Este artigo discute se existem celebridades na blogosfera e reflete sobre as características e tipos de celebridade. Aponta que embora existam pessoas famosas na blogosfera, é importante conceituar corretamente o termo "celebridade" e distinguir diferentes tipos, como celebridades conferidas, adquiridas ou atribuídas. Também relaciona o fenômeno da celebridade ao capitalismo e indústrias culturais, mostrando como as celebridades se tornam mercadorias midiáticas.
O relacionamento através da comunicação digital em instituições educacionais
Celebridades na blogosfera: fama, reputação e tipos de celebridade na era digital
1. 107
Existem celebridades da e na blogosfera?
Reputação e renome em blogs
Alex Primo
Professor de Pós-graduação da UFRGS
Doutor em Informática na Educação (UFRGS)
E-mail: alex.primo@terra.com.br
1. Introdução
As celebridades, como as entendemos
hoje, surgem no apogeu hollywoodiano.
Nesse período, observa Marshall (1997),
alguns atores e atrizes do cinema passam a
transcender seus filmes e a criar uma “aura”.
Com a emergência do close-up na linguagem
cinematográfica, a relação entre a audiência
e os personagens passou a ser mais “ínti-
ma”. Para Marshall, essa é uma das raízes do
Resumo: Não há dúvida que existem celebridades na blogos- crescente interesse da audiência pelo artista.
fera. Mas é correto conceber uma celebridade da blogosfera? Mas, com a internet, essa relação e o poder
Para responder a essa questão, este trabalho reflete sobre as ca-
racterísticas e tipos de celebridade, além de apontar sua íntima das celebridades se alteram?
relação com o capitalismo e indústrias culturais. Etimologicamente, o termo “celebridade”
Palavras-chave: celebridade, fama, blog. aparece no século XVI e deriva do vocábu-
¿Existen celebridades en la blogosfera? Reputación y buen lo latino “celebritas”, tendo a mesma raiz de
nombre en blogs “célebre” (celeber, que quer dizer “afamado”,
Resumen: No hay duda que existen celebridades en la blogosfe- “notável”). Rojek (2008), de forma concisa,
ra. Pero sería correcto concebir una celebridad de la blogosfera?
Buscando contestar esta cuestión, este artículo reflexiona sobre define o conceito como um status glamoroso
las características y tipos de celebridad, apuntando además su conferido a alguém no espaço público.
íntima relación con el capitalismo y las industrias culturales.
Palabras clave: celebridad, fama, blogs, industria cultural.
Qual o papel das celebridades na con-
temporaneidade? Tal fenômeno midiático
Are there celebrities in and of the blogosgphere? Reputa- refere-se apenas a uma pessoa que conquista
tion and renown in blogs
Abstract: There is no doubt that there are celebrities in the blo-
a fama por seus talentos inatos? Sabe-se que
gosphere. But is it correct to conceive a blogosphere’s celebrity? existem muitas celebridades na blogosfera.
In order to answer this question, this paper discusses the cha- Mas é correto conceber uma celebridade da
racteristics and types of celebrities, and shows their intimate
relation to capitalism and culture industries. blogosfera? Essas são algumas das questões
Key words: celebridad, fama, blogs, industria cultural. que balizam este trabalho.
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por suas personalidades. A partir dessa argu-
2. O herói perde a batalha para mentação, que por vezes parece em luto pela
a celebridade “boa e velha tradição”, o autor conclui: “A ce-
lebridade é uma pessoa que é conhecida por
Havia um tempo em que o mundo e as men-
ser bem conhecida” (Boorstin, 2006, p. 79).2
tes eram povoados por heróis e grandes homens.
Circularmente, a razão de sua fama deve
A grandeza de um homem era definida por suas
ser procurada na própria fama, já que as ce-
conquistas, por seus atos de coragem. O heroís-
lebridades são notórias por sua notoriedade.
mo, o martírio ou um percurso de santidade
Ou seja, elas são constituídas por pura fami-
acompanhavam a elevação dos nomes desses
liaridade. Reconheçamos: como explicar me-
grandes homens. Boorstin (2006) diagnostica
lhor o fenômeno Paris Hilton?
que essas formas de grandeza se eclipsaram, fi-
Toda essa tautologia reflete o próprio
cando à sombra de uma nova eminência: a cele-
vazio de nossa existência. Para Boorstin, as
celebridades são receptáculos onde deposi-
tamos nossa falta de propósitos. Elas seriam
O herói resiste à nós mesmos em uma lente de aumento.
prova do tempo, seus Em um caminho semelhante, Lowenthal
feitos vão sendo (2006) define os heróis do passado como
“ídolos de produção”. Já os heróis midiáticos
descobertos por seriam “ídolos do consumo”, tendo em vista
sucessivas gerações. que as celebridades de uma forma ou de ou-
Já a celebridade é tra estão relacionadas com o entretenimento.
