Brincar é tão importante para o desenvolvimento óptimo das crianças, que é reconhecido pelas Nações Unidas como um direito fundamental de todas as crianças.
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Benefícios do brincar livre para o desenvolvimento infantil
1.
2.
3. Neste documento vou-vos apresentar para além de
informação teórica de relevo, situações práticas
vivenciadas no programa de colaboração com a
Coordenação do Ensino Básico de S.Vicente.
4. Programa de jogos tradicionais e recreativos junto das
Escolas do Ensino Básico
Jogos simples [vaivém, tracção, tiro ao alvo…] e jogos
mais complexos [hóquei de vassoura,...]
5. 1º e 2º ano:
Jogos mais complexos
Demasiadas regras
Demasiadas restrições
Desinteresse rápido
Distracções constantes
Adaptação do jogo , cada um jogava como queria
6. Jogos simples, regras elementares
Diversão
Poucas distracções
Empenho em atingir os objectivos
7. Academia Carlos Alhinho
Escalões mais jovens
Imposição de regras rígidas durante os treinos
Durante 2 minutos as regras eram cumpridas, nos
restantes 15 minutos praticava-se boxe, ginástica,
basket, rugby,…
Treinador desesperado
8. Porquê? Será falta de pulso por parte dos orientadores?
Ou os jogos demasiado restritivos e complexos não
serão os mais apropriados para esta faixa etária?
9.
10. Brincar é tão importante para o desenvolvimento
óptimo das crianças, que é reconhecido pelas
Nações Unidas como um direito fundamental de
todas as crianças.
11. Segundo a American Academy of Pediatrics, brincar é
essencial para o desenvolvimento, pois contribui para
o desenvolvimento cognitivo, físico, social e para o
bem-estar emocional das crianças e jovens.
A mesma fonte refere ainda que brincar permite às
crianças usarem a sua criatividade, desenvolvendo a
imaginação, destreza e força emocional.
Brincar é importantíssimo para o desenvolvimento de
um cérebro saudável.
12. É através da brincadeira que as crianças interagem com o
mundo em seu redor. Brincar permite à criança criar e
explorar um mundo que dominam, vencendo os seus
medos enquanto experienciam os papéis de adultos.
Quando dominam o seu mundo, brincar ajuda as
crianças a adquirir novas competências que levam a
uma maior confiança e resiliência que vão necessitar
para enfrentar os desafios futuros.
13. Indirectamente brincar permite que as crianças
aprendam a trabalhar em grupo, a partilhar, a negociar,
a resolver conflitos, e a desenvolver capacidades de
auto-defesa. Quando é permitido à criança controlar a
brincadeira, esta pratica tomadas de decisão
importantes, movendo-se ao seu próprio ritmo,
descobrindo as suas áreas de interesse.
Idealmente, muitas das brincadeiras devem envolver
adultos, mas quando são controladas por adultos a
criança tende a tentar adaptar-se às preocupações e
regras dos adultos, perdendo assim alguns dos
benefícios que brincar [apenas com a assistência dos
adultos] lhes oferece, particularmente quando
falamos do desenvolvimento de habilidades,
criatividade, liderança e espírito de grupo.
14. Apesar dos numerosos benefícios associados ao brincar,
o tempo para brincar livremente tem sido
substancialmente reduzido para algumas crianças. Esta
tendência até afecta as “crianças jardim de infância”,
que têm vindo a sofrer uma redução importante do
tempo para brincar para dar espaço a situações mais
“académicas”. Estas modificações têm implicações na
capacidade das crianças armazenarem novas
informações, porque a capacidade cognitiva das
crianças é reforçada por uma clara e significativa
alteração das actividades. Uma mudança na instrução
académica não oferece essa alteração clara no esforço
cognitivo e certamente não oferece desenvolvimento
motor adequado. Mesmo uma aula de educação física
demasiado estruturada pode não oferecer o mesmo
benefício que brincar com alguma liberdade.
15.
