Reflexão destinada a lideranças das Igrejas, gestores e pastores, acerca das possibilidades e eventuais desvio da profissionalização na gestão eclesial.
2. O que entendemos por
profissionalização?
• Adoção de procedimentos estratégicos e
técnicos na ação evangelizadora.
• Formação e aperfeiçoamento das pessoas que
exercem funções de liderança na Igreja
(presbíteros, religiosos/as e leigas) na sua área
específica de atuação, superando o
amadorismo.
• Contribuição de profissionais e voluntários
especialistas em diversas áreas, para tornar a
evangelização mais eficaz.
3. Profissionalização inclui:
• domínio e desenvolvimento de saberes
específicos,
• adoção de tecnologias correspondentes,
• especialização crescente,
• busca de qualidade para responder às
demandas,
• formação permanente das pessoas,
• conexão com outras áreas do conhecimento,
• ética profissional,
• Inovação na sua área.
4. Não é transformar as pessoas em
engrenagens de uma “máquina religiosa”
6. 1. Foco nos seus destinatários
• O problema: atender mais aos interesses de
seus membros do que às necessidades de seu
público-alvo (corporativismo).
• O caminho: o que fazer para que nossos
destinatários encontrem aquilo que
necessitam? Como melhorar os processos, para
sermos fiéis à nossa missão?
• Um exemplo: horário de atendimento paroquial.
7. 2. Visão estratégica
• Leitura de cenário -> definição da missão -> valores
-> visão de futuro -> posicionamento -> objetivos ->
iniciativas -> pessoas responsáveis -> indicadores -
> avaliação -> repensar.
• Elaborar um plano de pastoral diocesano (e
paroquial), inspirado nas Diretrizes da CNBB, no Documento
de Aparecida, nas orientações do Papa Francisco, que eleja
prioridades e abra novos caminhos.
• Visão estratégica exige renúncia de certas rotinas e
investir em inovação.
• Não é fruto de iniciativas individuais, mas sim de
longo processo participativo.
• Plano sem ação é letra morta....
8. Sinais da falta de estratégia:
• imediatismo (agir pensando
somente em curto prazo),
• anarquia (não ter princípios
de ação),
• reatividade (reagir diante
dos problemas, em vez de
se antecipar a eles)
• repetição de práticas.
• Adoção de modismos
(porque os outros fazem)
10. A grande questão estratégica:
Pastoral de
eventos
Pastoral de
processos
11. 3. Relação correta com fornecedores
e prestadores de serviços
• Fornecedores: pessoas físicas ou jurídicas que
fornecem os insumos e serviços básicos necessários
para o funcionamento da organização.
• Fornecedores de uma paróquia: companhia de
eletricidade, de água, de telefonia e internet; quem vende
computadores e programas; padaria, mercearia ou
supermercado; mecânico do carro e eletricista; loja de
material construção; empresa de móveis; quem vende
hóstia, vinho e material litúrgico; gráfica ou editora,
vendedora de papéis e material de escritório.
• Prestadores de serviços: realizam algo a partir de sua
especialidade. Ex: escritório de contabilidade,
assessoria jurídica, construção e reformas, organizações
de infraestrutura para eventos (som, alimentação,
segurança, transporte).
12. Relação profissional com fornecedores
• Definir formalmente: preços, condições e
especificação do serviço.
• Fazer ao menos dois orçamentos.
• Escolher serviços e produtos com a melhor
relação custo x benefício. Recorrer ao parecer
técnico de equipe.
• Evitar contratações motivadas por amizade
pessoal. Em condições semelhantes, optar por
fornecedores que participam da Igreja.
• Rever contratos defasados.
13. 4. Processo de gestão de pessoas
• Nas organizações profissionais, a riqueza que gera
riqueza são as pessoas que produzem, e não o
patrimônio material de terrenos, prédios, salas e
salões.
• Prioridade: Escolher profissionais e voluntários com
experiência, conhecimento, habilidades e sintonia com
os valores da instituição.
• Como: acurados processos de seleção, preparação,
monitoramento, avaliação, formação continuada e
aprimoramento das pessoas.
• Formação de equipes multidisciplinares de alto
desempenho.
• E na Igreja?
14. Gestão de pessoas na Igreja
• O problema: investimento significa usar o dinheiro
em patrimônio material, sobretudo em
construções. Investir em pessoas soa como “custo”,
“dinheiro jogado fora”.
• Tarefa: implementar e aperfeiçoar processos de
formação de profissionais (secretárias paroquiais,
atendentes, pessoal administrativo) e lideranças voluntárias
(catequistas, coordenadores de pastorais e ministérios,
comunicadores, coordenadores, etc)
• Definir atribuições, estimular o trabalho em equipe,
avaliar anualmente as pessoas.
• Limitar o tempo de atuação de coordenações.
• Ter critérios mais exigentes para admitir
presbíteros.
15. 5. Adoção de modelo de gestão adequado
• Grandes organizações abandonaram modelo
anacrônico, concentrador de poder, com muitas
chefias e um corpo amorfo de colaboradores
sem iniciativa.
• Modelos atuais nas organizações de sucesso:
favorecem empoderamento, criatividade,
ousadia, trabalho em equipe, estruturas
funcionais flexíveis, reuniões produtivas,
controle sobre resultados e não sobre rotinas.
16. Tarefas da gestão na Igreja
• Resgatar o sentido de que somos, em primeiro
lugar, uma comunidade de irmãos e irmãs,
seguidores de Jesus.
• Superar o clericalismo e a concentração de
poder nas mãos de poucas lideranças leigas a
partir da eclesiologia de “Povo de Deus”.
• Favorecer experiências comunitárias de reflexão
e tomada de decisão.
• Atuar com agilidade para responder às novas
demandas para evangelizar.
17. Em síntese:
Foco nos destinatários
Visão estratégica
Relação com fornecedores
Gestão de pessoas
Modelo de gestão adequado
19. Onde está o teu tesouro, aí estará teu
coração!
• A profissionalização na Igreja está no âmbito
dos meios e não de sua finalidade, de sua
identidade.
• A Igreja não é um empresa, e o evangelho não
é um produto disponível no mercado, nem o
Evangelho somente uma logomarca poderosa.
• O que nos define: somos a comunidades dos
seguidores de Jesus, de seus discípulos e
missionários.
20. Riscos de profissionalização
sem espiritualidade
• Perda da gratuidade. Valeriam somente os
critérios da eficácia.
• Transformar a Igreja numa empresa e o
evangelho num produto.
• Perder a força da sabedoria e da profecia, ao
alinhar a Igreja a uma visão mercadológica e
marketeira.
21. O grande risco....
não consiste na profissionalização em si, mas
sim numa visão acrítica, que toma como modelo
perfeito a economia de mercado.
O profissionalismo na economia de mercado
tem sérios limites: competição desenfreada,
sede ilimitada de poder, exploração da Terra e
das pessoas, ideologia do sucesso a todo custo.
22. A tensão produtiva
Cultivar
procedimentos
profissionais
Manter a
paixão por
Jesus e pelo
Reino de Deus
23. Ver mais em:
www.afonsomurad.blogspot.com
Livro: Afonso Murad*, Gestão
e Espiritualidade. Paulinas.
*Bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq