O documento discute conceitos e métodos de análise morfoestrutural. A análise morfoestrutural envolve identificar estruturas geológicas subjacentes através da interpretação de padrões de drenagem e relevo. Vários autores discutem conceitos como morfoestruturas, análise morfoestrutural e divisões de unidades de relevo. O documento também descreve técnicas como mapeamento de drenagem e identificação de alinhamentos e formas assimétricas.
2. Gerasimov (1946) – define unidades de relevo como unidades estruturais chamando-as
de MORFOESTRUTURAS: formas de relevo geradas por uma combinação das
atividades tectônicas e climáticas.
Mattos et al. (1982) – estrutura presumida, identificada a partir da análise e
interpretação da drenagem e do relevo, caracterizada por zonas anômalas dentro de
uma padrão geral de distribuição dos elementos de drenagem e relevo.
Bates & Jackson (1987) – feição topográfica maior que coincide com ou é uma
expressão de estrutura geológica ou que é formada diretamente por movimentos
tectônicos. É produzida pela interação de forças endógenas e exógenas, sendo
predominante a forma.
Gontijo (1999) – deve ser empregado quando a elaboração das formas de relevo se
processa sob controle tectônico passivo, ou seja, as formas de relevo não estão
necessariamente relacionadas à tectônica ativa (neotectônica).
3. Saadi (1991) – é a relação entre o controle litoestrutural e a erosão.
Borges (1996) - refere-se a morfologia que se amolda a estruturas geológicas pré-
existentes.
Rivereau (1970) – define análise morfoestrutural como técnica da geomorfologia
estrutural que objetiva dar informações geológicas em regiões onde a geologia clássica
de superfície não consegue obter informações de maneira satisfatória.
ANÁLISE MORFOESTRUTURAL- É a previsão (através do raciocínio dedutivo e
indutivo) de feições geológicas que não podem ser devidamente vistas em um
modelado de relevo intensamente arrasado ou ausente.
A análise morfoestrutural em geologia não se preocupa com a descrição e a explicação
de fenômenos morfológicos da atual superfície da terra e sim com as formas e estágios
evolutivos que dão origem ao modelado do relevo.
As diversas morfoestruturas são produzidas por períodos alternantes de soerguimento
(resultantes da dissecação) e estabilização (superfícies aplainadas) que refletem o
tectonismo regional (BAKER, 1986).
4. A análise morfoestrutural depende do resultado do processo dinâmico que atua sobre
as formas originais (soerguimento da crosta por forças internas) e seqüênciais (formas
esculpidas pelos agentes de desnudação) cujo resultado geral são etapas dentro de todos
os estágios de evolução da paisagem.
A análise morofoestrutural visa a percepção e compreensão de dados morfotectônicos
que contribuem para o modelado do relevo.
Drenagem alinhada Relevo: cristas alinhadas
5. A análise integrada da superfície terrestre pelo caráter sinóptico, espectral e temporal
por meio dos produtos de sensoriamento remoto obriga mudanças:
•Atitude intelectual
•Vocabulário
•Novas terminologias
Relevo Terrestre – Diversidade de aspectos da superfície da crosta terrestre, ou seja, o
conjunto de desnivelamentos da superfície do globo, resultado global da ação
continuada dos agentes endógenos (produzem formas estruturais ou originais) e
exógenos (produzem formas esculturais, pelo desgaste). As forças tectônicas são
consideradas como produtoras de formas elevadas (cadeias de montanhas) e deprimidas
(fossas tectônicas). As formas de relevo representam um estágio da evolução da
paisagem física.
6. Modelado do Relevo – é o resultado de efeitos exógenos (esculturais), analisados
através dos elementos texturais e estruturais de drenagem e relevo nos produtos de
sensoriamento remoto. Porém as formas estruturais finais são sustentadas por um
arcabouço tectônico que mantém a esculturação das formas. A geometria das formas
(relevo e drenagem) devem ser interpretadas como reflexos de um processo geológico.
