Este documento resume os resultados preliminares de uma pesquisa sobre o uso do livro didático por professores de física. A pesquisa encontrou que os professores geralmente usam o livro didático apenas como fonte de exercícios para os alunos, e que a formação ou experiência do professor tem pouco impacto na dinâmica da aula.
2. Livro como artefato da cultura escolar
Contexto do PNLD/PNLEM
Crescimento no número de pesquisas
sobre o papel do livro didático
Falta de pesquisas sobre livros
didáticos em sala de aula
Falta de pesquisas também
quantitativas
Parte de um projeto maior
3. Verificar se há diferenças na maneira
de o professor estruturar suas aulas e
do papel que livro didático ocupa
nelas de acordo com o gênero, a
formação, a localidade, a rede de
atuação (escola pública, particular ou
ambas) e a experiência do professor
4. BAGANHA, Denise E,; GARCIA, Nilson M.D.
Estudos sobre o uso e o papel do livro
didático de ciências no ensino fundamental,
2009.
CARNEIRO, Maria H. S.; SANTOS, Wildson L.
P.; MÓL, G. S. Livro didático inovador e
professores... 2005
CHOPPIN, Alain. História dos livros e das
edições didáticas... 2004.
5. GARCIA, Tânia M. F. B. Relações de
professores e alunos com os livros didáticos
de Física, 2009.
GARCIA, Tânia M. F. B.; GARCIA, Nilson M. D.;
PIVOVAR, Luiz E. O uso do livro didático de
Física: estudo sobre a relação dos professores
com as orientações metodológicas, 2007.
SILVA, Eder F.; GARCIA, Tânia M. F. B. O livro
didático de física e seu uso nas aulas... 2010.
WUO, Wagner. O ensino de física: saber
científico, livro e prática docente, 2002.
6. Survey articulado a estudos qualitativos
359 professores
Entre novembro/2011 e dezembro/2012
(2013 e 2014)
Estatística descritiva
Inferência estatística (α = 5%)
◦ Teste de Mann-Whitney (comparação de duas
amostras)
◦ Teste de Kruskal-Wallis (mais de duas amostras)
8. 1.4%
8.2%
2.8%
62.5%
4.8%
3.4%
2.6%
12.2%
2.0%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
Não formado
Graduado em outra área
Licenciatura curta em Física
Licenciado em Física
Licenciado e bacharel em Física
Bacharel em Física
Especialista em Educação/Ensino
Mestre em Educação/Ensino
Doutor em Educação/Ensino
Formação
26.3%
22.6%
15.4%
12.0%
8.9%
5.9% 5.3%
2.0% 1.1% 1.1%
0-4 anos 5-8 anos 9-12 anos 13-16 anos 17-20 anos 21-24 anos 25-28 anos 29-32 anos 33-36 anos + de 36 anos
Anos de magistério
9. Função do livro
didático em sala
◦ sem função/não usa livro;
◦ preparação da aula/fonte
para resumo do professor
;
◦ sequência para os alunos
acompanharem a aula;
◦ para alunos fazerem
leitura ;
◦ como fonte de
exercícios/tarefa;
◦ uso diversificado
(pesquisa, fonte de
experimentos, de
atividades em grupo...)
Dinâmica da aula
◦ sem menção à
contextualização, motivação
inicial ou estratégia de ensino
(A1);
◦ menção apenas à
contextualização ou
motivação inicial (A2);
◦ menção a um elemento entre
experimentos, história da
ciência, interdisciplinaridade,
abordagem CTS ou
apresentação de situação
problema que vai além da
contextualização ou
motivação inicial e possui
fechamento (A3);
◦ menção a dois ou mais dos
elementos anteriores (A4)
10. Participação dos
alunos
◦ copiam a aula (AC);
◦ fazem exercícios na aula
(AE);
◦ participam com frequência
da aula por meio de
diálogos, debates ou
seminários (AD);
◦ fazem atividades além de
exercícios e leitura, como
construir modelos, escrever
relatórios, fazer
experimentos, pesquisas,
saídas de campo e outros
(AV)
Formas de
abordagem, meios e
recursos
3 subgrupos:
Formas de abordagem
(Cotidiano, CTS, História
da Ciência...)
Formas de
organização/atividades
(debates, leitura,
pesquisa, atividades em
grupo, leitura...)
Recursos (artigos de
jornal/revista,
computador, livro,
material próprio,
internet, vídeos/filmes...)
11. Principal resultado: livro somente como fonte
de exercícios (58,5% dos professores)
Não há diferença entre os estratos:
◦ Professores sem licenciatura, licenciados ou pós-
graduados veem da mesma forma o livro didático
12. Predominância de “aulas
descontextualizadas” ou aulas com uma única
abordagem (“aulas diferenciadas”)
Novamente, não há diferenças
estatisticamente significativas entre os
estratos
13. Preponderância de “aulas copiadas” e “aulas com
exercícios”, mas também uma parcela
significativa de “aulas variadas”.
Diferença estatisticamente significativa nas
respostas entre professores de capitais ou não.
◦ Nas capitais, os alunos fazem mais exercícios durante as
aulas (48,6%) que alunos de não capitais (34,5%).
◦ Uma possível explicação está ligada aos exames
vestibulares e a uma prática baseada na resolução de
exercícios como forma de preparação dos alunos para o
ingresso nas universidades.
14. Preocupação maior com a forma das
atividades realizadas do que com das formas
de abordagem, dos meios ou recursos
multimídias utilizados.
Minimiza um pouco o papel do livro didático
na estruturação da aula, visto que materiais
extras são mais preponderantes.
Presença marcante dos textos, exercícios,
livros e quadro.
15. Professoras mulheres enumeraram mais elementos
em suas respostas do que professores homens (4,75
contra 4,11) e citaram o dobro de vezes mais o uso
de vídeos e filmes (0,30 contra 0,15),
Experiência do professor influencia no número de
vezes que suas respostas remetem ao quadro/lousa e
na quantidade de elementos citados.
◦ Professores iniciantes, de 0 a 4 anos de experiência,
tendem a usar mais a palavra quadro/lousa (53,2% das
respostas) do que seus colegas mais experientes.
◦ Professores iniciantes citaram mais elementos em suas
respostas do que professores mais experientes, cerca de 5
contra 4 dos demais grupos.
16. A natureza da escola influencia no caso do
aparecimento do elemento livro.
◦ Professores que atuam somente na escola pública o
citaram 0,48 vezes por resposta enquanto os
demais professores fizeram referência ao livro 0,35
vezes por resposta.
◦ Quase onipresença do livro didático (PNLD) e falta
de outros recursos?
17. A formação dos professores apresentou
diferenças discretas, apenas na quantidade
de elementos citados ao que se refere às
formas de abordagens.
◦ Professores pós-graduados citaram esses
elementos em 59,1% de suas respostas, enquanto
professores apenas licenciados citaram formas de
abordagens em 47,4% de suas respostas e
professores sem licenciatura em 39,1%.
◦ Tempo de estudo parece não se refletir de maneira
incisiva na prática pedagógica.
18. Resultados apontam para uma homogeneização
das práticas docentes: “aulas
descontextualizadas”, nas quais não há menção a
motivação inicial, contextualização ou estratégias
de ensino, ou as “aulas diferenciadas”, que
apresentam uma única abordagem de ensino.
Formação do docente não tem praticamente
nenhuma influência na função que o livro
didático assume nas aulas, na dinâmica de aula
ou na forma de participação dos alunos.
alysson@ieasolucoes.com
http://pt.slideshare.net/AlyssonRamosArtuso