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       Bonnie e Damon: Após o Horário
Essa é uma pequena e doce história com alguma violência. Não é terrivelmente
                    perturbador, mas esteja avisado...



              TÍTULO ORIGINAL: BONNIE & DAMON: AFTER HOURS

                        AUTORA:   L.J. Smith




                                                      Tradução: Guilherme Magalhães
                      Equipe Vampire Diaries Brasil – HTTP://vampirediariesbrasil.com
                    Sugestões, dúvidas, reclamações: contato@vampirediariesbrasil.com
Bonnie McCullough digitou laboriosamente em seu laptop, enquanto lia
de um post-it cor de rosa coberto com uma pura letra redonda que incluia
pequenos círculos sobre os i‟s: A Consciência de Uma Rainha. Era seu
relatório de história, que iria determinar trinta por cento de seu primeiro
semestre na matéria de História Européia. E ela tinha uma boa idéia para ele:
original, de fácil entendimento, mas que provocaria reflexão. O que, de acordo
com a sua teoria, teria sido da Inglaterra se Catarina de Aragão não tivesse
sido tão obediente ao marido que a havia renegado, e tivesse se aliado com a
Espanha (o local de onde ela viera, em primeiro lugar) e então levasse essas
forças combinadas com os ingleses que ainda eram leais a ela para a batalha
contra o exército de Henrique VIII. Ela fora aconselhada a fazer isso com
frequencia, e só recusava a levantar a mão contra o seu marido. Catarina
poderia ter sido capaz de estabilizar sua filhinha, Mary, sucedidamente como
herdeira, ao invés de deixar Henrique fazer tudo de seu jeito; e a segunda filha
de Henry, Rainha Elizabeth, nunca teria nascido. Nada de Rainha Elizabeth!
Nada de Sir Walter Raleigh! Nada de Império Britânico -- provavelmente, nada
de América! Nada teria acontecido da forma que tinha acontecido, até os dias
modernos.
        Uma feroz e enorme pilha de livros de história se assomava sobre
Bonnie bem à sua direita. Uma pilha igualmente formidável se inclinava sobre
ela da esquerda. A maioria tinha post-its colados neles, aonde ela havia
encontrado evidências para corroborar as suas teorias.
        Havia apenas um problema, Bonnie pensou, sua pequena cabeça com
cachos cor de morango se inclinando quase até a mesa da biblioteca. O
relatório era para o dia depois de amanhã, e tudo o que ela tinha era o título.
        De alguma forma ela tinha que combinar os fatos desses livros que
tinham evidências para sustentar a sua teoria. Outros fatos estavam esperando
por ela pela internet, representado agora pela tela do computador alegremente
acesa na frente dela. Mas como, como fazer algo coerente à partir disso tudo
em apenas dois dias?
        Claro, ela poderia pedir por um aumento do prazo. Mas ela podia
imaginar a expressão no rosto do Sr. Tanner se ela fizesse isso. O quanto ele a
constrangeria sem piedade na frente da turma.
        Eu posso ficar sem dormir por dois dias, Bonnie pensou resolutamente.
        Como se impulsionados pelo pensamento dela, as luzes da livraria se
apagaram e então acenderam, e então repetiram o ciclo.
        Oh, não! Dez horas, já? E ela seriamente precisava de um pouco de
cafeína. Bonnie alcançou a bolsa ao seu lado, e então hesitou. Seus palpites,
como sempre, eram bons. O Sr. Breyer veio andando, descendo pelo corredor,
olhando para os compartimentos de estudo à esquerda e direita.
        “Porque... Bonnie! Você ainda está aqui?”
        “Aparentemente,” Bonnie disse, com uma risada nervosa. Tudo
dependia de suas habilidades como atriz agora.
        “Bem, mas a biblioteca está fechando. Você não viu as luzes?” Bonnie
tinha ouvido falar que o Sr. Breyer sempre cochichava dentro da biblioteca,
mesmo antes do horário de abrir, e depois do horário de fechar. Agora ela
podia confirmar que isso era verdade.
        “Sr. Breyer, eu quero te pedir um favor,” Bonnie disse, olhando para ele
com tanta expressividade quanto pôde através de seus olhos castanhos.
                                                       Tradução: Guilherme Magalhães
                       Equipe Vampire Diaries Brasil – HTTP://vampirediariesbrasil.com
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“Que favor?” agora o Sr. Breyer não estava sorrindo mais.
       “Eu quero,” Bonnie parou, enquanto se permitia enfim ver o rosto do Sr.
Breyer, “ficar na biblioteca durante a noite.”
       O Sr. Breyer estava sacudindo a cabeça.
       “Sinto muito, Bonnie. Mas a livraria fecha às dez, sem exceções. Acha
que é a única que me pediu?” O Sr. Breyer ficou meio ausente e murmurou por
um momento, como se estivesse contando. “Porque você é a vigésima
estudante a me fazer essa mesma pergunta.” Ele parecia tirar um pouco de
conforto da precisão. Ele estava pegando a mochila dela para lhe dar. Bonnie
rapidamente a pegou, preocupada que ela pudesse esparramar seu conteúdo.
“E eu disse a todos esses que me perguntaram isso o que eu vou dizer para
você: „a biblioteca fecha às dez, mas amanhã é outro dia.”
       “Não, para mim não é!” Bonnie sentiu lágrimas de verdade fluírem para
os seus olhos e sobre suas bochechas. “Oh, Sr. Breyer, eu não sairei até o
amanhecer. Eu estarei trancada aqui” -- com todos os fantasmas e sombras
assustadoras, a sua mente adicionou involuntariamente - “tão segura quanto...
quanto possível. Até amanhã de manhã. Nada pode me alcançar.”
       “Mas pense na sua pobre mãe...”
       Bonnie sacudiu a cabeça. “Ela pensa que eu estou na casa de uma
amiga.”
       “Oh, nossa,” - sob as luzes brilhantes da biblioteca, o Sr. Breyer parecia
estar considerando. Ele até sorriu. “Nós costumávamos fazer o mesmo quando
éramos crianças,” ele murmurou. “Dizer para um pai uma casa, e para o outro,
a primeira casa. Nós chamávamos isso de „álibi duplo‟, ou às vezes de
„revelação dupla‟.” Ele estava quase radiante.
       “Então você vai me deixar ficar?” Bonnie olhou para ele pateticamente.
       “O que? Oh, não. Não. Nunca. Era uma coisa muito repreensível a se
fazer, e nós éramos pegos e duramente punidos por isso,” o Sr. Breyer disse,
parecendo que esta memória era tão prazerosa quanto a outra.
       “Não, Bonnie,” o Sr. Breyer disse, “Estou certo de que você pode
pesquisar em casa. Há mais na internet do que há em todos esses livros
juntos,” ele disse, agitando uma mão para os livros que Bonnie tinha atulhado
com post-its para marcar passagens à favor de sua teoria sobre Catarina de
Aragão. “Mas você tem que sair da biblioteca agora. Agora! Já se passaram
seis minutos desde as 10!” Ele parecia horrorizado com seu próprio atraso.
       Tudo bem. Quando o plano A não funciona, vá para o plano B. “Ok, Sr.
Breyer. Você não pode culpar uma garota por tentar. Só me deixe pegar o meu
lápis, e o meu boneco Elmo da sorte” - este era um pequeno boneco de
ventosa que Bonnie sempre tinha com ela quando ia estudar ou fazer provas,
“E eu irei ao banheiro, e então vou pra casa.”
       “Os banheiros estão fechados,” o Sr. Breyer olhou para o rosto molhado
de lágrimas de Bonnie, desconfortável. “Mas eles não trancam. Eu acho que
você pode ir.”
       “Obrigada, Sr. Breyer,” disse Bonnie, olhando para ele com tanta
expressão, como se esse favor fosse tão importante quanto deixá-la ficar
durante a noite. Ela balançou sua bolsa sobre um ombro e deixou o recanto de
estudo. Ela também deixou uma bagunça de papéis amassados, tocos de lápis
e velhos copos de isopor que ela sabia que o Sr. Breyer não conseguiria resistir
para levar para o lixo.
                                                        Tradução: Guilherme Magalhães
                        Equipe Vampire Diaries Brasil – HTTP://vampirediariesbrasil.com
                      Sugestões, dúvidas, reclamações: contato@vampirediariesbrasil.com
Poucos minutos depois, Bonnie ecoou alegremente “Boa noite, sr.
Breyer” através da biblioteca, seguida pelo som da pequena porta da biblioteca
se fechando. O Sr. Breyer respondeu “Boa noite, Bonnie.” Ele verificou,
entretanto, enquanto fechava as portas da frente da biblioteca, de que o
brilhante caro verde que Bonnie sempre dirigia tinha saído do estacionamento.
        Bonnie, que havia rastejado de volta depois de “sair” audivelmente, se
empoleirou novamente sob seus pés em um assento de um dos toaletes no
banheiro feminino, esperou até que as luzes se apagassem. Isso precisou de
um tipo de coragem que ela raramente alcançava. Tremendo, com lágrimas
ainda escapando de debaixo de suas pestanas, ela imediatamente quebrou a
Regra 1 de seu plano B ao ligar a lanterna poderosa que ela tinha em sua
mochila sem contar até sessenta. Então a escuridão estava suportável - quase.
Mas ela conhecia a rotina do Sr. Breyer das últimas duas noites, quando ela
tinha observado a biblioteca depois de estudar, e ele saía e ia direto para casa,
como se fosse automático.
        Assim que ela acendeu a lanterna, ela saiu da cabine e acendeu uma
das luzes do banheiro. Isso a fez se sentir muito melhor. E quando ela acendeu
as luzes na área do computador nos fundos da biblioteca, ela sabia que estava
segura.
        Vá embora! Ela disse para uma preocupação que não queria sair de sua
mente. Você conseguiu! Você está bem! Agora tudo de que você precisa é de
um pouco de cafeína... Ela arranhou a sua mochila, procurando uma garrafa
térmica que estava cheia do café mais forte que ela conseguira fazer ao
amontoar colheres de sopa de café instantâneo - e engoliu dois No Dozes
(n.d.t.: Um tablete de cafeína) só para se garantir, enquanto tomava um gole.
Agora você está pronta para uma longa, longa noite com esses livros de
referência. Bonnie tirou seus sapatos, destravou o seu computador
determinadamente, e foi ao trabalho.

                                    *****
       Do lado de fora, havia duas sombras escuras debruçadas sobre algo
quebrado e sem movimento no chão.
       “Viu?” uma delas perguntou, em uma voz gutural. “É melhor vir aonde as
linhas de Poder se cruzam no chão. A carne é mais doce.”
       “Eu vejo,” a segunda disse, e a sua voz era espessa, porque a sua boca
estava cheia de... alguma coisa. “As linhas dão Poder para força vital humana.”
       “Carne doce - há mais doce, esperando pela gente ali,” riu a voz gutural.
“Eu sei todas as regras desta biblioteca. A pequena ruiva terá que sair do
prédio antes que amanheça.”
       Houve um som de algo sendo roído. “Depois dessas mortes, teremos
que ir para longe,” a segunda voz sussurrou. “Eles não nos caçar como cães;
eles vão encontrar o nosso cheiro.”
       “Eles não irão,” a voz gutural respondeu. “Eles podem pegar o nosso
cheior, mas eu comprei uma poção de ervas que irá confundir os cães. É bem
simples - um cheiro forte que nós soltamos quando chegarmos a uma multidão.
Depois disso, todo mundo anda na opçção - e o nariz do cachorro é vencido.”
       A voz que roía deixou sair uma risada chiada. “Você deveria saber,
irmão! Você deveria saber sobre cães!”


                                                        Tradução: Guilherme Magalhães
                        Equipe Vampire Diaries Brasil – HTTP://vampirediariesbrasil.com
                      Sugestões, dúvidas, reclamações: contato@vampirediariesbrasil.com
“Agora cale a boca e me deixe comer em paz. Nós teremos que tirar o
carro antes que seja tarde demais. É notável.”
       A voz que roía se calou. O seu dono não queria dizer que havia um
sentimento de dificuldade - de preocupação - no fundo de sua mente. Isso seria
estúpido. Eles seriam lobisomens vadiando livres no mundo humano, em uma
cidade em que ninguém os conhecia, ninguém tinha razão para temê-los, e
acima de tudo, ninguém tinha razão para suspeitar do que eles realmente
eram. Eles eram invencíveis.