CONTROLE ESTRUTURAL NA DRENAGEM
8. DIVISÃO TRICARD (1965):
Divide terras e águas:
1ª ORDEM: Grandes unidades topográficas: Áreas continentais (>2000m altitudes
planaltos, colinas, planícies) até plataforma continental).
BACIAS OCEÂNICAS: Planícies abissais (3.000 – 6.000m) – 58,7% do globo;
ÁREAS CONTINENTAIS: >2.000m (cadeias montanhosas alongadas – Andes,
Rochosas, Himalaia, etc.)
DEPRESSÕES: (>7.000m de profundidade)
LIGADO A GEOFÍSICA
ANTAGONISMO: forças internas e externas interagindo.
9. DIVISÃO TRICARD (1965):
Divide terras e águas:
2ª ORDEM: (Grandes divisões de entidades tectônicas)
É caracterizado pelo seu aspecto tectônico-estrutural;
Pelo aspecto das formas sob diferenças morfoclimáticas;
Dimensões – milhões de Km²;
Problemas analisados em conjunto: Unidades estruturais X Zonas morfoclimáticas do
globo;
Incluem: Escudos antigos dorsais, faixas orogênicas e bacias sedimentares.
10. DIVISÃO TRICARD (1965):
Divide terras e águas:
3ª ORDEM: (SEPARAÇÃO – UNIDADES TECTÔNICAS)
Caracteriza-se pelo:
Estudo da paisagem sob o ponto de vista da evolução;
Unidades estruturais menores (dezenas de milhares de Km²);
Enfatiza estágios da desnudação;
Estuda a relação entre os maciços antigos e bacias sedimentares.
11. DIVISÃO TRICARD (1965):
Divide terras e águas:
4ª ORDEM: (AÇÃO ESTRUTURAL PROPRIAMENTE DITA)
Unidades com centenas de Km²;
São analisados sob o ponto de vista estrutural (divisão em pequenas sub-unidades de
unidades maiores);
Caracteriza: Deformações da crosta como responsáveis pela formação do relevo (Ex.
Maciços alcalinos, faixas dobramentos, cadeia alpina);
Avalia a compensação isostática: Individualizam áreas com tendências opostas – dando
a estrutura e a dinâmica da crosta.
12. DIVISÃO TRICARD (1965):
Divide terras e águas:
5ª ORDEM: (SÃO ANOMALIAS ESTRUTURAIS DENTRO DO
COMPORTAMENTO REGIONAL)
Unidades de alguns Km² da superfície;
Estão subordinados à influência estrutural localizada;
não evidencia as forças tectônicas regionais;
São formas cuja erosão atua como esculturação das mesmas (processos destrutivos) ou
de acumulação (construtivos);
Escalas apropriadas 1:20.000 ou maiores;
Aqui, a análise morfoestrutural evidencia:
Escarpas de falhas
Antiformes (domos)
Sinformes (Bacias)
Cristas “Apalachianas”
13. DIVISÃO TRICARD (1965):
Divide terras e águas:
6ª ORDEM (PREDOMINA DIFERENÇAS LITOLÓGICAS + PROCESSOS)
Pequenas centenas de metros quadrados;
Modelado pode estar individualizado por:
Processos (tectônicos + climáticos);
Condições diversas.
Raramente são acidentes tectostáticos;
Formas resultantes: Talus, leques aluvionares, patamares, colinas, etc.
São apenas morfoestrutura passíveis de caracterização.
14. DIVISÃO TRICARD (1965):
Divide terras e águas:
7ª ORDEM (ASSOCIA-SE AS MICROFORMAS DE ORIGEM DIVERSA)
Escalas decimétricas e métricas;
São estruturas diagnósticas (formas tipo lapiez, taffonis, esfoliação esferoidal,
matacões, arrancaduras, marcas de ressalto, etc.)
Apresentam uma relação muita estreita com os processos de esculturação ou de
deposição.
15. DIVISÃO TRICARD (1965):
Divide terras e águas:
8ª ORDEM (REFER-SE À CONSTITUIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO MATERIAL E
SUAS ORIGENS)
São formas milimétricas a micrométricas;
São analisadas em nível laboratorial;
As microformas permitem a análise e identificação dos mecanismos morfogenéticos;
Formas comuns: Feições porosas, microfissuras, picotamento de corrosão química, etc.
