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66 Téchne 200 | NOVEMBRo de 2013
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O texto não deve ultrapassar o limite
de 15 mil caracteres (com espaço).
Fotos devem ser encaminhadas
separadamente em JPG
Resistividade elétrica do concreto
na avaliação do risco de corrosão
nas estruturas atmosféricas
Adriana de Araujo
Pesquisadora do Laboratório de Corrosão
(LCP) e Proteção do Instituto de Pesquisas
Tecnológicas (IPT)
aaraujo@ipt.br
Zehbour Panossian
Diretora de Inovação do IPT
zep@ipt.br
Não é raro observar a deterioração
prematura das estruturas atmos-
féricasdeconcretoarmado,comopon-
tes, viadutos, píeres e prédios, devido à
corrosão das armaduras. Frequente-
mente, a corrosão é resultante da pre-
sença de teores críticos de íons cloreto
no concreto ou do abaixamento do seu
pH devido a reações com compostos
presentes no ar atmosférico, especial-
mente o dióxido de carbono (reações
de carbonatação) (Glass,2003).
Usualmente, o risco de corrosão é
avaliado quando da realização de inspe-
ções visuais periódicas que verificam o
estadodeconservaçãodasestruturas.Na
maioria das vezes,esta inspeção consiste
do exame visual detalhado da superfície
doconcreto.Combasenagravidadedas
patologiasobservadas,bemcomonoco-
nhecimento da agressividade ambiental,
das características e do histórico da es-
trutura, outras técnicas são também
aplicadas.Dentreelas,destaca-seamedi-
da elétrica da resistividade do concreto
que é associada à medida eletroquímica
dopotencialdecorrosãoe/oudataxade
corrosãodasarmadurasparaaavaliação
doriscodesuacorrosão.
Aresistividadeelétricaéoinversoda
condutividade elétrica,podendo ser de-
finida como uma propriedade física do
concreto que indica a sua resistência à
passagem de corrente elétrica (Zaccardi
etal.,2009).Alémdisto,éumparâmetro
importante para indicar o grau e a dis-
tribuição de umidade no concreto, a
presença de íons cloreto e a taxa de cor-
rosão da armadura (Bertolini et al.,
2004; Schiessl; Weydert, 1996). Sendo
assim, pode-se dizer que a resistividade
do concreto está relacionada com a vida
útildasestruturas.Naetapadeiniciação,
a sua medição, no decorrer do tempo,
pode indicar alteração da umidade do
concreto e, indiretamente, a penetração
de íons cloreto e, na etapa de propaga-
ção, a intensidade da corrosão da arma-
dura(Zaccardietal.,2009;Polder,2001).
As características físicas e químicas
do concreto têm grande influência na
resistividade elétrica do concreto. Ci-
ta-se a permeabilidade do concreto
que determina o transporte de dife-
rentes agentes na rede de poros inter-
conectados da matriz de cimento, em
destaque a mencionada penetração da
água (contaminada ou não com íons)
(Glass, 2003; Nagi; Whiting, 2004).
Quanto maior é a penetração da água,
maior será o grau de umidade do con-
creto (também descrito na literatura
como grau de saturação). Este grau
controla a resistividade elétrica do
concreto de cobrimento da armadura
(Enevoldsen et al., 1994). Quanto
maior é o grau de umidade do concre-
to, menor será a sua resistividade elé-
trica, ou seja, mais facilitado é o fluxo
da corrente elétrica no mesmo.
Cita-se que as estruturas atmosféri-
casestãoexpostasadiferentescondições
ambientais que propiciam a umidifica-
ção do concreto.O transporte da água e
de seus vapores sempre ocorre quando
há um gradiente de umidade entre o
ambienteeoconcretoecomasuaexpo-
sição à água pluvial. Quanto maior é a
duraçãodoperíododeexposiçãoàágua
pluvial, maior pode ser a quantidade de
águaquepenetraparaointeriordocon-
creto(Andradeet.al,1999).
Aintensidadedacorrosãodasarma-
duras está diretamente relacionada com
a umidade do concreto, ou seja, com a
sua resistividade elétrica (Andrade et al.,
1999; Gulikers, 2005). Um grau crítico
deumidadeéfundamentalparaoinício
da corrosão da armadura.As reações de
corrosão só ocorrem quando a superfí-
cie da armadura está em contato direto
com a fase líquida do concreto, ou seja,
com a solução aquosa eletrolítica que
preenche a rede de poros e capilares.