sempre contemporânea O próprio sucesso dos ídolos do consumo se
transforma em bens de consumo. Nesse sen-
tido, Lowenthal entende que qualquer ques-
tão sobre o estrelato ou indagação sobre o
bridade. Enquanto o herói era reconhecido por
que justifica certa celebridade deve ser res-
seus bravos feitos, a celebridade é lembrada por
pondida em termos ideológicos. Ou seja, na
sua imagem ou marca. Logo, o autor sentencia:
articulação entre produção e consumo.
o herói criou a si mesmo, a celebridade é uma
criação da mídia. Enquanto o primeiro era um
grande homem, o último é um grande nome. 3. Tipos de celebridades
O herói resiste à prova do tempo, seus
É interessante hoje observar que o termo
feitos vão sendo descobertos por sucessivas
“celebridade” vem sendo utilizado livremente
gerações. Ele não apenas serve de modelo à
nas discussões sobre a produção de conteú-
tradição, é construído por ela. Já a celebrida-
do em mídias sociais. Por exemplo: apresen-
de é sempre contemporânea. “O herói é feito
tar Edney Souza, criador do condomínio de
por folklore, textos sacros, e livros de histó-
blogs Interney.net, como uma celebridade da
ria, mas a celebridade é a criatura da fofoca,
blogosfera. Evidentemente, não há nada erra-
da opinião pública, de revistas, jornais, e das
do em utilizar tal termo livre e informalmente,
imagens efêmeras das telas da televisão e do
até mesmo como metáfora. Contudo, quando
cinema” (Boorstin, 2006:82).1
se exige rigor na reflexão, como é o caso da
Diferentemente dos heróis, reconhecidos
discussão acadêmica, urge delimitar-se bem
por seu caráter, referimo-nos às celebridades
o conjunto conceitual, já que esse é o “ferra-
mental” da análise teórica. É nesse sentido que
1
Tradução do autor: “The hero is made by folklore, sacred
texts, and history books, but the celebrity is the creature of
gossip, of public opinion, of magazines, newspapers, and the 2
Tradução do autor: “The celebrity is a person who is know for
ephemeral images of movie and television screen”. his well-knownness”.
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a tipificação de Rojek (2008) torna-se aqui par- Ao discutir a prática das chamadas ca-
ticularmente importante, por distinguir o con- mgirls de transmitir via webcams suas vidas
ceito “celebridade” de outros termos próximos, cotidianas em seus próprios lares,4 Turner
além de discriminar categorias de celebridade. (2004) sugere o termo “Do-It-Yourself celebri-
Em diferentes círculos, algumas pessoas são ty”. Para ele, essas moças em busca de fama,
reconhecidas por seus atributos e conquistas. ao utilizar baratas tecnologias informáticas,
Na carreira científica, por exemplo, muitos pes- desenvolveram formas de ultrapassar as es-
quisadores despertam admiração e muitas vezes truturas da mídia mainstream, viabilizando
servem de modelo para estudantes que aspiram uma forma diretamente de se comunicar
seguir um percurso intelectual semelhante. Con- com seus fãs. Irônico, o autor afirma que o
tudo, a atribuição do status de celebridades a es- produto tomou conta da fábrica.
ses pesquisadores tão conhecidos em suas comu-
nidades científicas não seria precisa. Para Rojek 4. Mercadoria midiática
(2008:14), em situações como essa, lidamos com
o renome, ou seja, “atribuição informal de dis- Não há como separar a cultura da cele-
tinção a um indivíduo dentro de uma determi- bridade da cultura da mercadoria. Segundo
nada rede de relacionamentos sociais”. Trata-se Rojek (2008:16), o “mercado inevitavelmente
de uma modalidade de fama localizada, circuns- transformou o rosto público da celebrida-
crita em um grupo social ao qual pertencem. A de num bem de consumo”. As celebridades
fama da celebridade, contrasta o autor, é ubíqua. transformam-se elas mesmas em mercado-
Apesar da distância social entre a celebridade e rias ao despertarem nos consumidores a von-
seu público, pode-se observar uma forte emoção tade de possuí-las. Para o autor, a força da
que a primeira consegue despertar no segundo, celebridade, enquanto estratégia capitalista,
apesar da ausência de reciprocidade. atua no nível do desejo. Trata-se de uma po-
Dentre as celebridades, Rojek (2008) dis- derosa ferramenta, pois personifica o desejo.
tingue três tipos básicos: Na interpretação de Marshall (1997), a
indústria consegue administrar a transfor-
a) celebridade conferida: decorre de linha-
gem, como a família real inglesa; mação de aspectos emocionais e afetivos na
commodity da celebridade. O processo de ra-
b) celebridade adquirida: deriva de reali- cionalização do afeto ocorre ao converter a
zações individuais (conquistas esportivas,
personalidade e individualidade em um sis-
artísticas etc.);
tema de troca, e ao forjar o reconhecimento
c) celebridade atribuída: mesmo sem ta- da audiência de valores culturais e formas de
lento ou habilidade excepcional, um con- identificação na celebridade.
