1. Artigo: Considerações sobre o Custeio Variável
Simone Espíndola de Oliveira
O Custeio Variável é caracterizado por distribuir aos produtos apenas os custos
variáveis (aqueles que variam de acordo com o nível de produção), sendo que os custos
fixos, ou seja, aqueles que existem independentemente do nível da produção, não são
considerados na composição do custo dos produtos. Deste modo a mão de obra direta,
indireta, energia elétrica, encargos sociais, manutenção, utilidades (vapor, geração de frio,
ar comprimido, esteiras, pontes rolantes ...), são simplesmente ignorados na composição
dos custos dos produtos.
Ocorre então que no Custeio Variável é desconsiderada a diferença de esforços
produtivos para se transformar cada produto o que acarreta uma enorme distorção no
cálculo dos custos unitários dos produtos.
Deste modo, se a indústria possui uma produção diversificada, com produtos com
diferentes esforços de produção alocados para produzi-los, o Custeio Variável não tratará
esta diferença, ao contrário, irá ignorar este fator por completo.
É uma maneira simplista de se analisar o custo, não considerando o processo
produtivo pois se, em linhas gerais, o custo é composto por 3 grandes variáveis: overhead,
matéria-prima e custo de transformação, somente uma fração deste total é distribuída aos
produtos sendo que o restante deverá ser pago de maneira linear pela margem de
contribuição, o que no longo prazo poderá ser desastroso para uma empresa tendo em vista
que ela perde a noção de quais os produtos consumem mais ou menos recursos fabris.
Algumas reflexões interessantes:
1. Devemos realmente desconsiderar o custo de transformação (fabricação) de produtos
produzidos com diferentes níveis de esforços produtivos?
2. Analises de longo prazo devem ser desconsideradas uma vez que ignoramos os custos
de transformação e perdemos a noção de que produtos dão resultado e quais não dão
resultados?
3. Produtos com mais matéria-prima sempre devem receber mais custos
independentemente do esforço de produção alocado para produzí-los?
4. Um produto com a maior margem de contribuição é necessariamente o produto mais
interessante para a empresa?
5. O dimensionamento do parque industrial não deve ser considerado e estudado ao
longo do tempo?
6. Será que podemos desconsiderar os custos de produção e os diferentes esforços entre
os produtos enquanto nossos
concorrentes pensam diariamente em produzir cada vez com custos melhores de
transformação?