O estudo Geológico em função destas categorias implica na definição de métodos
adequados de análise em função dos parâmetros a serem medidos em função do
problema a ser investigado.
Logo, a análise morfoestrutural é aplicada da 5ª Ordem para menores visando um
mapeamento, e da 5ª Ordem para maiores visando apenas subsídios aos estudos.
16. Em uma análise morfoestrutural deve-se levar em conta:
• Características intrínsecas dos corpos rochosos como as forças atuantes;
• Avaliar a esculturação do relevo: Formas destrutivas (>meteorização) e Formas
Construtivas (>desnudação)
•Meio morfoclimático: Ação da meteorização sobre as propriedades físico-químicas do
material X Estrutura geológica.
•Propriedade das rochas em função do escoamento superficial (erosão linear ou incisão
vertical), na desagregação mecânica (erosão mecânica) e decomposição química por
dissolução: Grau de coesão; Grau de permeabilidade; Grau de plasticidade; Grau de
massividade; Grau de cristalinidade; Grau de solubilidade; Grau de heteroneidade.
•Estruturas geológicas (primárias e deformacionais);
17. Estruturas geológicas (primárias e deformacionais):
A) Bacias sedimentares
Estruturas primárias: concordantes horizontais, inclinada e discordante.
Atenção: Deve lembrar que as camadas sedimentares tem resistências diferentes e que a
homogeneidade dos sedimentos podem variar, logo a análise morfoestrutural será em
função da estrutura e da equidistribuição granulométrica nos estratos.
Tipos de formas em função das estruturas primárias: Superfície estrutural exumada;
Relevos tabulares; Cuestas; Costão; Hog-backs.
B) Faixas dobradas/falhadas
Relevo Jurássico;
Relevo Dômico;
Relevo Apalachiano;
Reelevo em estruturas falhadas.
C) Maciços antigos (embasamentos)
Relevo de rochas cristalinas;
Relevo de rochas cristalofilianas;
Relevo em estruturas vulcânicas (de vulcanismos).
18. Métodos e técnicas do estudo morfoestrutural:
Premissa: Muitas estruturas do arcabouço tectônico ocorrem na superfície como
reflexos de estruturas em sub-superfície e na maioria das vezes profundas.
Análise: É feita através dos elementos de relevo e drenagem (feições lineares e
alinhamentos) das suas relações de assimetria, cuja a associação e classificação serão
de acordo com o caráter homólogo ou não dos mesmos.
Princípio do método: As diferentes formas ou associações dos elementos de drenagem
e de relevo são mais ou menos condicionados por fatores estruturais e litológicos
através de processos morfogenéticos que se desenvolveu sobre o substrato do
desenvolvimento padrões específicos e com significado geológico definido.
Elementos de análise:
Rede de drenagem (a mais completa possível);
Feições lineares de drenagem (de relevo, se houver);
Alinhamento de drenagem (de relevo, se houver)
Feições anômalas
Valores de assimetria de drenagem
19. Rede de drenagem
Deverá ser o mais detalhado possível (seu traçado);
Deverá ser maior precisão possível;
Traçado deve ser sistemático, uniforme;
Pode ser obtido em mapas topográficos ou imagens fotográficos e reduzidos de 2 a 4
vezes menor em que originalmente foi traçada;
Fornece informações: Estrutura geológica da área; Variações no estilo estrutural;
Informações grosseiras sobre fáceis litológicas.
Elementos observados:
Elementos lineares fortemente estruturados (simples ou compostos);
Formas assimétricas;
Formas anômalas (anelares e radiais)
20. Elementos lineares: São todos elementos texturais de drenagens, homogêneos,
fortemente estruturados e repetitivos ba área de estudo. São interpretados como traços
de fraturas (juntas ou falhas).