centrado destaque à representação de um
As celebridades são um fenômeno que
indivíduo por intermediários culturais.
nascem no seio da mídia de massa e perma-
Dentre essa última categoria, Rojek (2008:21) necem vinculadas a ela. Para Rojek (2008:15),
sugere um subtipo que vai chamar de celetóide: “a representação da mídia de massa é o prin-
“Uma forma de celebridade atribuída, gerada, cípio-chave na formação da cultura da cele-
comprimida e concentrada pela mídia”. Ou seja, bridade”. Sendo assim, defende que o estudo
sucessos efêmeros, vencedores de loteria, “heróis desse fenômeno deve se focar não no talento
por um dia”, delatores e outras figuras que ob- individual das celebridades, mas sim no que
têm ampla divulgação na mídia, para logo após há de encenação e distância, o que acaba por
caírem em esquecimento. Logo, a efemeridade é lhes conferir um caráter mágico.
característica fundamental dos celetóides.3
4
Este fenômeno, cujo principal expoente foi Jennifer Ringley
3
Rojek lista outras categorias, como notoriedade (criminosa) (Jennycam), teve seu auge entre 1998 e 2003, antes da banaliza-
e celeator, mas elas não serão estudadas neste breve trabalho. ção dos sites de lifestreaming.
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Enquanto representações, as celebridades prefere observar a celebridade como um texto,
assumem a forma de personalidades (como que articula cadeias de significações. É preci-
destacado anteriormente por Boorstin), pelas so atentar, pois, para a intertextualidade da
quais passam a ser reconhecidas. Nesse contex- construção do signo/celebridade. É da tensão
to, Marshall (1997:57) estuda as celebridades entre o que a audiência pode saber e o que é
como signos, por representarem algo diferente impossível conhecer sobre a celebridade que se
de si mesmas: “A realidade material do signo da constrói a relação entre a primeira e a segunda.
celebridade – isto é, a pessoa do momento que De toda forma, Rojek lembra que a rela-
está no centro da representação – desaparece ção do fã com a celebridade – “um consumi-
em uma formação cultural de significado”.5 dor anônimo e um rosto público” (2008:52)
Essas representações tornam-se marcas de – não passa do consumo de uma imagem
forte apelo comercial. E, como tal, precisam mediada. Nem mesmo convenções que algu-
ser bem gerenciadas. Como lembra Turner mas bandas de rock organizam para intera-
(2004), cientes da curta vida como celebrida- gir com seus fãs diminuem a assimilação da
des, elas buscam assessoria especializada para celebridade como uma abstração.
vender-se melhor. “Intermediários culturais” é O tipo de interação que o fã mantém com
o termo utilizado por Rojek (2008) para refe- seus ídolos é o que se costuma chamar de pa-
rir-se aos profissionais que modelam e admi- rassocial: “Relações de intimidade construídas
nistram suas imagens. Enquanto fabricações através da mídia, e não pela experiência direta
culturais, “nenhuma celebridade adquire reco- e encontros cara a cara” (Rojek, 2008:58). Ao
nhecimento público sem a ajuda de interme- não existir contato direto entre eles, o fã lida
diários culturais como diretores de cena da sua apenas com a representação da celebridade.
presença aos olhos do público” (2008:12-13). Mesmo que se trate apenas de um relaciona-
Em seu pioneiro estudo sobre celebri- mento imaginário, Rojek aponta que os “seus
dades, Boorstin (2006:81) disparava: “Anti- efeitos na organização de emoções e estilo de
gamente, um homem público precisava de vida do fã são reais” (Idem:73).
uma secretária particular como uma barreira O interesse pela privacidade, sugere Mar-
entre ele e o público. Hoje, ele tem uma se- shall (2006), vem sendo desafiado pela me-
cretária de imprensa para mantê-lo aos olhos diação do self em mídias digitais como os
do público de modo apropriado”.6 blogs. Nas comunidades virtuais que emer-
gem na internet, essas expressões identitárias
5. Relações com a audiência são discutidas e negociadas. Para o autor, tais
interações acarretam, em termos puramente
Como visto anteriormente, o relaciona- econômicos, um enfraquecimento das cele-
mento entre a audiência e a celebridade se dá bridades enquanto discurso.
no nível discursivo. Marshall, contudo, não
acredita que o signo celebridade seja total- 6. Celebridades ordinárias?
mente controlado pelas mãos da grande mí-
dia. O autor defende que tal signo seja “uma Em 22 de novembro de 2008, o site YouTu-
área de negociação entre o público, a mídia, e a be fez pela primeira vez a transmissão ao vivo
celebridade” (2007:12). Como o signo/celebri- de um evento. Os anúncios do show YouTube
dade faz parte de um sistema de signos, o autor Live7 anunciavam a presença de “celebridades”8
que emergiram no próprio serviço, como Tay
5
Tradução do autor: “The material reality of the celebrity
Zonday. O vídeo de sua música independen-
sign—that is, the actual person who is at the core of the repre-
sentation—disappears into a cultural formation of meaning”. 7
Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/YouTube_Live.