Além disto, o aumento da umidade re-
sulta no aumento da área de armadura
emcontatocomasoluçãoaquosaefavo-
rece a dispersão dos produtos de corro-
sãoformadosnasuperfíciedoaço,sendo
queambospodemacelerarataxadecor-
rosão(Feliuetal,1989).
Para a corrosão, também é funda­
mentalapresençadeoxigêniodissolvido
na solução eletrolítica. Em geral, assu-
me-se que o oxigênio controla o proces-
so de corrosão em concreto, devido ao
seuacessolentoatéasuperfíciedaarma-
67
Figura 1 – Esquema de célula de corrosão eletroquímica
dura. No entanto, em estruturas atmos-
féricas nem sempre isto é válido,
podendo o processo de corrosão ser
controlado pela resistividade elétrica do
concreto(Alonsoetal.,1988).
Como exemplo prático da influência
daáguaedooxigênio,cita-sequeataxade
corrosão da armadura é insignificante
quando o concreto está muito seco
(pouco eletrólito), mesmo havendo o
livreacessodooxigênionasuasuperfície.
Nocasodeumconcretosaturado(máxi-
movolumedeumidade),ataxadecorro-
são também é muito lenta, devido à res-
triçãodoacessodeoxigêniodissolvidono
eletrólito.Noentanto,casooconcretoes-
teja úmido, mas não saturado, espera-se
umprocessointensodecorrosão(Schies-
sl;Weydert,1996;Polder,2001).
Uma célula de corrosão eletroquími-
ca é esquematizada na figura 1.Nela,são
apresentadas, simplificadamente, as rea-
ções indicadas na literatura como repre-
sentativas do processo de corrosão do
aço-carbonoemconcreto.Naregiãoanó-
dica,ocorreoxidaçãodometal(Fe→Fe2+
+ 2e) e,na catódica,redução do oxigênio
dissolvidonoeletrólito(O2 +2H2O+4e-
→ 4OH-
).Entre estas regiões,há forma-
ção de um circuito elétrico: no metal há
conduçãodecorrenteelétricadenatureza
eletrônica e, na solução de água de poro
(eletrólito),conduçãodecorrenteelétrica
de natureza iônica e, na interface metal/
meio,corrente elétrica decorrente das re-
açõesdetransferênciadecargas.
Conforme mostra a figura, na solu-
ção, a condução de corrente elétrica
iônicaéfunçãodamovimentaçãodeíons
livres (partículas com carga elétrica). A
medida da resistividade elétrica indica
exatamente a resistência do concreto ao
fluxo da corrente elétrica iônica gerada
porestamovimentação.Quantomenoré
a resistividade elétrica do concreto, mais
facilitado será este fluxo e, assim, mais
propensas as armaduras estão à corrosão
(Sadowshi,2010).Naprática,diz-sequea
corrosãoéquasecertaquandoaresistivi-
dade elétrica do concreto é baixa e a ar-
maduraestádespassivada.
Diferentes fatores interferem no
fluxo da corrente elétrica iônica. Como
exemplo, cita-se a temperatura da solu-
ção de água de poro.O seu aumento fa-
cilita a mobilidade dos íons (Polder,
2001; Nagi; Whiting, 2004). Segundo
estudodeSchiessleWeydert(1996),um
aumento em torno de 10 °C é suficiente
para reduzir a resistividade elétrica do
concretoem50 %,enquantoumadimi-
nuição da mesma ordem de grandeza
(-10 °C)dobraaresistividade(100 %).
O tipo de íon presente na solução
também interfere no fluxo de corrente
elétricanoconcreto.Osíonsdealtamo-
bilidade,como é o caso dos íons cloreto,
intensifica a corrente iônica, acelerando
acorrosãodoaço-carbono(Broomfield;
Millard, 2002). Por outro lado, a carbo-
natação do concreto tem efeito inverso
ao dos íons cloreto, pois as suas reações
resultam na formação de sais de carbo-
natodecálcioinsolúveisqueaumentam
adensidadedoconcretoetornamaágua
de poro mais diluída (Bertolini et al.,
2004).Consequentemente,aresistivida-
deelétricadoconcretoaumenta.