                                     *****

        Apesar da luxúria de enfiar os seus pés na espessa pilha de carpete
peludo (logo debaixo de uma placa que dizia “SAPATOS DEVEM SER
USADOS O TEMPO TODO”), Bonnie tinha um sentimento evanescente de
dificuldade que não queria ir embora.
        Ela não sabia o que era. Ela sabia - ela podia sentir, de alguma forma -
que não havia ninguém na biblioteca. Mas ainda assim, no fundo da sua mente,
ela estava inquieta.
        No fundo de sua mente... hey, era isso! Toda aquela escuridão atrás
dela. Bonnie realmente odiava escuridão.
        Ela conhecia muito bem as coisas que ela podia imaginar que poderiam
sair dela. Apesar de que sua mente racional tinha aceitado que não existiam
essas coisas de vampiros, bruxas, lobisomens e por aí, ela não tinha muita
certeza sobre os fantasmas. Ela tinha visto alguns poucos fantasmas em sua
vida e era difícil esquecê-los como se fossem remanescentes de sonhos.
        Você não deveria ter pegado aquele livro de espiritualismo, sua mente
ralhou com ela. Deu a você todo tipo de idéias. Agora, em algum lugar aí
embaixo, você realmente acredita que é psíquica. Graças a Deus que você não
contou isso para ninguém. O que Caroline e Meredith diriam? O que Raymond,
seu atual namorado, diria? Mais importante, o que Elena diria?
        Mas a vovó MacLachlan, que sempre sabia aonde encontrar chaves
perdidas e controles remotos da televisão desaparecidos, e que sempre sabia
quando o telefone ia tocar - ela tinha olhado gravemente para a mão de Bonnie
em sua última vista através do Oceano Atlântico.
        “Uma vida cheia de animação,” ela tinha dito, lenta e pensativamente,
“mas não uma vida de estabilidade. E você tem a Visão, minha garota. Muito
mais do qualquer MacLachlan antes de você. Adicione a isso os talentos dos
McCullough, e...” Ela olhara afiadamente para Bonnie, que na idade de treze
anos preferia estar brincando com as amigas, ou olhando os garotos. “Você
sabe do que eu estou falando, garota?”
         Bonnie tinha sacudido seu cabelo vermelho e esvoaçando, olhando
para os olhos graves, velhos e cinzentos que normalmente estavam pensando
com deleite sobre as suas netas, ou olhando pacificamente para alguma
paisagem distante. Agora aqueles olhos cinzentos estavam ninhando e se
preocupando com Bonnie.
         “Não,” vovó dissera, “Você não sabe nada sobre isso agora. Mas
saberá, garota. Enquanto você ainda é uma mocinha, você saberá.”
   Bem, Bonnie interrompeu a sua própria meditação, eu não tenho tempo para
“saber” disso agora. Eu tenho que “saber” Catarina de Aragão. E eu tenho que
                                                       Tradução: Guilherme Magalhães
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trabalhar rápido. Ela pegou um livro, e o abriu no primeiro post-it rosa que
encontrou.

                                     *****

       A figura que pertencia à voz gutural e a figura que pertencia à voz que
roía estavam deitadas de costas, repletas, mas incomodadas em suas mentes.
“Eu gostaria de ver a garota dentro desse prédio agora,” a voz que roía
reclamou.
       Houve o som de um golpe afiado.
       “Você quer estragar tudo, depois de toda nossa pesquisa?” perguntou a
voz gutural, exigente. “Você quer, talvez, quebrar uma janela, disparar um
alarme? Bem, vá em frente - você não terá nem um pouco de ajuda minha. Eu
serei apenas um rosto na multidão. Você terá a culpa completa, pelo garoto e
pela garota.”
       A voz que roía fungou, “Eu não quis dizer fazer algo com a biblioteca. Eu
só queria dar uma farejada nas janelas e portas.”
       Houve um som de outra bofetada afiada e um lamento. “Eu conheço as
suas farejadas,” rosnou a voz gutural. “Elas terminam com patadas e
bisbilhotadas e vidro quebrado, e então você dirá, „Bem, já que a janela já
estava quebrada, eu vou entrar.‟ Idiota!”
       Por um tempo, não houve barulho, a não ser o som de um osso se
fragmentando e uma sucção, como se o tutano estivesse sendo retirado.
   “Desta forma nós entraríamos em problemas?” a voz que roía perguntou em
fim. O golpe no nariz de seu dono não fora apenas doloroso, mas também
incapacitante. Quem poderia cheirar com um nariz cheio de sangue
coagulando? O roedor o esfregou com ternura.
       “Eu te avisei mais de uma vez! Nós estaremos no próximo condado -
droga, no próximo estado, antes que dêem por falta da garota. Nós teremos
bastante tempo para correr!”
       Houve uma pausa, e então a voz do roedor disse lentamente, “Mas -
quem virá abrir a biblioteca? Tem um alarme...”
       “A mulher, seu idiota! Nos dias de semana, o homem vem primeiro e
abre as portas. Nos finais de semana, a mulher vem e abre. Depois do
amanhecer, ela virá, e nós teremos ela e a garota. Nós vamos fazer a mulher
abrir a porta, e então forçar ela e a garota a entrarem no nosso carro. Mortas
ou vivas, elas virão conosco, e nós estaremos confortavelmente seguros em
algum lugar, bem antes que alguém sinta falta delas. Nas sextas feiras, não há
muitos estudantes que vêm direto para a biblioteca.”
       Houve uma pausa. Então, quase timidamente, o roedor disse, “Mas e se
alguém vier com a mulher?”
       “Dividir para conquistar. Não seria a primeira vez que nós pegamos três.”
O da voz gutural estava claramente cansado de perguntas.
       “Mas...”
       “Mas, mas, mas! É bom que essa pergunta seja boa, ou eu vou te dar
um chute na bunda!”
       Uma pausa momentânea, e então, lentamente: “Mas... o homem trancou
a porta. Ele deve der a mesma chave que a mulher. Nós poderíamos desligar o
alarme. E então poderíamos dar a garota por...” houve um som de sucção,
                                                       Tradução: Guilherme Magalhães
                       Equipe Vampire Diaries Brasil – HTTP://vampirediariesbrasil.com
                     Sugestões, dúvidas, reclamações: contato@vampirediariesbrasil.com
como se um canudinho tivesse chegado ao fim do copo “por horas. Bem agora.
A gente poderia... brincar.”
       Houve uma longa pausa, e então a voz gutural falou de novo. Ela
parecia menos chateada, até um pouco menos áspera quando respondeu,
“Não é má idéia. Pode significar que tenhamos que desistir da mulher..”
   “Mas a garota!” o lobisomem com a voz roedora disse. “Ela será tão doce... e
os jogos que faremos na escuridão...” Houve um som que sugeria que ele
estava babando.
       “Tudo bem! Tudo bem!” a voz gutural disse. “Mas primeiro, temos que
achar as chaves, Senhor Esperto.”
       “Eu já as tenho!” O roedor disse, de forma triunfante. “Viu como eu
pensei tudo isso. Deveríamos nos Transformar?”
       “Vamos ficar assim, meio transformados,” a voz gutural respondeu e deu
sua risada. “Quando elas nos vir assim, vai enlouquecer de medo!
       O roedor soltou sua risada baixa e rosnada. “Nós podemos brincar de
mocinho e vilão. Ela correria direto para os nossos braços.”
       “Ela irá gritar,” constatou o da voz gutural, “Gritar e implorar. E nenhuma
ajuda virá. Nenhuma ajuda.”
       Ele retirou a chave do rosnador e então foi lentamente para a biblioteca.
Então ele colocou a chave na porta.

                                      *****

       Tick.
       Bonnie não podia ver nada, não podia ouvir nada agora, vindo da frente
da biblioteca, mas tinha certeza de que tinha ouvido um “tick”.
       O que isso poderia significar? Não havia luz sendo acessa, seja das
lâmpadas ou de uma lanterna, e isso seria a primeira coisa que um professor
ou zelador faria, não era? Acender algum tipo de luz. A não ser que a pessoa
não estivesse vindo assegurar que as regras da escola estavam sendo
obedecidas. A não ser que tivessem vindo atrás dela.
       Bonnie não acreditava em fantasmas, não de verdade. Mas dentro de
sua mente, havia centenas de portas trancadas, cada uma prendia atrás de si
um monstro. Eles eram monstros que ela tinha prendido atrás de portas firmes
quando era criança, mas à noite... à noite eles tendiam a sair.
       E também foi o que fizeram os próprios instintos de Bonnie, como
aqueles de um gato. Na verdade, quando os monstros abriam as suas portas e
saiam atrás dela, ela se tornava mais animal do que humana. Ela
simplesmente deixava seus próprios instintos a levarem aonde quer que eles
quisessem.
       A lâmpada que ela acendera se apagou.
       E os instintos de Bonnie, em dois movimentos, a colocou três metros
para a direita. Bonnie pousou de quatro. Alguma coisa havia aterrissado na
cadeira. E tinha deixado a cadeira em pedaços.
       “Ei, garota... venha por esse caminho. Tem uma saída!” sussurrou uma
voz que soava humana. Na verdade, soava como se fosse um garoto legal, não
muito mais velho do que Bonnie. Mas Bonnie tinha um instinto - era muita
coincidência que um cara legal entrasse junto com um monstro.


                                                        Tradução: Guilherme Magalhães
                        Equipe Vampire Diaries Brasil – HTTP://vampirediariesbrasil.com
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Rapidamente, de quatro, ela começou a se afastar da voz e da cadeira.
Ela encontrou um canto escuro na seção infantil para se defender. Leve e
suave como uma folha na primavera, ela escorregou para debaixo da mesa.
“Seu... seu monstro,” a voz legal estava dizendo. “Leve-me! Só deixe a garota
fora disso!”
       “A carne é doce,” cantou a voz terrível - um som como ossos sendo
roídos. “E o cheiro de medo aqui perto também é.” A voz começou a rir
insanamente.
       “Eu não tenho medo de você,” a voz legal disse. E então suspirou de
novo “Venha, garota. Na direção da minha voz.”
       Bonnie não se moveu. Não porque ela não confiasse na voz legal -
apesar de que ela não confiava. Ela não se moveu porque não conseguia.
Seus músculos idiotas estavam congelados.
       Meredith estava certa, Meredith estava certa. Porque Meredith sempre
estava certa? Mas quando encontrassem Bonnie, Bonnie seria apenas uma
pilha de ossos quebrados e polidos, e Meredith só saberia então que Bonnie
apenas tinha fingido ter sido convencida de que passar a noite na biblioteca era
uma idéia realmente estúpida.
       Bonnie era boa em falar rápido - até mesmo sozinha. Tudo isso se
passou em sua cabeça antes que os ecos da voz legal tivessem desaparecido.
Ela estava encravada no canto agora, sob a mesa, protegida em três lados
mas extremamente exposta no quarto, e ela não tinha arma nenhuma.
       Timidamente, como aranhas que ela mandou para missões em direções
opostas, ela tateou com seus dedos. Ela sabia que o Sr. Breyer e a Sra. Kemp
sempre mantinham o que podiam ver na biblioteca imaculado. Ela também
sabia que os dois eram míopes que havia um tesouro de lixo debaixo das
mesas da biblioteca.
       Depois de um momento, sua aterrorizada mão direita entrou em contado
com algo que rolou levemente e era alto e curvado e - oh, Deus, era apenas
um velho copo de plástico, um grande, com certeza, McDonald‟s Extra Grande,
mas o que aquilo faria contra um inimigo? Cuidado! Ou você sentirá a irá do
meu copo de plástico!
       Mas a sua trêmula mão esquerda fez uma descoberta válida. Uma
régua. E não qualquer régua, mas uma de aço. Apressada, ela trocou os
objetos nas mãos, ao mesmo tempo em que a voz legal alcançava o fim da
mesa à sua direita. “Rápido,” ele sussurrou, “pegue a minha mão agora.”
       De jeito nenhum que Bonnie iria pegar a sua mão em qualquer
momento, mas especialmente não agora que a voz tinha assumido uma
qualidade glutinosa e viscosa, como se ela estivesse tentando não salivar.
       “Nós estamos aquiiiiiii,” disse a voz que roía, da esquerda. Ela parecia
estar chegando cada vez mais próxima, no mesmo ritmo da voz legal.
       E então houve um som vindo da mesa.
       O barulho soou à sua direita.
       O barulho soou à sua esquerda.
       Como se um pedaço de osso afiado, ou uma garra, estivesse batendo
em cima da mesa.
       Tick. Tick. Tick.
       Os barulhos estavam mais próximos.


                                                       Tradução: Guilherme Magalhães
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Ok. Não havia como Bonnie negar a verdade agora. Havia duas coisas
no escuro com ela, e elas estavam se aproximando cada vez mais, e ela mau
podia ver através das duas cadeiras infantis pelas quais ela passara antes de
entrar sob a mesa. Algo estava estranho, ela percebeu de repente. Quando ela
tracejara para debaixo da mesa, ela não fora capaz de ver nada - fora uma
corrida cega e instintiva. Agora ela podia ver, ainda que muito levemente, por
causa das janelas altas da biblioteca. Isso queria dizer que ela podia ver
vagamente o caminho da saída.
       Mas ela seria capaz de apostar que as duas coisas podiam ver muito
melhor no escuro do que ela. Eles sabiam exatamente onde ela estava. E esse
pressentimento foi terrivelmente confirmado quando o “tick” seguinte veio das
costas de uma cadeira - mais baixa do que a mesa.
       Eles te acharam.
       Tick. Tick.
       Ainda mais baixo.
       Eles podem te ver.
       Tick. Tick. Tick.
       Em um minuto, eles irão tirar de você o seu único caminho de fuga...
       Tick, Tick. Tick... “Saia,” a voz “legal” disse, e agora ela não estava mais
fingindo ser legal, mas estava gutural e rascante. “Saia e brinque... ou devemos
entrar e pegar você?”
       SAIA! A mente de Bonnie gritou para ela.
       “Eu conheço alguns jogos legais, para jogarmos junt--”
       SAIA AGORA!
       Bonnie se atirou pela abertura entre as cadeiras como um coelho
através de um campo. Enquanto fazia isso, ela arremessou as duas mãos para
fora, de forma selvagem e histérica, sem saber o que esperava fazer com os
objetos, mas as impulsionando para fora do mesmo jeito.
       Meredith uma vez tentara explicar para Bonnie que respostas de pânico
como essas tinham um propósito. Quando uma mente consciente não sabe o
que fazer, ela recorre ao pânico - tentando comportamentos que nenhuma
mente sã conseguira criar. Isso ocasionalmente resultava na descoberta de um
comportamento novo e útil, Meredith dissera. Bonnie nunca tinha entendido
aquilo muito bem, mas agora ela via isso em ação.
       Quando Bonnie atingiu o espaço entre as cadeiras, ela arremessou o
copo plástico com toda a sua força para a esquerda e isso acertou o
lobisomem que roía, com seu longo focinho fechado. A força do arremesso de
Bonnie fizera o copo parar subitamente na mandíbula do animal, fechando a
boca dele em seu interior.
       Com sua mão direita, Bonnie deu uma cutilada com toda a força usando
a régua de aço, acertando o lobisomem da voz rasgante através de um olho.
Ele deu um uivo gritado e caiu para trás. E então tudo ficou branco. Tudo ficou
branco porque alguém - um dos dois monstros, Bonnie pensou - havia
acendido a luz. Eles não tinham mais o que ganhar com a escuridão, então
eles podiam revelar suas formas verdadeiras.
       Bonnie não podia evitar - não, ela realmente não podia evitar - dar uma
olhada para trás para ver suas formas verdadeiras.
       Eles eram hediondos. E eles eram claramente lobisomens. Bonnie
pensou que lobos eram lindos, e que algumas pessoas eram lindas, mas a
                                                        Tradução: Guilherme Magalhães
                        Equipe Vampire Diaries Brasil – HTTP://vampirediariesbrasil.com
                      Sugestões, dúvidas, reclamações: contato@vampirediariesbrasil.com
criatura que você obtém quando as combina era hedionda. Além de serem lisas
e peludas, com patas longas demais na frente e atrás, seus lindos rostos de
lobos eram horrivelmente combinados com a circunferência de um crânio
humanóide, e olhos na frente, como os de uma pessoa. Eles ficavam meio
agachados, mas Bonnie podia dizer só de olhar que eles eram vigorosos, feitos
para correr. Para caçar. Para matar.
       Até o momento, entretanto, eles estavam parados.
       “Como você fez isso?” um deles exigiu em uma voz gutural. Ele estava
olhando com seu olho bom para a lâmpada acima.
       O outro não podia dizer nada, apesar de que uma espuma branca
borbulhou em volta de sua boca. Seu longo fucinho estava bem preso no copo
plástico, e apesar de que seus músculos estivessem fazendo um grande
esforço, eles não pareciam nem de perto funcionar para se abrirem. Parecia
um pouco bobo com o nariz no copo, tentando rosnar e morder o plástico, mas
ainda era assustador o suficiente quando Bonnie viu um cinza brilhante diante
de seus olhos.
       Oh, não, não...
       Acabou. Ela ia...
       Ela ia desmaiar.
       “Tire-o, idiota,” a voz gutural disse, e o primeiro lobisomem caminhou até
o outro. Ele fechou a pata da frente em torno do copo e puxou. Levou pouco
tempo, uma vez que o copo tinha se tornado escorregadio com a saliva do
primeiro lobisomem.
       Bonnie viu as pessoas que amava passando à frente do cinza cintilante
que era o seu campo de visão: Mamãe, sua irmã Mary, e Meredith e Elena,
claro, e Caroline - mais ou menos, e seu namorado Raymond, e Matt
Honeycutt, que era um grande quarterback com seus cabelos louros, e Stefan,
o cara novo e maravilhoso que Elena estava tentando pegar, e o garoto que
sentava atrás dela neste ano em sociologia...
       “Luz demais,” chorou o lobisomem que estiver fingindo ser legal. “Quem
acendeu a luz?” Ele tinha olhos azuis, o que o fazia muito mais hediondo do
que o outro. Os olhos azuis eram leves demais para estarem bem em cima de
 de um focinho de lobo - o tanto que aquilo era errado era doentio.
        “Cale a boca,” rosnou o outro. Ele tinha garras negras ao invés de
unhas, e agora ele bateu uma delas contra uma prateleira de metal para
produzir o som que Bonnie ouvira antes.
       Tick. Seu rosto era horrendo por causa da ferida que havia cortado um
dos olhos quase ao meio e que tinha coberto o seu peito de sangue.
       “Vá em frente e olhe,” ele disse para Bonnie, na sua voz lenta, profunda
e gutural. “Eu já estou me curando. Você não fez nada além de me irritar, e eu
juro que esse foi um erro ruim. Você vai morrer... lentamente. Você vai me
implorar para morrer, antes de morrer.”
        “Sim, sim, hora de começar os jogos,” disse o outro lobisomem, que não
parecia muito são em sua sede por sangue.
       Tick...
        “Lentamente.”
       Ambos os lobisomens deram um passo na direção dela.
       Ambos os lobisomens deram outro passo.
        “Dolorosamente.”
                                                        Tradução: Guilherme Magalhães
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Tick...
       “Morte.”
       Apesar de que todos os instintos de Bonnie diziam que correr era inútil,
ela se virou para correr.
       E instantaneamente foi pega pela cintura e imobilizada.

                                      *****
       “Agora, agora,” Damon disse e pegou a donzela ruiva que estava
fugindo quando ela começava a correr pela prateleira em que ele estivera,
deixando os seus próprios olhos ajustados para a noite se acostumarem à luz.
Eles estavam bem agora, mas tinha levado um tempo. “Pronto, pronto.”
       Ele saiu da prateleira, ainda segurando a garota, e então deu a todos um
sorriso brilhante, que ele desfez imediatamente, como uma vela sendo
apagada com água. “Três podem ser uma multidão,” ele disse para a garota
aterrorizada e quase desmaiada em seus braços, “mas quatro é o suficiente
para uma rodada de brida, não é?”
         “Seu sanguessuga--” começou o lobisomem de voz gutural, enquanto
Damon colocava a garota quase desmaiada cuidadosamente em uma cadeira,
amontoando alguns papéis na mesa para garantir que ela não machucaria a
cabeça se desmaiasse. Danos na cabeça podiam ser perigosos e podiam
interferir na capacidade dela de admirá-lo.
         “Agora, então, deixe-me adestrar esses dois por um momento,” Damon
disse para a garota, e adicionou “Cachorro mau! Não! Senta!” para os
lobisomens. Ele então graciosamente foi para trás das criaturas antes que elas
pudessem se mover e pegou cada uma delas com uma mão pela nuca. No
instante seguinte, ele as estava arrastando pela porta, aonde ele triturou com
uma mordida o pescoço de cada um. Eles se transformaram de volta a suas
formas humanas depois disso, e humanos sem reputação e baixos. Seu cheiro
de humanos era quase tão ruim quanto o seu cheiro rançoso de lobisomens, e
isso dizia muito. Damon cuspiu algumas vezes, limpou sua boca e endireitou e
escovou seu suéter de casimira com as mãos antes de voltar para dentro, para
ver a sua donzela. Ela estava fracamente tentando se levantar, os seus olhos
na régua de aço ensangüentada no chão.
         “Agora, agora. Pronto, pronto. Agora, pronto,” Damon disse, a
impedindo de pegar a régua. “Você fez um bom trabalho com ela, mas você
não precisa mais dela. Eles estão no paraíso dos filhotes agora. Bem, no
inferno dos filhotes, provavelmente, mas você não precisa mais se preocupar
com eles, e é esse o ponto.”
       A donzela, que era excepcionalmente frágil e bonita e tinha, para um
vampiro, a mais bela feição de todas, um pescoço excepcionalmente longo e
delicado, estava olhando para cima, para ele expressivamente. Isso era bom,
que ela fosse baixinha. Damon não se importava muito com garotas altas
porque ele não era muito alto. Ela também tinha - você não poderia deixar de
perceber - olhos particularmente grandes em seu pequeno rosto em forma de
coração, dando a ela a aparência de uma gatinha. Eram claros olhos
castanhos, com um anel escuro na borda externa da íris, e então um anel bem
claro, como se luz os estivesse iluminando no meio, e então outro anel escuro
em volta da pupila. Seu cabelo era da cor de um morango e se cacheava
suavemente por toda a sua cabeça de um modo que te fazia pensar “fada”.
                                                       Tradução: Guilherme Magalhães
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Juntando tudo, ela era um adorável pequeno ornamento, com finas veias
azuladas em sua pele naturalmente translúcida.
       Damon sorriu para ela, não se incomodando em esconder seus caninos
alongados.
       “Oooh,” a donzela suspirou, olhando para Damon de seu cabelo escuro
e sedoso até os seus pés elegantemente cobertos por botas, no tempo de uma
batida de coração. “Oooooh. Maravilhoso.”
       “Desculpe?”
       “Eu quis dizerr: ooooh, você me salvou!”
        “Bem, eu ajudei,” disse Damon, com um senso de modéstia muito
profundo e falso.
       “Ooooh, eles eram monstros.”
       “Bem, eles não são mais um perigo,” disse Damon.
       “Ooooooh, eles iam me comer!”
       Damon se perguntou se deveria gemer antes de falar, da forma como a
garota fazia. Talvez fosse uma coisa de dialeto regional. Ele queria deixá-la
confortável. “OOH!”, ele disse, de uma forma um pouco mais violenta do que
prentedia, e a garota se contraiu de susto nos braços dele, seus olhos
castanhos ficando enormes. “Sim, eles eram,” ele concordou cordialmente.
        “Oh, meu Deus,” disse a garota, esquecendo de fazer “Oooh”. “Quem é
você? Você não iria tirar vantagem de uma garota indefesa num momento
desses, iria?” Ela adicionou, e fechou os olhos.
        “Oh, bem, talvez só um pouco,” Damon disse jovialmente, olhando para
as adoráveis veias cor de lavanda no pescoço dela.
        “Ooooooooh.”
       Damon ficou olhando para a donzela, percebendo desconfortável que
ela pesava quase nada em seu braço, que a sua pele tinha o brilho d apele de
um bebê, e que, levando tudo em consideração, ela parecia mais uma criança
do                      que                    uma                    donzela.
   Ele limpou a garganta. Os olhos castanhos se abriram. Eles não só eram
incomumente grandes, mas realmente vastos, transmitindo à sua dona uma
aparência infantil.
        “Sim?” ela disse, parecendo desapontada, o que não fez nada
acontecer com os caninos de Damon.
       “Ah,” ele disse. Ele tentou passar um pouco da veludez da noite em sua
voz. “Um. Você sabe o que aquelas duas coisas eram?”
       “Oooooh, sim. Eles eram oooooh lobisomens.” Ela estremeceu.
       “Então vocês têm muitos lobisomens por aqui?”
        “OooooooooooOOh! Não!”
       “Ah,” disse Damon, que tinha se assustado um pouco no fim desse
gemido. “Bem. Eles eram definitivamente criaturas da --”
        “--ooooooh, noite!”
        “E ah, o que você sabe sobre qualquer outras criaturas da noite?”
    “Ooooh, lobisomens e vampiros e bruxas e fantasmas e demônios e
súcubosi, e íncubos e elfos ruins e diabinhos e, oooh, criaturas fedorentas e
luzes fantasmagóricas, e oooooh--”
       Damon saltou naquele gemido estratégico. “Ok, vamos pegar esses,
volte no começo e fale o segundo de novo.”