6
Tradução do autor: “Formerly, a public man needed a private Acesso em: 10/02/2009.
secretary for a barrier between himself and the public. Nowadays 8
Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/YouTube_cele-
he has a press secretary, to keep him properly in the public eye”. brities. Acesso em: 10/02/2009.
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te “Chocolate Rain”9 já havia sido visto, até a são vistas como um subproduto lucrativo. A
redação deste artigo (10/02/2009), 34.029.631 principal meta é oferecer um programa viá-
vezes. Zonday é apenas um exemplo de artistas, vel aos anunciantes.
bandas, blogueiros, entre outros, cujas produ-
ções na rede atraem subitamente milhões de 7. A busca pela fama na internet
interessados. Com freqüência, essas pessoas
são contratadas por agências e anunciantes O fenômeno das camgirls mostrou pela
para associar seus produtos a sua populari- primeira vez a possibilidade de visibilidade a
dade. Zonday, por exemplo, cantou em uma qualquer pessoa conectada à internet. Inicia-
propaganda do lançamento do refrigerante Dr tivas como essa evidenciaram que é possível
Pepper sabor Cherry Chocolate.10 buscar a fama sem qualquer vinculação com
Diante do crescente número de pessoas
comuns que vêm ganhando popularidade
por meio de suas produções na internet, a Diante das pessoas
mídia tradicional vem atualizando suas es-
tratégias para manter suas audiências e sua
comuns que ganham
hegemonia. O formato reality TV é uma popularidade por
forma de reação a tal concorrência. Além de meio de suas produções
permitir a interação da audiência, TVs de di- na internet, a mídia
versos países vêm criando novas celebrida- tradicional vem atuali-
des, prontas para uso (poderíamos chamar zando suas estratégias
de celebridades prêt-à-porter) e descarte.
Como bem lembra Turner (2004), histo-
ricamente as indústrias de entretenimento
buscam “descobrir” talentos autênticos para estruturas mainstream. Turner (2004:20) en-
lançá-los como estrelas, controlando suas tende, contudo, que a fama conquistada nes-
carreiras e maximizando seus lucros. O autor sas pequenas redes não extrapola tais círculos.
reconhece nos reality shows uma atualização Senft (2008:25) – que não apenas estudou
do projeto de fabricar celebridades. A escolha o fenômeno, mas foi ela própria uma camgirl
de pessoas comuns (ordinary people) permite – reconhece que a web não pode criar estrelas
à grande mídia não ser apenas um “usuário” tradicionais: “As estrelas da web perdem sua
de celebridades, mas sua própria inventora. importância quando comparadas até mesmo
Sem depender de nenhum talento ou treino com artistas da ‘Lista D’ que estão na indústria
especiais, desconhecidos são alçados à fama cinematográfica, televisiva ou musical”.12 Por
por meio de um projeto bem planejado e outro lado, aposta que a web oferece condições
operacionalizado. Para os competidores, para o que ela chama de “microcelebridades”.
mesmo que o valor do prêmio seja substan- Diferentemente dos fãs de celebridades da
cial, “a celebridade é o verdadeiro prêmio mídia massiva, Senft aponta que os internau-
que está em oferta” (Turner, 2004:54).11 tas não estão interessados em saber detalhes
Enfim, vale lembrar que as celebridades sobre a vida pessoal das personalidades da
fabricadas em reality shows (desde o suces- web, nem tampouco em comprar produtos
so de Survivor) não são o principal objetivo avalizados por elas. A autora vê um relaciona-
dos produtores. Segundo Turner (2004), elas mento diferente quanto às microcelebridades
e suas audiências – um comprometimento
9
Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=EwTZ2xpQwpA. ético. O que está em jogo é o compromisso
Acesso em: 10/02/2009.
10
Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=2x2W12A8Qow.
Acesso em: 10/02/2009. 12
Tradução do autor: “Web stars pale in comparison to even ‘D
11
Tradução do autor: “Celebrity is the real prize that is on offer”. List’ performers in the film, television and music industries”.