Juntas: Quando ocorrem sob a forma discreta (isotrópica) ou formando séries
(anisotrópicas unidirecionalmente) sendo interpretadas como reflexos em superfície de
falhamentos profundos.
Falhas: São elementos texturais fortemente alinhados (retilíneos ou curvilíneos)
também denominados de alinhamentos de drenagem. Quando interpretados são
denominados de lineamentos estruturais. Estes lineamentos quando exibem indicações
de movimentos relativos levam o nome de falhamentos com seu seus respectivos
adjetivos (normais, inversos, direcionais, etc.). Deve-se frisar que as falhas devem ser
analisadas quando suas associações (série, sistemas e sistemas conjugados).
Nota: A cronologia das estruturas ou de suas interjeições é importante para aplicação
de qualquer modelo interpretativo do tipo tracional/gravitacional ou compressional e
combinações entre eles.
Atenção: Todos os traços de fraturas devem ser encarados como descontinuidades e
como tal interrompem a tendência dos estratos (altitude) constituindo superfícies
penetrativas seladoras ou não.
21. Formas assimétricas
As formas assimétricas de drenagem são caracterizadas pela presença de elementos
com tamanhos ou estruturas sistematicamente diferentes de um lado e de outro do
elemento maior (tamanho e forma define o grau de estruturação da assimetria).
As formas assimétricas de drenagem indicam a ocorrência de estratos não
horizontalizados.
Em uma forma assimétrica temos:
• O elemento maior (rio Subsequente) corre ao longo do acamamento/estratificação;
• Os elementos ortogonais ou oblíquos (rios Consequentes) ao elemento maior; mais
extensos e com maior estruturação (baixa angularidade) correm no sentido do mergulho
das camadas/estratificações;
• Os elementos menos estruturados (rios Obsequentes), curtos e simétricos aos
consequentes são intensamente ravenados correm no sentido contrário às camadas (na
espessura das mesmas).
22. Em duas drenagens separadas por um divisor de águas os dados de assimetria podem
indicar:
Sinformes: Assimetrias convergentes abertas;
Antiformes: Assimetrias divergentes abertas;
Formas dômicas: Assimetrias divergentes fechadas;
Depressões (Braquisinformes): Assimetrias convergentes fechadas;
Basculamento de blocos: quando associados a um elemento estrutural do tipo “trend”
ou lineamento estrutural;
Nas formas dômicas e depressões, as assimetrias devem ser associadas às formas
anelares e radiais da drenagem cuja convergência de associações entre elas excluem a
possibilidade de serem meros altos ou baixos topográficos. Os dados de assimetria
permitem o traçado de linhas de forma (linhas de contorno estrutural virtual) as quais
indicam a tendência estrutural regional e destacam anomalias locais.
Formas anômalas
Qualquer alteração ou mudanças no padrão geral da drenagem devem ser consideradas
como formas anômalas que na maioria das vezes são feições diagnósticas de
perturbações estruturais locais.
23. APLICAÇÃO DO SENSORIAMENTO REMOTO NO ESTUDO DO MEIO
FÍSICO
ATIVIDADES DE LABORATÓRIO - ANÁLISE MORFOESTRUTURAL
• Extração da rede de drenagem de imagens de satélite com o auxílio de cartas
topográficas.
• Delimitação de áreas com diferentes densidades texturais dos elementos da rede de
drenagem.
• Delimitação de zonas homólogas de drenagem unidirecional fortemente estruturadas.
• Determinação da assimetria da rede de drenagem.
• Traçar curvas de contorno morfoestrutural a partir de dados de assimetria.
• Extração de feições lineares (lineações) positivas e negativas (relevo e drenagem) em
imagens de satélite.
• Delimitação de “trends” estruturais (de fraturamento) no mapa de feições lineares.
• Definição de máximos de fraturamento (1 e 2) a partir das lineações negativas.
• Extração dos alinhamentos de relevo e drenagem a partir de imagens com auxílios de
cartas topográficas.
• Integrar as informações anteriores cartografando os “trends”estruturais, zonas de
variação de máximos, falhamentos, linhas de contorno morfoestrutural, determinação
de zonas + e -.