                                                       Tradução: Guilherme Magalhães
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Os olhos castanhos se arregalarem e as pupilas se dilataram com medo,
então a garota deu olhadas rápidas pelo recinto e para o teto.
        “Bru... bruxas?” ela vacilou. “Eu conheço uma - conheci uma - que não
tinha nada de maldosa. Ela era minha avó e sabia que ia morrer, porque me
enviou meu presente de aniversário um mês mais cedo e o--”
        “Pare!” disse Damon. A garota tinha uma voz particularmente melodiosa,
e ficar ouvindo-a não era uma grande provação - era como ouvir a um rouxinol
ou um maçarico-real, mas ele tinha que tirar esse ponto a limpo. “Bruxas eram
as terceiras na lista, na verdade. Havia algo antes.”
        “Não,” a ruiva disse, “Lobisomens e bruxas e vamp--” Ela parou, colocou
uma mão pequena e de dedos delicados sobre a sua boca. “Vampiros?” Ela
terminou, engolindo em seco levemente no meio da palavra.
        Damon sentiu alívio instantâneo. Eles tinham chegado a algum lugar. Ele
sorriu de novo, brilhantemente.
        A garota de cabelos cor de morango olhou para o seu sorriso. Ela olhou
com muito cuidado. Damon estava feliz de terem superado os desafios
lingüísticos e sustentou o sorriso por um longo tempo, quase um segundo
inteiro.
        Assim que ele parou de sorrir, a ruiva parou de examinar. Damon sabia
quando ela parou, precisamente, porque suas pestanas tremularam de um jeito
que a sua bisavó teria aprovado, seu rosto ficou branco como marfim, e todo o
seu corpo ficou flácido, mandando a sua cabeça ruiva e de cabelos cacheados
em       um      curso    de     colisão    com     o    chão     de    madeira.
    Seriam necessários reflexos superhumanos para pegá-la antes que seu
pequeno corpo atingisse o chão, de cabeça, mas felizmente Damon os tinha.
Ele pegou o pequeno pássaro canoro ruivo quase no instante em que ela
começara a cair, a pegando por sua cintura fina e... mais uma vez, eles
estavam de volta ao primeiro estágio, com ele a segurando, mas dessa vez,
com a adição da inconsciência dela.
        Ele olhou ao redor, procurando por algo em que colocá-la., e estava
começando a fazer uso de uma mesa de estudos quando as pestanas dela
tremularam de novo, e ela gemeu levemente, e então acordou.
        “Oooh, é só você... É você!” ela exclamou, indo de segura a aterrorizada
em cerca de um décimo de segundo. Ela lutou debilmente para se libertar dos
braços dele. Uma vez que o intento dela a faria cair de costas no chão, Damon
não a deixou.
        A ruiva também estava tateando o seu pescoço longo e delicado - um
pescoço de bailarina, se é que ele já tinha visto um - perfeito para O Lago Dos
Cisnes - “Eu estou...? Você...? Você já...?” ela perguntou.
         “Nunca. Eu nunca tiraria vantagem de uma donzela adormecida.”
Porque eu não gosto de carne fria e não receptiva, Damon pensou. O calor, o
prazer vibrante, assim como a força vital de um regalo tão belo como esse
eram para ser saboreados, e não desperdiçados enquanto ela dormia.
        A garota estava arquejando nos braços dele agora, como se fosse um
veado ferido, com os cães muito próximos. “Ao menos... você me salvou...
daqueles monstros. Eles teriam me torturado.”
        Olhando para ela, da forma como ela agarrou a pequena cruz de ouro
em seu pescoço, da forma como ela olhou para o céu que ainda estava
iluminado apenas pelo luar, da forma como ela estendeu a mão na direção
                                                       Tradução: Guilherme Magalhães
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dele, como se para agarrar o salvador impossível de se agarrar, Damon estava
desnorteado. Havia algo... algo irreal nesse momento. E então ele percebeu
exatamente o que era. Irrealidade.
        Ela estava formando um quadro, uma imagem para as telas. Alguém
poderia até pensar em nomes para ele, com facilidade: A Donzela e o Vampiro;
ou de forma mais poética, O Último Alcance Para a Luz. Só se, ele pensou,
encantado pelo que viu com o olho da mente, ela estivesse usando uma
camisola branca ondeante que estivesse deslizando de um de seus luminosos
ombros, e a janela fosse de madeira e e de um modelo antigo. Que momento!
Que retrato! Que donzela!
        O único problema é que ela era dois ou três anos jovem demais.
        Emocionalmente. Mentalmente.
        Mesmo, ele percebeu, com a magreza dela pressionada contra ele com
tanta firmeza, fisicamente.
        Ele não jantava crianças. E em todo caso...
        “O que você está imaginando que eu farei?” ele perguntou para ela,
ironicamente.
   Ela fechou os olhos e cruzou as mãos sobre os seios. Uma atriz atraente
nata, se ele já tinha visto uma. “Tomar... meu sangue,” ela disse em um tom de
humilde aceitação de cortar o coração.
        “E o quanto você está imaginando que eu preciso?”
        “Quantos litros de sangue há no corpo humano?” Sua donzela esqueceu
de parecer um sacrifício virgem e colocou uma junta na covinha de uma de
suas bochechas, como se quisesse afundá-la mais. “Heh,” ela disse, com
vergonha, quebrando o ambiente, “eu não sei.”
        “Bem, eu não preciso nem mesmo de um litro,” Damon disse, sentindo
que era melhor falar. “E, de qualquer forma, eu não vou tirar de você.”
        “Não vai!” a donzela exclamou de forma indignada. “Porque não? Só
porque Meredith e Caroline e Elena têm mais... mais...” ela estava traçando
algo que parecia a figura de um relógio com ambas as mãos - “Mais coisas
aqui em cima, já? Eu também estou começando a ter! Eu fiz dezessete anos há
dois dias! Se você me visse vestida de forma apropriada, saberia!”
        Agora o ambiente foa completamente arruinado, para Damon. E ainda
assim, ele seria... ele seria um maldito se deixasse qualquer outra criatura
aleatória da escuridão a transformasse em lanche, agora que ele a tinha
salvado.
         “Junte as suas coisas,” ele disse de mau humor.
        “Por quê?” a donzela vociferou de volta, desafiadora.
        “Porque eu vou de levar para casa, sua tolinha. O que você estava
fazendo aqui sozinha em um grande prédio como esse, em que ninguém vive?”
        “Eu estava estudando! Eu tenho um relatório a entregar!”
         “Bem, se não fosse por mim, você estaria estudando no além agora
mesmo, e não se esqueça disso.”
         “Bem, eu não me importo!” a donzela - não, a garotinha disse,
começando a chorar. “Você não” - soluço - “tem meu professor de história” -
soluço. “Ele ri de mim” - soluço - “na frente de todo mundo!”
        “Este é o pior tipo,” Damon disse, se lembrando das humilhações que
sofrera através dos anos, do Signore Lucca. “E sempre depois de que você
esteve em uma festa e a sua cabeça dói.”
                                                       Tradução: Guilherme Magalhães
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“Oh, você entende,” a garota respondeu, soluçando, e colocou a cabeça
no ombro dele.
       “Qual a época que você precisa? E qual país?” Damon perguntou, um
pequeno canto de sua boca se erguendo.
        “Inglaterra e Espanha, por volta de 1533 - os anos anteriores, e os anos
que vieram depois.”
       “Bem, o que você quer saber?” Damon perguntou, mais uma vez dando
o seu sorriso mais brilhante - o que transformara garotas em poças trêmulas -
pela sala. “Eu acredito que eu possa estar apto a te ajudar com isso. Olhe só,
eu estava por lá na época - mais ou menos - e o que eu não vi, eu ouvi por
fofoca. Eu sempre digo que, se não vale a pena fofocar sobre algo, ela não
aconteceu.”

                                         *****
        Amanhecer. Bonnie, mais ou menos sonâmbula, estava sendo ajudada a
sair de seu carro, com uma mochila pressionada contra os seus braços.
        “Agora se lembre de parecer surpresa quando encontrarem os três
mortos na biblioteca - principalmente o pobre sujeito que eles transformaram
em uma pilha de ossos.”
        Bonnie estremeceu e seus olhos se abriram, castanhos e expressivos.
“Você impediu que o mesmo acontecesse comigo.” Ela parecia um pequeno
pássaro vermelho, com plumas revoltas por toda a sua cabeça.
         “Bem... isso não importa,” o garoto disse, mais uma vez tentando
parecer modesto. “E se lembre de digitar todas as dicas que eu escrevi, mas
não se pergunte por que está fazendo isso. É imperativo.”
         “Muito imperativo” Bonnie concordou em um balbucio, e então eles
estavam na frente da porta da casa dela. “Obrigada - oh, muito obrigada!”
Depois que falou, ela ficou na ponta dos pés e colocou os seus lábios nos do
garoto.
        Houve uma pausa e então o mais leve e quente roçar de lábios sobre os
seus. Fora o beijo mais doce que ela já dera - e o mais sexy.
         “Bem, adeus então... pequeno pássaro,” uma voz disse, e Bonnie abriu
os olhos para olhar dentro de insondáveis olhos negros, e então estava
sozinha. Totalmente sozinha. Por alguma razão, ela olhou ao redor para
confirmar isso. Lá estava o seu carro, estacionado de forma ordenadamente
paralela - ela estava ficando melhor nisso - mas ela estava sozinha e... e...
bem, é claro que ela estava sozinha! Ela tinha planejado isso - estudar a noite
toda na biblioteca Robert E. Lee, e nada fora do comum acontecera. É claro,
ela tivera um pouco de medo ao ver o carro do Sr. Breyer em sua vaga habitual
do estacionamento, mas ele deveria estar substituindo a senhora Kemp - e
começando extraordinariamente cedo, também.
        De qualquer forma, ela fora incrivelmente sortuda de não topar com um
dos bibliotecários!
        Agora ela não podia esperar para contar para Elena e Meredith e
Caroline o que fizera. Tudo por conta própria. Ela mesma quase não conseguia
acreditar nisso! Ela pegou a sua mochila. Mas aqui estava a prova. “A
Consciência de Uma Rainha” fora o melhor relatório de história que ela já tinha
escrito, e ela ia trabalhar o dia inteiro para preencher o que estava faltando. Ela
poderia até conseguir um A!
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Algo bem no fundo de sua mente a mandou olhar para trás.
      Ela olhou, mas não viu nada além de um magnífico corvo preto voando
de um galhou para o dia que amanhecia.

                                     *****

        Damon flutuou cada vez mais alto, assistindo o bairro virar uma mixórdia
abaixo dele, e abaixo disso, para olhos sintonizados com o Poder, as linhas
que cruzavam e recruzavam aqui, atraindo todo tipo de coisa, desde aqueles
lobisomens nojentos até ao seu irmão mais jovem, Stefan.
         A razão pela qual Damon estava circulando agora era simples: ele
estava com fome. Ele não fora capaz de pergurar as veias da pequena ave
canora ruiva. Ela era muito jovem, muito... inocente, para ser perfurada de
forma aleatória, daquele jeito.
        E, além do mais, apesar de - ha! - ter passado a noite com ela, ele
nunca tinha perguntado o seu nome. Ele provavelmente nunca saberia - não,
espere! Ela o tinha escrito naquele primeiro pedaço de papel. A página do
título, era assim como ela tinha chamado. O último nome era algo escocês ou
irlandês que ele não conseguiu lembrar, mas do primeiro ele conseguiu.
        Era Bonnie.
        Doce ave canora Bonnie, pensou Damon, fazendo uma volta e
circulando pelo outro caminho.
        Que pena que ele nunca mais a veria de novo.

                                      FIM.




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Bonnie & Damon: Após o Horário

  • 1. VAMPIRE DIARIES BRASIL Bonnie e Damon: Após o Horário Essa é uma pequena e doce história com alguma violência. Não é terrivelmente perturbador, mas esteja avisado... TÍTULO ORIGINAL: BONNIE & DAMON: AFTER HOURS AUTORA: L.J. Smith Tradução: Guilherme Magalhães Equipe Vampire Diaries Brasil – HTTP://vampirediariesbrasil.com Sugestões, dúvidas, reclamações: contato@vampirediariesbrasil.com
  • 2. Bonnie McCullough digitou laboriosamente em seu laptop, enquanto lia de um post-it cor de rosa coberto com uma pura letra redonda que incluia pequenos círculos sobre os i‟s: A Consciência de Uma Rainha. Era seu relatório de história, que iria determinar trinta por cento de seu primeiro semestre na matéria de História Européia. E ela tinha uma boa idéia para ele: original, de fácil entendimento, mas que provocaria reflexão. O que, de acordo com a sua teoria, teria sido da Inglaterra se Catarina de Aragão não tivesse sido tão obediente ao marido que a havia renegado, e tivesse se aliado com a Espanha (o local de onde ela viera, em primeiro lugar) e então levasse essas forças combinadas com os ingleses que ainda eram leais a ela para a batalha contra o exército de Henrique VIII. Ela fora aconselhada a fazer isso com frequencia, e só recusava a levantar a mão contra o seu marido. Catarina poderia ter sido capaz de estabilizar sua filhinha, Mary, sucedidamente como herdeira, ao invés de deixar Henrique fazer tudo de seu jeito; e a segunda filha de Henry, Rainha Elizabeth, nunca teria nascido. Nada de Rainha Elizabeth! Nada de Sir Walter Raleigh! Nada de Império Britânico -- provavelmente, nada de América! Nada teria acontecido da forma que tinha acontecido, até os dias modernos. Uma feroz e enorme pilha de livros de história se assomava sobre Bonnie bem à sua direita. Uma pilha igualmente formidável se inclinava sobre ela da esquerda. A maioria tinha post-its colados neles, aonde ela havia encontrado evidências para corroborar as suas teorias. Havia apenas um problema, Bonnie pensou, sua pequena cabeça com cachos cor de morango se inclinando quase até a mesa da biblioteca. O relatório era para o dia depois de amanhã, e tudo o que ela tinha era o título. De alguma forma ela tinha que combinar os fatos desses livros que tinham evidências para sustentar a sua teoria. Outros fatos estavam esperando por ela pela internet, representado agora pela tela do computador alegremente acesa na frente dela. Mas como, como fazer algo coerente à partir disso tudo em apenas dois dias? Claro, ela poderia pedir por um aumento do prazo. Mas ela podia imaginar a expressão no rosto do Sr. Tanner se ela fizesse isso. O quanto ele a constrangeria sem piedade na frente da turma. Eu posso ficar sem dormir por dois dias, Bonnie pensou resolutamente. Como se impulsionados pelo pensamento dela, as luzes da livraria se apagaram e então acenderam, e então repetiram o ciclo. Oh, não! Dez horas, já? E ela seriamente precisava de um pouco de cafeína. Bonnie alcançou a bolsa ao seu lado, e então hesitou. Seus palpites, como sempre, eram bons. O Sr. Breyer veio andando, descendo pelo corredor, olhando para os compartimentos de estudo à esquerda e direita. “Porque... Bonnie! Você ainda está aqui?” “Aparentemente,” Bonnie disse, com uma risada nervosa. Tudo dependia de suas habilidades como atriz agora. “Bem, mas a biblioteca está fechando. Você não viu as luzes?” Bonnie tinha ouvido falar que o Sr. Breyer sempre cochichava dentro da biblioteca, mesmo antes do horário de abrir, e depois do horário de fechar. Agora ela podia confirmar que isso era verdade. “Sr. Breyer, eu quero te pedir um favor,” Bonnie disse, olhando para ele com tanta expressividade quanto pôde através de seus olhos castanhos. Tradução: Guilherme Magalhães Equipe Vampire Diaries Brasil – HTTP://vampirediariesbrasil.com Sugestões, dúvidas, reclamações: contato@vampirediariesbrasil.com
  • 3. “Que favor?” agora o Sr. Breyer não estava sorrindo mais. “Eu quero,” Bonnie parou, enquanto se permitia enfim ver o rosto do Sr. Breyer, “ficar na biblioteca durante a noite.” O Sr. Breyer estava sacudindo a cabeça. “Sinto muito, Bonnie. Mas a livraria fecha às dez, sem exceções. Acha que é a única que me pediu?” O Sr. Breyer ficou meio ausente e murmurou por um momento, como se estivesse contando. “Porque você é a vigésima estudante a me fazer essa mesma pergunta.” Ele parecia tirar um pouco de conforto da precisão. Ele estava pegando a mochila dela para lhe dar. Bonnie rapidamente a pegou, preocupada que ela pudesse esparramar seu conteúdo. “E eu disse a todos esses que me perguntaram isso o que eu vou dizer para você: „a biblioteca fecha às dez, mas amanhã é outro dia.” “Não, para mim não é!” Bonnie sentiu lágrimas de verdade fluírem para os seus olhos e sobre suas bochechas. “Oh, Sr. Breyer, eu não sairei até o amanhecer. Eu estarei trancada aqui” -- com todos os fantasmas e sombras assustadoras, a sua mente adicionou involuntariamente - “tão segura quanto... quanto possível. Até amanhã de manhã. Nada pode me alcançar.” “Mas pense na sua pobre mãe...” Bonnie sacudiu a cabeça. “Ela pensa que eu estou na casa de uma amiga.” “Oh, nossa,” - sob as luzes brilhantes da biblioteca, o Sr. Breyer parecia estar considerando. Ele até sorriu. “Nós costumávamos fazer o mesmo quando éramos crianças,” ele murmurou. “Dizer para um pai uma casa, e para o outro, a primeira casa. Nós chamávamos isso de „álibi duplo‟, ou às vezes de „revelação dupla‟.” Ele estava quase radiante. “Então você vai me deixar ficar?” Bonnie olhou para ele pateticamente. “O que? Oh, não. Não. Nunca. Era uma coisa muito repreensível a se fazer, e nós éramos pegos e duramente punidos por isso,” o Sr. Breyer disse, parecendo que esta memória era tão prazerosa quanto a outra. “Não, Bonnie,” o Sr. Breyer disse, “Estou certo de que você pode pesquisar em casa. Há mais na internet do que há em todos esses livros juntos,” ele disse, agitando uma mão para os livros que Bonnie tinha atulhado com post-its para marcar passagens à favor de sua teoria sobre Catarina de Aragão. “Mas você tem que sair da biblioteca agora. Agora! Já se passaram seis minutos desde as 10!” Ele parecia horrorizado com seu próprio atraso. Tudo bem. Quando o plano A não funciona, vá para o plano B. “Ok, Sr. Breyer. Você não pode culpar uma garota por tentar. Só me deixe pegar o meu lápis, e o meu boneco Elmo da sorte” - este era um pequeno boneco de ventosa que Bonnie sempre tinha com ela quando ia estudar ou fazer provas, “E eu irei ao banheiro, e então vou pra casa.” “Os banheiros estão fechados,” o Sr. Breyer olhou para o rosto molhado de lágrimas de Bonnie, desconfortável. “Mas eles não trancam. Eu acho que você pode ir.” “Obrigada, Sr. Breyer,” disse Bonnie, olhando para ele com tanta expressão, como se esse favor fosse tão importante quanto deixá-la ficar durante a noite. Ela balançou sua bolsa sobre um ombro e deixou o recanto de estudo. Ela também deixou uma bagunça de papéis amassados, tocos de lápis e velhos copos de isopor que ela sabia que o Sr. Breyer não conseguiria resistir para levar para o lixo. Tradução: Guilherme Magalhães Equipe Vampire Diaries Brasil – HTTP://vampirediariesbrasil.com Sugestões, dúvidas, reclamações: contato@vampirediariesbrasil.com
  • 4. Poucos minutos depois, Bonnie ecoou alegremente “Boa noite, sr. Breyer” através da biblioteca, seguida pelo som da pequena porta da biblioteca se fechando. O Sr. Breyer respondeu “Boa noite, Bonnie.” Ele verificou, entretanto, enquanto fechava as portas da frente da biblioteca, de que o brilhante caro verde que Bonnie sempre dirigia tinha saído do estacionamento. Bonnie, que havia rastejado de volta depois de “sair” audivelmente, se empoleirou novamente sob seus pés em um assento de um dos toaletes no banheiro feminino, esperou até que as luzes se apagassem. Isso precisou de um tipo de coragem que ela raramente alcançava. Tremendo, com lágrimas ainda escapando de debaixo de suas pestanas, ela imediatamente quebrou a Regra 1 de seu plano B ao ligar a lanterna poderosa que ela tinha em sua mochila sem contar até sessenta. Então a escuridão estava suportável - quase. Mas ela conhecia a rotina do Sr. Breyer das últimas duas noites, quando ela tinha observado a biblioteca depois de estudar, e ele saía e ia direto para casa, como se fosse automático. Assim que ela acendeu a lanterna, ela saiu da cabine e acendeu uma das luzes do banheiro. Isso a fez se sentir muito melhor. E quando ela acendeu as luzes na área do computador nos fundos da biblioteca, ela sabia que estava segura. Vá embora! Ela disse para uma preocupação que não queria sair de sua mente. Você conseguiu! Você está bem! Agora tudo de que você precisa é de um pouco de cafeína... Ela arranhou a sua mochila, procurando uma garrafa térmica que estava cheia do café mais forte que ela conseguira fazer ao amontoar colheres de sopa de café instantâneo - e engoliu dois No Dozes (n.d.t.: Um tablete de cafeína) só para se garantir, enquanto tomava um gole. Agora você está pronta para uma longa, longa noite com esses livros de referência. Bonnie tirou seus sapatos, destravou o seu computador determinadamente, e foi ao trabalho. ***** Do lado de fora, havia duas sombras escuras debruçadas sobre algo quebrado e sem movimento no chão. “Viu?” uma delas perguntou, em uma voz gutural. “É melhor vir aonde as linhas de Poder se cruzam no chão. A carne é mais doce.” “Eu vejo,” a segunda disse, e a sua voz era espessa, porque a sua boca estava cheia de... alguma coisa. “As linhas dão Poder para força vital humana.” “Carne doce - há mais doce, esperando pela gente ali,” riu a voz gutural. “Eu sei todas as regras desta biblioteca. A pequena ruiva terá que sair do prédio antes que amanheça.” Houve um som de algo sendo roído. “Depois dessas mortes, teremos que ir para longe,” a segunda voz sussurrou. “Eles não nos caçar como cães; eles vão encontrar o nosso cheiro.” “Eles não irão,” a voz gutural respondeu. “Eles podem pegar o nosso cheior, mas eu comprei uma poção de ervas que irá confundir os cães. É bem simples - um cheiro forte que nós soltamos quando chegarmos a uma multidão. Depois disso, todo mundo anda na opçção - e o nariz do cachorro é vencido.” A voz que roía deixou sair uma risada chiada. “Você deveria saber, irmão! Você deveria saber sobre cães!” Tradução: Guilherme Magalhães Equipe Vampire Diaries Brasil – HTTP://vampirediariesbrasil.com Sugestões, dúvidas, reclamações: contato@vampirediariesbrasil.com
  • 5. “Agora cale a boca e me deixe comer em paz. Nós teremos que tirar o carro antes que seja tarde demais. É notável.” A voz que roía se calou. O seu dono não queria dizer que havia um sentimento de dificuldade - de preocupação - no fundo de sua mente. Isso seria estúpido. Eles seriam lobisomens vadiando livres no mundo humano, em uma cidade em que ninguém os conhecia, ninguém tinha razão para temê-los, e acima de tudo, ninguém tinha razão para suspeitar do que eles realmente eram. Eles eram invencíveis. ***** Apesar da luxúria de enfiar os seus pés na espessa pilha de carpete peludo (logo debaixo de uma placa que dizia “SAPATOS DEVEM SER USADOS O TEMPO TODO”), Bonnie tinha um sentimento evanescente de dificuldade que não queria ir embora. Ela não sabia o que era. Ela sabia - ela podia sentir, de alguma forma - que não havia ninguém na biblioteca. Mas ainda assim, no fundo da sua mente, ela estava inquieta. No fundo de sua mente... hey, era isso! Toda aquela escuridão atrás dela. Bonnie realmente odiava escuridão. Ela conhecia muito bem as coisas que ela podia imaginar que poderiam sair dela. Apesar de que sua mente racional tinha aceitado que não existiam essas coisas de vampiros, bruxas, lobisomens e por aí, ela não tinha muita certeza sobre os fantasmas. Ela tinha visto alguns poucos fantasmas em sua vida e era difícil esquecê-los como se fossem remanescentes de sonhos. Você não deveria ter pegado aquele livro de espiritualismo, sua mente ralhou com ela. Deu a você todo tipo de idéias. Agora, em algum lugar aí embaixo, você realmente acredita que é psíquica. Graças a Deus que você não contou isso para ninguém. O que Caroline e Meredith diriam? O que Raymond, seu atual namorado, diria? Mais importante, o que Elena diria? Mas a vovó MacLachlan, que sempre sabia aonde encontrar chaves perdidas e controles remotos da televisão desaparecidos, e que sempre sabia quando o telefone ia tocar - ela tinha olhado gravemente para a mão de Bonnie em sua última vista através do Oceano Atlântico. “Uma vida cheia de animação,” ela tinha dito, lenta e pensativamente, “mas não uma vida de estabilidade. E você tem a Visão, minha garota. Muito mais do qualquer MacLachlan antes de você. Adicione a isso os talentos dos McCullough, e...” Ela olhara afiadamente para Bonnie, que na idade de treze anos preferia estar brincando com as amigas, ou olhando os garotos. “Você sabe do que eu estou falando, garota?” Bonnie tinha sacudido seu cabelo vermelho e esvoaçando, olhando para os olhos graves, velhos e cinzentos que normalmente estavam pensando com deleite sobre as suas netas, ou olhando pacificamente para alguma paisagem distante. Agora aqueles olhos cinzentos estavam ninhando e se preocupando com Bonnie. “Não,” vovó dissera, “Você não sabe nada sobre isso agora. Mas saberá, garota. Enquanto você ainda é uma mocinha, você saberá.” Bem, Bonnie interrompeu a sua própria meditação, eu não tenho tempo para “saber” disso agora. Eu tenho que “saber” Catarina de Aragão. E eu tenho que Tradução: Guilherme Magalhães Equipe Vampire Diaries Brasil – HTTP://vampirediariesbrasil.com Sugestões, dúvidas, reclamações: contato@vampirediariesbrasil.com
  • 6. trabalhar rápido. Ela pegou um livro, e o abriu no primeiro post-it rosa que encontrou. ***** A figura que pertencia à voz gutural e a figura que pertencia à voz que roía estavam deitadas de costas, repletas, mas incomodadas em suas mentes. “Eu gostaria de ver a garota dentro desse prédio agora,” a voz que roía reclamou. Houve o som de um golpe afiado. “Você quer estragar tudo, depois de toda nossa pesquisa?” perguntou a voz gutural, exigente. “Você quer, talvez, quebrar uma janela, disparar um alarme? Bem, vá em frente - você não terá nem um pouco de ajuda minha. Eu serei apenas um rosto na multidão. Você terá a culpa completa, pelo garoto e pela garota.” A voz que roía fungou, “Eu não quis dizer fazer algo com a biblioteca. Eu só queria dar uma farejada nas janelas e portas.” Houve um som de outra bofetada afiada e um lamento. “Eu conheço as suas farejadas,” rosnou a voz gutural. “Elas terminam com patadas e bisbilhotadas e vidro quebrado, e então você dirá, „Bem, já que a janela já estava quebrada, eu vou entrar.‟ Idiota!” Por um tempo, não houve barulho, a não ser o som de um osso se fragmentando e uma sucção, como se o tutano estivesse sendo retirado. “Desta forma nós entraríamos em problemas?” a voz que roía perguntou em fim. O golpe no nariz de seu dono não fora apenas doloroso, mas também incapacitante. Quem poderia cheirar com um nariz cheio de sangue coagulando? O roedor o esfregou com ternura. “Eu te avisei mais de uma vez! Nós estaremos no próximo condado - droga, no próximo estado, antes que dêem por falta da garota. Nós teremos bastante tempo para correr!” Houve uma pausa, e então a voz do roedor disse lentamente, “Mas - quem virá abrir a biblioteca? Tem um alarme...” “A mulher, seu idiota! Nos dias de semana, o homem vem primeiro e abre as portas. Nos finais de semana, a mulher vem e abre. Depois do amanhecer, ela virá, e nós teremos ela e a garota. Nós vamos fazer a mulher abrir a porta, e então forçar ela e a garota a entrarem no nosso carro. Mortas ou vivas, elas virão conosco, e nós estaremos confortavelmente seguros em algum lugar, bem antes que alguém sinta falta delas. Nas sextas feiras, não há muitos estudantes que vêm direto para a biblioteca.” Houve uma pausa. Então, quase timidamente, o roedor disse, “Mas e se alguém vier com a mulher?” “Dividir para conquistar. Não seria a primeira vez que nós pegamos três.” O da voz gutural estava claramente cansado de perguntas. “Mas...” “Mas, mas, mas! É bom que essa pergunta seja boa, ou eu vou te dar um chute na bunda!” Uma pausa momentânea, e então, lentamente: “Mas... o homem trancou a porta. Ele deve der a mesma chave que a mulher. Nós poderíamos desligar o alarme. E então poderíamos dar a garota por...” houve um som de sucção, Tradução: Guilherme Magalhães Equipe Vampire Diaries Brasil – HTTP://vampirediariesbrasil.com Sugestões, dúvidas, reclamações: contato@vampirediariesbrasil.com
  • 7. como se um canudinho tivesse chegado ao fim do copo “por horas. Bem agora. A gente poderia... brincar.” Houve uma longa pausa, e então a voz gutural falou de novo. Ela parecia menos chateada, até um pouco menos áspera quando respondeu, “Não é má idéia. Pode significar que tenhamos que desistir da mulher..” “Mas a garota!” o lobisomem com a voz roedora disse. “Ela será tão doce... e os jogos que faremos na escuridão...” Houve um som que sugeria que ele estava babando. “Tudo bem! Tudo bem!” a voz gutural disse. “Mas primeiro, temos que achar as chaves, Senhor Esperto.” “Eu já as tenho!” O roedor disse, de forma triunfante. “Viu como eu pensei tudo isso. Deveríamos nos Transformar?” “Vamos ficar assim, meio transformados,” a voz gutural respondeu e deu sua risada. “Quando elas nos vir assim, vai enlouquecer de medo! O roedor soltou sua risada baixa e rosnada. “Nós podemos brincar de mocinho e vilão. Ela correria direto para os nossos braços.” “Ela irá gritar,” constatou o da voz gutural, “Gritar e implorar. E nenhuma ajuda virá. Nenhuma ajuda.” Ele retirou a chave do rosnador e então foi lentamente para a biblioteca. Então ele colocou a chave na porta. ***** Tick. Bonnie não podia ver nada, não podia ouvir nada agora, vindo da frente da biblioteca, mas tinha certeza de que tinha ouvido um “tick”. O que isso poderia significar? Não havia luz sendo acessa, seja das lâmpadas ou de uma lanterna, e isso seria a primeira coisa que um professor ou zelador faria, não era? Acender algum tipo de luz. A não ser que a pessoa não estivesse vindo assegurar que as regras da escola estavam sendo obedecidas. A não ser que tivessem vindo atrás dela. Bonnie não acreditava em fantasmas, não de verdade. Mas dentro de sua mente, havia centenas de portas trancadas, cada uma prendia atrás de si um monstro. Eles eram monstros que ela tinha prendido atrás de portas firmes quando era criança, mas à noite... à noite eles tendiam a sair. E também foi o que fizeram os próprios instintos de Bonnie, como aqueles de um gato. Na verdade, quando os monstros abriam as suas portas e saiam atrás dela, ela se tornava mais animal do que humana. Ela simplesmente deixava seus próprios instintos a levarem aonde quer que eles quisessem. A lâmpada que ela acendera se apagou. E os instintos de Bonnie, em dois movimentos, a colocou três metros para a direita. Bonnie pousou de quatro. Alguma coisa havia aterrissado na cadeira. E tinha deixado a cadeira em pedaços. “Ei, garota... venha por esse caminho. Tem uma saída!” sussurrou uma voz que soava humana. Na verdade, soava como se fosse um garoto legal, não muito mais velho do que Bonnie. Mas Bonnie tinha um instinto - era muita coincidência que um cara legal entrasse junto com um monstro. Tradução: Guilherme Magalhães Equipe Vampire Diaries Brasil – HTTP://vampirediariesbrasil.com Sugestões, dúvidas, reclamações: contato@vampirediariesbrasil.com
  • 8. Rapidamente, de quatro, ela começou a se afastar da voz e da cadeira. Ela encontrou um canto escuro na seção infantil para se defender. Leve e suave como uma folha na primavera, ela escorregou para debaixo da mesa. “Seu... seu monstro,” a voz legal estava dizendo. “Leve-me! Só deixe a garota fora disso!” “A carne é doce,” cantou a voz terrível - um som como ossos sendo roídos. “E o cheiro de medo aqui perto também é.” A voz começou a rir insanamente. “Eu não tenho medo de você,” a voz legal disse. E então suspirou de novo “Venha, garota. Na direção da minha voz.” Bonnie não se moveu. Não porque ela não confiasse na voz legal - apesar de que ela não confiava. Ela não se moveu porque não conseguia. Seus músculos idiotas estavam congelados. Meredith estava certa, Meredith estava certa. Porque Meredith sempre estava certa? Mas quando encontrassem Bonnie, Bonnie seria apenas uma pilha de ossos quebrados e polidos, e Meredith só saberia então que Bonnie apenas tinha fingido ter sido convencida de que passar a noite na biblioteca era uma idéia realmente estúpida. Bonnie era boa em falar rápido - até mesmo sozinha. Tudo isso se passou em sua cabeça antes que os ecos da voz legal tivessem desaparecido. Ela estava encravada no canto agora, sob a mesa, protegida em três lados mas extremamente exposta no quarto, e ela não tinha arma nenhuma. Timidamente, como aranhas que ela mandou para missões em direções opostas, ela tateou com seus dedos. Ela sabia que o Sr. Breyer e a Sra. Kemp sempre mantinham o que podiam ver na biblioteca imaculado. Ela também sabia que os dois eram míopes que havia um tesouro de lixo debaixo das mesas da biblioteca. Depois de um momento, sua aterrorizada mão direita entrou em contado com algo que rolou levemente e era alto e curvado e - oh, Deus, era apenas um velho copo de plástico, um grande, com certeza, McDonald‟s Extra Grande, mas o que aquilo faria contra um inimigo? Cuidado! Ou você sentirá a irá do meu copo de plástico! Mas a sua trêmula mão esquerda fez uma descoberta válida. Uma régua. E não qualquer régua, mas uma de aço. Apressada, ela trocou os objetos nas mãos, ao mesmo tempo em que a voz legal alcançava o fim da mesa à sua direita. “Rápido,” ele sussurrou, “pegue a minha mão agora.” De jeito nenhum que Bonnie iria pegar a sua mão em qualquer momento, mas especialmente não agora que a voz tinha assumido uma qualidade glutinosa e viscosa, como se ela estivesse tentando não salivar. “Nós estamos aquiiiiiii,” disse a voz que roía, da esquerda. Ela parecia estar chegando cada vez mais próxima, no mesmo ritmo da voz legal. E então houve um som vindo da mesa. O barulho soou à sua direita. O barulho soou à sua esquerda. Como se um pedaço de osso afiado, ou uma garra, estivesse batendo em cima da mesa. Tick. Tick. Tick. Os barulhos estavam mais próximos. Tradução: Guilherme Magalhães Equipe Vampire Diaries Brasil – HTTP://vampirediariesbrasil.com Sugestões, dúvidas, reclamações: contato@vampirediariesbrasil.com