16. Segundo refere Jenkinson [2001] no documento The
Genius of Play: Celebrating the Spirit of Childhood as
crianças brincam melhor:
Quando os adultos estão atentos [são assistentes das
brincadeiras], mas não intrusivos, quando o terreno é
seguro dando coragem para desenvolver novas
descobertas e aventuras;
Quando a sua confiança na vida é absoluta, não
temendo o desconhecido, sendo destemidos;
Quando as suas brincadeiras estão livres das
preocupações dos adultos e as suas transformações
não requerem produto final;
17. Quando os seus sentidos estão directamente ligados à
natureza e aos elementos;
Quando as crianças são livres para se tornarem os
construtores, os criadores do seu próprio mundo;
Quando podem brincar com outros e desenvolver
relações;
18. Quando podem brincar sozinho, ser solitário, ter a sua
privacidade;
Quando se podem “transformar” em novos seres
através das suas brincadeiras;
Quando podem revelar-se, as suas alegrias,
sofrimentos e preocupações, sem medo do ridículo. E
quando o mistério e a imaginação não são negadas
pelos factos.
19.
20. Brincar é parte integrante do ambiente académico.
Assegurando que a escola tem em linha de conta o
desenvolvimento social e emocional da criança, bem
como as suas competências cognitivas. Tem sido
demonstrado em diversos estudos que brincar ajuda as
crianças a adaptarem-se ao ambiente escolar e até
mesmo a melhorar a prontidão para a aprendizagem.
21. A criança não pode ser considerada um adulto em
miniatura, mas um autêntico indivíduo, dispondo das
suas leis de vida específicas. Considerar a criança
como um adulto em miniatura leva a insistir em que as
diferenças entre eles são de grau, enquanto na
realidade são de naturezas diferentes, e conduz ainda à
apreciação da criança segundo normas exclusivamente
adultas [Edgar Thill, 1989]
22. Ainda segundo Edgar Thill, o educador físico, do mesmo
modo que outros educadores, não pode ser
dispensado de um conhecimento aprofundado da
criança, tal como não pode ignorar as leis do
desenvolvimento a que esta se encontra submetida.
Assim, estará apto a propor actividades educativas
melhor adaptadas às necessidades dos alunos ,
aumentando a eficácia da sua pedagogia, evitando
cometer erros prejudiciais às crianças.
23. Aos 8 anos a criança é corajosa, empreendedora e
atraída pelo desporto. Aos 9 a sua motivação pessoal e
a auto-estimulação, para o cumprimento de tarefas,
são muito fortes. É a idade da independência, ano
charneira entre a infância e a pré-adolescência. Por
fim, aos 11 anos, o espírito competitivo está muito
desenvolvido.
Também as capacidades coordenativas, como sejam a
reacção, o ritmo, o equilíbrio, a orientação e a
capacidade de diferenciação, têm a sua fase sensível
durante a infância, particularmente entre os 7 e os
9/10 anos.
24. Entre os 9 e os 12 anos as crianças vivem o seu melhor
período de aprendizagem, ou seja, em que revelam
maior capacidade de aprendizagem motora [Meinel e
Schnabel, 1976]. As habilidades e as técnicas podem
ser aprendidas a partir de uma capacidade espontânea
de imitação, que é provocada por movimentos
internos de acompanhamento durante a observação. É
esta a razão porque as crianças necessitam de bons
exemplos ou de bons modelos, em termos dos
movimentos que têm de efectuar.
25. Todos os conhecimentos acumulados sobre o
desenvolvimento da criança são de grande utilidade
para o educador que, recorrendo a estes dados, pode
adaptar o conteúdo do seu ensino à evolução
psicogenética dos seus alunos. As diferentes etapas do
desenvolvimento físico, psicomotor, afectivo, cognitivo
e social constituem preciosos pontos de
referência, indispensáveis ao estabelecimento dos
conteúdos a ensinar. Por outro lado, adaptando-se às
estruturas mentais da criança, em cada período, o
educador consegue obter a sua adesão e apoiar-se
numa motivação real.
26.
27. No que concerne ao educador físico e desportivo, deverá
combinar, sobretudo a partir dos 7-8 anos, trabalho
individual com trabalho de grupo, embora este ultimo
só seja verdadeiramente eficaz cerca dos 9-10 anos.
O estudo do desenvolvimento da criança também
insistiu no valor pedagógico e na importância funcional
do jogo, no período pré-escolar e escolar, entre 3 e 11
anos. O jogo põe em funcionamento todas as
actividades perceptivas sensoriomotoras, estimula os
diferentes domínios da afectividade e necessita de
procedimentos cognitivos mais ou menos complexos.