Resistividade elétrica do concreto e
medidas eletroquímicas de corrosão
Alonso e colaboradores (1988,
1989) mostraram,há décadas,que a re-
sistividade elétrica do concreto está re-
lacionada com a taxa de corrosão da
armadura. Uma série de ensaios apon-
tou um aumento expressivo da taxa de
corrosãoquandoaresistividadeelétrica
do concreto era baixa. Outros estudos
(González et al.,2004;Glass et al.,1991;
Schiessl; Weydert, 1996, Enevoldsen et
al., 1994, Hunkeler, 1996) apontaram a
mesma correlação.
Broomfield e Millard (2002) ressal-
tam que a correlação da taxa de corrosão
com a resistividade elétrica do concreto
somenteévalidaseamedidadestaúltima
for feita com exatidão. Outra ressalva é
para o caso de concreto muito úmido ou
muitoseco,condiçãoemqueacorrelação
entreastécnicasnãoseaplica.Enevoldsen
etal.(1994)mostraram,pormeiodoem-
butimento no concreto de aparato espe-
cífico de medição do grau de sua umida-
de,queataxadecorrosãodiminuiquan-
doaumidadedoconcretoémuitoeleva-
da, maior do que 80%. A partir deste
valor, Hunkeler (1996) observou uma
drásticaquedadaresistividadeelétricado
concreto.Nestacondição,ataxadecorro-
sãoégovernadapelajámencionadacon-
centração do oxigênio dissolvido que é
menor em concreto muito úmido. No
caso do concreto muito seco, a taxa de
corrosão cai drasticamente devido à
mencionadaausênciadeágua.
Broomfield e Millard (2002) tam-
bémdescrevemqueépossívelidentificar
locais de possível corrosão intensa (taxa
elevada) e,também,avaliar a severidade
dasituaçãoconstatadaemcampocoma
associação da medida da resistividade
com a do potencial de corrosão. Segun-
do estes autores, isto é válido tanto para
medições pontuais de potencial de cor-
rosão como para aquelas que abrangem
áreas maiores (mapeamento de poten-
cial).Além disto, ressalta-se que esta as-
sociaçãoéimportantedevidoàconheci-
da influência do grau de umidade do
concreto nos valores de potencial, con-
forme critérios da ASTM C876. Segun-
do estudos de González e colaboradores
(2004) múltiplos fa­­tores condicionam
osvaloresdepotencial,sendoasuaasso-
ciação com outras medidas, como a da
resistividade elétrica do concreto,neces-
sáriaparaatotalcredibilidadedosresul-
tadosobtidosemcam­po.
O exposto está de acordo com a vi-
Ca2+
Ca2+
Fe2+
Fe2+Fe
O2
O2
O2
O2
O2
H2O
2H2O + O2 + 4e-
2e-
4OH-
H2O
H2O
H2O
H+
H+
H+
OH-
OH-
H+
K+
K+
K+
Na+
Na+
SO2-
4
Anodo
Catodo
Condução
elétrica
Condução
iônica
Metal: aço carbono Eletrólito: face líquida do concreto
Interface: reações de transferência de cargas
68 Téchne 200 | NOVEMBRo de 2013
a r t i go
vência em campo das autoras.A medida
da resistividade elétrica do concreto é
usualmente realizada para complemen-
tar a do potencial de corrosão das arma-
duras na avaliação do risco de corrosão.
Comoconhecimentodaresistividadedo
concreto é facilitada tanto a análise dos
resultados,comotambémaidentificação
dasregiõescomcorrosãoemcursoepo-
tencialmente propensas à corrosão seve-
ra (taxa de corrosão elevada). Com base
nosresultadosobtidosenoexamevisual
da armadura,outros ensaios são realiza-
dos em campo e em laboratório. Com
base nestes ensaios e nos obtidos na ins-
peçãovisualdoselementosdaestruturaé
possível não somente avaliar o risco de
corrosão, como também determinar o
seuestadodeconservação.
Outras aplicações da medida da
resistividade
Alémdaavaliaçãodoriscocorrosão,
outrosprocessosdedegradação,emque
o grau de umidade do concreto tem im-
pactosignificativo,comonareaçãoálca-
lis-agregado e no ataque de sulfatos ao
concreto, também podem fazer uso da
técnica de medição da resistividade elé-
tricadoconcreto(ACI,2010).
Além disso, esta técnica pode ser
aplicada para avaliar o desempenho de
estruturas recuperadas (Hunkeler,
1996), a eficiência da proteção catódica
ou do processo de dessalinização ou da
realcalinização do concreto (Nagi; Whi-
ting, 2004; Polder, 2001).Além disto, ci-
ta-seoseuusonacaracterizaçãodocon-
creto, inclusive na avaliação do ingresso
de íons cloreto (Nagi; Whiting, 2004;
Andrade;D´Andrea,2011).