  • 9. Ok. Não havia como Bonnie negar a verdade agora. Havia duas coisas no escuro com ela, e elas estavam se aproximando cada vez mais, e ela mau podia ver através das duas cadeiras infantis pelas quais ela passara antes de entrar sob a mesa. Algo estava estranho, ela percebeu de repente. Quando ela tracejara para debaixo da mesa, ela não fora capaz de ver nada - fora uma corrida cega e instintiva. Agora ela podia ver, ainda que muito levemente, por causa das janelas altas da biblioteca. Isso queria dizer que ela podia ver vagamente o caminho da saída. Mas ela seria capaz de apostar que as duas coisas podiam ver muito melhor no escuro do que ela. Eles sabiam exatamente onde ela estava. E esse pressentimento foi terrivelmente confirmado quando o “tick” seguinte veio das costas de uma cadeira - mais baixa do que a mesa. Eles te acharam. Tick. Tick. Ainda mais baixo. Eles podem te ver. Tick. Tick. Tick. Em um minuto, eles irão tirar de você o seu único caminho de fuga... Tick, Tick. Tick... “Saia,” a voz “legal” disse, e agora ela não estava mais fingindo ser legal, mas estava gutural e rascante. “Saia e brinque... ou devemos entrar e pegar você?” SAIA! A mente de Bonnie gritou para ela. “Eu conheço alguns jogos legais, para jogarmos junt--” SAIA AGORA! Bonnie se atirou pela abertura entre as cadeiras como um coelho através de um campo. Enquanto fazia isso, ela arremessou as duas mãos para fora, de forma selvagem e histérica, sem saber o que esperava fazer com os objetos, mas as impulsionando para fora do mesmo jeito. Meredith uma vez tentara explicar para Bonnie que respostas de pânico como essas tinham um propósito. Quando uma mente consciente não sabe o que fazer, ela recorre ao pânico - tentando comportamentos que nenhuma mente sã conseguira criar. Isso ocasionalmente resultava na descoberta de um comportamento novo e útil, Meredith dissera. Bonnie nunca tinha entendido aquilo muito bem, mas agora ela via isso em ação. Quando Bonnie atingiu o espaço entre as cadeiras, ela arremessou o copo plástico com toda a sua força para a esquerda e isso acertou o lobisomem que roía, com seu longo focinho fechado. A força do arremesso de Bonnie fizera o copo parar subitamente na mandíbula do animal, fechando a boca dele em seu interior. Com sua mão direita, Bonnie deu uma cutilada com toda a força usando a régua de aço, acertando o lobisomem da voz rasgante através de um olho. Ele deu um uivo gritado e caiu para trás. E então tudo ficou branco. Tudo ficou branco porque alguém - um dos dois monstros, Bonnie pensou - havia acendido a luz. Eles não tinham mais o que ganhar com a escuridão, então eles podiam revelar suas formas verdadeiras. Bonnie não podia evitar - não, ela realmente não podia evitar - dar uma olhada para trás para ver suas formas verdadeiras. Eles eram hediondos. E eles eram claramente lobisomens. Bonnie pensou que lobos eram lindos, e que algumas pessoas eram lindas, mas a Tradução: Guilherme Magalhães Equipe Vampire Diaries Brasil – HTTP://vampirediariesbrasil.com Sugestões, dúvidas, reclamações: contato@vampirediariesbrasil.com
  • 10. criatura que você obtém quando as combina era hedionda. Além de serem lisas e peludas, com patas longas demais na frente e atrás, seus lindos rostos de lobos eram horrivelmente combinados com a circunferência de um crânio humanóide, e olhos na frente, como os de uma pessoa. Eles ficavam meio agachados, mas Bonnie podia dizer só de olhar que eles eram vigorosos, feitos para correr. Para caçar. Para matar. Até o momento, entretanto, eles estavam parados. “Como você fez isso?” um deles exigiu em uma voz gutural. Ele estava olhando com seu olho bom para a lâmpada acima. O outro não podia dizer nada, apesar de que uma espuma branca borbulhou em volta de sua boca. Seu longo fucinho estava bem preso no copo plástico, e apesar de que seus músculos estivessem fazendo um grande esforço, eles não pareciam nem de perto funcionar para se abrirem. Parecia um pouco bobo com o nariz no copo, tentando rosnar e morder o plástico, mas ainda era assustador o suficiente quando Bonnie viu um cinza brilhante diante de seus olhos. Oh, não, não... Acabou. Ela ia... Ela ia desmaiar. “Tire-o, idiota,” a voz gutural disse, e o primeiro lobisomem caminhou até o outro. Ele fechou a pata da frente em torno do copo e puxou. Levou pouco tempo, uma vez que o copo tinha se tornado escorregadio com a saliva do primeiro lobisomem. Bonnie viu as pessoas que amava passando à frente do cinza cintilante que era o seu campo de visão: Mamãe, sua irmã Mary, e Meredith e Elena, claro, e Caroline - mais ou menos, e seu namorado Raymond, e Matt Honeycutt, que era um grande quarterback com seus cabelos louros, e Stefan, o cara novo e maravilhoso que Elena estava tentando pegar, e o garoto que sentava atrás dela neste ano em sociologia... “Luz demais,” chorou o lobisomem que estiver fingindo ser legal. “Quem acendeu a luz?” Ele tinha olhos azuis, o que o fazia muito mais hediondo do que o outro. Os olhos azuis eram leves demais para estarem bem em cima de de um focinho de lobo - o tanto que aquilo era errado era doentio. “Cale a boca,” rosnou o outro. Ele tinha garras negras ao invés de unhas, e agora ele bateu uma delas contra uma prateleira de metal para produzir o som que Bonnie ouvira antes. Tick. Seu rosto era horrendo por causa da ferida que havia cortado um dos olhos quase ao meio e que tinha coberto o seu peito de sangue. “Vá em frente e olhe,” ele disse para Bonnie, na sua voz lenta, profunda e gutural. “Eu já estou me curando. Você não fez nada além de me irritar, e eu juro que esse foi um erro ruim. Você vai morrer... lentamente. Você vai me implorar para morrer, antes de morrer.” “Sim, sim, hora de começar os jogos,” disse o outro lobisomem, que não parecia muito são em sua sede por sangue. Tick... “Lentamente.” Ambos os lobisomens deram um passo na direção dela. Ambos os lobisomens deram outro passo. “Dolorosamente.” Tradução: Guilherme Magalhães Equipe Vampire Diaries Brasil – HTTP://vampirediariesbrasil.com Sugestões, dúvidas, reclamações: contato@vampirediariesbrasil.com
  • 11. Tick... “Morte.” Apesar de que todos os instintos de Bonnie diziam que correr era inútil, ela se virou para correr. E instantaneamente foi pega pela cintura e imobilizada. ***** “Agora, agora,” Damon disse e pegou a donzela ruiva que estava fugindo quando ela começava a correr pela prateleira em que ele estivera, deixando os seus próprios olhos ajustados para a noite se acostumarem à luz. Eles estavam bem agora, mas tinha levado um tempo. “Pronto, pronto.” Ele saiu da prateleira, ainda segurando a garota, e então deu a todos um sorriso brilhante, que ele desfez imediatamente, como uma vela sendo apagada com água. “Três podem ser uma multidão,” ele disse para a garota aterrorizada e quase desmaiada em seus braços, “mas quatro é o suficiente para uma rodada de brida, não é?” “Seu sanguessuga--” começou o lobisomem de voz gutural, enquanto Damon colocava a garota quase desmaiada cuidadosamente em uma cadeira, amontoando alguns papéis na mesa para garantir que ela não machucaria a cabeça se desmaiasse. Danos na cabeça podiam ser perigosos e podiam interferir na capacidade dela de admirá-lo. “Agora, então, deixe-me adestrar esses dois por um momento,” Damon disse para a garota, e adicionou “Cachorro mau! Não! Senta!” para os lobisomens. Ele então graciosamente foi para trás das criaturas antes que elas pudessem se mover e pegou cada uma delas com uma mão pela nuca. No instante seguinte, ele as estava arrastando pela porta, aonde ele triturou com uma mordida o pescoço de cada um. Eles se transformaram de volta a suas formas humanas depois disso, e humanos sem reputação e baixos. Seu cheiro de humanos era quase tão ruim quanto o seu cheiro rançoso de lobisomens, e isso dizia muito. Damon cuspiu algumas vezes, limpou sua boca e endireitou e escovou seu suéter de casimira com as mãos antes de voltar para dentro, para ver a sua donzela. Ela estava fracamente tentando se levantar, os seus olhos na régua de aço ensangüentada no chão. “Agora, agora. Pronto, pronto. Agora, pronto,” Damon disse, a impedindo de pegar a régua. “Você fez um bom trabalho com ela, mas você não precisa mais dela. Eles estão no paraíso dos filhotes agora. Bem, no inferno dos filhotes, provavelmente, mas você não precisa mais se preocupar com eles, e é esse o ponto.” A donzela, que era excepcionalmente frágil e bonita e tinha, para um vampiro, a mais bela feição de todas, um pescoço excepcionalmente longo e delicado, estava olhando para cima, para ele expressivamente. Isso era bom, que ela fosse baixinha. Damon não se importava muito com garotas altas porque ele não era muito alto. Ela também tinha - você não poderia deixar de perceber - olhos particularmente grandes em seu pequeno rosto em forma de coração, dando a ela a aparência de uma gatinha. Eram claros olhos castanhos, com um anel escuro na borda externa da íris, e então um anel bem claro, como se luz os estivesse iluminando no meio, e então outro anel escuro em volta da pupila. Seu cabelo era da cor de um morango e se cacheava suavemente por toda a sua cabeça de um modo que te fazia pensar “fada”. Tradução: Guilherme Magalhães Equipe Vampire Diaries Brasil – HTTP://vampirediariesbrasil.com Sugestões, dúvidas, reclamações: contato@vampirediariesbrasil.com
  • 12. Juntando tudo, ela era um adorável pequeno ornamento, com finas veias azuladas em sua pele naturalmente translúcida. Damon sorriu para ela, não se incomodando em esconder seus caninos alongados. “Oooh,” a donzela suspirou, olhando para Damon de seu cabelo escuro e sedoso até os seus pés elegantemente cobertos por botas, no tempo de uma batida de coração. “Oooooh. Maravilhoso.” “Desculpe?” “Eu quis dizerr: ooooh, você me salvou!” “Bem, eu ajudei,” disse Damon, com um senso de modéstia muito profundo e falso. “Ooooh, eles eram monstros.” “Bem, eles não são mais um perigo,” disse Damon. “Ooooooh, eles iam me comer!” Damon se perguntou se deveria gemer antes de falar, da forma como a garota fazia. Talvez fosse uma coisa de dialeto regional. Ele queria deixá-la confortável. “OOH!”, ele disse, de uma forma um pouco mais violenta do que prentedia, e a garota se contraiu de susto nos braços dele, seus olhos castanhos ficando enormes. “Sim, eles eram,” ele concordou cordialmente. “Oh, meu Deus,” disse a garota, esquecendo de fazer “Oooh”. “Quem é você? Você não iria tirar vantagem de uma garota indefesa num momento desses, iria?” Ela adicionou, e fechou os olhos. “Oh, bem, talvez só um pouco,” Damon disse jovialmente, olhando para as adoráveis veias cor de lavanda no pescoço dela. “Ooooooooh.” Damon ficou olhando para a donzela, percebendo desconfortável que ela pesava quase nada em seu braço, que a sua pele tinha o brilho d apele de um bebê, e que, levando tudo em consideração, ela parecia mais uma criança do que uma donzela. Ele limpou a garganta. Os olhos castanhos se abriram. Eles não só eram incomumente grandes, mas realmente vastos, transmitindo à sua dona uma aparência infantil. “Sim?” ela disse, parecendo desapontada, o que não fez nada acontecer com os caninos de Damon. “Ah,” ele disse. Ele tentou passar um pouco da veludez da noite em sua voz. “Um. Você sabe o que aquelas duas coisas eram?” “Oooooh, sim. Eles eram oooooh lobisomens.” Ela estremeceu. “Então vocês têm muitos lobisomens por aqui?” “OooooooooooOOh! Não!” “Ah,” disse Damon, que tinha se assustado um pouco no fim desse gemido. “Bem. Eles eram definitivamente criaturas da --” “--ooooooh, noite!” “E ah, o que você sabe sobre qualquer outras criaturas da noite?” “Ooooh, lobisomens e vampiros e bruxas e fantasmas e demônios e súcubosi, e íncubos e elfos ruins e diabinhos e, oooh, criaturas fedorentas e luzes fantasmagóricas, e oooooh--” Damon saltou naquele gemido estratégico. “Ok, vamos pegar esses, volte no começo e fale o segundo de novo.” Tradução: Guilherme Magalhães Equipe Vampire Diaries Brasil – HTTP://vampirediariesbrasil.com Sugestões, dúvidas, reclamações: contato@vampirediariesbrasil.com
