O documento discute quatro arquétipos (teológico, social, materialista e autoreferencial) que moldam a história. O arquétipo materialista e o capitalismo predominam no Ocidente, tendo quatro aspectos analisados por Marx, Maturana, Foucault e Bauman: exploração, agrupamento individualista, sociedade de vigilância e sociedade de consumo rápido. Há uma mudança para o arquétipo autoreferencial, onde o indivíduo se conhece e cria sentido, ultrapassando a vida ordinária em busca
2. ARQUÉTIPOS
Podemos delinear quatro arquétipos
básicos responsáveis pelo movimento
histórico, sendo eles: arquétipo
teológico; arquétipo social, arquétipo
materialista e arquétipo
autoreferencial.
3. ARQUÉTIPO TEOLÓGICO
Define um viver fundamentado na existência de
um deus externo ao homem que o governa e o julga
depois de sua morte. Existem as leis que estão
expressas nos livros sagrados.
O objetivo é viver tendo por meta atingir um lugar
sagrado metafísico e o universo objetivo ou
material como sendo um espaço a ser transcendido.
4. ARQUÉTIPO SOCIAL
Elabora um viver em harmonia plena com a
sociedade. A sociedade é considerada o
elemento fundador dos nossos pensamentos,
raciocínios, desejos e comportamentos.
O valor supremo é o bem comum, ausência
da propriedade privada e a cultura é o
elemento determinante de todas as nossas
ações. Predominância do senso comum.
5. ARQUETIPO MATERIALISTA
Impulsiona um viver com preponderância nos
fatos objetivos inseridos no espaço e tempo. A
consciência do ser humano resulta de fatores
eminentemente materiais decorrente do cérebro,
neurônios e junções de substâncias químicas.
Vida em busca da posse e acumulação de bens
materiais.
A sociedade é organizada pelas elites que
possuem em suas mãos o controle dos meios de
produção.
6. ARQUETIPO AUTOREFERENCIAL
Busca do direito de ser o autor, o sujeito
de sua própria existência e de sua própria
capacidade de resistir a tudo aquilo que
dela nos priva e torna nossa vida
incoerente.
Define um viver tendo por supremacia a
consciência ética. O valor cultivado é a
liberdade de consciência fundamentada no
convívio de cooperação.
7. ARQUÉTIPO PREDOMINANTE
NO OCIDENTE
Predomina no Ocidente o arquétipo
materialista gerador do capitalismo que
possui quatro aspectos: exploração brutal do
homem pelo homem; agrupamento humano;
sociedade panótica e sociedade líquida.
9. EXPLORAÇÃO
O sistema capitalista gera uma concentração de
lucro em poucas mãos e uma massa de
explorados.
O antagonismo entre pobres e ricos, longe de
desaparecer, tende aumentar.
A criminalidade cresce de ano para ano.
O comércio se degenerou transformando em
roubo.
Cresce dia a dia as deslealdades e a destruição
dos fracos pelos monopólios.
Estado representante da burguesia.
10. EXPLORAÇÃO
A prostituição desenvolve em proporções alarmantes.
O casamento passou a ser o manto oficial com que se cobre
a prostituição seguida de uma abundância complementar
de adultério.
As instituições políticas e sociais estão desacreditadas e
comprometidas com a exploração do povo.
Recursos financeiros são canalizados para a indústria
bélica visando a imposição do poder econômico e político.
12. AGRUPAMENTO HUMANO
Negação mútua surge hierarquia e obediência.
Na competição não existe a convivência porque a
vitória de um surge da derrota do outro.
Na vida mercantil não existe diferença entre ser
amigo e não ser amigo e não se conhecerem.
Predominância de uma individualidade sem
cooperação e fundamentada na concorrência.
13. AGRUPAMENTO HUMANO
Predomina o lucro, a capacidade de vencer o
outro utilizando qualquer método.
Predomina em ser o melhor em todos os
aspectos.
Toda a preparação é para vencer no
mercado de trabalho.
Único conhecimento é aquele que leva ao
maior lucro.
15. SOCIEDADE PANÓTICA
Vigilância integral.