Normalização
Conforme a literatura consultada,
há normalização (AASHTO TP95,
2011)paraavaliaroingressodeíonsclo-
reto no concreto com uso da técnica de
medição da resistividade do concreto.
Quanto ao seu uso na avaliação do risco
de corrosão das armaduras,somente foi
recuperada a recomendação técnica
RilemTC154-EMC(Polder,2000).
Sabendo-se da limitação de norma-
lizações,éimportantequeasmedidasde
resistividade elétrica sejam feitas com
base nessa recomendação e em estudos
disponíveis na literatura. Cita-se que as
principais técnicas e os critérios de ava-
liação dos resultados obtidos em medi-
ções em campo na avaliação do risco de
corrosãosãotemasdeartigoposterior.
Agradecimento
Andreza Milham eAna LúciaA.de
Souza pela recuperação de artigos e
Andrezza P. Correa pela elaboração de
desenho.
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Reinforcement Corrosion. Glass, G. K.
IN:Advanced ConcreteTechnology 2:
Concrete Properties. 2003.
Influence ofTemperature and
Humidity on Portland Cement
Mortar Resistivity Monitored with
Inner Sensors. ZaccardiY.A.V.; Garcia,
J. F. Huelamo P.AND Di Maio,A. Materials
and Corrosion, 60, 2009
Corrosion of Steel in Concrete:
Prevention,Diagnosis,Repair.
Bertolini, L et al. 2004
Limiting the Water Content in
Concrete as Protection against
Corrosion. Schiessl, P.; Weydert, R.
Durability of Building Materials and
Components, 1, 1996
Test Methods for on-Site
Measurement of Resistivity of
Concrete.RilemTC 154-EMC
Technical Recommendation.Polder,
R. D. Construction and Building Materials,
15, 2001
New non-Destructive Method for
Linear Polarization Resistance
Corrosion Rate Measurement.
Sadowshi, Ł.Archives of Civil and
Mechanical Engineering, 2, 2010
Resistivity of Concrete:State of the
Art.Nagi, M.; Whiting, D. Nace, 2004
The Influence of Internal Relative
Humidity on the Corrosion of Steel
Embedded in Concrete and Mortar.
Enevoldsen, J. N. et al. Cement and
Concrete Research, 24, 1994
Relative Humidity in the Interior of
Concrete Exposed to Natural and
Artificial Weathering. Andrade, C.;
Sarría, J.;Alonso, C. Cement and
Concrete Research, 29, 1999
Theoretical Considerations on the
Supposed Linear Relationship
between Concrete Resistivity and
Corrosion Rate of Steel
Reinforcement. Gulikers, J. Materials
and Corrosion, 56, 2005
Relationship between Conductivity
of Concrete and Corrosion of Reinforcing
Bars.Feliu, S. et al. British Corrosion Journal,
24, 1989
Relation between Resistivity and
Corrosion Rate of Reinforcements in
Carbonated Mortar Made with Several
CementTypes. Alonso, C. et al.Cement and
Concrete Research. 8, 1988
Measuring Concrete Resistivity to Assess
Corrosion Rate.Broomfield,J.;Millard,S.
Concrete:CurrentPracticeSheetNo
.128,2002
Factors Affecting Steel Corrosion in
Carbonated Mortars. Glass, G. K. et al.
Corrosion Science, 32, 1991
Considerations on Reproductibility of
Potential and Corrosion Rate
Measurements in Reinforced Concrete.
González, J. A. et al. Corrosion Science, 46,
2004
The Resistivity of Pore Water Solution:a
Decisive Parameter of Rebar Corrosion
and Repair Methods.Hunkeler, F.
Construction and Building Materials, 10, 1996
Investigation of Rebar Corrosion in
Partially Submerged Concrete.Funahashi,
M.; Fong, K. F.; Burke, N. D. Corrosion Forms &
Control for infrastructure: STP 1137, 1992
Corrosion Rate Monitoring in the
Laboratory and on-Site. Andrade, C.;Alonso,
C. Construction and Building Materials, 10,
1996
Protection of Metals in Concrete against
Corrosion:Reported by Comité 222R. ACI,
2010
La Resistividad Eléctrica como Parámetro
de Control del Hormigón y de su
Durabilidad.Andrade, C.; D´Andrea, R.