  • 13. Os olhos castanhos se arregalarem e as pupilas se dilataram com medo, então a garota deu olhadas rápidas pelo recinto e para o teto. “Bru... bruxas?” ela vacilou. “Eu conheço uma - conheci uma - que não tinha nada de maldosa. Ela era minha avó e sabia que ia morrer, porque me enviou meu presente de aniversário um mês mais cedo e o--” “Pare!” disse Damon. A garota tinha uma voz particularmente melodiosa, e ficar ouvindo-a não era uma grande provação - era como ouvir a um rouxinol ou um maçarico-real, mas ele tinha que tirar esse ponto a limpo. “Bruxas eram as terceiras na lista, na verdade. Havia algo antes.” “Não,” a ruiva disse, “Lobisomens e bruxas e vamp--” Ela parou, colocou uma mão pequena e de dedos delicados sobre a sua boca. “Vampiros?” Ela terminou, engolindo em seco levemente no meio da palavra. Damon sentiu alívio instantâneo. Eles tinham chegado a algum lugar. Ele sorriu de novo, brilhantemente. A garota de cabelos cor de morango olhou para o seu sorriso. Ela olhou com muito cuidado. Damon estava feliz de terem superado os desafios lingüísticos e sustentou o sorriso por um longo tempo, quase um segundo inteiro. Assim que ele parou de sorrir, a ruiva parou de examinar. Damon sabia quando ela parou, precisamente, porque suas pestanas tremularam de um jeito que a sua bisavó teria aprovado, seu rosto ficou branco como marfim, e todo o seu corpo ficou flácido, mandando a sua cabeça ruiva e de cabelos cacheados em um curso de colisão com o chão de madeira. Seriam necessários reflexos superhumanos para pegá-la antes que seu pequeno corpo atingisse o chão, de cabeça, mas felizmente Damon os tinha. Ele pegou o pequeno pássaro canoro ruivo quase no instante em que ela começara a cair, a pegando por sua cintura fina e... mais uma vez, eles estavam de volta ao primeiro estágio, com ele a segurando, mas dessa vez, com a adição da inconsciência dela. Ele olhou ao redor, procurando por algo em que colocá-la., e estava começando a fazer uso de uma mesa de estudos quando as pestanas dela tremularam de novo, e ela gemeu levemente, e então acordou. “Oooh, é só você... É você!” ela exclamou, indo de segura a aterrorizada em cerca de um décimo de segundo. Ela lutou debilmente para se libertar dos braços dele. Uma vez que o intento dela a faria cair de costas no chão, Damon não a deixou. A ruiva também estava tateando o seu pescoço longo e delicado - um pescoço de bailarina, se é que ele já tinha visto um - perfeito para O Lago Dos Cisnes - “Eu estou...? Você...? Você já...?” ela perguntou. “Nunca. Eu nunca tiraria vantagem de uma donzela adormecida.” Porque eu não gosto de carne fria e não receptiva, Damon pensou. O calor, o prazer vibrante, assim como a força vital de um regalo tão belo como esse eram para ser saboreados, e não desperdiçados enquanto ela dormia. A garota estava arquejando nos braços dele agora, como se fosse um veado ferido, com os cães muito próximos. “Ao menos... você me salvou... daqueles monstros. Eles teriam me torturado.” Olhando para ela, da forma como ela agarrou a pequena cruz de ouro em seu pescoço, da forma como ela olhou para o céu que ainda estava iluminado apenas pelo luar, da forma como ela estendeu a mão na direção Tradução: Guilherme Magalhães Equipe Vampire Diaries Brasil – HTTP://vampirediariesbrasil.com Sugestões, dúvidas, reclamações: contato@vampirediariesbrasil.com
  • 14. dele, como se para agarrar o salvador impossível de se agarrar, Damon estava desnorteado. Havia algo... algo irreal nesse momento. E então ele percebeu exatamente o que era. Irrealidade. Ela estava formando um quadro, uma imagem para as telas. Alguém poderia até pensar em nomes para ele, com facilidade: A Donzela e o Vampiro; ou de forma mais poética, O Último Alcance Para a Luz. Só se, ele pensou, encantado pelo que viu com o olho da mente, ela estivesse usando uma camisola branca ondeante que estivesse deslizando de um de seus luminosos ombros, e a janela fosse de madeira e e de um modelo antigo. Que momento! Que retrato! Que donzela! O único problema é que ela era dois ou três anos jovem demais. Emocionalmente. Mentalmente. Mesmo, ele percebeu, com a magreza dela pressionada contra ele com tanta firmeza, fisicamente. Ele não jantava crianças. E em todo caso... “O que você está imaginando que eu farei?” ele perguntou para ela, ironicamente. Ela fechou os olhos e cruzou as mãos sobre os seios. Uma atriz atraente nata, se ele já tinha visto uma. “Tomar... meu sangue,” ela disse em um tom de humilde aceitação de cortar o coração. “E o quanto você está imaginando que eu preciso?” “Quantos litros de sangue há no corpo humano?” Sua donzela esqueceu de parecer um sacrifício virgem e colocou uma junta na covinha de uma de suas bochechas, como se quisesse afundá-la mais. “Heh,” ela disse, com vergonha, quebrando o ambiente, “eu não sei.” “Bem, eu não preciso nem mesmo de um litro,” Damon disse, sentindo que era melhor falar. “E, de qualquer forma, eu não vou tirar de você.” “Não vai!” a donzela exclamou de forma indignada. “Porque não? Só porque Meredith e Caroline e Elena têm mais... mais...” ela estava traçando algo que parecia a figura de um relógio com ambas as mãos - “Mais coisas aqui em cima, já? Eu também estou começando a ter! Eu fiz dezessete anos há dois dias! Se você me visse vestida de forma apropriada, saberia!” Agora o ambiente foa completamente arruinado, para Damon. E ainda assim, ele seria... ele seria um maldito se deixasse qualquer outra criatura aleatória da escuridão a transformasse em lanche, agora que ele a tinha salvado. “Junte as suas coisas,” ele disse de mau humor. “Por quê?” a donzela vociferou de volta, desafiadora. “Porque eu vou de levar para casa, sua tolinha. O que você estava fazendo aqui sozinha em um grande prédio como esse, em que ninguém vive?” “Eu estava estudando! Eu tenho um relatório a entregar!” “Bem, se não fosse por mim, você estaria estudando no além agora mesmo, e não se esqueça disso.” “Bem, eu não me importo!” a donzela - não, a garotinha disse, começando a chorar. “Você não” - soluço - “tem meu professor de história” - soluço. “Ele ri de mim” - soluço - “na frente de todo mundo!” “Este é o pior tipo,” Damon disse, se lembrando das humilhações que sofrera através dos anos, do Signore Lucca. “E sempre depois de que você esteve em uma festa e a sua cabeça dói.” Tradução: Guilherme Magalhães Equipe Vampire Diaries Brasil – HTTP://vampirediariesbrasil.com Sugestões, dúvidas, reclamações: contato@vampirediariesbrasil.com
  • 15. “Oh, você entende,” a garota respondeu, soluçando, e colocou a cabeça no ombro dele. “Qual a época que você precisa? E qual país?” Damon perguntou, um pequeno canto de sua boca se erguendo. “Inglaterra e Espanha, por volta de 1533 - os anos anteriores, e os anos que vieram depois.” “Bem, o que você quer saber?” Damon perguntou, mais uma vez dando o seu sorriso mais brilhante - o que transformara garotas em poças trêmulas - pela sala. “Eu acredito que eu possa estar apto a te ajudar com isso. Olhe só, eu estava por lá na época - mais ou menos - e o que eu não vi, eu ouvi por fofoca. Eu sempre digo que, se não vale a pena fofocar sobre algo, ela não aconteceu.” ***** Amanhecer. Bonnie, mais ou menos sonâmbula, estava sendo ajudada a sair de seu carro, com uma mochila pressionada contra os seus braços. “Agora se lembre de parecer surpresa quando encontrarem os três mortos na biblioteca - principalmente o pobre sujeito que eles transformaram em uma pilha de ossos.” Bonnie estremeceu e seus olhos se abriram, castanhos e expressivos. “Você impediu que o mesmo acontecesse comigo.” Ela parecia um pequeno pássaro vermelho, com plumas revoltas por toda a sua cabeça. “Bem... isso não importa,” o garoto disse, mais uma vez tentando parecer modesto. “E se lembre de digitar todas as dicas que eu escrevi, mas não se pergunte por que está fazendo isso. É imperativo.” “Muito imperativo” Bonnie concordou em um balbucio, e então eles estavam na frente da porta da casa dela. “Obrigada - oh, muito obrigada!” Depois que falou, ela ficou na ponta dos pés e colocou os seus lábios nos do garoto. Houve uma pausa e então o mais leve e quente roçar de lábios sobre os seus. Fora o beijo mais doce que ela já dera - e o mais sexy. “Bem, adeus então... pequeno pássaro,” uma voz disse, e Bonnie abriu os olhos para olhar dentro de insondáveis olhos negros, e então estava sozinha. Totalmente sozinha. Por alguma razão, ela olhou ao redor para confirmar isso. Lá estava o seu carro, estacionado de forma ordenadamente paralela - ela estava ficando melhor nisso - mas ela estava sozinha e... e... bem, é claro que ela estava sozinha! Ela tinha planejado isso - estudar a noite toda na biblioteca Robert E. Lee, e nada fora do comum acontecera. É claro, ela tivera um pouco de medo ao ver o carro do Sr. Breyer em sua vaga habitual do estacionamento, mas ele deveria estar substituindo a senhora Kemp - e começando extraordinariamente cedo, também. De qualquer forma, ela fora incrivelmente sortuda de não topar com um dos bibliotecários! Agora ela não podia esperar para contar para Elena e Meredith e Caroline o que fizera. Tudo por conta própria. Ela mesma quase não conseguia acreditar nisso! Ela pegou a sua mochila. Mas aqui estava a prova. “A Consciência de Uma Rainha” fora o melhor relatório de história que ela já tinha escrito, e ela ia trabalhar o dia inteiro para preencher o que estava faltando. Ela poderia até conseguir um A! Tradução: Guilherme Magalhães Equipe Vampire Diaries Brasil – HTTP://vampirediariesbrasil.com Sugestões, dúvidas, reclamações: contato@vampirediariesbrasil.com
  • 16. Algo bem no fundo de sua mente a mandou olhar para trás. Ela olhou, mas não viu nada além de um magnífico corvo preto voando de um galhou para o dia que amanhecia. ***** Damon flutuou cada vez mais alto, assistindo o bairro virar uma mixórdia abaixo dele, e abaixo disso, para olhos sintonizados com o Poder, as linhas que cruzavam e recruzavam aqui, atraindo todo tipo de coisa, desde aqueles lobisomens nojentos até ao seu irmão mais jovem, Stefan. A razão pela qual Damon estava circulando agora era simples: ele estava com fome. Ele não fora capaz de pergurar as veias da pequena ave canora ruiva. Ela era muito jovem, muito... inocente, para ser perfurada de forma aleatória, daquele jeito. E, além do mais, apesar de - ha! - ter passado a noite com ela, ele nunca tinha perguntado o seu nome. Ele provavelmente nunca saberia - não, espere! Ela o tinha escrito naquele primeiro pedaço de papel. A página do título, era assim como ela tinha chamado. O último nome era algo escocês ou irlandês que ele não conseguiu lembrar, mas do primeiro ele conseguiu. Era Bonnie. Doce ave canora Bonnie, pensou Damon, fazendo uma volta e circulando pelo outro caminho. Que pena que ele nunca mais a veria de novo. FIM. Tradução: Guilherme Magalhães Equipe Vampire Diaries Brasil – HTTP://vampirediariesbrasil.com Sugestões, dúvidas, reclamações: contato@vampirediariesbrasil.com