Cumprimento de regras impostas pelos
gerentes aos gerenciados.
Qualquer comportamento desviante é
prontamente identificado, punido ou isolado.
Disciplina é o método que permite o controle
minucioso do corpo realizando sujeição.
16. SOCIEDADE PANÓTICA
Relação de docilidade-utilidade.
Adestra, fabrica corpos submissos e
obedientes.
Controla o corpo: horário, ritmo
obrigatório, articulação corpo/objeto,
utilização exaustiva, tipos de roupa.
Coloca a pessoa na rotina de vida.
18. SOCIEDADE LÍQUIDA
Os lares são apenas hospedarias no meio do
caminho.
Predomina a futilidade, perda da
autoconfiança e com ela a coragem de imaginar
e esboçar modelos de perfeição.
A vida é presidida por um mercado de
consumo calcado na rápida substituição.
A beleza da pessoa é medida pelo que ela veste
e por aquilo que possui.
19. SOCIEDADE LÍQUIDA
A vida se resumo em ganhar dinheiro para
divertir e manter o luxo.
Busca pela satisfação rápida.
A classe burguesa que desfruta sem limites
dos prazeres do consumo e do lucro fácil e
uma classe popular (gerenciados) sendo
movimentada para atingir os mesmos
objetivos da classe burguesa empregando
também qualquer meio.
20. EXEMPLO
Eis que o sujeito desce na estação do metrô.
Vestindo jeans, camiseta e boné, encosta-se
próximo à entrada, tira o violino da caixa e começa
a tocar com entusiasmo para a multidão que passa
por ali. Durante os 45 minutos que tocou, foi
praticamente ignorado pelos passantes. Ninguém
sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos
maiores violinistas do mundo, executando peças
musicais consagradas num instrumento raríssimo,
um Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3
milhões de dólares.
21. EXEMPLO
Alguns dias antes Bell havia tocado no
Symphony Hall de Boston, onde a entrada
custava 1000 dólares.
A experiência, gravada em vídeo, mostra
homens e mulheres de andar ligeiro, copo de
café na mão, celular no ouvido, crachá
balançando no pescoço, roupas sofisticadas e
indiferentes ao som do violino.
23. MUDANÇA DE PARADIGMA
A partir do final do século XX iniciou a
mudança do arquétipo mecanicista para o
arquétipo autoreferencial o que está
provocando mudanças profundas na
racionalidades das pessoas.
A mudança de paradigma é algo
profundamente abalador. Ela envolve uma
profunda crise para os indivíduos e uma
grande reviravolta para a sociedade, o próprio
destino do planeta é colocado em questão.
24. MUDANÇA DE PARADIGMA
Nós vemos à realidade através do
paradigma, que são lentes coloridas e
pensamos que vemos a realidade como ela
é. (MALIN,2003, p. XII)
Touraine (2006) sujeito é aquele que
elabora resistência ao mundo impessoal do
consumo, da posse, da violência, do
controle panótico e da guerra. Sujeito é
aquele que reflete sobre si mesmo e se
coloca em posição de criador de si mesmo..
25. MUDANÇA DE PARADIGMA
O sujeito retorna a si mesmo e descobre
aquilo que confere sentido à sua vida, aquilo
que cria a sua liberdade. O sujeito ultrapassa
a vida ordinária
26. CONCLUSÃO
Temos que desvelar em primeiro lugar o
arquétipo que estamos associados e através
da abertura ou ampliação de consciência
para possibilitar o salto da nossa estrutura
para dimensões mais complexas.
O novo paradigma é o sujeito se conhecer
para formar uma sociedade humana.
27. CONCLUSÃO
Heller: o homem criativo, o que busca o novo não
aceita o cotidiano, sentindo necessidade de
transcendê-lo e se preparar para o não cotidiano.
O ser humano possui uma estrutura de
consciência autônoma e deve se oferecer a
oportunidade de elaborar sua própria
individualidade expondo o seu interior e deixando
de ser o veículo da mídia, do consumo e
principalmente da burguesia. Desenvolver uma
criatividade cooperativa.