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daquela personalidade com quem construiu
sua reputação: o seu público. Na web, conclui 8. Procedimentos metodológicos
Senft, o que importa é a conexão entre as pes- Tendo em vista as referências conceitu-
soas, e não sua separação, o que é típico no ais revisadas até o momento, deve-se agora
contexto das tradicionais celebridades. questionar: existem celebridades da e na blo-
gosfera? O uso simultâneo das duas prepo-
sições na frase anterior ficará mais claro nas
Os raros exemplos de reflexões vindouras.
blogueiros que consegui- Para responder àquela questão, que em
ram um reconhecimento princípio pode parecer trivial, esta pesquisa op-
tou por entrevistar diversos blogueiros segundo
para além da blogosfera
o método de grupos focais. Para a seleção dos
necessariamente foram entrevistados, foi utilizado o seguinte proce-
catapultados por meios dimento. No mecanismo de busca Technora-
e estratégias massivos ti, procurou-se por blogs cujos posts recentes
mencionassem a cidade de Porto Alegre. Como
as entrevistas seriam presenciais, confiou-se na
hipótese de que posts tratando de Porto Alegre
Ainda que a breve discussão de Senft revele provavelmente seriam escritos por moradores
características da interação mediada por com- dessa cidade. Para essa seleção, realizada em no-
putador, o termo “microcelebridade” parece vembro de 2008, buscaram-se no Technorati 25
trazer mais problemas do que esclarecimentos. blogs com autoridade menor que 40 e outros 25
Com o prefixo “micro”, a autora quer negar blogs com autoridade entre 41 e 400.14 A par-
o que é específico da celebridade. Ou seja, o tir dessa lista, entrou-se em contato com todos
conceito de “microcelebridade” apresenta uma os blogueiros através de e-mail ou por meio da
contradição interna ao se negar mutuamente. janela de comentários. Obtiveram-se 23 respos-
Para muitos dos casos descritos pela autora, tas, sendo que 19 pessoas confirmaram presen-
talvez a simples atribuição de “renome”, con- ça. A entrevista com o primeiro grupo, compos-
forme definido por Rojek, fosse suficiente. to por 7 homens e 2 mulheres, foi realizada no
Na verdade, o termo mais utilizado nas dia 3 de dezembro de 2008, e o segundo grupo,
discussões sobre a produção espontânea com 8 homens e 2 mulheres, foi entrevistado no
na web é “reputação”. Conforme Anderson dia seguinte. A idade dos participantes variava
(2006),13 a reputação construída em um blog, de 17 a 61 anos. As entrevistas com cada grupo
por exemplo, pode ser convertida em outras durou cerca de duas horas.
formas de valor, como um emprego, uma Todos os entrevistados, após receberem ex-
parceria, uma consultoria, estabilidade etc. plicações sobre a dinâmica e propósito das entre-
Do ponto de vista de lucros diretos, um blog vistas, assinaram um “termo de consentimento
de alta reputação (ou “autoridade”, confor- livre e esclarecido” autorizando a utilização dos
me o site Technorati), ao atrair um número dados coletados, e permitiram a gravação em ví-
significativo de leitores, pode angariar mais deo das sessões, para futura transcrição.
cliques em propagandas e links de progra-
mas de parcerias. Além disso, ao receber mais
9. Resultados
links, esses blogs são mais bem ranqueados
pelo Google, o que resulta recursivamente em Após uma rodada de apresentações pes-
crescente número de visitas. soais e descrições dos blogs de cada um, as
13
Anderson chega a falar em “microhits” e “microestrelas”. O 14
Nenhum blog com autoridade maior que 221 foi encontrado
uso, no entanto, é metafórico. na busca, a partir dos parâmetros estabelecidos.
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entrevistas iniciaram com uma questão sobre quem escreve com liberdade, como ele pró-
a relação que mantinham com suas audiên- prio, dificilmente terá um blog popular.
cias. Foi possível perceber um conhecimento Nesse contexto, Cler (32) sugeriu uma
geral dos participantes sobre os mecanismos diferenciação entre o blogueiro popular e o
de estatística disponíveis para a aferição do blogueiro famoso. O primeiro é o que busca
número de visitas diárias. Apesar de a grande leitores “pára-quedistas”,15 publicando títu-
maioria ter relatado a quantidade de acessos los como “Vejam as fotos de Juliana Paes sem
aos seus blogs, alguns entrevistados disseram calcinha”. Já o segundo é o que ganha reco-
não se interessar por esses valores. nhecimento na área em que atua. Enquanto
Ao serem questionados se buscavam ficar o primeiro goza de popularidade rápida e
famosos, Hélio (35 anos), que monitora os da- passageira, o blogueiro famoso constrói sua
dos quatitativos de sua audiência, disse nunca reputação ao longo dos anos.
ter pensado em fama. Atualmente, preocupa-se Os participantes foram então provocados
menos com os hits de seus blogs, mostrando- com a seguinte questão: “Seu blog é de suces-
se cada vez mais gratificado com as interações so?”. José (42) logo respondeu que entende
dialógicas nos espaços de comentários. Gisele ter relativo sucesso e mostrou acreditar que
(28), cujo blog chega a receber 5 mil acessos o sucesso de blogs depende da publicação de
diários, disse que não tem interesse na fama, visões alternativas, de contrapontos. Diego
mas quer que seu blog se torne referência em complementou: “Os blogs só existem porque
sua área. “Quero ser lida, quero ser respeitada. tem gente que procura outro ponto de vista”.
Principalmente quando tem coisas opinativas”. Mas afirmou que o sucesso na blogosfera de-
Disse preferir saber que pautou um programa pende de avaliação pessoal: “Será que há um
de TV do que ter um volume alto de visitas. ano atrás, tu esperava chegar onde chegou? Se
Segundo ela, quando algum de seus textos é chegou ou superou já pode considerar um su-
mostrado na capa do portal Yahoo! Posts, re- cesso”. Diante da questão, Hélio disse ficar feliz
cebe mais de 20 mil visitas. Contudo, afirmou quando é reconhecido como blogueiro e re-
que o incremento de comentários que recebe cebe elogios por seus textos. Fabio concordou
nesses dias de pico apresenta pouco valor qua- com a possibilidade de sucesso de blogs inde-
litativo. Marcel (21) e Carla (40), em seguida, pendentes, e complementou dizendo que já
concordaram com a expectativa de tornar seus conseguiu vários empregos em virtude do que
blogs referências em seus segmentos. Diego escreveu em seu blog. Marcel relatou experi-
(20) acrescentou que blogs referenciais podem ência semelhante. Em sentido contrário, Raoul
abrir diferentes possibilidades, inclusive co- provocou: “Eu acho que o dia em que eu atin-
merciais e financeiras. gir o sucesso no meu blog, aí eu perdi o meu
Carlos (61), por sua vez, disse ter certa conteúdo”. Já Cler, que chega a atingir picos de
obsessão por ganhar visibilidade, como tam- 85 mil visitas/dia, apresentou interpretação di-
bém compreender como funcionam os me- ferente: “... Acesso não é sucesso. Popularidade
canismos de busca que julgam a relevância não é sucesso. Então quer dizer, o sinônimo
de sites. Já Raoul (53), que mantém blogs de de sucesso na blogosfera é que cada um pode
esquerda, incluindo um de vertente guerri- fazer o que quiser. (...) Então, pra mim, tem
lheira, afirmou: “Eu não tenho interesse pela sucesso, porque é o que eu gosto de fazer”.
fama, tenho interesse em fazer discussão po- Em seguida, os grupos foram questionados
lítica na internet, que se amplie esse leque. se existem celebridades na blogosfera. Para
Não tenho interesse pessoal nisso, não tenho Hélio, existem várias no Internety.net. Diego,
interesse em ganhar dinheiro”. Disse alcan-
çar seus objetivos quando vê um de seus tex- 15
Um “pára-quedista” é aquele leitor eventual de um blog, que
tos publicado em sites importante, como o chega até ele por meio de uma busca no Google, mas não retor-
Observatório da Imprensa. Para Milton (51), na mais a esse blog nem o assina.
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por outro lado, postulou: “Se eu perguntar
para minha mãe quem é o Cardoso, o Interney, 10. Discussão e conclusões
minha mãe não sabe. Blogueiro só é conhecido
por blogueiro”. Para Gisele, essas “figurinhas A rigor, considerados os principais estudos
carimbadas” só são conhecidas por quem usa sobre o conceito de “celebridade”, podemos
os sites de ranqueamento de blogs Technorati observar o status de “renome” (Rojek, 2008)
e Blogblogs, o serviço de microblogging Twit- nos exemplos citados pelos entrevistados
ter, ou participa de debates sobre a blogosfe- (como Edney Souza, Alexandre Inagaki, Car-
ra. Já as pessoas que mantêm seus blogs por doso). Ou seja, gozam de grande reputação
puro prazer e não se importam com rankings em seus círculos. Muitos desses blogueiros
não conhecem os blogueiros julgados como utilizam sua popularidade e o conhecimento
celebridades. Marcel, por sua vez, usa o termo adquirido sobre a dinâmica de redes sociais
“webcelebridade”, definindo-o: “Uma celebri- para gerar negócios e outras oportunidades
dade na web, foi criada na web, é conhecida comerciais. Por outro lado, o alcance de sua
porque freqüenta a web”. Mas, desafiando a fama dificilmente extrapola o limite de leito-
fama dessas pessoas, também comentou que res assíduos de blogs.16 A indústria de entre-
sua mãe não conheceria esses blogueiros. tenimento não os reconhece como personali-
Durante os debates, diversos nomes de dades que possam ser trabalhadas como uma
blogueiros famosos foram citados. Gisele rentável commodity no circuito midiático.
se lembrou de Dani Koetz, cuja foto saiu na Os raros exemplos de blogueiros que con-
Palyboy, mas sentenciou: “Ela é uma celebri- seguiram um reconhecimento para além da
dade entre blogueiros”. No mesmo sentido, fronteira da blogosfera necessariamente fo-
Fabio acrescentou: “As webcelebridades se ram catapultados por meios e estratégias
tornam celebridades só na web”. Além de co- massivos. Um dos casos mais conhecidos no
mentar que pequenos blogueiros desconhe- Brasil é o da campanha de 2007 das sandálias
cem as chamadas estrelas da blogosfera, Gise- Melissa. Quatro adolescentes, conhecidas por
le defendeu que “o povão não vai se importar seus fotologs (um tipo de blog voltado basi-
com uma pessoa que escreve em blog”. No camente para imagens), foram escaladas para
segundo grupo, o debate seguiu um caminho estrelar a campanha “Create yourself”. Além
semelhante. Cler mencionou diversos nomes de posarem como modelos para os anúncios
de blogueiros famosos que, segundo ela, pro- da sandália, elas mantiveram blogs no site da
duzem blogs referenciais. Mas também per- marca. Essa estratégia promocional utilizou
guntou: “Referencial para quem?”. Conforme o renome das fotologueiras junto a um seg-
indicou, quem não circula por esses blogs mento, visando construir uma imagem de
não conhece nomes como Alexandre Inagaki. proximidade da marca com o público jovem.
Carlos comprovou essa tese: “Acho que tem A ampliação do alcance de seus nomes deveu-
muita segmentação. Eu, por exemplo, não se a um planejamento estratégico que envol-
conheço nenhum [dos nomes citados]”. O se- veu uma série de intermediários culturais na
guinte diálogo ocorreu na seqüência: construção e ampliação de suas imagens.
Marimoon demonstrou, além de talen-
Cler: Acho então que só o Cardoso é una- to, o seu potencial comercial, sendo depois
nimidade. contratada como VJ da MTV, mantendo o
Marcelo (36): Eu não conheço Cardoso. status de celebridade adquirida. No entanto,
Ana Paula (30): Eles são unanimidade para
os “blogueiros nerds”. (...) É aquele que tem 16
Nesse contexto, vale relatar a seguinte provocação de André
blog, que usa Twitter, tem uma visibilida- Rosa de Oliveira no blog Marmota: mais do mesmo. “Bloguei-
de enorme nas redes sociais, e que gira em ro famoso é igual a Miss Cangaíba!”: Disponível em: http://
torno de assuntos pop, mas desse círculo”. tinyurl.com/2w7fj4. Acesso em 10/02/2009.
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Alex Primo – Existem celebridades da e na blogosfera? Reputação e renome em blogs
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suas outras colegas, apesar da exposição da Durante as entrevistas conduzidas por
campanha, puderam apenas vivenciar a cur- esta pesquisa, ouviu-se dos participantes um
ta carreira de celetóide. comprometimento em manter um contato
O que se busca aqui mostrar é que o blog direto com seus comentaristas. A qualidade
sozinho não tem a capacidade (como da tele- dessa interação mútua (muitas vezes de alta
visão ou do cinema) de alçar seus autores à ca- intimidade) diferencia-se da “distância aurá-
tegoria de celebridade. Raquel Pacheco, autora tica” (Marshall, 1997) mantida pelas celebri-
do blog Bruna Surfistinha (seu apelido quan- dades da grande mídia. Ou seja, distingue-se
do era garota de programa), tornou-se de fato da interação parassocial antes referida.
uma celebridade atribuída, mas apenas a partir De fato, probloggers usam a interação con-
da atenção da grande imprensa para o lança- versacional como uma forma de ampliar suas
mento de seu livro O Doce Veneno do Escorpião: audiências e, portanto, o clique em seus links
o diário de uma garota de programa. Ou seja,
a adaptação de seus posts no formato livro e
a massiva exposição na mídia foram funda- O blog sozinho não
mentais para seu amplo reconhecimento como
tem a capacidade
uma celebridade. Para a massa, o blog tornou-
se conhecido apenas em um segundo estágio. (como a da televi-
A internet certamente permite a livre ex- são ou a do cine-
pressão e construção de uma reputação jun- ma) de alçar seus
to a um conjunto específico de internautas. autores à categoria
Entretanto, a elevação ao status de celebrida- de celebridade
de midiática depende da massiva exposição
na grande mídia. É preciso que fique claro:
não está aqui sob disputa o potencial de li-
vre expressão na internet, nem tampouco a patrocinados. Já a força comercial das celebri-
mobilização de redes sociais na rede ou sua dades não decorre de seus esporádicos encon-
força política. Insiste-se, contudo, na vincu- tros com fãs, mas de seus endossos promocio-
lação da celebridade (enquanto conceito de- nais – uma venda indireta baseada na mediação
finido) aos meios de comunicação de massa. simbólica. Não se pode equiparar, contudo, as
Em sua maior parte, o trabalho de bloguei- estratégias de testemunhais de estrelas com os
ros é independente, raramente envolvendo posts patrocinados de probloggers. Como blogs
pequenas equipes. Sua preocupação principal não têm alcance massivo, tais posts “jabá” são
é com o conteúdo. E, em alguns casos, transfor- parte de um planejamento midiático maior.
