
só beneficia parte da população. Desta forma o problema que ocasiona a seca no Nordeste
está intimamente ligado a estrutura social e programas sociais, não basta caminhões
pipas, construção de cisternas, mas é necessário fazer a regiões áridas onde a seca
prevalece, progredir e fazer parte do progresso do País.