RevistaAlconpat, 1, 2011
Standard Method ofTest for Surface
Resistivity of Concrete’s Ability to Resist
Chloride Ion Penetration. AASHTOTP 95.
AmericanAssociation of State Highway and
Transportation Officials, 2011
Test Methods for on-Site Measurement of
Resistivity of Concrete.RilemTC 154-EMC
Technical Recommendation.Polder, R. D.
Construction and Building Materials, 33, 2000

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Techne 2013 200_resistividade eletrica na avaliação do risco de corrosao

  • 1. 66 Téchne 200 | NOVEMBRo de 2013 artigo Envie artigo para: techne@pini.com.br. O texto não deve ultrapassar o limite de 15 mil caracteres (com espaço). Fotos devem ser encaminhadas separadamente em JPG Resistividade elétrica do concreto na avaliação do risco de corrosão nas estruturas atmosféricas Adriana de Araujo Pesquisadora do Laboratório de Corrosão (LCP) e Proteção do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) aaraujo@ipt.br Zehbour Panossian Diretora de Inovação do IPT zep@ipt.br Não é raro observar a deterioração prematura das estruturas atmos- féricasdeconcretoarmado,comopon- tes, viadutos, píeres e prédios, devido à corrosão das armaduras. Frequente- mente, a corrosão é resultante da pre- sença de teores críticos de íons cloreto no concreto ou do abaixamento do seu pH devido a reações com compostos presentes no ar atmosférico, especial- mente o dióxido de carbono (reações de carbonatação) (Glass,2003). Usualmente, o risco de corrosão é avaliado quando da realização de inspe- ções visuais periódicas que verificam o estadodeconservaçãodasestruturas.Na maioria das vezes,esta inspeção consiste do exame visual detalhado da superfície doconcreto.Combasenagravidadedas patologiasobservadas,bemcomonoco- nhecimento da agressividade ambiental, das características e do histórico da es- trutura, outras técnicas são também aplicadas.Dentreelas,destaca-seamedi- da elétrica da resistividade do concreto que é associada à medida eletroquímica dopotencialdecorrosãoe/oudataxade corrosãodasarmadurasparaaavaliação doriscodesuacorrosão. Aresistividadeelétricaéoinversoda condutividade elétrica,podendo ser de- finida como uma propriedade física do concreto que indica a sua resistência à passagem de corrente elétrica (Zaccardi etal.,2009).Alémdisto,éumparâmetro importante para indicar o grau e a dis- tribuição de umidade no concreto, a presença de íons cloreto e a taxa de cor- rosão da armadura (Bertolini et al., 2004; Schiessl; Weydert, 1996). Sendo assim, pode-se dizer que a resistividade do concreto está relacionada com a vida útildasestruturas.Naetapadeiniciação, a sua medição, no decorrer do tempo, pode indicar alteração da umidade do concreto e, indiretamente, a penetração de íons cloreto e, na etapa de propaga- ção, a intensidade da corrosão da arma- dura(Zaccardietal.,2009;Polder,2001). As características físicas e químicas do concreto têm grande influência na resistividade elétrica do concreto. Ci- ta-se a permeabilidade do concreto que determina o transporte de dife- rentes agentes na rede de poros inter- conectados da matriz de cimento, em destaque a mencionada penetração da água (contaminada ou não com íons) (Glass, 2003; Nagi; Whiting, 2004). Quanto maior é a penetração da água, maior será o grau de umidade do con- creto (também descrito na literatura como grau de saturação). Este grau controla a resistividade elétrica do concreto de cobrimento da armadura (Enevoldsen et al., 1994). Quanto maior é o grau de umidade do concre- to, menor será a sua resistividade elé- trica, ou seja, mais facilitado é o fluxo da corrente elétrica no mesmo. Cita-se que as estruturas atmosféri- casestãoexpostasadiferentescondições ambientais que propiciam a umidifica- ção do concreto.O transporte da água e de seus vapores sempre ocorre quando há um gradiente de umidade entre o ambienteeoconcretoecomasuaexpo- sição à água pluvial. Quanto maior é a duraçãodoperíododeexposiçãoàágua pluvial, maior pode ser a quantidade