mar o blog em referência sobre o tema. Como Enfim, as parcerias publicitárias com bloguei-
os blogs cada vez mais se focam em um tema ros são planejadas em virtude do que eles escre-
específico, comprova-se aí seu potencial infor- vem e dos nichos de audiência que congregam
mativo e interativo em círculos específicos – o em torno de interesses compartilhados. Certa-
que, em si, distancia o blogar do apelo massivo mente, tais campanhas não se fundamentam
da onipresença midiática das celebridades. na personalidade aurática do blogueiro, o que
Mesmo que um blogueiro independente os distingue fundamentalmente da “celebrida-
possa falar de si em seus posts, sua intimidade de-commodity” (Turner, 2004).
não mobiliza um interesse coletivo por co- Um caminho inverso ao que se discutiu aqui
nhecer quem ele “realmente” é ou por saber até o momento pode ser observado no portal
detalhes depreciativos de sua vida particular. Bloglogs, administrado por Diogo Boni. Esse
Tampouco inspira uma “fofoca massiva” (Lo- projeto reúne blogs de diversas celebridades que
wenthal, 2006) ou atrai a cobertura de revistas fizeram sua fama na televisão, no cinema, na
especializadas em celebridades ou paparazzi. música, no esporte etc. Ou seja, são celebrida-
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des que depois se tornaram blogueiras.17 É nesse canto despertado pelas celebridades, segundo
sentido que se diferenciam aqui essas celebrida- os autores aqui revisados, provém da distância
des na blogosfera do que se discutia antes: a pos- que mantêm dos fãs. Logo, questiona-se: a sen-
sibilidade de celebridades da blogosfera. sação de proximidade que pode ser construída
No portal Bloglogs, as celebridades não são no blog (dependendo da dedicação da celebri-
pagas para escrever e mantêm total controle dade aos posts e seus comentários) não pode-
editorial sobre seus blogs. Por outro lado, re- ria justamente diminuir a aura dessas estrelas?
cebem 80% do lucro com anúncios veiculados Para Marshall (2006), essa é uma conseqüência
pela empresa mantenedora do portal. Apesar que hoje pode ser testemunhada.
da pretensa sinceridade dos posts lá veiculados, É importante citar que existe na blogosfe-
é importante considerar o impacto recursivo ra um conjunto de blogs que visam relatar o
dessa produção na face pública dessas estrelas. lado menos “nobre” da vida privada de cele-
Estando claro para essas celebridades bloguei- bridades, como perezhilton.com e o brasileiro
ras (sentido diferente de blogueiros celebrida- papelpop.com. Além de notícias depreciativas
de) que elas escrevem para fãs, não é arriscado (brigas familiares, bebedeiras, multas e prisões
sugerir que existe uma diferença radical entre a etc.), publicam fotos das celebridades (acos-
exposição do self nesses textos e os de jovens blo- tumadas com o total gerenciamento de sua
gueiros que escrevem para interagir com seus imagem) em seus priores ângulos e expondo
amigos. Não se pode supor que as celebridades freqüentemente o mau gosto de suas roupas
do Bloglogs não tenham consciência de que seus cotidianas. É preciso também reconhecer que,
posts realimentam as próprias indústrias cultu- mesmo propondo-se a “desmascarar” o gla-
rais das quais fazem parte. As informações que mour das celebridades, esses blogs, em última
lá divulgam (suas agendas, fotos de eventos de instância, são úteis para as indústrias cultu-
que participam, relatos de suas atividades pro- rais, pois alimentam o interesse das audiên-
fissionais e pessoais) também promovem seus cias pela vida particular das celebridades.19
programas, filmes, peças etc. Ou seja, não po- Enfim, este trabalho buscou mostrar que
dem ser vistas apenas como páginas pessoais, não se pode equiparar o trabalho de bloguei-
mas sobretudo como material promocional.18 ros independentes com o papel mercadológi-
Por outro lado, a exposição de informações co de celebridades midiáticas. Para os primei-
pessoais no Bloglogs e a própria interação das ros, a interação com seus pares ou mesmo a
celebridades com seus fãs podem ter um efeito relevância de seus blogs em seus círculos (re-
contrário ao esperado. Parte importante do en- nome) podem ser suficientes. Já a celebridade
só ganha sentido em sua vinculação com a
17
Marcelo Tas e Rosana Hermann são exemplos de personali- mídia massiva e a indústria do consumo.
dades midiáticas que hoje mantêm blogs com alta reputação
nos diversos rankings disponíveis, mas que não estão vincu-
lados ao Bloglogs. 19
Agradeço a bolsista de iniciação científica Camile Giordani
18
O mesmo se pode dizer de blogs de roqueiros e outros artis- pelo trabalho com os grupos focais, e Gisele Honscha pelas va-
tas que não fazem parte do Bloglogs. liosas informações sobre blogueiros de renome.
Referências
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