de águaquepenetraparaointeriordocon- creto(Andradeet.al,1999). Aintensidadedacorrosãodasarma- duras está diretamente relacionada com a umidade do concreto, ou seja, com a sua resistividade elétrica (Andrade et al., 1999; Gulikers, 2005). Um grau crítico deumidadeéfundamentalparaoinício da corrosão da armadura.As reações de corrosão só ocorrem quando a superfí- cie da armadura está em contato direto com a fase líquida do concreto, ou seja, com a solução aquosa eletrolítica que preenche a rede de poros e capilares. Além disto, o aumento da umidade re- sulta no aumento da área de armadura emcontatocomasoluçãoaquosaefavo- rece a dispersão dos produtos de corro- sãoformadosnasuperfíciedoaço,sendo queambospodemacelerarataxadecor- rosão(Feliuetal,1989). Para a corrosão, também é funda­ mentalapresençadeoxigêniodissolvido na solução eletrolítica. Em geral, assu- me-se que o oxigênio controla o proces- so de corrosão em concreto, devido ao seuacessolentoatéasuperfíciedaarma-
  • 2. 67 Figura 1 – Esquema de célula de corrosão eletroquímica dura. No entanto, em estruturas atmos- féricas nem sempre isto é válido, podendo o processo de corrosão ser controlado pela resistividade elétrica do concreto(Alonsoetal.,1988). Como exemplo prático da influência daáguaedooxigênio,cita-sequeataxade corrosão da armadura é insignificante quando o concreto está muito seco (pouco eletrólito), mesmo havendo o livreacessodooxigênionasuasuperfície. Nocasodeumconcretosaturado(máxi- movolumedeumidade),ataxadecorro- são também é muito lenta, devido à res- triçãodoacessodeoxigêniodissolvidono eletrólito.Noentanto,casooconcretoes- teja úmido, mas não saturado, espera-se umprocessointensodecorrosão(Schies- sl;Weydert,1996;Polder,2001). Uma célula de corrosão eletroquími- ca é esquematizada na figura 1.Nela,são apresentadas, simplificadamente, as rea- ções indicadas na literatura como repre- sentativas do processo de corrosão do aço-carbonoemconcreto.Naregiãoanó- dica,ocorreoxidaçãodometal(Fe→Fe2+ + 2e) e,na catódica,redução do oxigênio dissolvidonoeletrólito(O2 +2H2O+4e- → 4OH- ).Entre estas regiões,há forma- ção de um circuito elétrico: no metal há conduçãodecorrenteelétricadenatureza eletrônica e, na solução de água de poro (eletrólito),conduçãodecorrenteelétrica de natureza iônica e, na interface metal/ meio,corrente elétrica decorrente das re- açõesdetransferênciadecargas. Conforme mostra a figura, na solu- ção, a condução de corrente elétrica iônicaéfunçãodamovimentaçãodeíons livres (partículas com carga elétrica). A medida da resistividade elétrica indica exatamente a resistência do concreto ao fluxo da corrente elétrica iônica gerada porestamovimentação.Quantomenoré a resistividade elétrica do concreto, mais facilitado será este fluxo e, assim, mais propensas as armaduras estão à corrosão (Sadowshi,2010).Naprática,diz-sequea corrosãoéquasecertaquandoaresistivi- dade elétrica do concreto é baixa e a ar- maduraestádespassivada. Diferentes fatores interferem no fluxo da corrente elétrica iônica. Como exemplo, cita-se a temperatura da solu- ção de água de poro.O seu aumento fa- cilita a mobilidade dos íons (Polder, 2001; Nagi; Whiting, 2004). Segundo estudodeSchiessleWeydert(1996),um aumento em torno de 10 °C é suficiente para reduzir a resistividade elétrica do concretoem50 %,enquantoumadimi- nuição da mesma ordem de grandeza (-10 °C)dobraaresistividade(100 %). O tipo de íon presente na solução também interfere no fluxo de corrente elétricanoconcreto.Osíonsdealtamo- bilidade,como é o caso dos íons cloreto, intensifica a corrente iônica, acelerando acorrosãodoaço-carbono(Broomfield; Millard, 2002). Por outro lado, a carbo- natação do concreto tem efeito inverso ao dos íons cloreto, pois as suas reações resultam na formação de sais de carbo- natodecálcioinsolúveisqueaumentam adensidadedoconcretoetornamaágua de poro mais diluída (Bertolini et al., 2004).Consequentemente,aresistivida- deelétricadoconcretoaumenta. Resistividade elétrica do concreto e medidas eletroquímicas de corrosão Alonso e colaboradores (1988, 1989) mostraram,há décadas,que a re- sistividade elétrica do concreto está re- lacionada com a taxa de corrosão da armadura. Uma série de ensaios apon- tou um aumento expressivo da taxa de corrosãoquandoaresistividadeelétrica do concreto era baixa. Outros estudos (González et al.,2004;Glass et al.,1991; Schiessl; Weydert, 1996, Enevoldsen et al., 1994, Hunkeler, 1996) apontaram a mesma correlação. Broomfield e Millard (2002) ressal- tam que a correlação da taxa de corrosão com a resistividade elétrica do concreto somenteévalidaseamedidadestaúltima for feita com exatidão. Outra ressalva é para o caso de concreto muito úmido ou muitoseco,condiçãoemqueacorrelação entreastécnicasnãoseaplica.Enevoldsen etal.(1994)mostraram,pormeiodoem- butimento no concreto de aparato espe- cífico de medição do grau de sua umida- de,queataxadecorrosãodiminuiquan- doaumidadedoconcretoémuitoeleva- da, maior do que 80%. A partir deste valor, Hunkeler (1996) observou uma drásticaquedadaresistividadeelétricado concreto.Nestacondição,ataxadecorro- sãoégovernadapelajámencionadacon- centração do oxigênio dissolvido que é menor em concreto muito úmido. No caso do concreto muito seco, a taxa de corrosão cai drasticamente devido à mencionadaausênciadeágua. Broomfield e Millard (2002) tam- bémdescrevemqueépossívelidentificar locais de possível corrosão intensa (taxa elevada) e,também,avaliar a severidade dasituaçãoconstatadaemcampocoma associação da medida da resistividade com a do potencial de corrosão. Segun- do estes autores, isto é válido tanto para medições pontuais de potencial de cor- rosão como para aquelas que abrangem áreas maiores (mapeamento de poten- cial).Além disto, ressalta-se que esta as- sociaçãoéimportantedevidoàconheci- da influência do grau de umidade do concreto nos valores de potencial, con- forme critérios da ASTM C876. Segun- do estudos de González e colaboradores (2004) múltiplos fa­­tores condicionam osvaloresdepotencial,sendoasuaasso- ciação com outras medidas, como a da resistividade elétrica do concreto,neces- sáriaparaatotalcredibilidadedosresul- tadosobtidosemcam­po. O exposto está de acordo com a vi- Ca2+ Ca2+ Fe2+ Fe2+Fe O2 O2 O2 O2 O2 H2O 2H2O + O2 + 4e- 2e- 4OH- H2O H2O H2O H+ H+ H+ OH- OH- H+ K+ K+ K+ Na+ Na+ SO2- 4 Anodo Catodo Condução elétrica Condução iônica Metal: aço carbono Eletrólito: face líquida do concreto Interface: reações de transferência de cargas
  • 3. 68 Téchne 200 | NOVEMBRo de 2013 a r t i go vência em campo das autoras.A medida da resistividade elétrica do concreto é usualmente realizada para complemen- tar a do potencial de corrosão das arma- duras na avaliação do risco de corrosão. Comoconhecimentodaresistividadedo concreto é facilitada tanto a análise dos resultados,comotambémaidentificação dasregiõescomcorrosãoemcursoepo- tencialmente propensas à corrosão seve- ra (taxa de corrosão elevada). Com base nosresultadosobtidosenoexamevisual da armadura,outros ensaios são realiza- dos em campo e em laboratório. Com base nestes ensaios e nos obtidos na ins- peçãovisualdoselementosdaestruturaé possível não somente avaliar o risco de corrosão, como também determinar o seuestadodeconservação. Outras aplicações da medida da resistividade Alémdaavaliaçãodoriscocorrosão, outrosprocessosdedegradação,emque o grau de umidade do concreto tem im- pactosignificativo,comonareaçãoálca- lis-agregado e no ataque de sulfatos ao concreto, também podem fazer uso da técnica de medição da resistividade elé- tricadoconcreto(ACI,2010). Além disso, esta técnica pode ser aplicada para avaliar o desempenho de estruturas recuperadas (Hunkeler, 1996), a eficiência da proteção catódica ou do processo de dessalinização ou da realcalinização do concreto (Nagi; Whi- ting, 2004; Polder, 2001).Além disto, ci- ta-seoseuusonacaracterizaçãodocon- creto, inclusive na avaliação do ingresso de íons cloreto (Nagi; Whiting, 2004; Andrade;D´Andrea,2011). Normalização Conforme a literatura consultada, há normalização (AASHTO TP95, 2011)paraavaliaroingressodeíonsclo- reto no concreto com uso da técnica de medição da resistividade do concreto. Quanto ao seu uso na avaliação do risco de corrosão das armaduras,somente foi recuperada a recomendação técnica RilemTC154-EMC(Polder,2000). Sabendo-se da limitação de norma- lizações,éimportantequeasmedidasde resistividade elétrica sejam feitas com base nessa recomendação e em estudos disponíveis na literatura. Cita-se que as principais técnicas e os critérios de ava- liação dos resultados obtidos em medi- ções em campo na avaliação do risco de corrosãosãotemasdeartigoposterior. Agradecimento Andreza Milham eAna LúciaA.de Souza pela recuperação de artigos e Andrezza P. Correa pela elaboração de desenho. LEIA MAIS Reinforcement Corrosion. Glass, G. K. IN:Advanced ConcreteTechnology 2: Concrete Properties. 2003. Influence ofTemperature and Humidity on Portland Cement Mortar Resistivity Monitored with Inner Sensors. ZaccardiY.A.V.; Garcia, J. F. Huelamo P.AND Di Maio,A. Materials and Corrosion, 60, 2009 Corrosion of Steel in Concrete: Prevention,Diagnosis,Repair. Bertolini, L et al. 2004 Limiting the Water Content in Concrete as Protection against Corrosion. Schiessl, P.; Weydert, R. Durability of Building Materials and Components, 1, 1996 Test Methods for on-Site Measurement of Resistivity of Concrete.RilemTC 154-EMC Technical Recommendation.Polder, R. D. Construction and Building Materials, 15, 2001 New non-Destructive Method for Linear Polarization Resistance Corrosion Rate Measurement. Sadowshi, Ł.Archives of Civil and Mechanical Engineering, 2, 2010 Resistivity of Concrete:State of the Art.Nagi, M.; Whiting, D. Nace, 2004 The Influence of Internal Relative Humidity on the Corrosion of Steel Embedded in Concrete and Mortar. Enevoldsen, J. N. et al. Cement and Concrete Research, 24, 1994 Relative Humidity in the Interior of Concrete Exposed to Natural and Artificial Weathering. Andrade, C.; Sarría, J.;Alonso, C. Cement and Concrete Research, 29, 1999 Theoretical Considerations on the Supposed Linear Relationship between Concrete Resistivity and Corrosion Rate of Steel Reinforcement. Gulikers, J. Materials and Corrosion, 56, 2005 Relationship between Conductivity of Concrete and Corrosion of Reinforcing Bars.Feliu, S. et al. British Corrosion Journal, 24, 1989 Relation between Resistivity and Corrosion Rate of Reinforcements in Carbonated Mortar Made with Several CementTypes. Alonso, C. et al.Cement and Concrete Research. 8, 1988 Measuring Concrete Resistivity to Assess Corrosion Rate.Broomfield,J.;Millard,S. Concrete:CurrentPracticeSheetNo .128,2002 Factors Affecting Steel Corrosion in Carbonated Mortars. Glass, G. K. et al. Corrosion Science, 32, 1991 Considerations on Reproductibility of Potential and Corrosion Rate Measurements in Reinforced Concrete. González, J. A. et al. Corrosion Science, 46, 2004 The Resistivity of Pore Water Solution:a Decisive Parameter of Rebar Corrosion and Repair Methods.Hunkeler, F. Construction and Building Materials, 10, 1996 Investigation of Rebar Corrosion in Partially Submerged Concrete.Funahashi, M.; Fong, K. F.; Burke, N. D. Corrosion Forms & Control for infrastructure: STP 1137, 1992 Corrosion Rate Monitoring in the Laboratory and on-Site. Andrade, C.;Alonso, C. Construction and Building Materials, 10, 1996 Protection of Metals in Concrete against Corrosion:Reported by Comité 222R. ACI, 2010 La Resistividad Eléctrica como Parámetro de Control del Hormigón y de su Durabilidad.Andrade, C.; D´Andrea, R. RevistaAlconpat, 1, 2011 Standard Method ofTest for Surface Resistivity of Concrete’s Ability to Resist Chloride Ion Penetration. AASHTOTP 95. AmericanAssociation of State Highway and Transportation Officials, 2011 Test Methods for on-Site Measurement of Resistivity of Concrete.RilemTC 154-EMC Technical Recommendation.Polder, R. D. Construction and Building Materials, 33, 2000